Colecionadores De Segredos. escrita por Lioness


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capítulo. Boa leitura! (:



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Capítulo 8

O sol ia embora dando seu lugar à lua que começava a surgir quando os alunos saiam das salas de aula. Foi um dia cansativo, mas eles estavam mais animados já que já era quarta-feira e que o final de semana se aproximava. O colégio permitia que as tardes de sexta fossem livres, ou seja, os alunos poderiam sair do colégio com permissão de seus responsáveis e irem para suas casas. O final de semana também era assim e quem quisesse ficar no colégio podia.

Sakura não gostava muito de passar o final de semana em casa, sozinha em seu apartamento, apenas com os empregados de companhia. Não que ela não gostasse deles, pelo contrário, já havia feito amizade com todos e gostava de conversar com eles, porém eles tinham um pouco de receio de conversar com sua patroa.  Ino e Hinata sempre a chamavam para irem para suas casas, mas ás vezes, a rosada apenas preferia passar o dia no orfanato junto com Hikaru ou leva-lo para passear. Ela gostava de ficar no colégio para refletir. Gostava de conversar um pouco com Shizune e de passar o tempo no jardim. Olhar para o céu e sentir a brisa a tocar suavemente a acalmava e a fazia lembrar-se de algo muito importante e querido. Para ser mais exata, era a pessoa mais importante de sua vida: sua mãe.

Sua mãe tinha um dom musical muito apurado, gostava de todos os instrumentos, em especial a flauta e o seu querido piano. Quando era viva, seu passatempo preferido era passar as tardes no parque junto com sua filha. Ela gostava muito de voar sobre os céus e as nuvens, libertar-se do mundo real e ir para o seu mundo. Ela apreciava as árvores de cereja, tinha realmente um fascínio por elas. Tirou o nome de sua filha dessas delicadas árvores da primavera. Por esse fascínio é que tem uma área reservada na empresa do pai de Sakura onde há um pequeno jardim com duas cerejeiras.

Koga Naomi era uma mulher destemida, sonhadora e livre. Detestava se sentir presa, exceto pelo laço que construiu com seu maior amor: Hisashi Haruno. Este era o único laço que não a fazia sentir presa, o único laço que ela não se importava nem um pouco de ter. Seu marido e sua filha eram as coisas mais importantes para ela. Mais importantes...

-------------- xx -------------

“– Sakura, você quer aprender a tocar uma música que a mamãe compôs para você quando era bebê?

A garotinha de cinco anos estava sentada no sofá da sala e escutava a melodia que sua mãe tocava enquanto ela fazia um desenho.

--Hã... Música? Hum, me deixa ver... – ela tinha o dedo indicado batendo no queixo em sinal de que tentava lembra-se de algo – Acho que eu não me lembro, mas é claro que eu quero aprender!

A garotinha de cabelos rosados com uma faixa vermelha corria para sentar no banco ao lado de uma mulher com longas madeixas onduladas e rosadas, assim como a filha. Ao se ajeitar ao lado da mulher ela disse:

--Então mamãe, como é?

--Está pronta querida?

--Sim!

--Então vamos e... Ei, espera. Acho que você está esquecendo-se de alguma coisa.

--Esquecendo...? Mas o que eu estaria esque... Ah! – ela apontou o dedo indicador para cima – Já sei. Não sei como me esqueci disto, ainda bem que me lembrou mamãe.

Ela ficou de pé no banquinho, passou os pequenos braços ao redor do cabelo e do pescoço da mãe e deu um beijinho estalado em sua bochecha. Sakura olhava para aqueles olhos azuis penetrantes e serenos da mãe que pareciam sorrir quando ela retribuiu o beijo que ganhou dando outro na testa de sua filha.

--Então, quando vai começar a me ensinar? – ela tinha as mãozinhas na cintura.

Sua mãe riu e respondeu:

--Que garotinha apressada essa minha filha!

--Claro mamãe! Isso eu puxei de você e do papai.

Sua mãe riu mais. Tomou Sakura pela cintura e deitou em seu colo.

