O Amor Em Preto E Branco escrita por Lilly C


Capítulo 19
Prisioneira da dor




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Respirei fundo, levei a mão até o portão. Uma fuga tão simples. Mas é claro, alguma coisa tinha que atrapalhar tudo. Um momento de hesitação e senti algo tocando meu braço, tocando não, agarrando-o. Já era! Me virei para olhar para a cara do infeliz que frustara meus planos: um rapaz com ar autoritário, apesar de parecer meio assustado.

-Ei. O que você pensa que está fazendo? -ele estreitou os olhos.

-Estou indo embora. Vim visitar minha... prima. -inventei, tentando enrolá-lo.

-Uhum. -ele disse, dirigindo o olhar para minhas roupas. Tinha me esquecido que estava usando uma daquelas roupas brancas que parecem de hospital.

Bufei, revirei os olhos e me deixei ser levada pelo rapaz para dentro do edifício. 

-Seu nome é... -ele tinha em mãos uma lista com os nomes e os quartos de cada paciente.

-Ellie. Ellie Ross.

Ele conferiu qual era meu quarto e me levou de volta para minha prisão de paredes brancas.

-Foi uma péssima ideia tentar fugir.

-Só não deu certo porque você apareceu! 

-Tem câmeras por toda parte, alguém veria você fugindo.

-Então, além de ter que ficar presa em um quarto, estou sendo observada.

-Mais ou menos. -ele esboçou um sorriso, como ele poderia estar achando graça da minha situação? Garoto idiota!

-Ótimo. Agora estou em reality show. 

Ele riu e andou até a porta.

-Acho que você deveria descansar. E não tente fugir novamente, porque não vai conseguir. -ele encostou a porta, mas abriu-a novamente- Se precisar de qualquer coisa, sou Christopher Roberts.

Mais uma vez sozinha. Deitei na cama, não tinha a intenção de dormir, apenas fiquei esperando os minutos passarem, e como passavam devagar. Não fazia ideia há quanto tempo estava deitada, não fazia ideia de que horas seriam, e não tinha a menor vontade de descobrir, tudo que queria era ficar deitada sozinha e cercada pelo silêncio. Queria morrer. Talvez me jogasse da janela, se tivesse vontade de levantar.

Sete dias desde da minha entrada naquela clínica. Cada dia havia sido milimetricamente igual ao outro. Nenhuma visita, abandonada sozinha , prisioneira das paredes brancas e da tristeza, da dor. Recebia altas doses de remédios e olhares mal encarados. Não conversava com ninguém, preferia estar quieta no meu canto. Ainda sentia muita necessidade de fumar.

E todos os meus dias eram assim. Solitários, mortos. Estava definhando por causa da depressão, me sentia morta.


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