Clove’s POV

   Quando meu olhos abrem de novo, eu estou numa espécie de campina, muito iluminada.Mal posso ver o que me cerca.Tenho alguma noção de certas árvores ao meu redor, e a grama que acaricia meu cabelo.Minha cabeça não dói mais.

   Na campina, há um pequeno morro, de onde a luz emana.E sinto que essa luz me chama.

   Algo está errado.Eu não deveria ter um final feliz.Eu não o mereço.Eu deveria estar no inferno, não neste lugar feliz.

   Eu subo o morro, quase com se fosse atraída á ele.A medida que avanço, minha sensação de felicidade cresce, sem motivo nenhum.Algo estranho acontece com a minha cabeça, enquanto parte de meus pensamentos se concentram nos momento felizes da minha vida, outra parte se concentra nos ruins.

   Eu e Cato no treinamento.Uma garota dando em cima de Cato.A véspera da Colheita, a nossa briga.O nosso beijo.Nós durante o treinamento na Capital.Glimmer sendo a minha inimiga.Glimmer sendo minha amiga.Marvel rindo comigo.Marvel morrendo.Eu assisto a cena da minha morte, e posso ver o sofrimento nos olhos de Cato.Eu não quero isso.

   Paro subitamente na subida.Estou com medo do que possa haver lá em cima.Meu julgamento final?Minha pena?Minha eternidade?

   Algo me diziam que tudo se responderia quando eu lá chegasse.

   Enquanto avanço mais um pouco morro acima, passo a ver cenas que não presenciei.Cato chora ao lado de meu corpo.Faz um pequeno funeral para mim.Observa minha faca, enquanto sorri e repete algo como Oi, minha pequena. Cato matando Thresh.Cato e suas noite solitárias.E alguém o assite pela teve.É Kurt.Ele assiste Cato abaixar a cabeça e respirar fundo, voltando a olhar pro céu estrelado da arena.Onde você está, Clove?Kurt abaixa a cabeça, mas alguém a levanta.Summer.Eles sorriem um pro outro e se abaixam.Certo, pelo menos, alguém está bem.Me sinto feliz pensando em Summer.

   Eu subo mais um pouco.Está cena é terrível.Cato é perseguido por uns bestantes.Alguns se assemelham com os tributos mortos: um de pelos loiros como Glimmer, e outro pequenino como a garota do Distrito 11.E outro parecido comigo.Quando eu o noto, vejo que está persegindo Cato freneticamnete.Grito para ele parar, e ele hesita, mas continua.Não consigo controla-lo.Pois ele não sou eu.

   Cato se abriga em cima da Cornucópia e ameaça Peeta e Katniss.Katniss o atinge com uma flecha na mão e ele cai.É devorado pelos bestante , mas algo o impede de morrer.

   - Ajuda ele!- Eu grito- Porfavor!Ajuda ele!

   Katniss finalmente tem piedade e o acerta com sua última flecha, na cabeça.Sua morte é instatanea.Eu paro bruscamente de subir o morro, mas a luz é convidativa.Eu corro.Quando finalmente chego no topo, dou de cara com algum corpo grande e forte, e não hesito em abraça-lo, pois eu reconheço bem estes braços, e sei que Katniss não é e nunca foi minha inimiga.Na verdade, ela acabou de me fazer um grande favor.

   - Clove?- diz o corpo.

   E eu sorrio.

   Cato’s POV

  As semanas seguinte á morte de Clove foram péssima para mim.Eu tinha perdido minha melhor amiga, aliada e meu púnico amor de uma só vez.Parecia que eu não tinha mais razão para continuar.Mas eu tinha.Eu soube disso quando olhei para a faca nas mãos de Clove.Minha pequena continuava comigo.