--Mamãe...? Ah, não! Eu conheço esse olhar! Não mamãe, por favor!

Naomi subiu um pouco a blusa azul marinho que Sakura vestia, deixando a mostra sua barriga branca. Ambas sorriam. Naomi tinha os olhos brilhantes e um sorriso largo quando segurou a filha e começou a assoprar em sua barriga, fazendo assim cosequinhas e tirando risadas alegres e altas da filha.

--Mama... Hahaha... O piano mamãe! A-a mu-música... Hahaha! –Sakura já estava deixando correr lágrimas pelo colo de sua mãe de tanto rir.

--Eu ainda não acabei. Cosequinha, cosequinha, cosequinha! – ela também ria, assim como a filha. 

Em cima do sofá havia um desenho, onde dois corpos adultos – um homem de olhos verdes e uma mulher de cabelos rosados e olhos azuis – seguravam a mão de uma pequena garotinha de cabelos rosados e curtos, olhos verde claro e faixa vermelha no cabelo. No fundo do desenho havia uma árvore de cerejeira.

No portal que levava para a cozinha, um homem de cabelos castanhos e olhos verdes observava aquela cena. Ele tinha um sorriso estampado no rosto. Era o mesmo homem do desenho. Era o pai de Sakura.”

Sakura enquanto se ajeitava em sua cama, ela relembrava essa época gostosa, em que sua família era unida e que sua mãe era viva. Ela se lembrava muito bem da casa bem mais simples que o apartamento onde mora atualmente. Ela não era uma casa muito grande, era do estilo daqueles casarões coloniais com grandes janelas. Era um pouco rústica, mas bonita. A sala não era muito grande. Tinha dois sofás de estilo antigo, uma mesinha de centro, alguns móveis de madeira e um espaço especial para o piano de sua mãe. Ele era um pouco antigo, de cauda. Sua mãe tirava lindas melodias de lá. De sua autoria ou não. Naquela época seu pai era totalmente diferente, ele era amoroso e carinhoso. Sakura se lembrava daquela época deixando escorrer algumas lágrimas que foram logo afagadas quando percebeu que a porta estava se abrindo.

--Hinata, você entendeu alguma coisa que o Kakashi-sensei explicou?

--Entendi Ino-san, estava tão fácil!

--Pode me ajudar com o dever depois?

--Claro!

Elas já estavam fechando a porta quando reparam que Sakura estava se ajeitando na cama para ficar sentada.

--Sakura-san, se sente melhor? – Hinata dizia enquanto caminhava na direção da cama da amiga.

--Sim, me sinto melhor. De manhã foi apenas um mal estar. – ela soltou um sorriso falso para acalmar a amiga.

--No intervalo eu e Ino viemos aqui para te ver, mas você não estava. Aconteceu alguma coisa?

--Não, não foi nada. Eu apenas estava cansada de ficar nesse quarto e resolvi dar uma volta por aí.

--Mas, Sakura-san se você não está bem não devia sair da cama e...

Hinata foi cortada por duas batidas leves na porta. Ino foi atender.

--Pois não?

--Boa tarde senhorita Yamanaka, eu queria conversar um pouco com sua colega de quarto, a senhorita Hyuuga.

--Ah, claro Anko-sensei. Hinata é com você. – a loira disse em alto tom para a amiga. Sim, Ino era realmente folgada.

--Ah, claro. – a garota de olhos perolados caminhava em direção à porta – Boa tarde Anko-sensei, em que posso ajudar?

--Bom, se lembra de que tinha prometido apresentar a escola aos alunos novos?

--S-Sim, me lembro e...

--Poderia fazer isso agora, onegai? Eles estão um pouco perdidos e eu tenho tarefas a cumprir. – a mulher tinha as duas mãos juntas e um olhar pidão.

--C-Claro, eu pos...

--Ah, obrigada! Venha, eles estão me deixando louca!

