Pov.Katniss

Filho. De. Um. Deus! Eu não acredito que aquele idiota, safado, energúmeno, mentecapto de olhos verdes falou aquilo em rede nacional! Quando ele terminou aquela frase a câmera automaticamente focou em mim. Eu fiquei estática, minha primeira reação foi esconder o rosto no vestido. Os aplausos e gritos da Capital eram tão altos que mal podemos ouvir o sino tocar mostrando que o tempo de Percy havia acabado. Caesar tentava acalmar a todos enquanto falava sobre a próxima atração da TV Panem. Me dirigi ao elevador junto "Dele". Eu com certeza estava muito vermelha, de raiva e de vergonha. Eu não me atrevia a olhar para ele, só pensava na maneira mais rápida e cruel de me vingar daquele ser. O elevador fez aquele "plim" irritante e as portas se abriram. Dei alguns passos pra fora de olhos fechados. Ele parou ao meu lado e começou:
--Olha, Ka...
Ele não pode continuar porque eu dei um soco em seu peito tão forte que ele caiu por cima de um vaso de cerâmica despedaçando-o. Até pra mim foi muito forte já que meu dedos ficaram latejantes.
--POR QUE RAIOS VOCÊ FEZ AQUILO? Eu perguntei gritando.
--Me deixa explicar!- ele disse se levantando. Suas mãos estavam sangrando por terem caído em cima dos cacos.
--Você tem ideia do que fez?- eu perguntei com raiva avançando contra ele novamente. Porém ele foi mais rápido, desviou e me prensou contra a parede não se importando que suas mãos estavam muito machucadas para conseguir me segurar.
--Isso foi preciso, Kat! Me desculpe!
--Desculpas?! Você acaba de destruir qualquer chance que eu tinha naquela maldita Arena e você pede desculpas?
--Se você me deixar explicar talvez entenderia!
--Entender o que? Que você é louco? Porque é isso que você fez, uma loucura! "Amor da minha vida"? O que você estava pensando, Percy? E Annabeth? Você ao menos parou para pensar nela? A sua namorada! O VERDADEIRO amor da sua vida!
--Katniss, eu...
--Meu Deus! O que aconteceu aqui?- disse Effie chegando com Haymitch, Cinna e Portia. Esta última colocou as mãos na boca ao ver as mãos de Percy.
--O que aconteceu com você?
--Perguntem à Katniss- ele respondeu me soltando. Meus braços estavam sujos de sangue já que ele ficou me segurando por tanto tempo. Só agora percebi como os cortes foram sérios, estavam ainda com alguns pequenos pedaços de cerâmica. Fiquei ressentida por aquilo mas não mostrei. Haymitch falou impaciente:
--O que você fez, garota?
--Eu que pergunto! O que foi aquilo que vocês fizeram? Nem ao menos me consultaram!
--Sua reação não seria a mesma se estivesse sabendo de tudo, aquilo foi perfeito.- disse Portia.
--Ele te salvou, docinho! Esteja agradecida!- Haymitch falou.
--Ele me fez parecer fraca!
--Escuta aqui, menina. Quando você entrou naquele palco não era ninguém, apenas mais um tributo. O que ele disse te salvou de coisas muito piores naquela Arena estúpida. Vocês são o que todos falam agora, a união de opostos de Panem. Ele simpático e sociável e você a tímida de poucas palavras.
--Ele tem razão, Katniss- falou Cinna ao meu lado.
Fiquei pensando por um momento.
--Quem teve essa ideia estúpida?
--Fui eu, Catnip- Jackson falou atrás de mim.
Me virei para encará-lo. Sua face ainda era de dor por causa dos machucados, mas ele continuou firme.
--Mas por que? Eu perguntei incrédula.
--Se lembra do treinamento? Quando ficamos observando Cato e Clove naquele clima? Foi você mesma que disse, um casal apaixonado chama a atenção da Capital. Foi a forma que eu pensei para te salvar. Eu não posso deixar que nada te aconteça naquela Arena, Katniss! Eu nunca me perdoaria.
Um silêncio mortal se instalou no ambiente. Ainda não conseguia entender tudo. Percy havia feito aquilo por mim? Havia ignorado o fato de ter uma namorada esperando por ele em algum tempo distante, para começar essa farça. Eu não sabia se era pura burrice ou pura coragem. Ninguém seria capaz de fazer isso. Ninguém (N/A: Quem lembrou de O Mar de Monstros diga: Yeah!)
Portia quebrou o silêncio dizendo:
--Venha, Percy. Deixa eu cuidar das suas mãos.
