The Bloody Lady escrita por quixoticHeart
Estou sentada na calçada da minha rua, um pouco distante da minha casa, mas não o suficiente para ouvir minha mãe reclamar que eu vou me atrasar.
Atrasar pra quê?, penso, mas logo ignoro este pensamento.Já devo estar aqui a um hora, atirando facas nos bichos que passam: pequenos roedores, aranhas, e até um besouro, o que me proporciona um pouc mais de desafio.Mas logo me entedio.
Afinal, você deve estar pensando que é isso que eu costumo fazer quando estou deprimida e quero pensar na vida.Mas é completamente o contrário: é assim que eu costumo passar as noites quando eu tenho algum problema e não estou afim de me preocupar com ele.
Depois de ter acertado, no mínimo, vinte desses bichinhos, e encosto numa árvore, ainda agarrada a minha faca, para descansar um pouco.
Depois de passar uma tarde inteira tentando não pensar em nada, nem mesmo quando Summer voltou do treinamento dela- os mais novos treinam em horários diferentes do dos mais velhos, como eu e Cato- e me provocou dizendo que sabi o que ocorreu hoje de manha.As noticiam correm… dizia ela.
- Argh- resmungo sozinha- essa garota gosta de me provocar!
- Quem?- ouço uma voz dizer.Eu a reconheço de imediato, mas não ouso demonstrar espanto ou choque„ porquê é exatamente isso que eu estou sentindo.Em vez disso, eu apenas abro o olho direito para espiar quem é.Assim que o faço, confirmo minhas suspeitas.Cato e seus olhos azuis estão parados bem na minha frente, me fitando.
- Ah, é você.O que está fazendo aqui?
- Summer convidou eu e o meu irmão para virmos jantar com a sua família.Sabe, pra celebrar a colheita.
Ela fez o que?, penso.Logo arqueio as sobrancelhas, sem dizer uma palavra, mas demonstrando surpresa.O que aquela pestinha fez?
- O que?- digo.
- Ela disse que você já sabia.Que toda a família já vinha discutindo isso a algum tempo.
Estavam? , me pergunto.Não me lembro de ter sido informada.A não ser…A não ser que sejam aquela discussões.Sim, me lembro de estarem discutindo algo sobre Cato e a família(isso não faz mal, nossas famílias já se conhecem a tanto tempo), mas devo ter me perdido em meus pensamentos sobre a nossa estranha relação.
- Ah e- minto- Claro.Então, Kurt veio?
Kurt, o irmão mais novo de Cato.Nos vemos poucas vezes, mas lembro que da última vez ele já havia crescido bastante.Isso deve ser uma observação irrelevante, mas não pra quem o conheceu quando ele tinha nove anos.Como eu iria saber que aquele garotinho que Summer empurrou do balanço tinha um irmão mais velho que seria meu melhor amigo durante tanto tempo?
- Ele veio mais cedo, acompanhando Summer.Pensei que você tinha o visto.
- Devo ter visto, mas, sabe, nada e tai interessante quanto atirar em lagartos- digo, apontando com a cabeça a pilha de bichos mortos.
- Vamos Lady – ele ri – Eu estou faminto.
- Seu porco- digo, empurrando ele e rindo.
- Ah sou, é?- diz ele, rindo e imitando um porco, enquanto me derruba no chão e me faz cócegas até eu não aguentar.
- Ei, porquinhos!- diz alguém.Cato se levanta, me livrando de seus fortes braços e das cócegas, e me ajuda a levantar.Kurt está na porta da casa, acompanhado de Summer que, recostada charmosamente numa viga, sorri e ri da piada de Kurt, enquanto eu posso ver eles se olharem, sorrindo.
É mais que claro que aquelas crianças bringuentas do parque desenvolveram bem a relação.Mais do que bem, penso.
O jantar foi relativamente tranqüilo, mas eu não pude deixar de notar as trocas de olhares de Summer e Kurt e como eles riam e se olhavam e desviavam o olhar em seguida.Eu então olhava para Cato e ele ria comigo.
Não me lembro de como acabou o jantar.Nem mesmo se me despedi dos irmãos.Apenas me lembro me recostar no ombro forte de Cato e fechar os olhos, sonolenta.
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