Meu nome é Johanna Mason. Eu venci os Jogos Vorazes. Eu desafiei Snow. Eu quase o matei. Ele matou toda a minha família. Eu era solitária. A ideia da esperança salvou minha vida. Eu voltei para a Arena. Ajudei o Mockingjay. Lidei novamente com Snow. Fiquei fraca. E voltei. Eu sou Johanna Mason. Minha história causou controvérsias desde a primeira vez que venci. Grande parte de Panem me odiava. Agora me ama, por ter ajudado a esperança. Mas não posso dizer o mesmo sobre as pessoas da Capital.

O sangue caindo no chão continuava a ser ensurdecedor. Eu queria correr dali, me enfiar debaixo da cama e fingir que não vi nada. Mas eu vi. E não ia esquecer tão fácil. Correr e gritar como uma garotinha indefesa também não funcionaria. Eu não faço esse tipo de coisa. Na verdade, mesmo se quisesse, não conseguiria. Fui em direção à garota e a soltei. Coloquei seu corpo no chão e tirei minha camiseta pra apagar o que escreveram na parede. Se fizeram isso com quem eu sequer conhecia, imagina se alguém que eu amasse soubesse o que estava acontecendo? Me ajoelhei sobre a garota e pedi desculpas. Coloquei a blusa e corri até o quarto de Plutarch.

Mais policiais. Nenhuma ambulância dessa vez. A polícia me fazia perguntas que saiam mais como facadas. Eles provavelmente achavam que a culpa de tudo aquilo era minha. Eles estavam certos. Gale e Erick não foram acordados.

- Você está bem mesmo? – perguntou Plutarch.

- Estou sim. Preciso mesmo descansar.

- Fique bem Johanna.

Eu sorri e sai andando. Entrei no elevador e apertei o botão do 7º andar. Escorreguei no chão quando senti o elevador parar. No meio do nada. Me levantei e notei que minha blusa também tinha marcas de sangue, provavelmente da hora que soltei a garota. Meu cabelo estava molhado de suor e minha franja caia sobre meu rosto. Peguei um laço no bolso e fiz um rabo de cavalo. A música do elevador parou:

- Agora sim. Você até parece a Johanna que eu gostava.

Era a voz de Snow novamente. Eu sabia que não era ele. Ele tinha morrido. Ele estava morto e mesmo assim me assustava mais do que tudo. Mas será que existia alguém que me odiava mais do que ele?

O elevador deu mais um tranco. A voz ficou calada enquanto eu tentava desesperadamente abrir a porta do elevador. Ele desceu um pouco e a porta se abriu. Não aonde eu queria claro. Eu estava parada entre os andares, no meio do nada. Um vento forte tirava minha concentração enquanto eu pensava em como sair sem morrer. A voz não havia voltado, mas minha concentração já tinha ido embora. O pânico começou a tomar conta de mim quando o elevador começou a cair aos poucos. Ouvi as risadas na caixa de som. Coloquei uma das mãos na parte de cima do elevador e forcei meu corpo pra frente. Um dos meus pés saiu do chão e por pouco não cai. Coloquei a outra mão sobre o elevador e virei meu corpo. Eu precisava sair dali antes dele cair. Alcancei a corda que segurava o elevador, mas apenas uma das minhas mãos chegou até ela. Soltei meu corpo e senti a corda cortar minha mão. Coloquei minhas pernas na abertura do elevador e consegui colocar a outra mão na corda. Me joguei sobre o elevador enquanto via meu chinelo cair no fim do buraco escuro. O vento continuava forte. SÉRIO, QUE MERDA É ESSA? Ou ele tinha colocado um ventilador gigante no último andar ou... Abriu todas as portas. Se ele abriu todas as portas, fica mais fácil sair. Senti o elevador descer um pouco mais. Ouvi um estrondo e vi uma sombra. Não é possível. Alguém estava mesmo tentando cortar a única coisa que segurava o elevador no alto? Virei meu corpo até encontrar a parede... Ok Johanna, respira. Se o elevador descer e eu estiver na parede, estou segura. Segurei em alguns ferros da parede e olhei pra cima. A sombra havia sumido. Uma faca desceu serpenteando no vazio e caiu sobre o teto do elevador. O serviço tinha acabado. Grudei meus dedos machucados em um dos ferros da parede e senti meus pés flutuarem no vazio. O elevador estava caindo.