Colecionadores De Segredos. escrita por Lioness


Capítulo 24
Capítulo 22 - segunda parte.


Notas iniciais do capítulo

TAMDAM! Capítulo rápido hein?! Bati recorde.
LEIAM:
Bom, como dito no capítulo anterior eu dividi esse capítulo em dois. Ao todo tinha umas quatro mil e tantas palavras, mas estou experimentando algo novo. Capítulos acima de quatro mil eu dividirei para não ficar cansativo. Quero que me digam se deu certo ou se devo continuar postando tudo duma vez. Vocês escolhem.
Enfim, vamos ver o que vão achar disso tudo. Novamente peço para que me reportem erros.
Boa leitura :3



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“Quando rosto impassível do moreno surgiu por seus olhos algo estalou em sua mente que a fez se levantar de ímpeto, com uma sublime determinação convincente que resplandecia admiravelmente pelos orbes verdes.

Estava decidida.

Apanhou os cadernos do banco rapidamente e marchou a passos pesados, firmes e largos.

Sim, ela queria gritar e ela iria gritar.

E se havia alguém para quem ela deveria descontar toda a sua irritabilidade e fúria seria ele.

Não dava a mínima se seria punida por aparecer no dormitório masculino. Na verdade seria uma tragédia para quem ousasse se opuser a ela naquele estado de espírito. Ele era o culpado por ela estar daquele jeito, segundo deduziu.”

–------------- xx --------------

Toc, toc!

O som oco de um punho – nada gentil, diga-se de passagem – se chocando contra a porta quebrou o monótono e envolvente silencio no qual ele estava inerte causando um estrondo incômodo em seus apurados ouvidos.

Sentado de pernas cruzadas com o rosto calmo e passivo suavemente apoiado em seus dedos fechados da mão esquerda, enquanto a outra mão servia para segurar a página do livro sobre a escrivaninha, ele sobressaltou-se imperceptivelmente. Fechou os olhos.

Inspirou.

Expirou.

E ignorou o fato de alguém estar lhe chamando, retomando seus olhos para o livro concentradamente.

Toc! Toc! Toc! Toc!

Sentiu os orbes de seus olhos estremecerem e perderem a linha que acompanhava, embaraçando-as.

Cerrou as pálpebras novamente e inspirou o suficiente para sentir seus pulmões se expandirem dentro de sua caixa torácica. Pela constância e exagero na força que colocava ao punho, o moreno deduziu que aquela pessoa idiota queria – e iria se não fosse atendida – muito provavelmente derrubar aquela pobre porta. E a julgar por isso, uma situação consideravelmente irritante certamente viria.

Girou a cabeça em cento e oitenta graus sem desencaixar sua cabeça de seus dedos.

Até alguns segundos atrás estava simples e tranquilamente envolvido com seu livro. Agora seus olhos negros miravam insatisfatoriamente, através do ombro direito, a frágil porta sendo esmurrada por algum ser inconveniente.

Arquejou profundamente, expelindo todo o ar que puxara para fora enquanto fechava o livro e arrastava a cadeira para se levantar.

Ponderou na hipótese de apenas ignorar e admitia que era tentadora, no entanto, ou a receberia ou a pessoa continuaria a tentar colocar a porta abaixo – como já estava tentando – dando-lhe uma enorme nostalgia do tempo em que trabalhara.

Enquanto caminhava calmamente sustentou a vaga possibilidade de ser seu companheiro de quarto e admitiu que teria um prazer enorme em desconta-lo toda a força com a qual ele bateu a porta, no entanto essa ideia caiu por terra rapidamente. O loiro sabia muito bem de seu temperamento e não iria irrita-lo, ao menos não depois dos dias passados. O clima tenso pairava entre os dois ultimamente.

Então só poderia ser algum funcionário ou Jiraya.

Inspirou mais uma vez e controlou seus instintos. Não estava com cabeça para aturar seu mentor, muito menos qualquer outro.

Toc! Toc! Toc! Toc! Toc! Toc!

