Ayesha Loveless escrita por Lua


Capítulo 2
Capítulo 1 Meu colega sol


Notas iniciais do capítulo

Aí está o primeiro capítulo, onde conhecemos o tal gringo que mexe com a Ayesha.

Espero que gostem! =)



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– E aí, vovó?

– Como vai, manola? – minha avó meio biruta de cabelos vermelho vivo levanta seus olhos do notebook com um adesivo escrito “Orientando seus alunos” ao lado de outro escrito “Sexo, drogas e Rock’n’Roll”. Normal a minha avó, não?

Me joguei no sofá aveludado pela terceira vez no dia.

– Não sei por que você insiste em me mandar de novo para a sala. Os professores sempre me expulsam pelo “vandalismo contra o ambiente escolar” – bufei.

Minha melhor amiga já havia me tirado da minha hibernação no sofá marrom aveludado me empanturrando de balas baratas. Ela me chamou para o intervalo com pretexto de encontrarmos o tal aluno, primo de Reddon.

Devo dizer que perdi meu recreio. Preferiria ficar comendo doce velho e barato vendo a minha avó conversar com algum aluno problemático. De acordo com a minha estimada e exemplo de pessoa avó, seria um novo aluno para a terapia. Mas até que valeu apena passear pela escola inteira com as minhas calças vermelhas, coturnos e blusa “vandalizamente” caída no ombro esquerdo e ver as caras de todos os professores e funcionários da escola torcerem o nariz para mim com repugnância. Adoro.

Depois a Danry – minha melhor amiga bocuda – disse para a vaca da professora de matem,ática que eu não tinha faltado a escola e que estava matando aula – grande melhor amiga que eu tenho, não? Ela saiu da sala sem esperar permissões (o que deve ter deixado a professora puta) e me arrastou até a aula da rainha da chatice (o marido dela deve ser Ted, o rei tédio – se é que ela se casaria um dia). Mas nem consegui entrar na sala. Só da Danry se pronunciar na janelinha da porta, nos mandou para a coordenação. Claro, preferimos ir até a sala com uma velha biruta que chamo de vó e balas de má qualidade.

Quando chegou o horário de Danry voltar para a aula – já que seria o melhor professor do mundo, o de português – minha avó praticamente me chutou para fora de sua sala dizendo que eu não poderia perder meu primeiro dia de aula deitada naquele sofá.

Mas eu poderia. E fiz isso.

O professor recebeu calorosamente a Danry, mas ao me ver fora dos padrões da escola, soltou os cachorros para cima de mim. Que maravilha, começaria o ano com uma péssima visão do professor mais massa que existe!

– Conseguiu ver o tal aluno gringo que de acordo com a sua amiga sonhadora está sendo o alvo de todas a fêmeas desse colégio e que pode despertar paixão em Ayesha?

Rimos como se ela tivesse contado uma piada. Até minha vó acha ridículo o modo como as meninas daquela escola são atiradas. E até a minha avó sabe que sou difícil de ter qualquer contado com pessoas. Imagina um contado com um ser que é alvo das oferecidas e que tem parentesco com o maldito do Reddon.

– Não. No recreio a criatura tomou chá de sumiço. Depois, fui barrada, nas duas vezes, na porta da sala, antes mesmo de eu puder olhar o trinco da porta. Não vi ninguém que estava dentro da sala! Mas até que foi bom eu ter perdido toda a aula. Nem trouxe mochila! – dei de ombros jogando os pés para cima do pequeno sofá.

– Promete que amanha vai seguir as regras de conduta do colégio?

– Claro, vovó.

Silêncio.

O único som que se escutava era do baque surdo das enormes unhas pintadas de vermelho-sangue de minha avó tcheca (sim, ela nasceu em Republica Tcheca) batendo contra o teclado do notebook com adesivos contraditórios entre si. Também se ouvia o som da minha barriga clamando por Pringgles. Só comi balas o dia inteiro e o meu desejo por batatinhas estava a cada segundo maior.

– Hoje ganhei mais um novo aluno para torturar.

É assim que a minha avó se refere aos desgovernados que por algum motivo tem de conversar com a orientadora – os que sofrem ou praticam bulling, os que são muito agressivos e tem dificuldades com emoções muito fortes, entre vários outros que eu adoro tirar saro.

Conversar só para dizer que estava ficando excitado com a professora de História? Ridículo! E, acreditem ou não, eu já presenciei varias consultas com minha avó e, sim, já ouve casos “Quando ela começou a falar de Napoleão, senti uma coisa subir...”. Acho que vou ser orientadora. Ganhar para aturar alunos problemáticos, olha só, que maravilha!

– O que tem o mais novo na minha lista de problemáticos? – perguntei, bastante interessada.

– Ele é novo na escola. Não quer me contar muito. Mas é simpático apesar do mistério. O mistério que eu vou desvendar... – tive que sorrir ao ver sua cara de malícia.

Tocou o sinal. Ouvem-se muitas gritarias pelo colégio. Minha avó, fechando o notebook, perguntou:

– Quer carona?