--Não é necessário. Eu me viro sozinho.
--Mas...
--É sério. Eu me viro, não precisa se preocupar- ele disse sorrindo gentilmente.
Percy já ia em direção ao seu quarto mas eu segurei seu ombro. Ele se virou e eu sussurrei:
--Me perdoa? Por tudo que eu disse?
Ele sorriu de lado e respondeu:
--Você pode fazer a coisa mais doida do mundo contra mim Catnip, mas eu sempre irei te perdoar. É quase impossível não fazer, você faz isso com as pessoas*- ele disse passando as costas da mão no meu rosto. Ele seguiu para o quarto dele e eu fui para o meu.
Tomei um banho pra esfriar a cabeça. Eu não podia ficar brigando com o D4 quando amanhã iremos para a Arena. Acho que estava bem claro que teríamos que ser aliados para seguir melhor com o "script". Congelei com o pensamento. Droga! Isso envolveria beijos e amassos! Se bem que...é o Percy. Ah, estou agindo como uma adolescente boba! Mas que ele é lindo, é.
Fui chamada para o jantar e saí do quarto. Todos estavam silenciosos. Percy chegou com as mãos enfaixadas. Fiquei com um peso na consciência, aquilo pode dificultar o desempenho dele em uma luta já que ele usa espadas. Ele percebeu que eu olhava pra ele e disse silenciosamente "Não se preocupe". Eu sabia que aquilo significaria que ele ia me contar depois então não dei importância. Depois fomos ver a reprise das entrevistas.Engraçado, eles nos chamam de A União de Opostos, não sabem o quanto estão certos.
Terminado o programa nós dois fomos dormir, mas sem antes da conversa usual. Comecei perguntando:
--Por que você disse para eu não me preocupar?
--Eu não estou tão machucado assim. A água curou a maior parte- ele disse e retirou um pouco das ataduras- só sobrou cicatrizes. Enfachei para não assustar o pessoal.
--Ah.
Ficamos um tempo em silêncio.
--Então, como vai ser agora? Perguntei.
Ele encolheu os ombros e respondeu:
--O mesmo de sempre. Vamos continuar amigos, mas é claro com algumas mudanças.
--Que são...?
Ele pensou por um instante e disse:
--Na verdade não vai mudar nada. Acho que a única diferençaé que agora você pode me beijar.
Corei fortemente, mas pensei por um instante e disse sorrindo:
--Você também pode me beijar se quiser.
Ele sorriu e abaixou a cabeça para que pudesse ficar na mesma altura que eu.
--E você quer que eu te beije?
Dei de ombros.
--Você decide- coloquei as costas da mão na testa como em uma pose teatral e continuei- Pertenço-ti a você, mestre.
Ele riu e disse:
--Se pertences a mim fará tudo o que eu disser, e me dará tudo o que eu desejar...mas eu não quero um beijo.
--O que queres então, nobre semideus?
--Quero que confie em mim, aconteça o que acontecer. Eu nunca te deixaria na mão, por isso peço apenas que me dê sua total confiança, estamos certos?
Pensei por um instante. É claro que eu confiava nele. Se não fosse nele seria em quem?
--É claro que eu confio em você, D4. Pra que essa pergunta estúpida?
Ele franziu a testa como se estivesse pensando em algo sério.
--Tenho um mal pressentimento sobre amanhã. Mas vamos deixar de lado, agora você tem que ir dormir.
--Mas eu não estou com sono- eu falei como uma criança.
--Então você vai pra cama a força, Katzinha- ele disse me pegando no colo de surpresa.
--Ei!
--Criancinhas não podem ficar acordadas depois da meia-noite- ele disse segurando a risada.
--Mas eu não sou criança!
--Mas é a minha maninha/namorada. E a parte "maninha" não pode ficar acordada até tarde.
--E a parte "namorada"?- eu perguntei com a sobrancelha arqueada.
Ele me colocou na cama e deu um sorriso malicioso.
--Ela faz coisas durante a noite que a parte "maninha" não deve ouvir.
Mais um beijo na testa.
--Boa noite, minha doce Catnip.
--Eu não sou doce coisa nenhuma.
--Mas pelo pouco que eu experimentei estava muito doce, sabia? Ele disse sorrindo marotamente.
--Você ainda não viu nada. A verdadeira Katniss é muito amarga- falei calmamente.
Ele deu de ombros e respondeu:
--Pra mim você sempre será doce. Te vejo na Arena, querida. Ele disse e saiu do quarto.
E eu tentei dormir pelo menos umas horas. É, não deu certo. Eu não podia mais tirá-lo da minha cabeça.