Mordeu o lábio inferior. O quanto aquela pessoa sabia como incomodar os outros?! Jurava para si mesmo que se ela batesse mais uma vez não iria responder por si mesmo. Deduziu que aquela força eufórica indicava certa raiva. Uma raiva transmissível, por acaso.

Espantou suas divagações quando se viu rente a porta. Levou os dedos gélidos à maçaneta tão gélida quanto e a rodou o mais rápido que pôde.

A porta rompeu o ar, pondo-os um de frente para o outro. Um sentimento de surpresa fora inevitável para ele, quase atingindo o ritmo de seu peito.

Sasuke não pôde evitar arquear uma de suas sobrancelhas, franzido o cenho.

A primeira coisa que notou fora um rosto feminino ardendo em uma raiva quase palpável. Depois o cabelo róseo piscou e ele instantaneamente reconheceu. Ligeiramente admirado, admitiu.

Ela tinha sua mão cerrada pairando sobre o ar, ligeiramente sobressaltada. Suas sobrancelhas estavam de um modo que franzia todas as linhas de expressões de sua testa, apontando o alto nível de stress. A postura firme causava certa imponência intimadora. Então ele constatou que ela não estava ali à toa, tentaria com veemência fazer o que quer que seja que tinha em mente – embora ele já desconfiasse o assunto.

No entanto, ele fora pego completamente desprevenido. De guarda baixa. E por isso, para ele, foi lento em reagir a ela.

–-Quem você pensa que é? – assim que o notou ela esbravejou direta, recolhendo sua mão do ar.

–-Alguém que não se dá ao trabalho de esmurrar a porta dos outros para fazer uma pergunta estúpida.

A resposta surgiu meio como automática. O brilho voraz nos orbes de Sakura incendiou-se com a resposta. O fuzilava com o seu olhar penetrante e singular que o atraía como um campo magnético.

–-Chega de cinismo, Sasuke! – vociferou.

Estava uma fera. Estava farta. Estava cansada. Estava a ponto de explodir. E ele parecia estar apenas querendo atirar mais brasas à fogueira. Ela começava a odiar aquele rosto sem expressão que ele tinha. Aquela arrogância descomunal.

–-Não fui eu que invadi uma ala proibida para fazer alguma idiotice. – refutou ainda suavemente atônito.

Não pensara que ela seria capaz disto. Então ele a irritara até a esse ponto? Hn, aquilo estava começando a ficar interessante.

Sakura inspirou o tanto de ar que conseguiu tentando se segurar e controlar sua respiração indevidamente descontrolada, contando mentalmente de olhos fechados, porém realmente não viu quando seu punho se desfez da forma fechada e aparelhou os dedos para, numa vontade própria insana, cortar o ar na intenção de acerta-lo. Só se apercebeu quando sentiu a mão áspera dele agarrar seu pulso reflexivamente em uma velocidade considerável e com a mesma joga-la contra a parede, prendendo-a com o próprio braço sobre a caixa torácica, comprimindo-a forçosamente contra a parede fria.

Sakura gemeu com o incomodo, embora não tenha tentado relutar.

Sasuke mantinha uma distancia segura entre seus corpos, fitando os olhos dela minuciosamente. As íris expressivas eram de uma tonalidade de verde tão nítida que, se olhasse com cuidado, veria pequeninos traços castanhos ao redor da pupila. E ele estava tão penetrado que via. Não mentia, aqueles olhos eram lindos. E fortes o suficiente para acelerar seu coração.

–-Eu cansei da sua pretensão, Sasuke! – ela recomeçou – Dessa sua indolência arrogante e cínica. Quem você pensa que é para me chamar de covarde?! Você não sabe de nada!

Em algum lugar daquele clima tenso, os olhos de ambos se compenetravam de uma maneira tão profunda que certa inércia começava a despontar entre eles. Os olhos dela não desgrudavam dos dele e vice-versa. O que diferenciava era que Sakura tinha a vontade de enforca-lo enquanto ele tentava entender o que acontecia.

