Fomos para o estacionamento conversarmos. Sim, deixeis meus amigos lá dentro sem saber de porra nenhuma. Há há. Olhei para meu irmão e o acusei:
– Ah, então o bonitão resolveu me ignorar e vir do mesmo jeito. Bacana você, hein? - disse apontado o dedo para o Oliver.
– Não é assim, Claire. O pessoal ficou me pressionando, dizendo que eu ia ficar obedecendo a minha irmã mais nova. - exclamou Oliver.
Porque o meu irmão tem que ser tão idiota? Por acaso ele não conhece a chamada psicologia reversa??
– Opa aí. Irmã mais nova seu cú. Nós somos gêmeos, se lembra? Nascemos no mesmo dia. E que história é essa de pessoal?
– Eu sou mais velho sim Claire. O médico me tirou primeiro. O "pessoal" são os meus amigos.
– Ah, que bonito. Não basta só um idiota me perturbar, tem que ser vários.
– Para de reclamar. Isso não vai mudar nada. Você e a sua trupe vão continuar trancados em casa enquanto nós vamos a praia nos divertirmos. Viu? Simples assim.
– Não Oliver. Não é simples assim. Eu e a minha "trupe", como você diz, não vamos ficar trancados em casa. Dessa vez será, ou pelo menos seria, diferente. Mas que bosta. Eu não estava animada e agora muito menos. Porque você veio? Não podia me deixar em paz? Ficou com saudades?
– A casa não é sua. Assim como a praia. Então cala a boca e aceita.
– A casa de fato não é minha. Mas não é sua também. E como nossos pais deixaram você vir? Supostamente era pra você estar de castigo por causa daquela festa que você deu sem a permissão deles.
– Cara irmã, você já me viu ficar de castigo por mais de dois dias?
– Talvez.
– Enfim. Eu falei para eles que você me pediu para vir.
– Desgraçado. Olha, eu estava aqui primeiro. Você ainda pode ir embora. Espero que essa seja a última vez que te vejo, ouviu bem? - falei enquanto empurrava ele para longe do meu carro. - Tchau. Passar bem.
Sai anda do de volta para o supermercado. Entrei tranqüilamente e fui procurar meus amigos. Achei-os perto do caixa, com cara de bravos. Eles me viram chegando e Matt falou:
– Onde você estava? - ele disse rispidamente.
– Resolvendo alguns problemas. Me digam que não estão bravos. Por favor.
– Oh, claro que não. Nós nem nos preocupamos com o fato de que nossa amiga foi procurar uma atendente e ficou lá por mais de 20 minutos. Imagina. Nós só ficamos aqui em pé esperando que ela aparatasse. - disse Nate.
– Ah tá. Porque a primeira coisa que eu deveria fazer ao encontrar o meu irmão era vir aqui e avisar. Claro, foi a primeira coisa que eu pensei.
Eles me olharam confusos. Há. Viu? Foi botar a culpa em mim. Toma. Sim, eu odeio quando me culpam sem saberem os motivos. Andy me olhou e perguntou:
– Que história é essa?
– Ah, agora vocês querem saber, né?! Enfim, o Oliver estava aqui mas eu já mandei ele pra casa.
– Só o Oliver? A Dakota não?
– Argh!!! A Dakota não veio e nem nunca virá Nate. Para com essa obsessão. - eu praticamente berrei na cara dele.
– Hey, devagar aí. Eu tenho o direito de escolher quem eu gosto. E você ainda não explicou essa história do seu irmão. - respondeu Nate inalterado.
– Bem, o que aconteceu foi o seguinte... - disse-lhes contando a história.
Enquanto eu falava, vi que os meninos ficaram tensos. Quando acabei de contar, fomos pagar a conta e finalmente saímos do supermercado. E nós não compramos camisinhas. Viu, velho intrometido?
Colocamos as compras no carro (leia-se os meninos guardaram as compras). Dessa vez fui no banco de trás, espremida entre Matt e Andy. Nate dirigia e Steve tagarelava sobre o preço da Dawn Jones.
Há, Pegadinha do Mallandro. Na verdade, conversávamos sobre a possibilidade de irmos ao parque de diversões. Incrivelmente, existia um nessa cidade. E inevitavelmente eles me arrastariam até lá.
Eu estava preocupada com a possibilidade do Oliver não ter ido embora, e se isso acontecesse eu estava fodida. Nada contra meu irmão ou os amigos dele, mas eles não respeitam a privacidade de ninguém e isso me irritava. E tenho certeza que esses dois mundos não se misturam, o meu mundo e dos meus amigos, com o do meu irmão.
Porra, isso não vai prestar.