Peeta não demorou a vir me consolar com seu abraço. Ele não disse nada, pois sabia que eu precisava chorar. Um tempo depois, Peeta respirou fundo e disse:

- Calma Katniss. Tudo vai dar certo para a gente. Vamos casar e morar no  distrito doze....

Ele não sabia o que dizer. E eu não sabia o que fazer. Então eu o beijei. Fiquei em seu abraço por um tempo, até que eu pedi para a gente comer alguma coisa.

Na sala, não tinha ninguém. Haymitch devia ter voltado a dormir segurando sua velha faca.

 Depois que tomamos nosso café da manhã eu e Peeta achamos melhor ficar na sala esperando por Haymitch. Um pouco antes do almoço Effie chegou. Ela não sabia ainda que Plutarch tinha aparecido.

- Bom dia. Haymitch ainda está dormindo? – ela olhou para sala e respondeu sua própria pergunta. – É claro que sim. Eu vou acorda-lo e depois vamos almoçar todos juntos.

Assim que Effie saiu da sala, eu olhei para Peeta. Eu não iria conseguir contar a história da morte da Prim de novo e ele sabia disso.

- Você não precisa dizer nada.

Isso me aliviou um pouco. Peeta sempre foi bom com as palavras então ele iria contar da forma certa. Eu só teria que ser forte. Não poderia sair por ai chorando.

Um tempo depois, Effie voltou com um Haymitch completamente diferente, daquele que estava na “reunião” com Plutarch. Haymitch estava de banho tomado, cheiroso, com uma roupa nova, não estava de ressaca e estava alegre. Eles sentaram na nossa frente e Haymitch estava me encarando.

- Daqui a pouco o almoço está pronto...

- Então acho melhor a gente conversar durante o almoço. – Peeta interrompeu Effie, que estava completamente perdida.

Ninguém falou nada durante os quinze minutos que esperamos o almoço. Haymitch me encarava o tempo inteiro, Peeta me ajudava a ignora-lo. Effie, possivelmente estava pensando sobre o que iríamos conversar, mas ela falou uma coisa muito estranho, enquanto íamos até a sala de jantar:

- Sim, com certeza o vestido azul está muito mais na moda do que o amarelo.

Depois que já estávamos comendo, Haymitch pediu explicações.

- Como que vocês tinham uma carta tão importante como essa e não me falaram?

- Ninguém precisava saber disso Haymitch.

- Como ninguém precisava saber Peeta?! Como vocês tem certeza de que foi Plutarch que matou aquelas crianças?

Peeta não contou a historiam, em vez disso disse:

- Snow disse para Katniss.

- Snow! E vocês acreditaram no que Snow disse! Não sei se vocês sabem, mas Snow era nosso inimigo!

- Você viu o jeito que Plutarch saiu! Claro que era verdade!

- Foi Plutarch que ajudou tirar todos vocês da arena! Lembram-se disso? Katniss se lembra do tordo no relógio dele? Lembram de que lado ele esteve na guerra?

Nessa hora os dois já estavam gritando!

- Coin também estava no “nosso lado” na guerra. Mas ela não tinha os mesmos princípios.

- Coin? Do que você esta falando Peeta?

- Coin queria poder! Só isso! Qual foi o distrito que menos foi prejudicado nisso tudo?

- Não importa! PEETA VOCÊ ESTÁ LOUCO! Plutarch nunca faria isso!

- E QUEM VOCÊ ACHA QUE MATOU TODAS AQUELAS CRIANÇAS?

Peeta e Haymitch estavam em pé um na frente do outro. A cadeira de Haymitch estava no chão de tão rápido que ele tinha levantado. Effie e eu estávamos olhando. Nenhuma de nós duas sabíamos o que dizer.

- SNOW! QUEM MAIS SERIA?

- PARAQUEDAS! IDEALIZADOR DOS JOGOS! TÁ MUITO NA CARA!

- SNOW ERA O MAIS INTERASSADO NOS JOGOS!

- VOCÊ ESTÁ SENDO IDIOTA! SÓ TÁ ACREDITANDO NO PLUTARCH POR QUE ELE TEM DINHEIRO!

- E VOCÊ É UM TOLO QUE ESTÁ ACREDITANDO, NELA! E SE VOCÊ NÃO SE LEMBRA, QUANDO ELA POSSIVELMENTE FOI FALAR COM SNOW, ESTÁVA MENTALMENTE PERTURBADA!

- PAREM! – Gale entrava gritando mais alto do que qualquer um.

- Perdi a fome. – eu falei e sai da sala.

Não queria ir para o meu quarto, e resolvi ir para o terraço. Tentei não escutar, a outra discussão que tinha iniciado lá embaixo, mas não era possível. Agora Johanna e Annie também se juntaram a conversa. Johanna estava defendendo Peeta, e Annie tentava acalmar a situação.

- Katniss – minha mãe chegava ao terraço. Ela também chorava. Deitei em seu colo e ela começou a mexer em meus cabelos.

Ninguém nos interrompeu. A gente ficou em silêncio, sem dizer nada. Minha mãe chorava junto comigo, pelo mesmo motivo. Nós duas sentíamos falta na nossa patinha.

- Mãe... Eu não queria que você soubesse desse jeito...

- Tudo bem filha. Mas agora nós duas precisaremos ser fortes. Prim sempre soube que você conseguiria sobreviver a tudo isso.

Abracei minha mãe. Era tão bom saber que ela estava bem. Ela estava passando por isso, sendo mais forte do que eu.

Depois que paramos de chorar, fomos juntas para a sala. Todos estavam sentados em silêncio. Peeta, Johanna e Effie olhava para Haymitch, que estava olhando para o chão. Annie não estava na sala quando chegamos. Sentei do lado de Peeta e ele segurou minha mão. Minha mãe sentou na nossa frente. Ninguém se atreveu a quebrar o silêncio. Um tempo depois Annie voltou para a sala.

Pela janela conseguia ver o sol se pondo. Johanna quebrou o silêncio mandando uma indireta.

- As pessoas confiam na pessoa errada. E quando elas percebem esse erro, elas não admitem o que tornam elas piores do que aqueles que traíram sua confiança.

Depois que Johanna saiu, Gale disse:

- Estou no onze, se alguém precisar de alguma coisa, sabe onde me encontrar.

Ele conseguiu pegar o mesmo elevador que Johanna.

O telefone tocou e Annie foi atender.

- Eu só... – Haymitch começou a falar, mas eu o interrompi.

- Peeta, vamos para o quarto.

Quando eu e Peeta chegamos ao quarto, tinha um alguém lá dentro.