A mulher puxou a garota pelo braço e bateu a porta. Ino e Sakura franziam o cenho enquanto olhavam aquela cena. Quando Ino percebeu que não iam voltar tão cedo ela caminhou apressadamente na direção de Sakura e sentou na cama ao seu lado, arrancando a coberta de cima do corpo da amiga e subindo a calça de pijama xadrez que a amiga usava, deixando os pontos a mostra e uma expressão de espanto no rosto de Sakura.

--Então você realmente fez de novo?! – Ino tinha uma expressão séria.

--Como você sabe?!

--Você se esqueceu de limpar o banheiro. Que droga Sakura! Qual o seu problema?! Você me prometeu que não iria mais fazer isso! Tem outros meios sabia?!

--... – Sakura permaneceu calada, olhando para seu machucado.

Ino soltou um suspiro longo e disse:

--O mesmo pesadelo de novo? – ela parecia mais calma.

Sakura assentiu com a cabeça. Flashes voltavam a sua mente a fazendo gemer baixinho. Ao perceber isso, Ino abraçou forte a amiga que deixava escorrer algumas lágrimas pelo cabelo loiro e longo de Ino.

--Sakura, fica calma, eu estou aqui pra você. Eu e a Hinata. Vamos fazer assim, que tal juntar as nossas camas? Tenho certeza que a Hina não vai se importar de dormir junta com nós duas. Podemos passar a noite toda conversando. Eu tenho algumas coisas para te contar! Vai ser ótimo! Quando foi a ultima vez que fizemos isso mesmo...? Ah, não importa. Eu só vou ir à lanchonete para pegar um pouco de sorvete e o meu chocolate sagrado! – Ino dizia espontânea e alegremente enquanto se soltava de Sakura e se levantava.

--Ino... – Sakura tinha os olhos brilhando e esboçava um sorriso sereno e verdadeiro – Obrigada.

--Sakura... – Ino sorria do mesmo modo – Não precisa dizer que me ama testuda, eu sei disso!

--Hah! Quem disse que eu te amo Ino-porca? Eu apenas digo obrigada e você vai achando que eu te amo. Eu apenas quis ser educada. Além do mais, não gosto de porquinhas!

--Ora, testa de marquise, olha com quem você está falando!

--Você não ia comprar algumas coisas?

--Eu vou, mas só porque eu quero ok?! Humph! – Ino tinha o nariz empinado quando saiu do quarto.

Sakura e Ino, apesar de não se conheceram desde criança eram como melhores amigas de infância, dando alfinetada uma na outra apenas para descontrair e para irritar. Apesar das implicâncias, no fundo elas eram como irmãs, sempre protegendo uma a outra, implicando uma a outra e defendendo uma a outra, não importa de que.

Apesar de passar a noite toda conversando e comendo bobeiras não seja algo que Sakura goste muito, Ino amava. Ela costumava dizer que era “a noite das garotas” em que elas jogavam conversa fora a noite toda. Hinata gostava, se sentia bem. Apesar disso tudo, no fundo, Sakura se divertia também, do seu jeito, mas se divertia.

-------------- xx -------------

Saindo da ala dos dormitórios femininos, uma mulher de cabelos presos e espetados puxava uma garota de cabelos violetas e olhos perolados pelo corredor.

--Anko-sensei, p-pode ir mais devagar?

--Desculpe senhorita Hyuuga, mas quanto mais cedo eu me livrar deles, mais cedo minha dor de cabeça vai passar.

--T-Tudo b-bem...

Elas caminharam por um pouco mais até chegar ao pátio central, onde dois garotos –um deles era moreno e o outro loiro – estavam sentados, parecendo esperar alguém. Esses garotos não eram ninguém mais que Naruto e Sasuke. Ao perceberem que a pessoa esperada estava chegando, Naruto disse:

--Anko-sensei, até que enfim voltou.

--A garota... – Sasuke murmurou.

--Muito bem, – disse Anko colocando as mãos na cintura – esta é a Hyuuga Hinata, Tsunade a encarregou de lhes mostrar a escola. Eu estou muito ocupada então vocês mesmo se apresentem. Senhorita Hyuuga, como já está ficando um pouco tarde não precisa mostrar a escola toda, apenas o suficiente para eles se situarem ok? Preciso ir.

