Vida De Monstro - Livro Dois - A Magia escrita por Mateus Kamui


Capítulo 17
XVII - Michael


Notas iniciais do capítulo

Mais capitulo fresquinho para vocês amados leitores, sejam os comuns ou os fantasmas, um milagre me aconteceu e acabei terminando esse capitulo bem antes do previsto



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XVII – Michael

Minha vida nunca foi fácil, mas agora ela estava impossível, toda noite era enlouquecedora, assim que a lua brilhava no céu meu corpo tinha convulsões e queimava de febre, minha mão parecia ganhar vida própria e tentava dilacerar tudo com as garras que apareciam, e quando digo tudo também me incluo.

Ao menos depois do ápice da lua cheia o pó de prata parecia ter efeito, era só passar e meu corpo queimava como se tomasse banho em um ácido, mas diminuía a transformação o suficiente para que eu não saísse por ai matando ninguém, ta que os cabos de segurança também ajudavam.

Eu achava que ter que lutar contra mim mesmo toda noite seria o grande problema em ser um lobisomem, mas não era, a pior parte era a sede. Por mais que eu bebesse litros e litros de água constantemente a sede não passava, tentei também todo tipo de suco, até os que eu detestava, mas não aliviavam nem um pouco:

-Nada? – perguntou o diretor bebendo um gole de whisky, eu também tentei bebidas alcoólicas, mas a única coisa que consegui foi uma ressaca e muito vômito

-Não, já tentei de tudo e nada, e já tentei também tomar veneno e alguns ácidos, nenhum me matou e muito menos saciou a sede, mas se fosse só garganta seca eu agüentava, mas é pior, parece que está se expandindo, por mais que eu coma eu continuo com fome e meu corpo está cada dia mais fraco

-Talvez seja uma conseqüência da sua transformação, talvez seja a prata

-Impossível – disse o lobisomem ao meu lado – Nunca vi ninguém ter tal efeito colateral, e ele é um sangue puro sem sombra de dúvidas, os efeitos deveriam ser ainda menores nele

O diretor coçou a barba, droga aquilo não era nada bom, então ele suspirou, aquilo era ainda pior:

-Eu gostaria de dizer que tenho noção do que está acontecendo, mas não sei – ótimo o diretor não tinha nem noção, eu estava ferrado mesmo

-Nem mesmo você? Aquele que dizem ter vivido mais do que qualquer outro monstro? – o lobisomem falo aquilo e eu realmente fiquei surpreso, daquele parte do mais velho eu não sabia – Pensei que você fosse alguém que já tivesse visto de tudo

-Eu também rapaz, mas esses últimos meses me ensinaram que nem mesmo eu já vi de tudo, mas enquanto a Miakoda, ele não sabe de nada também?

-Eu ainda não informei o grande líder

-Por que não? Se ele é realmente um puro sangue então Miakoda já deveria saber sobre ele antes de qualquer outro e ele pode saber de algo que está acontecendo com o senhor Winchester

-Eu não tenho coragem, não consigo olhar para ele depois de ter falhado em impedir o novato de causar destruição pelo colégio, de por causa do meu ele ter matado um vampiro e quase dado inicio a uma guerra que pode causar o fim da minha raça, não consigo

-Se o senhor não acabar com esse seu estúpido ego e levar o senhor Winchester para falar com Miakoda após as provas terminarem eu mesmo irei lhe mostrar o significado do fim de uma raça sem ajuda de vampiro algum me entendeu?

-Sim senhor diretor Faust

O lobisomem saiu da sala tremendo de medo:

-Alguém poderia me explicar quem é Miakoda?

-Miakoda é um velho amigo, ele é o grande líder atual dos lobisomens

-Grande líder?

-Lobisomens possuem “alcatéias” entre eles, cada uma tem um líder e existe um líder acima de todos, o grande líder, aquele que manda em todos os líderes de alcatéias, o senhor supremo dos lobisomens, mas não precisa se preocupar, quando for para a sua alcatéia vai saber quem é Miakoda

-E se eu não quiser ir?

-Você não quer saber mais sobre suas origens? Lá será o único local onde pode ter todas as respostas da sua vida e talvez sobre coisas a mais

-E se eu não quiser sobre minhas origens e coisas a mais?

