Nina, ou a doce punição de Loki escrita por Puella


Capítulo 8
A conversa na mesa


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Era manhã no castelo real em Alfheim, Loki havia sido incumbido de levar o café da manhã para o quarto do rei Freyr, ele cuidadosamente subia os degraus do castelo levando duas bandejas bem pesadas em cada uma das mãos, parecia irritado. Ao se aproximar da porta do quarto começou a escutar alguns gemidos abafados, Loki encostou de leve a orelha na porta, ele sabia bem o que eram aqueles tipos de gemido... Não pode conter um sorriso de malicia, e seu espírito travesso pareceu vir à tona. Há quanto tempo que não fazia uma travessura aparentemente saudável e ácida ao mesmo tempo?

Os gemidos estavam mais altos, o renegado de Asgard mordeu os beiços curvando-os em um sorriso, e sem aviso prévio abriu a porta sem pestanejar, o que acabou por espantar Freyr e sua esposa que estavam na cama, os dois murcharam na mesma hora:

– Pelas crinas de Sleipnir! O que faz aqui Loki!?

– Vim trazer sua refeição majestade – Loki respondeu com a cara mais cínica que tinha – me perdoe, não sabia que estavas ocupado – “e muito bem ocupado” pensou maliciosamente.

– Deixe-a aí e saia daqui imediatamente! Antes que eu o mande lhe açoitar!

– Como queira majestade – ele fez uma reverencia e saiu, andando a passos largos pelo corredor do castelo, não aguentou.

E gargalhou.


– O quê? – Nina tapou o rosto para esconder a vermelhidão – Você os viu...

– Transando – ele enfiou um pedaço de carne na boca – sim, estavam quase lá, - riu com a boca cheia de comida - e eu aparentemente estraguei tudo, mas só estava fazendo a minha obrigação, que era levar o café. E como se não bastasse tive que ficar o dia inteiro no celeiro limpando fezes de vaca, e por pouco aquele animal desgraçado não acerta a merda em mim – ele notou que Nina estava rindo - Do que está rindo?

– Você... – ela ria com gosto.

– O quê? Oras eu sou Loki de Asgard, quem você pensa que é para rir de mim garota?

– Desculpe, mas você é muito engraçado – ela enxugava os olhos de tanto que ria – nunca havia conhecido alguém assim antes.

– Eu sou único – ele disse arrogante – tem sorte de eu estar sem os meus poderes, você seria castigada por me desrespeitar.

– Você é bem arrogante – ela falou apoiando-se sobre a mesa, os olhos azuis o fitavam brilhantes – mesmo sendo um condenado cumprindo pena, você continua agindo como se ainda tivesse seus privilégios de príncipe. Chega a ser irônico não acha?

– Quem é rei nunca perde a majestade.

– Quem disse que você é rei?

Loki a olhou como uma criança emburrada, a jovem vanir não teve como não rir de novo. Só então ele parou de franzir a sobrancelha, olhando para a jovem que ria, tão leve e ao mesmo tempo tão pura.

Nina reparou que ele a olhava analiticamente, e cessou o riso, e fitou os olhos verdes, num breve silencio.

– O que há? – ela falou, olhando para cara emburrada do deus.

– Nada – ele falou, disfarçando – devo me retirar – Loki se levantou da mesa.

– Espera, ainda é cedo – ela falou segurando seu braço – fique eh... Quero dizer, cá entre nós, você é o ser mais complexo dos nove reinos, por que não me conta algumas de suas histórias - ela disse com os olhos sedentos de curiosidade.

– Hã?

– Ora vamos! Conte-me sobre você, eu sempre quis conhecê-lo, desde aquele dia...

– É tão curiosa assim a meu respeito – ele falou malicioso.

– Não da forma que está a pensar, ou esqueceu que eu ainda posso acertá-lo com a minha flecha – ela falou séria.

Loki gargalhou. Nina olhou para ele com uma das sobrancelhas arqueadas.

– Qual a graça? – ela perguntou fazendo cenho franzido.

– Não quis ser rude – ele falou enxugando uma lagriminha do canto do olho - é que engraçado ter uma admiradora, eu geralmente só recebo criticas.

– Ah, eu só queria ouvir a sua historia, já, que eu ouvi muitas coisas sobre você enquanto estava em Asgard, mas, sinceramente queria ouvir o seu ponto de vista – ela falou serena.

– Você é uma menina inteligente, Nina de Vanaheim.

– Mais do que você pensa, Loki de Asgard. Agora me diga – ela falou se apoiando na mesa – por que você é tão complexo?

– Nem eu sei, só sei que sou assim, simplesmente.

– Você não conhece a se mesmo?