Ao terminar de dizer essas palavras a mulher saiu rapidamente e aos poucos foi se perdendo de vista. Enquanto isso Hinata um pouco perdida foi se apresentar aos seus novos colegas.

--E-Eu me chamo Hinata.

--Yo, bom, acho que já nos conhecemos. Você é aquela garota bonita que eu vi quando eu cheguei e... 

Hinata corou sutilmente ao ouvir o elogio.

--Eu me chamo Sasuke e esse é o Naruto. – Sasuke cortou o amigo antes que ele o fizesse lembrar-se do “pequeno incidente”.

--Bom, por onde querem começar?

--Você decide, afinal é você que conhece os lugares. – Sasuke respondeu áspero.

--Teme, isso é jeito de falar?! Desculpa, ele é meio seco mesmo. Você decide, aonde quer nos levar?

--Bom, e-eu gosto muito do jardim.

-------------- xx -------------

Ino havia voltado com um pote de sorvete, uma pequena barra de chocolate, uma caixa de suco de uva e três copos descartáveis.

--Já de volta porca?

--Cala a boca testa de marquise. Não tinha ninguém na lanchonete então foi rápido. – Ino deixou o sorvete no frigobar junto com o suco, em cima dele ela deixou os copos e virou para a rosada – Será que a Hinata vai demorar?

--Acho que não, ela sempre gosta de descansar depois da aula. Afinal, quem são os novatos?

--Aah! –a loira correu e pulou na cama de Sakura que se assustou um pouco e deu mais espaço para a amiga se ajeitar. – Era isso que eu queria te dizer!

--Ino...

--Sim?

--Tira os sapatos antes.

--Ah claro.

A loira jogou os sapatos no chão e se aconchegou ao lado de Sakura, puxando seu travesseiro fazendo que a rosada quase caísse no chão.

--Hey! – Sakura reclamou.

--Desculpa. Bom, como eu estava dizendo, tenho algumas coisas para te contar. A primeira é que andei conversando com o Kiba e bem, foi... Estranho. Eu queria dizer que a gente iria terminar o que nós tínhamos, mas parece que não foi nem preciso dizer.

--Sei como é isso...

--Ah! A outra coisa que te queria falar é que eu já estou de olho em um garoto novo!

--Ah, Ino! Você acabou de sair de um e já quer outro?! Pelo menos me diz quem é.

--Ah, você conhece, e como conhece! Ele até já passou a mão na sua barriguinha e...

--Ino! – Sakura começava a corar levemente.

--Ok, ok. Lembra-se de certo dia em que dois garotos invadiram a ala feminina e que os dois caíram em cima de você?

--Ino, não me diga que você está de olho no N...

--Cala a boca testa de marquise, ainda não terminei de falar! Como estava dizendo, um dos garotos é moreno. Deus, como ele é lindo! Parece um Apolo e... Ai! – a loira levou um cutucão de Sakura para se recompor – Ok, ok. Como estava dizendo, quando eu e a Hinatinha-chan estávamos indo para o refeitório, esbarramos nele e em um amigo dele, um loirinho que a Hinata está afim... Aliás, foi ele que você quase beijou quando caíram e... Tá bom, eu volto para a história. – ela havia recebido outro cutucão da rosada – Enfim, a Hinata teve a sorte de apresentar o colégio para eles, mas eu vou tentar conquistar aquele moreno a qualquer custo! E o loiro não é de jogar fora não, ele também é bonito.

--Então a Hinata está gostando do Naruto? – Sakura parecia um pouco decepcionada.

--Naruto? Então esse é o nome dele? Sakura, como você sabe?

--E-Eu já andei conversando com ele, só isso. Não se lembra de nos ter visto quando estava com o Kiba? Na noite em que eu te achei bêbada.

--Eu não me lembro de muita coisa dessa noite. Mas, respondendo a sua outra pergunta, bom, não é “gostar”, é apenas um paquera sabe?!