-Você quer, agora vá você tem aula mesmo que não goste e lembre-se que as provas já estão ai

Eu poderia dizer que depois de tudo eu mudei, que agora me tornaria um bom aluno, alguém estudioso, mas nem mesmo toda a merda que aconteceu até agora me faria virar um bom estudante. Quando cheguei na sala me joguei na carteira, literalmente me joguei, cheguei até mesmo a bater o queixo na borda da carteira, mas aquilo não era nada, nem mesmo um pouco comparado a dor que eu sentia todas as noites.

Abri o caderno e comecei a rabiscar, mas parei antes mesmo de tomar alguma forma, quando desenhava lembrava automaticamente de Ella e isso não me fazia sentir melhor, havia discutido com ela feio sobre um motivo estúpido, ela se mostrou preocupada, tentou me ajudar e eu acabei gritando com ela, fiquei irado, era quase como quando estava transformado em lobo, perdi o controle total e acabamos brigando feio, que bom que só com palavras, mas desde então ela não olha na minha cara.

Se não podia desenhar então iria folhear meus desenhos feitos recentemente, um mostrava um grupo de homens reunidos ao redor de um círculo de pedra, todos pareciam concentrados no círculo e havia uma mulher entre eles, outro desenho mostrava um grupo de lobos e de índios correndo pela floresta, o ultimo mostrava um homem montado em um dragão e nas bordas do desenho tinham vários traços diferentes escritos, eu não tinha a mínima idéia do que era aquilo, mas não importava, o professor entrou na sala e ele estava com muita raiva ultimamente, se me pegasse olhando desenhos poderíamos acabar discutindo e eu poderia matá-lo, e ai teríamos sérios problemas.

Ter que passar um dia inteiro sem fazer nada além de fingir assistir aula era horrível e acho que isso não era só comigo, qualquer um que não fosse um nerd como a minha irmã e não tivesse nada pra fazer também sentiria a mesma coisa. Por sorte o dia passou rápido e fui pra cama, só levantei quando precisei pegar o almoço e depois já me joguei novamente pra tentar dormir, mas nada do sono vir ao meu auxilio, parecia que meu próprio corpo queria me ver sofrer.

Só consegui realmente dormir por volta das seis e meia, mas poucas horas depois a lua brilhou no céu, eu não precisa nem olhar pro céu pra saber disso, era só sentir minha mão esquerda queimando e querendo se mexer sozinha. Resisti a noite todo lutando contra ela, literalmente lutando, a maldita quase cortou meu rosto com aquelas unhas que por mais que eu cortasse voltavam acrescer poucos minutos depois, no final tive que dar um tiro na minha própria mão pra fazê-la parar.

Quando voltei a dormir já eram quatro da manhã e fui forçado a acordar as seis com a voz de dezenas de pessoas desesperadas gritando algo sobre as provas, precisei de alguns segundos até meu cérebro processar o que estava acontecendo, as provas começavam hoje.

Minha cabeça doía e meu corpo estava esgotado, mas mesmo assim consegui andar até a sala de aula e me sentar no lugar. Em poucos minutos a sala lotou de pessoas e monstros desesperados, mas nem todos estavam assim, aqueles malditos que usavam aquele pingente de sol estavam absurdamente calmos, era quase como se tudo aquilo não significasse nada pra eles.

Quando o professor entrou na sala ele carregava aquele bloco de provas debaixo do braço:

-Todos sentem em seus lugares e fiquem com apenas suas canetas em mãos, vocês terão o dia inteiro para resolver as cinco provas, todas com quinze questões para marcar a resposta no gabarito

Em poucos minutos o professor havia entregado as provas e todos ficaram em silencio, a única coisa que se escutava era o barulho das canetas riscando o papel. Encarei as quatro provas, português, literatura, redação, inglês e espanhol. Espera um momento ai, desde quando a gente tinha aula de inglês e espanhol? Eu realmente deveria prestar atenção mesmo nas aulas já que eu nem sabia que aulas eu tinha.

Folheei as cinco provas em busca de qualquer coisa que eu soubesse, mas não havia nada, não tinha nem noção de como fazer qualquer uma delas. Fechei as provas e fiquei olhando para o teto, aquilo era inútil, eu não nasci para ser um estudante comum.

