O céu das Ilhas do Destino era realmente imenso e estupendo. Azul, límpido, claro, calmo e praticamente sem nuvens. O que não impedia do sol clarear a sala de aula e bloquear a utilização das lâmpadas. Em meio aquele universo estavam os olhos de uma garota que tinham a cor do dia e os cabelos da cor da noite. Por mais que esta vivesse numa ilha tropical sua pele era extremamente frágil com toda aquela luz, ou seja, pálida como neve. Ao contrário das outras colegas de classe, bronzeadas de olhos escuros e com um sorriso maior que a própia boca. Por que ela era assim? Por que ela era tão diferente?             

-Ritera! - esbravejou a professora enfurecida - Se você desviar a atenção mais uma vez...             

-Desculpe professora - ela abaixou a cabeça completamente envergonhada.

Hikari não tinha culpa, apesar de ser a garota mais quieta da escola tinha um comportamento que irritava todos aos seus professores: ela não conseguia focar-se no quadro negro. Sempre perdida nos próprios pensamentos, iludida com perguntas que, mesmo se soubesse as respostas, não mudaria em nada em sua vida.

Ela não era uma aluna exemplar nas matérias teóricas, passava sem dificuldades, mas as notas não eram tão altas,mas também não eram tão baixas, eram razoáveis. Já em sua tortuosa educação física era um completo desastre, lenta, desgovernada, tinha um terrível medo de qualquer bola que vinha em sua direção. Suas "amigas" não ajudavam muito, sempre rindo das idiotices que ela fazia não intencionalmente.

Mais perguntas...Será que não havia nada em que ela fosse útil? O que faria do seu futuro? O que é o futuro se não uma vida ordinária naquele conjunto de ilhas?Talvez aquele não era seu lugar. Tinha de haver algo fora dali. Um mundo onde sua vida não fosse apenas uma brisa de verão  passageira.

O sinal tocou, felizmente, a ultima aula terminou e os alunos foram dispensados. A professora gritou relembrando a eles dos deveres que teriam de trazer amanhã. Todos tomaram nota. Hikari Ritera não. Ela nunca gostou de anotações. Deixava com que sua memória a alertasse logo depois.Só que dessa vez, ela não traria o dever de casa.

        -Estou em casa! - anunciou tirando logo os sapatos. 

Sua querida avó saiu da cozinha com um sorriso amigavel, fazendo a neta se sentir bem uma unica vez no dia.        

-Muito dever de casa, minha querida? - a velhinha perguntou, enquanto amabas iam para a mesa.       

-Pouco, comparado aos outros dias... Deve ser porque os exames do primeiro semestre estão chegando e os professores estão ocupados demais bolando as próprias provas que não querem corrigir o que os alunos fizeram - Hikari murmurou pensativa enquanto a avó colocava os pratos à sua frente.       

-Você não tem problemas com notas, então não estou preocupada - admitiu a mesma sentando-se ao lado da neta.       

-Obrigado pela comida - disseram as duas então começaram a comer e em silêncio terminaram.       

-Eu trabalhei muito hoje, acho que vou me deitar mais cedo - a avó sorriu novamente.       

-A senhora não devia se esforçar tanto - Hikari abaixou a cabeça com a culpa pesando em seus ombros - eu posso muito bem cuidar da casa.       

-Ora, Hikari - ela riu escondendo a própria surpresa - você ainda é jovem para ficar presa dentro de casa cuidando de mim. Precisa aproveitar essa época enquanto ainda pode... Além do mais, sua mãe me fez prometer que eu cuidaria de você.       

-Eu sei, mas...       

Uma trovejada rasgou o céu quebrando a conversa.       

-Como eu pensei, os ventos da manhã estavam fortes demais para uma chuva de verão, parece que é uma tempestade - observou a avó de Hikari, a neta subiu para fechar as janelas e a avó foi fechar as portas. Hikari estava fechando a de seu quarto quando escutou um sussurro:

Este mundo foi conectado...

A jovem sentiu um arrepio e se abraçou. De repente ficou frio. Ela começou a ficar sonolenta, tudo a sua volta começou a girar... até que perdeu completamente a consciência e dasabou no chão.

Bem-vinda...