--E ele? Responde em troca?

--Não sei, nunca vi os dois conversando e... Espera, Sakura, você está com ciúmes?! – Ino sorria maliciosamente.

--O-Oque? Não, de jeito nenhum! Ino, por favor, eu mal conheço esse garoto! Nós só conversamos uma vez.

--Hum... Sei...

--Ah Ino-porca, para de pensar besteira e vem me ajudar a juntar as camas. – Sakura disse enquanto se levantava com um pouco de dificuldade – Ou você não quer mais fazer isso?

--É claro que eu quero! Ah, Sakura, só não se esforce muito se não seus pontos abrem.

--Está preocupada comigo Ino-porca?!

 --É sério hein, não quero nenhuma gotinha se quer de sangue no meu lençol de seda.

--Ah, fecha a matraca.

As duas garotas riam e começarem a ajuntar as camas.

-------------- xx -------------

No jardim frontal do Konoha Hig School dois garotos, um loiro e um moreno, e uma garota morena de olhos perolados, estavam sentados sob uma árvore, observando o sol ir embora.

--Cara... Aqui é realmente bonito... – disse o loiro se recostando na árvore e apoiando  o braço em seu joelho enquanto sua outra perna estava dobrada sob a grama.

--Sim... É um dos meus lugares favoritos do colégio. – A garota observava com os olhos serenos, o garoto loiro ao seu lado – Esse também é o lugar favorito da Sakura-san, minha amiga.

--Espera, a Sakura-san é sua amiga? Ah, agora eu me lembro melhor. Você estava lá quando eu acidentalmente entrei na ala dos dormitórios femininos. Se eu não me engano, vocês dividem o quarto não é?

--S-Sim.

--Depois... – Naruto foi interrompido por Sasuke.

--Acho melhor irmos, já está ficando tarde. Pelo o que você nos explicou já fica mais fácil de nos situarmos. Jiraya-sama já deve estar preocupado com a gente. Vamos Naruto. – Sasuke já estava se levantando quando sentiu seu braço ser segurado.

--Espera Sasuke, vamos ficar mais um pouco, a Hinata-san é uma garota legal, não podemos simplesmente sair assim.

--Você tem a sua opinião e eu tenho a minha completamente diferente. Vou ir para o meu quarto, temos deveres para fazer, e é melhor você fazer os seus não seria bom mal chegar a uma nova escola e já deixar de fazer as suas atividades. – Sasuke respondia frio.

--Teme, o que pensa que está fazendo?! – respondeu Naruto se levantando e ajudando Hinata a se levantar. Sasuke ao menos se dignou a olhar para trás. – Desculpe o Teme, tem horas que ele não sabe o que faz. Volta aqui seu idiota!

Naruto deixou Hinata parada sob a árvore, sem graça, e foi correndo na direção do amigo praguejando. Hinata era tímida, mas não era boba, ela havia percebido que o motivo daquele garoto moreno estar tão incomodado era a sua presença, mas ela só não havia entendido o porquê disso. Ela se perguntava se ela havia dito algo que o incomodou ou algo do tipo, mas não conseguia se lembrar de nada. Estava contente por ter conversado um pouco mais com Naruto e ver que ele era o cara legal como ela havia imaginado, mas agora essa felicidade havia tido um pouco de seu espaço ocupado por um sentimento de culpa e duvida, e mais do que isso, um sentimento estranho, parecido com o qual havia sentido ao ver Naruto pela primeira vez, mas esse era diferente, Hinata não sabia como explicar ou definir, mas esse era bastante diferente. Ela apenas deu um pequenino sorriso reconfortante, olhou para o céu e percebeu que realmente já estava um bocado tarde e caminhou em direção ao seu quarto. Ela se sentia estranha com toda aquela situação, era um sentimento que ela nunca havia experimentado sentir antes.

-------------- xx -------------

--Ufa – Ino suspirava e passava a mão na testa – deu um pouco de trabalho, mas cá está. Sakura, como está a sua perna?