Se eu não podia fazer nada então eu iria ao menos fazer o que eu sabia, comecei a rabiscar a carteira e então quando percebi eu não estava desenhando nada, mas sim escrevendo, havia um bando de letras escritas ali, mas não formavam nenhuma palavra, apenas um bando de letras aleatórias, mas só haviam de A à E, nenhuma outra abri as provas na ordem em que me foram entregue e comecei a ver as questões e comparei com as letras que havia escrito, eu não sabia de matéria nenhuma então não podia garantir que as letras significavam algum gabarito, mas aquilo era melhor do que nada.

Marquei todas as respostas e então rabisquei aquelas letras na carteira e após entreguei as provas para o professor, pensei que ele iria reclamar por eu sair com uma hora de prova, mas eu não era o primeiro, todos do colar do sol já haviam saído e eu nem mesmo percebi.

Cheguei ao quarto e aproveitei para dormir, não sei se era por eu estar acabado ou não, mas eu dormi o dia inteiro e só acordei no outro, mais de dezoito horas de sono, quando acordei estava revigorado, mas com uma fome enorme.

Devorei o café da manhã, mas ainda estava com fome, e sede, aquela maldita sede. Mais uma onda de provas só que dessa vez eu nem abri elas, fiquei apenas olhando para o tempo e então minha mão esquerda foi sozinho até a caneta e começou a rabiscar a cadeira.

Depois dela terminar de rabiscar eu comecei a copiar no gabarito as resposta e quando penso que sou o primeiro a sair os caras dos colares já haviam saído. Dessa vez almocei para não ir dormir em jejum e então comecei a trabalhar na minha nova arma de fogo, mexi na parte do gatilho para tornar mais veloz a reação da arma, alterei o cano, acoplei um silenciador permanente e só quando fiz alguns rápidos testes eu comi o jantar e fui dormir.

Mais uma noite sem ter a marca enlouquecendo, ela parecia estar se acalmando aos poucos e eu agradecia por isso. Eu poderia falar como foram os outros dias de prova e falar a mesma coisa, que eu só deixei minha mão fazer um gabarito aleatório na cadeira e então eu copiava, e os de laranja saiam antes de mim, mas vou pular logo isso para o primeiro dia de aula após as provas.

O professor entrou em sala, seu rosto estava sério e zangado, ele carregava um pacote que deveria já conter todas as notas, corrigir um gabarito era simples, você só passava o olho, tava igual, tirou dez, não tava, perdia ponto pra cada questão.

O professor passava carteira por carteira entregando um pedaço de papel, o boletim. Ele passou pela minha carteira e me mandou o olhar mais feio que alguém já havia me mandado, fiquei tremendo enquanto abria o papel e vi a coisa mais surpreendente da minha vida.

Você acha que monstros existirem surpreendente? Você acha que caçar monstros surpreendente? Você acha que descobrir que você tem sangue de magos e lobisomens era surpreendente? Então você talvez nunca tenha visto o que eu acabei de ver, um boletim cheio de notas dez. Eu nunca havia visto algo assim em toda a minha vida, pelo menos não com o meu nome escrito, normalmente era o da minha irmã que vinha assim e não o meu.

Fiquei encarando aquele boletim ainda sem acreditar, eu não vou mentir, estava quase chorando de alegria enquanto olhava para aquilo:

-Todos os alunos atenção aqui – o professor falou e todos nós olhamos para ele – Hoje eu gostaria de informa-lhes que o mundo irá acabar, pois hoje Michael Winchester acaba de fechar todas as provas se tornando atualmente o aluno número um do colégio

Todos os alunos e o próprio professor começaram a me encarar, era a sensação mais estranha que já senti, dava para sentir que todos queriam avançar na direção da minha garganta e me matar, mas eles se controlaram, pelo menos por enquanto.

Em todas as outras aulas o clima permaneceu tenso, parecia que a turma tinha virado a faixa de guerra, um campo de batalha extremamente bem definido, os humanos com boas notas, os humanos de notas baixas, os monstros de notas boas, os monstros de notas ruins, todos divididos perfeitamente bem na sala e eu na mira do ódio de todos os quatro grupos.