Ela não poderia saber, mas estava o fazendo sentir-se acuado, encurralado e pressionado com as lembranças inafastáveis que recomeçavam agora na mente do moreno.

A rosada não poderia conjecturar o que aconteceu poucas horas antes de sua discussão com Sasuke.

E diante daqueles olhos, Sasuke não conseguia evitar lembrar.

“ O porteiro não estava em seu posto. Já estava tarde e por sorte Sakura levava o cartão de identificação no bolso de trás da calça. Ele bufou. Deu um pouco de trabalho para pega-lo, já que ele a carregava com ambas as mãos, mas foi rápido. Seu rosto contraía ligeiramente de tempos em tempos. Não que ela fosse pesada, mas ele não queria estar ali fazendo tudo aquilo. Sinceramente, só não a deixava em qualquer lugar porque fazia um favor à Naruto.

Entrou no elevador e apertou com um dedo livre o botão para a cobertura. Era um prédio consideravelmente alto e não era sua pretensão a segurar até chegar ao andar. Com cuidado a desceu de seus braços, sentando-a no canto do elevador e a encostando com alguma delicadeza notável. Enquanto a deslizava por seus braços seus olhos correram involuntariamente por seu corpo. A boca estava entreaberta e vermelha. Ela fedia a álcool, mas ainda conseguiu inalar seu perfume agradavelmente doce, escondido em seu pescoço. Sua pele ninfa era macia como veludo, embora seus dedos apresentassem calos comuns a pianistas. Notou marcas de agressão em seus braços, mas sua expressão continuou indiferente. Sem mexer qualquer músculo facial.

Escorreu pela parede do elevador, sentando ao lado dela, descansando os braços nas pernas. O tinido fraco vinha de tempo em tempo anunciando mais um andar avançado. Uma música suave e baixa não deixava o local inóspito. Os números digitais corriam lentamente por seus olhos no topo da porta, a qual ele encarava um pouco cansado até deslizar lentamente a cabeça e poder vê-la de soslaio. Apesar do estado deplorável, ela ainda estava bonita, ele admitia. Parecia dormir profundamente. Tranquila e serena.

Por instinto checava os movimentos de seu peito. Melhor impossível. Movimentavam-se calmamente. Seus cabelos caíam pelo rosto delicadamente, amassados contra a parede de ferro.

Desceu os olhos para seus punhos sobre suas pernas os observando sem expressão, os julgando, se julgando.

Por seus olhos passava a perturbante bagunça de sua mente.

O ar escapava em lufadas ofegantes por suas narinas e, contraditoriamente, sua face intermediava em impassibilidade, ressentimento e desorientação.

Havia perdido o controle.

“Sasuke, o que tá fazendo cara?! Esse desgraçado vai morrer desse jeito! Você ficou maluco?!”.

As imagens turbulentas do loiro o arrastando com força de cima de um cara revolviam em seu peito. O esmurrava sem misericórdia. Ele já estava inconsciente há muito tempo, mas ele não parava. Aquele homem implorou e suplicou, mas estava em uma ferocidade surda e deficiente. Ao seu redor eram apenas borrões indistinguíveis. Seu rosto ensanguentado já estava inchado e coberto por hematomas, mas suas mãos continuavam a atingir repetidamente a carne de seu rosto. Os ruídos ocos das pancadas ruíam o bar. O nariz do homem se encontrava completamente deslocado e os olhos inchados. Já se formavam bolhas de sangue, porém, ele estava no topo de seu furor. O dia todo atormentado, sentindo apertado e inquieto, contido. Ou melhor, a semana. Odiava aquele sentimento. Estava possesso de raiva, ódio. Aquele desejo insaciável o ensandecia. Não percebeu quando seu controle esvaiu, também não importava. Viu novamente sangue em suas mãos e sentiu um mínimo de poder. Quantas vezes deveria repetir? Era um assassino. Não apenas como um “trabalho”, mas como algo que fazia parte de seu ser. Seus olhos podiam ver o terror que causava, mas ele não assimilava. Seu coração era daquela forma imutável. Duro. Ele era daquela forma solitária e impassível.

