*KATIE.

Eu não acredito que Connor descobriu o bunker, eu não acredito que ele leu meu diário. Ah, mas ele me paga.

Depois da aula de arco-e-flecha eu fui tomar um banho. Estava suja, suada e cansada. A trombeta de concha soou logo depois que terminei de me vestir. No pavilhão do refeitório aparecia mais ou menos um semideus novo a cada cinco minutos. Foi aí que me dei conta de quanto Percy era importante. Graças a ele a maioria dos meio-sangues estavam chegando em segurança ao acampamento, seus pais olimpianos os estavam ajudando. Ao contrário de mim que sofri tanto pra chegar aqui.

Meu pai é um rico empresário de Las Vegas, tem uma empresa de paisagismo. Raramente nos vemos e era assim também quando morava com ele. Vivia viajando com minha madrasta. Ah, desculpe o certo é MÁ-DRASTA. Meu pai se casou quando eu tinha mais ou menos seis anos, como minha mãe nunca esteve presente, eu sempre me contentei com as mulheres que iam lá pra casa. Algumas das namoradas de papai eram super legais comigo, mas aí veio Marie, uma francesa natural de Paris que contratou a empresa de paisagismo de papai. Eles se apaixonaram, se casaram e eu virei só uma obrigação. Ela fez meu pai me colocar num internato porque “ui, educação é imporrrtante, além do mais você não vai ficarrr se incomodando com ela querrrido”. Pelo menos o internato era bonito, e cheio de jardins. Eu gostei de lá, era melhor do que ficar em casa com Marie e sua filha Melissa porém, quando voltei pra casa, depois de um ano, é claro meu pai sempre ia me visitar mas não me trazia notícias de casa (se é que eu posso chamar aquilo de casa), Marie tinha ganhado um bebê. E meu pai não havia me falado. Eu tinha nove anos na época, foi quando conheci Nyssa. Viemos juntas para o acampamento, guiadas por Trevor. Nyssa quase morreu na viagem por causa dos tantos monstros que apareceram. Logo fomos reclamadas, ela, filha de Hefesto e eu de Deméter. Somos melhores amigas desde então. Mas enfim, o que eu estava dizendo? Percy é importante, ele é o cara.

-Katie... – Levantei os olhos, Travis Stoll segurava meu diário nas grandes mãos e sua namorada sorria atrás dele. Era muito bonita, soube que filha de Afrodite. Não era nada parecida com nenhum de seus irmãos, os filhos de Afrodite representam cada um, uma beleza diferente, distinta. Essa garota era ruiva, como Rachel porém, seu  cabelo tinha um tom mais claro e ela tinha sardas salpicadas debaixo dos olhos azuis cheios de maquiagem. Os lábios carnudos de um cor-de-rosa forte se contraíram quando ela viu que eu a estava olhando.

-O que você está olhando? –falou em um tom doce – Tem batom nos meus dentes?

Deduzi que ela não era má, parecia até legal.

-Não, desculpe-me. –falei corando – Devolva meu diário Travis.

-Travis, o que você vai fazer com o diário dela? –perguntou a garota.

-Esqueci de apresentar vocês, Katie, essa é Jennifer, minha namorada, Jen, essa é Katie Gardner. Minha futura cunhada. E, ahn Katie, querida. Não devia ter deixado isso parar no chalé de Hermes.

Travis saiu rindo e balançando meu diário, e Jen foi atrás, com sua pergunta pairando no ar. E eu fiquei olhando para o meu prato de lasanha vegetariana, perguntando a mim mesma, o que ele quis dizer com “futura cunhada”.