Após o fim das aulas eu andei o mais rápido que pude para fora, se demorasse demais eu seria morto, e temia que fosse literalmente. Cheguei ao quarto e preparei a arma, não sei se estava sendo realmente extremista fazendo isso, mas era melhor prevenir do que remediar.

No final das contas não aconteceu nada demais, mas continuei com aquela sensação de alguém estar querendo me matar, foi então que algo aparece na minha janela e por pouco eu não dou um tiro naquele maldito lobisomem:

-Você não sabe me chamar de outra maneira não?

-Não importa agora, nós temos que ir, hoje é lua nova e nos temos de partir

Droga eu tinha esquecido completamente daquilo:

-Temos que sair agora?

-Sim, agora, lua nova é a pior para os lobisomens então temos que partir o mais rápido possível, prepare logo suas coisas e lembre-se de levar sua arma, podemos precisar dela para a viagem

-Não vamos pegar um avião ou algo do gênero?

-Não, pelo menos não agora, e você fala como se isso fosse seguro

É verdade, já tinha uma vez pegue um monstro terrorista em um avião, não acabou muito bem e seu o John não tivesse aparecido as coisas teriam acabado de um péssimo jeito.

Preparei tudo o mais rápido possível, nunca fui bom em fazer malas, sempre esquecia algo ou fazia tudo da maneira mais desarrumada possível e quando tinha que arrumar tudo em uma mochila ficava ainda pior. Quando saímos já era tarde da noite, perto da meia noite, o outro lobisomem já nos esperava na porta com uma mochila nas costas.

Não existia o mínimo sinal da lua no céu, era a lua nova perfeita, somente as estrelas e os postes de luz iluminavam nossa caminhada pela cidade:

-Você realmente fechou todas as provas? – perguntou o outro lobisomem, não me peçam por nomes eu só lembro dos dois como os lobisomens

-Sim

-E como você, o cara mais vagabundo e burro do colégio, conseguiu isso?

-O que foi que você disse? – eu já ia avançar na cara dele quando o outro se meteu no caminho

-Não vamos brigar logo agora, quando chegarmos ao ponto de encontro vocês podem fazer isso, e você tem que admitir que isso foi surpreendente

Não concordei nem discordei. Voltamos a andar pela cidade e começamos a escutar passos próximos, eles estavam nos seguindo, troquei um olhar rapidamente com os lobisomens e então nos preparamos. Entramos em um beco e nos escondemos atrás de umas latas de lixo e então quando vimos vultos se aproximando pulamos para o ataque.

Acertei um deles direto na cabeça com o cano da minha arma e os dois lobisomens derrubaram os outros dois com um tipo de golpe que nunca vi antes. Peguei o cara que derrubei pela camisa, ele tentou lutar, mas acertei dois socos na cara dele e o homem caiu facilmente:

-Quem é você? – falei erguendo o cara do chão, ele era moreno, careca e de olhos verdes, ele tinha uma espécie de tatuagem no rosto mostrando um raio 

-Você não precisa saber quem sou filho de Licaão, só saiba que nosso senhor já acordou e ele irá punir toda essa sua raça podre

No rosto de um dos outros caras tinha um carvalho e no outro tinha uma águia, mas havia algo que todos tinham em igual, um punhal de prata. O cara desmaiou após ter terminado de falar, os lobisomens se aproximaram:

-Temos que sair daqui rápido, não sei quem são nem o que querem, mas a lua nova no céu nem o mais fraco adversário deve ser subestimado

Dessa vez não estávamos mais andando, mas sim correndo, dava para escutar mais pessoas se aproximando, essas pessoas deveriam ser de uma daquelas seitas malucas que estavam se espalhando ultimamente, mas até onde eu saiba eles não matavam humanos e muito menos lobisomem, e mesmo que agora matassem como eles sabiam que nós éramos?

Andamos por mais um longo tempo, mas dessa vez sem lutar, mesmo sendo seguidos de perto por um grupo desconhecido. Já era no meio da madrugada quando chegamos fora da cidade, assim que saímos apareceu uma névoa pesada ao nosso redor, pensei que seriamos atacados, mas ninguém veio na nossa direção:

-Eles estão aqui – disse o lobisomem, não me pergunte qual dos dois porque só conheço eles assim, já disse isso antes, mas só pra ajudar foi o que eu dei um tiro e que vem conversado comigo até demais

-Eles?