Ela abriu os olhos, se encontrou deitada sobre uma plataforma emergida de uma escuridão infinita. Na mesma plataforma havia uma imagem esculpida da mesma e três circulos ao seu lado, cada um retratando um rosto diferente. Três faces que ela nunca teve a oportunidade de conhecer. A primeira era de um jovem sorridente, de cabelos castanhos e espetados, tinha olhos azuis-claros - não intensos como os de Hikari - e ele emitia algo como alegria e segurança. A segunda era de uma garota ruiva e muito bonita, um sorriso gentil e também tinha olhos azuis só que bem mais escuros do que os do garoto acima. A terceira a fez perder a respiração por algum motivo. Era um garoto também, só que mais velho e maduro. Tinha cabelos prateados e olhos cor verde-água - olhos sinceros e ao mesmo tempo dolorosos - ele tinha os lábios premidos numa linha reta. Algo nele fazia Hikari sentir-se interessada, não sabia exatamente o porquê do sentimento, mas sabia que não era normal ela ver seu desenho ao lado de três pessoas que não conhecia.
Você... Hikari Ritera... Tem uma missão...
Missão?
Você será quem abrirá a porta...
Hikari olhou em volta, não havia nenhuma porta ali para ser aberta.
Você não a vê ainda, porque seu coração está bloqueado... Mas você logo abrirá a porta...
O que quer dizer com isso?
Não tenha medo... A chave está em sua mão... Preste atenção no que irei te dizer...
Ela permaneceu em silêncio. Não havia outra opção a não escutar o que a misteriosa voz dizia.
Você receberá a arma mais poderosa do universo... Com ela você decidirá qual caminho seguir...
De repente, duas escadaria apareceram, guiando-a para duas direções opostas.
Agora... Na sua jornada, você terá três guias...
Hikari encarou as três faces e escutou uma risada.
Isso mesmo. Cada um deles também tem sua própria missão. No entando VOCÊ deverá liderar o grupo. Não se esqueça disso...
Quem eles são?
...
Parece que eu vou ter de esperar para saber não é? - ela suspirou derrotada.
Escolha uma das escadarias...Atenção... Você jamais poderá escolher novamente... Pense sabiamente...
Como eu vou saber qual é o caminho certo?
Escute o que diz seu coração...
Hikari parou por um momento para analisar as escadas. A da esquerda era dourada reluzente. A segunda era cinza e sem vida. Algo a dizia para ela subir a da esquerda. Assim o fez.
Bem-vinda ao caminho da luz...
Ela se encontrou numa mesma plataforma. Só que algo estava errado.
Agora escolha que tipo de poder você quer...
Um pilar com uma espada sobre ele emergiu sob plataforma, logo depois outros dois com um cajado e um escudo.
          A espada, poder do guerreiro fiel e protetor...

O cajado, a magia que cura e suporta os amigos...

O escudo, a barreira que sempre acomodará aqueles quem são importantes...

Faça a sua escolha.
Hikari ficou em dúvida entre o escudo e a espada. O chão - ou seria a plataforma? - tremeu.
Você de novo? - a voz parecia estar falando com outra pessoa.
Deixe-me falar com ela... - outra voz, desta vez bem familiar, respondeu - Não vou fazer nada... Só quero ajudá-la...
Sinto muito, mas é perigoso demais ela falar com você ainda... O coração dela ainda é muito frágil...
A voz familiar ficou mais clara, era um homem, disso ela estava certa.
Hikari... Apenas pegue a espada... - então escutou um ruído e a voz se dissolveu em seus ouvidos.
Ela caminhou até o primeiro pilar. E segurou a espada em suas mãos.
Até que enfim... Começará sua jornada...Hikari Ritera... Escolhida da Keyblade!
Lâmina...Chave... Keyblade...
Um grande clarão cobriu sua visão e ela desmaiou novamente.
Acordou num lugar desconhecido. Cheio de muros a sua volta. O chão frio. Havia uma grande porta com uma placa acima dizendo "1º Distrito". Depois que sua visão melhorou, percebeu que era uma cidade e já tinha anoitecido. Quando foi se colocar de pé sentiu que segurava algo. Era uma espada no formato de uma chave.

Você será quem abrirá a porta - ecoou a voz.     

-Uma Keyblade?! - disse alguém logo atrás dela.Hikari se virou.Um homem alto de longos cabelos castanhos e olhos da mesma cor, com uma jaqueta preta,calças compridas e botas de couro, a encarava um tanto assustado.     

-Desculpe, - ela disse sem pensar - onde eu estou?     

Ele parou para pensar por um momento.     

-Venha comigo, acho que eu sei de alguém pode ajudar você - ele fez um gesto com a mão esperando que ela o seguisse.     

-Posso saber quem você é pelo menos? - perguntou Hikari desconfiada.   

 -Leon... Me chame de Leon...