- Passa a farinha amor? – pergunta Peeta todo carinhoso

Mas ser carinhoso não vai tirar a raiva que estou sentindo dele no momento.

Quando você fala pra uma pessoa que não sabe cozinhar, geralmente ela diz “Ah, tudo bem, vamos pedir comida chinesa!”. Com Peeta é totalmente o contrário.

- Todo mundo sabe cozinhar, pelo menos alguma coisa – ele insistiu – E eu queria que você me ajudasse a fazer pães de queijo.

- Mas tem tantos empregados nessa casa, a gente pede para eles fazerem enquanto vemos um filme. – tentei inutilmente

- Mas assim não tem graça - ele fez bico e eu aceitei.

Em minha defesa, quem poderia resistir a aquela carinha de anjo? Não seria eu a primeira.

Agora estamos na cozinha – eu emburrada e ele risonho – tentando preparar os malditos pães de queijo.

Não vai dar certo, tenho certeza.

Peeta pegou duas bandejas no armário, uma para ele e outra para mim, e me mandou fazer os pães de queijo sozinha!

Euzinha, Katniss Everdeen, que nunca tentou cozinhar um ovo, estou tentando fazer pão de queijo. Isso realmente não vai dar certo!

Bufo e passo a farinha para ele.

Peeta só dá risada.

- Você sabe que isso não vai dar certo né? – digo para ele

- E você já isso um bilhão de vezes – Peeta revira os olhos ainda concentrado na massa – Apenas faça. Eu não vou te dar nenhum dos meus.

- Mas eu vou acabar morrendo envenenada pela minha própria comida! – digo indignada – Isso é completamente injusto.

- A vida não é justa – diz ele rindo

Fecho a cara.

- Kat, passa a água?

Não respondo.

- Kat...

Nem me mecho e continuo a mexer minha massa.

De repente sinto um aperto em minha cintura. Peeta.

- Ah Peeta! – exclamo – Você ta todo sujo de farinha! Sai de perto!

- Eu não – ele diz passando a mão por toda a extensão da minha blusa – Isso é pra você aprender a não me ignorar.

Pego o saco de farinha e jogo na cara dele.

- O que você tem contra o meu rosto Katniss?!

Começo a rir.

Ele pega mais farinha e joga em meu cabelo.

- Você não fez isso! – grito

- Acho que fiz sim – ele diz rindo

- EU VOU TE MATAR

- Vem então

Nós começamos a correr pela bancada, nunca alcançando um ao outro.

Prim e Sean entram na cozinha.

- O que vocês... – Prim começa, mas Peeta sem querer joga farinha na cara dela

Silêncio.

- Foi mal Prim... Não era pra acertar você.

Ela abaixa, pega tranquilamente o saco do chão, dá um sorriso e joga tudo em Peeta.

- É GUERRA! – grito

E começamos, literalmente, uma guerra de farinha.

Sean ri feito louco e foi acertado em todo o corpo. Eu acho que nunca o encontrei sem estar suja de alguma coisa.

Fui acertada no rosto, no cabelo, na barriga, na perna e até na bunda. Adivinha por quem?

Depois de um tempo, nos cansamos e vamos colocar uma outra roupa.

- Você sujou minha blusa favorita – resmungo

- Não era sua blusa favorita – Peeta responde

- Como você pode saber? – retruco

- Sabendo – ele responde e começa a rir – Katniss, eu sou o Peeta Mellark, eu sei de tudo.

Ergo as mãos para o ar.

- Ui, ele sabe de tudo – Peeta ri e me abraça

Ai ai, ele consegue...

Terminamos de fazer os pães de queijo, e adivinha só? Os meus ficaram duros e queimados. Os do Peeta ficaram perfeitos. Que droga.

- Peeta, eu fiz meus pães de queijo – digo fazendo charme – Então tenho direito a pegar um dos seus e deixar os meus para Prim e Sean.

- Eu não vou comer isso nem ferrando – diz Prim fazendo cara de nojo – Eu quero um do Peeta.

Ela e Sean pegam dois da bandeja de Peeta. Traidores.

Estico a mão para pegar um também, mas ele levanta a bandeja, de modo que não alcanço.

- Não faz isso! – grito pulando – Eu só quero um.

- Primeiro você vai comer um dos seus – ele propõe – Depois pode pegar o quanto você quiser.

 Faço bico.

- Então você também vai provar um dos meus.

Peeta ri.

- Não, obrigado – ele diz – Tenho amor a minha vida.

Isso arranca risadas de Prim e Sean.

Fico ofendida.

- Que legal! Um namorado que me quer morta!