-Sim, a nossa carona, e não precisa se preocupar com quem nos seguia, provavelmente agora eles devem estar mortos

Foi então que a névoa começou a sumir e um grupo de cinco pessoas apareceram, três caras e duas mulheres, todos vestidos com casacos de peles, calças marrons e sapatos de caminhada:

-Ele é o novato? – perguntou o cara que parecia o mais velho deles

-Sim líder Hector Rivers – falou o outro lobisomem, o que não dei o tiro

O tal de Hector se aproximou e me pegou pelo queixo olhando o meu rosto inteiro, mas acertei um golpe na mão dele e ele soltou:

-Você é abusado para um filhotinho de merda não é mesmo rapaz?

-E se eu for? O tal líder ai teria algum problema?

-Não é só porque é um puro sangue que vai poder ser abusado moleque – Hector me deu um soco que me tirou do chão por alguns segundos e depois me fez cair de joelhos – Até mostrar seu valor perante sua alcatéia você não passar de um filhotinho de merda como qualquer outro, seja puro sangue ou impuro, e nem sabemos ainda se você é realmente um puro sangue então é bom ficar quietinho até chegarmos à tribo

-Quanto tempo até lá?

-Com a lua nova vamos ter que usar transportes humanos então vai demorar, não precisa ter pressa filhote, você está conosco e não poderia haver proteção melhor

Ele dizia isso, mas eu não achava que estava tão protegido assim, na verdade ficar perto dele parecia ser ainda mais perigoso do que enfrentar qualquer outra pessoa, menos Ferdinand, com tudo isso eu lembrei daquele maldito lobisomem, eu não sabia se ele estava vivo ou não, mas algo me dizia que ele estava e só estava me esperando para terminamos a luta que começamos na biblioteca, e não posso negar que eu também queria isso.

Quando íamos sair dali senti alguma coisa, uma coisa muito estranha, meio que um choque, mas que só senti na minha mão esquerda, a mão então se moveu sozinha e apontou para alguma direção atrás de mim, seguindo a lógica ela deveria estar apontando para a academia já que ela apontava para o caminho de onde eu vim, mas algo me dizia que não era só isso, ela não apontava simplesmente para a academia, mas para um local especifico dela e mesmo sem ver eu sabia qual era, a floresta:

-Cuidado – assim que escutei a voz de Hector me abaixei e uma rajada de ar passou a poucos milímetros da minha cabeça e onde ela bateu no chão quebrando-o

-Bons reflexos rapaz – disse alguém se aproximando, alguém tirou esse dia pra se surpreender só pode, o cara que apareceu era o típico viking das historias, usava uma armadura que só cobria seu peitoral, usava uma calça que parecia ser feita de alguma animal, o homem era alto, devia ter quase dois metros e portava um enorme machado de dois gumes que acho que jamais seria capaz de erguer na minha vida

-Quem é você?

-Sou Harald Hardrada, filho de Olaf II Haraldsson da Noruega, e você quem é rapaz?

-Sou Michael Winchester, filho de John Winchester

-Ora então eu estou no lugar certo

-Fui mandado para matar você senhor Winchester

-Quem mandou você?

-Zan,  grande líder dos the killers

-Você disse The killers? Então você é daquele grupo? Mas você não me parece ser um monstro

-E não sou – ele devia ser um dos mortos-vivos que o diretor falou – Se permitir eu lhe darei uma morte bem rápida senhor Winchester

-Não iremos permitir – disse Hector se aproximando com seu grupo

-E o que ira fazer homem-lobo? Vai tentar me enfrentar? Eu o grande Harald? Você só pode estar ofendendo a minha força se acha que os membros da sua raça tem chances contra mim sem a lua cheia no céu

-É mesmo? Então que tal eu lhe demonstrar o poder dos lobisomens seu humano idiota?

-Vocês são monstros são arrogantes demais

Quando Harald terminou de falar mais um poderoso golpe de machado foi lançado, o ar tremeu e uma lâmina de ar voou na direção do grupo, todos se esquivaram, mas antes mesmo de completar o movimento Harald já estava na frente deles, era simplesmente uma pessoa segurando um machado daqueles se mover tão rápido, mas ele conseguiu e com um movimento partiu o corpo de um dos lobisomens tão fácil como se tivesse cortando uma folha de papel.