Deixou os olhos rolarem como se estivessem em um desfiladeiro para o lado de Sakura novamente. Seu nariz ainda puxava ar com força e seu peito estava inquieto sob as roupas. No entanto, o dela continuava calmo. Tão calmo como a música de fundo que preenchia o lugar. Em seus lábios vermelhos e semiabertos se formava um pequenininho sorriso no canto arqueado da boca. Ela sorria enquanto dormia. Tão simples. Tão pacífico.

Seus olhos não desgrudavam do corpo dela. Era estupidamente engraçado e afável o jeito como ela estava encolhida. Vagarosamente se tranquilizava também, era contagiante.

Ele queria aquilo. Ele queria aquela simplicidade. Ele queria aquela paz. Ele gostava daquilo. Em anos de diversas tentativas falhas era a primeira vez que sentia um prazer sincero e relaxante hábil de esconde-lo, no mínimo por um pouco, das experiências sórdidas, em sua grande maioria. Era como se no momento o planeta tivesse parado junto com o tempo. Não havia passado ou ressentimentos. A vista seria a partir de uma terceira pessoa, observando distante – porém como se estivesse perto – um mundo em que só importava um elevador qualquer subindo até a cobertura de um prédio qualquer de uma cidade grande, tendo apenas um cara de 19 anos chamado de Sasuke observando, sentado ao seu lado, uma bêbada e adormecida garota de 16 anos chamada Sakura envolvidos pela reconfortante quietude e monótona música de fundo.

Talvez Naruto estivesse certo, aquela garota tinha algo diferente que irritantemente era capaz de mudar as coisas.

O sinal de andares soou mais forte e ele despertou com a porta se abrindo. Suspirou e levantou-se apoiando nos joelhos. Encurvou-se diante da garota e tomou-a no colo novamente. Cuidou para que a cabeça dela não ficasse pendurada como antes e rumou para a única porta do hall. Ela enlaçava seu pescoço instintivamente, devia estar perto de acordar. Os cabelos escondiam os olhos. Embora sua expressão facial não tivesse mudado um músculo se quer o tempo todo, naquele momento já não estava tão cansado da responsabilidade de ter que leva-la em segurança.

Levou a mão à maçaneta e agradeceu mentalmente por não estar trancada. Abriu a porta e caminhou levemente até o segundo andar, procurando por um quarto que poderia ser o dela, sumindo nas luzes apagadas do apartamento.

Engraçadamente passou despercebido pela bagunça da sala. Nem poderia imaginar a violência que ocorrera ali. Muito menos que aquilo era a causa de estar ali. E, se nada houvesse acontecido, o moreno não teria espancado o homem no bar, não teria que pagar um absurdo de táxi e ainda andar algumas quadras com ela no colo, não teria de estar com ela no elevador e nem leva-la ao quarto onde a vaga serenidade que o entorpecera se esvairia. Não teria aquele momento acalentador. Continuaria a encher a cara no bar, medíocre e depressivamente, continuando sendo esmagado de dentro pra fora por aquelas angústias que ele desprezava. Sem as respostas erradas que queria encontrar. Mas ela estava com as respostas certas que ele não queria ouvir. Só faltava dizer.”

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Notas finais do capítulo

Então? Sakura confrontando Sasuke? E Sasuke finalmente se mostrando dentro disso tudo? O que será que isso irá trazer?
Não esqueçam de dizer nos reviews se preferem tudo de uma vez ou divido. Lembrando que só farei isso em capítulos acima de quatro mil palavras.
Espero que tenham gostado.
Beijocas (;
Ah, e pra quem leu o capítulo passado e não comentou, por favor, não o pule e deixe seu review lá por favor e depois aqui. O que pensam me ajuda pra caramba. Obrigada.



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