Por incrível que pareça, esse menino tem um ótimo gosto. Ele me levou logo no meu restaurante favorito. Mas a pergunta é... Como ele sabia disso?

-Como sabia que eu gosto desse restaurante? –Pergunto, analisando-o bem. –Você além de ser pervertido, lê mentes?

-Não... Eu venho nesse restaurante toda semana. Não sei como nunca te vi aqui. –Ele fala, arrastando minha cadeira na direção da mesa.

-Talvez o destino não quisesse que nós nos encontrássemos. –Mando a indireta.

-Talvez sim, talvez não. Quem é que sabe? –Ele chama o garçom e pede algumas coisas.

O assunto acabou. Eu estou me divertindo passando uma das facas por entre os dedos do Beck. Ele parece assustado, mas, mal ele sabe que eu tenho mais experiência com facas do que um artista circense... Finalmente a comida chega, eu estou morrendo de fome. Ele pediu macarrão. Como da forma mais desajeitada possível para que ele largue do meu pé. Eu nunca vi ninguém aguentar um encontro péssimo por tanto tempo. Ele devia querer mesmo sair comigo. Sinto o molho escorrer no meu queixo. Beck ri. Ele riu? Se fosse alguém normal, teria sentido nojo ou vergonha por estar comigo.

Beck pega um guardanapo e limpa meu queixo. Estou olhando dentro dos seus olhos agora, e me perdi completamente. Ele chegou mais perto e eu tive certeza do que ele estava prestes a fazer. Ele ia me beijar e foi isso que ele fez. Eu não resisti, até porque eu também queria... HÃ? O que eu to pensando? Me afasto o mais rápido possível dele. O que ele está pensando também? Nós ficamos nos olhando por alguns segundos até que eu decido tomar uma atitude.  Dou um tapa na cara dele. Não com toda a intensidade planejada, mas bem forte. Até por que eu não queria machucá-lo, apenas repreendê-lo.

Me levanto e corro na direção da saída. Mas eu esqueci minha bolsa. Volto envergonhadamente e pego-a. Ele me olha confuso. Ele pode ter previsto que eu iria beijá-lo e tudo ficaria bem... Mas não é bem assim. Se ele me quer, vai ter que correr atrás.