O corpo caiu, um pedaço para cada lado já que o corpo foi partido perfeitamente ao meio, mas ele não foi o único, uma fenda no chão se abriu e lembrei do combate na biblioteca, Ferdinand também era capaz de abrir fendas no chão facilmente:

-Maldito seja – um outro lobisomem falou, uma mulher dessa vez, ela tentou pular no pescoço de Harald, mas o homem a pegou facilmente pela cintura e então a apertou entre seus músculos, a única coisas que ouvimos foi o som da bacia se quebrando e dela gritando, assim que ele a soltou desferiu mais um golpe que partiu a lobisomem ao meio junto do chão, aquele cara era forte demais para a gente na lua nova

-Vocês têm uma escolha lobisomens, podem ficar em uma fila e eu posso partir a todos com um único ataque rápido e indolor ou podem continuar com essa luta sem sentido e morrerem lutando

-Você realmente acha que vai sair daqui vivo bárbaro imundo!? – gritou Hector, ele estava furioso e arrancou o casaco e a blusa com um rápido movimento revelando uma tatuagem de peixe no peito dele – Nós somos os filhos da lua, os protetores da natureza na ausência das fadas e dos elfos, você realmente acha que um humano miserável como você pode nos vencer só porque a lua está nova? Então você está mortalmente enganado, veja o poder dos guardiões da natureza, eu o convoco o senhor das águas da floresta, ó grande Amadahi!

Todas as árvores que haviam ao nosso redor começaram a se mover mesmo não havendo vento suficiente para isso e vi quando algumas delas começaram a secar repentinamente, era inacreditável, mas em poucos segundos todas as árvores secaram e ao redor de Hector uma densa névoa havia se formado:

-Esse é o poder de um espírito da natureza não é? – perguntou Harald – Interessante, mesmo no meu tempo, os primeiros anos do século XI, eles já eram raros e nunca ouvi falar de alguém capaz de domá-los

Mas Hector pareceu ignorar toda a fala de Harald e avançou para atacar e a névoa o seguiu, eu gostaria de descrever o que aconteceu depois, mas a névoa impediu que eu visse o combate, a única coisa que dava para perceber era o barulho do machado destruindo o chão e assim ficou por longos minutos, parecia que nunca mais veríamos ninguém, mas após mais de quinze minutos a névoa começou a se desfazer e as árvores voltaram ao seu estado normal.

Onde antes a névoa impediu a visão agora só estavam duas figuras, Harald cheio de cortes por todo o corpo e com a armadura cheia de marcas e Hector no chão com o peito sangrando, perto deles estavam vários pedaços do que antes fora o corpo de dois lobisomens:

-Como é possível? – perguntou Hector com um voz tremida – Como você venceu?

-Vocês monstros se acham demais, mas não passam de um bando de animais idiotas como qualquer outro, se os humanos podem matar qualquer animal então por que não poderia matar vocês monstros?

Harald ergue o machado e se preparou para um ataque. Senti aquela maldita seda atacar de um jeito brutal, era quase como se ela tivesse esperado até aquele momento para aparecer e quando apareceu parecia que meu corpo estava mais seco do que as árvores e pouco tempo, mas eu não precisei correr atrás de água nem nada do gênero, meu corpo se moveu sozinho em direção aos corpos dilacerados e por um momento eu fiquei sem entender nada, mas então eu enfiei na boca minhas mãos cheias de sangue quente.

Foi quase que instantâneo, minha sede passou, mas não foi apenas isso, senti uma explosão de energia anormal misturada a uma vontade de matar, lembrava o dia em que me transformei em lobisomem e talvez fosse porque eu realmente estava me transformada, mas dessa vez era algo bem mais controlado e bem menos doloroso, eu estava manipulando perfeitamente a transformação mesmo sabendo que não poderia revertê-la:

-O que diabos é você? – falou Hector cuspindo sangue – Que tipo de lobisomem se transforma na lua nova sem uma pedra da lua e ainda bebe sangue?

Mas eu não importava com suas palavras, a única coisa que me importava no momento era mostrar para aquele humano idiota que não deveria me subestimar e foi por isso que avancei na direção dele mesmo sem minha transformação estar completa.


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Notas finais do capítulo

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