Cruzo os braços e me sento com raiva.

- Não fica assim amor – diz Peeta me abraçando

- Sai – me afasto dele – Não quero te abraçar, você me quer morta.

- Não te quero morta... – ele revira os olhos – Ta bom, eu provo.

Sorrio para ele.

- Assim é melhor.

Agora é a vez de Prim revirar os olhos.

- Você desiste muito fácil Peeta – ela diz

- Não Prim – Peeta sorri – Ela fica me devendo essa...

Finjo que não ouvi e pego minha bandeja.

- Digam pros meus pais que eu amo eles – Peeta diz dramático

- Vamos juntos – digo – Um... Dois... Três...

Colocamos na boca. Argh, que horror.

Peeta torce o nariz.

- Você precisa aprender a cozinhar – ele diz – Urgente. Caso grave. Extremo.

Reviro os olhos.

- Ficou tão ruim assim?

- Ficou.

Prim e Sean riem mais uma vez. Qual o problema deles?

- Acho que vou provar um... – diz Sean

- NÃO – grita Prim – Preciso de você vivo.

Ele olha confuso e risonho para ela.

- Por que?

Prim vai ficando vermelha aos poucos... Sugestivo.*

- Eu acho que também vou provar um...

Os dois colocam na boca.

Sean é educado e não cospe, ao contrário de Prim.

- Péssimo! PÉSSIMO! – ela diz – Peeta, me passa os seus, pelo amor de Deus.

Peeta ri e dá pães de queijo para eles dois.

Ele vira finalmente para mim e me deixa pegar um.

- Obrigada – digo satisfeita

Que inveja. O dele está completamente delicioso.

- E então?

- Dá pro gasto – dou os ombros

- Melhor que o seu – diz Prim, arrancando risada dos dois idiotas

Reviro os olhos.

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- Então, você precisa de Sean pra que mesmo? – pergunto rindo para Prim

Os meninos foram embora há pouco tempo, e agora só sobramos nós duas.

Prim cora.

- Ora, você sabe que gosto dele... – ela diz encabulada

- Por que não fala para ele? – pergunto

- Ele tem namorada – ela responde triste

- Namorada? E como ela não é você?

Prim sorri, ainda triste.

- Quem me dera que ele pensasse assim...

- Qual o nome dessa garota?

- Lana – diz Prim – Acho que Madge a conhece.

- Ela já me falou sobre essa tal de Lana – digo – É a garota que deu em cima do Gale não?

Prim faz que sim com a cabeça.

- Ela é uma atirada – ela diz revirando os olhos

- Mas ela não tem a minha idade? – pergunto confusa

- É que Sean é um ano mais velho que eu.

- Entendi. – dou-lhe um abraço – Não fica assim, daqui a pouco ele percebe quem ele tem bem ao lado.

Ela sorri.

- Espero que sim – diz - Como vão as coisas com o Peeta?

- Ótimas, só uma coisa me incomoda, para falar a verdade – digo

- Qual?

Hesito. De ou não devo contar?

- Glimmer – decido por pra fora – Me ameaçou dizendo para tirar os olhos do “homem dela”

- Ela é problemática?

- É provável – digo – Isso meio que nos impediu de assumir o namoro na escola, além do fato de ela praticamente se jogar em cima dele.

- Entendo – diz Prim, e eu acredito, ela sofre quase a mesma coisa – Contou ao Peeta?

- Não, e nem pretendo – nego com a cabeça

- Então não o culpe pelas coisas que a Glimmer faz – ela dá os ombros – Fiquei sabendo que vocês brigaram...

- Quem te disse?

- Clove...

Reviro os olhos. Sempre a Clove!

- É que não é culpa dele Katniss – Prim diz – Você não pode ficar brava porque nem contou a ele. Imagine quando ele descobrir? Seria melhor ele ouvir isso de você.

Fico quieta. Uau, Prim é uma ótima terapeuta.

- Acho que quando você se sentir pronta, conte a ele – ela sorri

- Quando você contar ao Sean que é apaixonada por ele, eu até penso no seu caso – brinco

Ela me dá um tapa.

- Kat, eu...

Nos assustamos com o barulho da porta sendo escancarada.

Temendo o pior, olho para ela e me deparo com minha mãe. Por um segundo, fico aliviada, mas então percebo a expressão dela.

Minha mãe está descabelada e com o olhar vazio e triste, parece estar em transe.

- Mãe?! – Prim vai até ela, faço o mesmo – Tudo bem com você?

- Peguem suas coisas – ela diz – Precisamos sair imediatamente.