A garota de cabelos rosados olhava hipnotizada para as três camas ajuntadas uma colada na outra e sobre elas, uma barraca improvisada com dois lençóis e um cobertor amarrados, preso a barra de metal que sustentava a pequena estante que ficava acima da cama – ha uma altura suficiente para que os lençóis ficassem bem esticados – por uma corda improvisada de lençóis.

“—Sakura... – ele disse entrando no seu quarto – Ah, Sakura, o que está fazendo acordada há essa hora?

--Papai?

O homem moreno caminhou até a cama da garotinha e se sentou ao seu lado.

--Cherry, porque você ainda não está dormindo? – suas palavras eram tão mansas.

--Eu não estou com sono papai.

--Hum, parece ser um problema! Então, como a pequena dama quer resolver esse problema?

--Primeiro, eu gosto que o senhor me chame de dama, mas não de pequena! –ela ainda tinha cinco anos apenas, mas já era brava. Seu pai olhava aquele rostinho vermelho e aqueles olhinhos de esmeralda e sorria.

--Ei, ei, calma minha daminha.

--Melhor assim. Segundo, eu gostaria que o senhor montasse a minha barraca e me contasse uma história.

--Mas cherry, agora?! Já está tarde e... – ele parou de falar quando viu aqueles olhinhos começarem a brilhar e quando a viu fazendo beicinho – Droga, Sakura, você sabe que é golpe baixo usar essa carinha!  O que a sua mãe já conversou com você sobre isso? – ela abaixou a cabeça, deixando seus cabelos rosado tampar seu rosto e seu beicinho só se tornava cada vez maior. – Ah Sakura... – Hisashi suspirou fundo, fechou os olhos e afagou seus cabelos castanhos – Tudo bem. Vá pegar o meu chapéu que eu ajeito aqui.

A rosada ao ouvir essas palavras ergueu a cabeça e soltou um sorriu largo. Correu até o seu armário e pegou um chapéu cinza com uma fita negra o contornando. Ela dizia ser o chapéu de Charles Chaplin e que seu pai não podia contar histórias sem ele.

Enquanto a garotinha ficava na ponta dos pés para pegar o chapéu, seu pai ficava de pé em cima da cama prendendo a ponta do cobertor – estampado de borboletas – na lâmpada. Assim que terminou de ajeitar tudo dentro da pequena barraca ele chamou a filha para entrar e entrou em seguida, com o chapéu e duas lanternas que a garotinha havia pegado.

--Muito bem minha pequena da...

--Papai!

--Minha daminha, que história a senhorita quer que o Charlie conte hoje?

--Papai, você está se esquecendo de algo.

--Mas do que filha? – ele parecia realmente não se lembrar do que faltava.

--Do seu bigode meu cavalheiro. – uma voz de mulher surgia por uma brecha aberta no cobertor. Era uma mulher de cabelos compridos, ondulados e rosados, e segurava um bigode – estilo escovinha – de papel.

--Mamãe!

--Querida?!

--Posso me juntar a vocês?

--Na, acho que não, eu queria que fosse um momento só pai e filha. – Hisashi tinha um sorriso maroto no rosto.

--Papai! Isso não é modo de falar com uma verdadeira dama. Claro que pode entrar senhorita.

Hisashi e Naomi se entreolharem e deram alguns risos abafados, e com a ajuda do marido, Naomi entrou na barraca, ajeitou o bigode no marido e se ajeitou a lado da filha.

--Caham, – ele se recompôs – então daminha, qual vai ser a história dessa noite? Cinderela, Peter Pan ou...

--Nenhuma papai.

--Como assim nenhuma, cherry? – ele franziu o cenho.

--Eu quero uma nova.

--Nova? – dessa vez era Naomi.

--Papai, quero que invente uma! – ela tinha um sorriso enorme no rosto.

--Cherry, inventar?

--É querido. – Naomi falou pela filha – Não vai me dizer que não consegue inventar uma história?!

--Vocês duas, estão de complô conta mim não é?! Então tudo bem, eu vou inventar uma história!

--Mamãe, o que é “complô”? – Sakura perguntava baixinho para a mãe.