Antes de eu puder responder, Danry aparece como uma assombração me fazendo saltar de susto. Rindo da minha reação, ela desaparece com a mesma rapidez que apareceu na sala, me levando junto a ela.

Estávamos no portão esperando alguém que a Danry fazia questão de me apresentar – quem será? – até que minha amiga avista algo. Melhor, avista alguém.

Reddon caminhava de nariz empinado se tendo certeza que é o máximo com as muitas garotas/putas que estavam em sua volta. Não, vocês não entenderam errado. É que uma pessoa como ele não se acha, se tem certeza! (Eu sei que isso foi ridículo, mas...).

Mas as mini projetos de vacas estavam pastando em outro cangote: um lindo Reddon clone com músculos menos exagerados, com feições nada exibidas. Outra diferença era que o Reddon que eu conheço desde meus 3 anos fazia questão de tingir de vermelho seus cabelos e fazer com que todos o chame de Red – sim, vermelho e isso é ridículo – enquanto o outro Reddon manteve a cor do cabelo natural. Liso, castanho e com uma franja pequena que encaixava perfeitamente com seu rosto angelical – apesar da grande semelhança com o ser menos angelical que eu conhecia. O clone de Reddon tinha um brilho a mais. Algo que me fascinava.

Reddon – ou Red - chamou seu companheiro que com um gesto expulsou todas as vacas de seu pasto dali. Percebi que os dois estavam se dirigindo até nós duas. Reddon chegou até nós mais rapidamente que seu companheiro que andava despreocupadamente e vagarosamente (como em câmera lenta) mais atrás.

– Como vai, tchecana? – sinto o hálito quente de Reddon em meu ouvido. Olhei para a Danry. Ela estaria vermelha ou era impressão minha?

– Sai daqui, tapado. – empurrei ele com uma mão, limpando a mesma logo em seguida na camisa, demonstrando nojo. – Primeiro: é tcheca. Segundo: só a minha avó que é de Republica Tcheca!

– Tanto faz, tchecana.

– O-Oi, Re-Red. – Danry falou com uma voz abafada.

– Oi, Dani.

Sim, ele falou Dani. Minha amiga abriu a boca para dizer algo, mas acabou saindo um bando de vento. Minha vontade era de dar um tapa na cara dele. E foi o que eu fiz.

– Ei! O que foi isso? – pensou que fosse o Reddon? Eu também pensei, afinal a voz era idêntica. Mas a voz vinha de outra direção...

– Oi! – vejo Danry se alegrar rapidinho ao ver o clone-mais-gato-Reddon. Ela olhava para mim com uma cara de malicia. Vaca.

Reddon passava a mão na buchecha vermelha murmurando um fraco "ai", que me deixou muito feliz por ser a causa de sua dor!

– Essa é a famosa Ayesha. - o tal clone disse olhando para mim me analizando dos pés a cabeça. Odeio quando fazem isso. - Ha.

Isso aí. Ele comentou um mero "Ha." após me olhar da cabeça aos pés. Isso é bom? Ou ele estava mesmo me analizando e depois comentou estilo "podia ser coisa melhor"? Respondendo meus pennsamentos, ele vira para Reddon e diz:

– Essa é a tchecana que você tanto fala? Hunf. Esperava coisa melhor. Quem é a do lado dela que é caidinha em você?

Não sabia se ria com o comentário sobre a Danry - a Danry caida no Reddon? Por favor... - ou se chorava com o comentário sobre mim. Resolvi bater nele como fiz com seu clone de cabelos tingidos.

– Nem pense nisso. - disse ele segurando minha mão que estava a poucos centimetros de seu rosto. - Mal conhece as pessoas e já sai batendo nelas?

– Pelo jeito, você já sabe o bastante sobre mim... - rosnei soltando minha mão. Odiava muito contado com pessoas. Ou clones de Reddons.

– Você nem faz ideia... - ouvi ele sussurrar. Olhei para os outros presentes, mas eles apenas olhavam para a cena. Parecia que ninguém tinha escutado o que ele falou. Tentei ignorar.

– Você é o tal gringo? Mais um pasto para as vacas pastarem?

– O que? - ele me olhou completamente confuso.

– Esquece. Pelo jeito, já me conhece. Ayesha Loveless.

– Sun Jhonson.

– Sun? Tipo assim: Sol? Que familia louca é essa a sua Reddon? - fiz uma pergunta que era apenas retórica, mas Reddon começou a abrir a boca. De qualquer jeito, foi atrapalhado por seu proprio primo:

– E seu nome? Ayesha é muito comum, sabe? Lindo sobrenome, sem amor. - Sun colocara seu rosto estremamente proximo do meu, mas sem encostar. Aquilo foi um desaforo. Um desafio. Odeio ser desafiada. Mas, principalmente, odeio perder um desafio.

– Até amanha, meu colega Sol... - passo batendo nossos ombros e dando um pequeno tchauzinho para Danry por trás.


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Notas finais do capítulo

Eu, particulamente, estou amando escrever essa fic (mesmo que eu esteja apenas no primeiro capítulo u_u)...

Gostaram? ? ? *-*