– Ninguém conhece a si mesmo minha cara. Alguma vez já se olhou no espelho e se perguntou: “quem sou eu?” e ao menos conseguiu responder.

Nina pensou um pouco, e ele parecia ter razão.

– É, faz sentido. Mas, acho que em parte seria mais fácil fazer uma definição de mim mesma do que de você.

– E pelo jeito a senhorita tem muitas perguntas a me fazer?

– Tenho. Mas prefiro que você as me responda em forma de histórias.

Loki começou a contar a sua historia para a jovem garota, ele se sentia orgulhoso em ver alguém que tinha o interesse em conhecê-lo, contou sobre a sua infância, de como era travesso e se metia em enrascadas.

– Eram bons tempos – ele falou com se olhasse ao longe – mas, são curtos e não voltam ainda mais depois que a gente vai percebendo as coisas da vida. Mas, eu sempre me senti diferente, inferior, e na medida em que fui crescendo e isso se tornou mais evidente.

– Você não era bem tratado?

– Não – ele disse – eu era bem tratado, mas não com o mesmo carinho e calor que os outros davam a Thor, e eu me sentia de lado, eu tinha que me esforçar muito para ser reconhecido, e no fim não conseguia nada, aí bem, uma hora a gente se cansa, não se entendo o que eu quero dizer, entende?

– Bom mais ou menos, o que eu vejo é que você é bem ciumento – Nina falou com sinceridade.

Loki a fitou emburrado.

– Não me leve a mal Loki, estou sendo sincera, mas em parte entendo o que sente, você é diferente dos outros, bem diferente...

– E isso é ruim? – ele falou contrariado.

– Não – ela falou doce – não é. Eu até acho legal, acho que no fundo você é que é invejado.

– Você acha – ele falou com rosto apático – queria acreditar nisso.

– Mas continuando – Nina mudou de assunto – você é mestre em magia – ela falou com um sorriso empolgado – dizem que já colocou muitos magos no bolso. Pense em quantos deles não devem ter raiva de você, por você ser o melhor – ela viu que ele não se animara muito – embora esteja sem seus poderes agora... Então! Conte-me como virou um grande mago?

Vendo aquele sorriso e olhos brilhantes, Loki até se sentiu contagiado.

– Ok, quer mesmo saber? Então, eu comecei a estudar magia com sete anos, eu adorava, lia muitos livros, e conforme foi aprendendo a fazer pequenos encantamentos, também fui me aproveitando disso para fazer algumas travessuras também. Aos poucos fui me destacando entre os alunos, e como era filho do rei, eu consegui nas horas extraclasse aulas com ótimos preceptores, magos experientes, na minha infância com Eldred e na adolescência com Freya – Loki fez uma expressão que beirava a malicia – fui pupilo dela por muitos anos, até ela se casar é claro.

– Freya?

– Sim, ela uma excelente feiticeira, assim como você, minha cara.

– Como sabe que eu sou feiticeira?

– Oras, é um dom natural de seu povo.

– Bem, eu não sei grande coisa – Nina falou com desgosto – nunca serei com minha mãe.

– Não diga isso, você provavelmente só precisa é de um mestre.

– Um mestre, como você.

– Não no estado em que estou, mas quem sabe... um dia eu venha a lhe ensinar alguns truques.

– Conhece a magia proibida?

– Claro – ele falou impressionado com a curiosidade aguçada da menina – mas tive que prometer não invocá-la, é perigosa.

– Deve ser o máximo!

– E é! Tem mais alguma pergunta?

– Não.

– Ótimo, agora eu tenho uma pergunta.

– Qual?

– Você sempre esteve com esse medalhão?

– Sim, desde quando você me deu, nunca o tirei, eu achava que se eu o tirasse você fosse esquecer-se de mim quando me visse de novo... – Nina olhou timidamente para o chão.

– Mesmo depois do que aconteceu naquela noite, você continuou com ele?

– Por que isso de repente? – Nina falou um pouco desconfortável.

– Apenas me diga – ele falou suavemente.

– Pensei em arrancar – ela segurava o cordão com força – mas, não tive coragem...

Nina se levantou da mesa, mas foi barrada por ele, que não a deixou passar, ela se sentiu contraída e arredia, porém Loki não queria assustá-la, apenas a fitou nos olhos, e chegando perto aproximou-se da fronte da moça e depositou ali um pequeno beijo em sua testa, a garota apenas fechou os olhos. Ele a olhou nos olhos novamente.

– Não farei mal algum a você – ele disse com uma expressão terna, algo raro de se ver.

E desejou-lhe boa noite, e ambos foram para seus quartos.





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Notas finais do capítulo

O proximo capítulo vai ter grandes emoções... perigo e tensão, Bjs e ateh lá!