   O dia seguinte á sua morte foi de tempestade intensa.Era como se refletisse minha vida sem ela.Uma tempestade que não acabava mais.Mas eu tinha uma meta a cumprir.Vingar a morte de Clove e o que a Capital fez com ela.Eu deveria matar todos os tributos restantes.Começando por Thresh.E quando eu terminasse, acabaria com minha própria vida.Seria um ato de rebeldia, mas pelo menos eu reencontraria ela.Onde quer que ela esteja.

   Eu matei Thersh  no dia seguinte.No próximo, ouvi um canhão, e a noite,descobri que era para a garota ruiva do 5.Já era tarde.O distrito 5 nunca ficou tanto tempo assim nas competições, salvo as que ele venceu.E então, no dia seguinte, eu fui atrás de Katniss e o Conquistador.Com a nova regra imposta, eles deveriam morrer, se não , poderiam ganhar.E só tem uma coisa que eu odeio mais que estes malditos Jogos agora.É aqueles dois.Pois eles sobreviveram até o final, e minha pequena não

   E eu nunca perdoaria eles por isso.

   Era noite, e os bestantes tentavam nos alcançar freneticamente.Estávamos os três em cima da Cornucópia.Eu tinha levado uma patada na cara, e sangrava muito.

   Quando finalmente agarrei Peeta pela cabeça, Katniss já apontava uma flecha para mim.Eu não sobreviveria á essa.Tinha certeza.Pelo menos, eu mataria alguma coisa.Apertei sua cabeça, como se fosse quebra-la, e Katniss apontou sua flecha em mim.Senti o dedo de Peeta roçando minha mão, e eu sabia que ele marcava um X lá.Mas não me importava.

   - Eu já estou morto, não é mesmo?- digo- Eu sempre estive.Só que eu só percebi isso agora.

   Como eu queria dizer que era assim que eu me sentia desde o momento em que Clove morreu em minha mãos.

   Katniss finalmente me atinge.A flecha certeira vai parar na minha mão.Eu me desequilibro e caio no chão.Os bestantes atacam.Eu perco a noção do tempo.A droga do colete a prova de flechas que eu usava me impedia de morrer, e isso me frustrava.Não que eu estivesse com medo.Eu só queria logo rever a Clove.Mas estes malditos bestantes adiavam cada vez mais minha morte.Suas mordidas doiam, mas eu não me importava.Quando Katniss finalmente resolveu ter compaixão, atirou sua última flecha restante em minha cabeça, onde o colete não me protegia.

   E tudo ficou borrado e branco, até eu perder os sentidos quase que imediatamente.Minha última ação foi fechar os olhos e sussurrar o nome de Clove.

   Mas nada escureceu completamente.Na verdade, foi tudo ficando claro e mais claro, até eu quase não conseguir enxergar.Quando finalmente abri os olhos de novo, estava no topo de algo.Uma montanha?Ou um morro?Eu não tinha consciência de nada, se não, de uma mão em meu ombro.Tentei olhar para trás, afim de ver quem era, mas tudo o que consegui foi um clarão.Era a fonte da luz.E um sorriso.Eu não conhecia, mas parecia familiar.

   Eu não deveria estar aqui.Deveria estar no inferno, ardendo em chamas, por tudo o que fiz.Eu matei sem dó.O que eu estava fazendo aqui, então?

   Sua recompensa, algo sussurrava na minha cabeça.

   E então veio.

   O choque que de um corpo pequenino e aparentemente frágil.Cabelos negros que atrapalhavam minha visão chicotiavam na minha cara.Eu não precisava olhar para saber quem era.O encaixe perfeito de nossos corpos é mais do que familiar, e seu cheiro também.

   - Clove?- eu pergunto.Preciso perguntar.Quero ouvir sua voz.

   Ela continua me abraçando, enquanto eu a ergo no ar

   - Você demorou muito pra chegar, grandão- diz ela, em sua voz angelical e sarcástica.

   E então, todas as minha dúvidas do que pode acontecer comigo se evaporam.Pois eu sei que vou ficar bem enquanto estiver com ela.

   Minha Lady.