--Não é nada não filha. Mas, cavalheiro, queremos uma boa história hein?! Se não, as tintas antigas da Sakura ainda servem para alguma coisa. Irá ter punição! – Naomi sorria maliciosamente.

--Naomi?! Sakura, você vai deixar que sua mãe faça isso comigo?

--Se a história for ruim... – ela ergueu os ombros e as sobrancelhas e sorriu.

--Ah é, vocês estão contra mim?!  Então vocês vão ficar com cara de bobonas porque vou inventar a melhor história que vocês já ouviram daminha. O chapéu e o bigode do Charlie vão me ajudar!

Ambas riram, mas se calaram quando Hisashi começou a contar a história.”

--Sakura?! Em que planeta você está?!

--Hã...? Ah, Ino. Desculpe, essa barraca me lembrou de algo. – ela a principio sorriu feliz, mas quando se deu conta de que aquelas lembranças eram de um passado distante, o sorriso feliz foi ficando triste, até se acabar deixando um filete de lágrima escorrer apenas do olho esquerdo da rosada.

--Era de quando você era criança? – Ino já tinha a voz mais suave.

--Sim... Mas não é nada de mais. Deixe pra lá.

--E a sua perna?

--Está apenas doendo um pouquinho, mas nada que eu não possa aguentar.

--Sakura, não precisa se passar de forte, eu te conheço melhor do que ninguém, sei quando está sentindo dor ou não.

--Quem está se passando de forte aqui porquinha?! Eu não estou sentindo tanta dor assim.

--Você quem sabe. Bom, vou tomar um banho, enquanto isso pega as lanternas.

--Ok.

Nesse momento a porta se abriu e Hinata apareceu com um rostinho um pouco triste que logo foi notado por Sakura.

--O que foi Hinata?

--Não foi nada Sakura-san.

--Como foi com os garotos?

--Foi bem, eles são legais.

--Hum, sei...

--Não se preocupe Sakura-san. Eu estou vendo, vocês montaram a barraca.

--Gostou?

--Sim, sempre amo quando fazemos isso. – Hinata sorria e dessa vez esse sorriso era grande e verdadeiro. Sakura sorriu em troca. – Podemos fazer os deveres ali essa noite.

--É uma boa ideia, vou precisar de ajuda. Ino pegou um pouco de sorvete para tomarmos a noite.

--Que bom. Quero te contar algumas coisas Sakura-san, mas agora vou tomar banho.

--Tudo bem, enquanto isso eu termino de ajeitar aqui.

Sakura terminou de arrumar os detalhes da barraca e se ajeitou lá dentro. Logo Ino e Hinata também foram para lá. A noite passou assim, com as três garotas dentro de uma barraca improvisada apenas iluminada por três lanternas. Elas conversaram a noite inteira, riram, se divertiram. Fez bem a Sakura, a fez esquecer-se de seu pesadelo e também fez bem a Hinata, a fez esquecer-se do incidente mais cedo.

Na madrugada, Ino e Hinata dormiam um sono profundo, porém Sakura estava acordada. Ela se levantou fazendo o máximo para não acordar as amigas e saiu do quarto. Ela caminhou pelos corredores do colégio, estava com insônia. Estava perto do bebedouro do corredor de trás do corredor que dava para a escada que levava para a ala masculina, e cantarolava uma música que havia aprendido com sua mãe. Ela não percebeu, mas dois rapazes, cada um de uma vez diferente, apareceram no corredor atrás do que ela estava. O primeiro era moreno, escutou o cantarolado e olhou de quem era. Ao perceber quem era a dona da voz suave que havia escutado, ele deu um pequeno sorriso de canto e voltou para o seu quarto. O segundo era um loiro, que ao ouvir a voz, deu sorriso e continuou a escutar mais um pouco, depois saiu sorrindo. Ambos tinham descido para beber um pouco de água. Ambos eram colegas de quarto.

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Notas finais do capítulo

Gostaram da Naomi? Erros de coerência, português? Digam nos comentários! XD