Lembranças De Um Verão escrita por Sarah Colins


Capítulo 45
Capítulo 44 – Regresso


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores, como estão? Aproveitando bastante o feriado? :D
Hoje trago uma novidade sobre a fic pra vocês. Esse capítulo e o próximo serão narrados do ponto de vista do Percy. Vocês vão entender porque quando lerem.
Espero que gostem ;)



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Ponto de vista de Percy

Não teria sido nada legal ver Annabeth pulando daquela árvore e se esborrachando no chão porque o frágil escorregador não havia suportado o impacto. Ainda bem que eu consegui convencê-la a desistir daquela ideia. Após descer da imensa árvore ela me abraçou e ficou alguns segundos assim, respirando fundo, como se realmente tivesse se livrado de algo que a atormentava muito. Depois regressamos a casa de seu pai deixando que ela novamente tomasse a frente me guiando. Já estava escurecendo o que aumentava consideravelmente a probabilidade de alguma criatura indesejada atravessar nosso caminho. Então tratamos de nos apressar para chegar a porta dos fundos por onde havíamos saído.

Passamos pela lavanderia que tinha uma porta que dava para a cozinha. Adentramos o cômodo que estava vazio, mas pudemos ouvir sons vindos da sala de tevê. As diversas vozes que ouvi indicavam que o senhor Chase já não estava sozinho em casa. Annabeth me puxou naquela direção e eu não me movi. Ela logo se voltou para mim me lançando um olhar de reprovação. Neguei com a cabeça repetidas vezes enquanto ela puxava meu braço insistindo para que eu a acompanhasse até lá. Acabei por ceder aos seus apelos. Mesmo que encarar o pai dela de novo me parecesse bem mais assustador do que ter de enfrentar qualquer dos monstros que já enfrentei.

Ao entrarmos na sala nos deparamos com uma família animada e rodeada de malas de viajem. Nos dois ficamos surpresos com aquilo, e eu secretamente fiquei satisfeito. Se eles estivessem para partir, isso significava que teríamos a casa toda para nós. Logo minha cabeça começou a bolar um plano de como convencer Annabeth a passarmos essa noite aqui e voltar ao acampamento somente no dia seguinte. Frederick Chase estava consultando um guia de viagens quando percebeu nossa chegada. Ele veio em nossa direção parecendo muito mais bem humorado do que no nosso último encontro nessa mesma sala.

- Pelo que vejo estão de saída... – disse Annabeth como se aquilo lhe afetasse de alguma forma.

- Sim – respondeu seu pai, com certo tom de constrangimento. – Vamos passar alguns dias em Los Angeles. Achamos que estaria no acampamento quando programamos a viagem. Se não tiver que voltar para lá podem vir com a gente – apesar de seu evidente desconforto com aquela situação, o senhor Chase parecia fazer o convite de bom gosto.

- Não vai dar pai, nós temos que voltar ainda hoje para Nova York – disse ela com um desapontamento evidente em sua voz – Mas obrigada pelo convite, fica para a próxima.

Percebi então que apesar de querer muito viajar com sua família, Annabeth não teria aceitado o convite de seu pai, mesmo que não tivéssemos que voltar ao acampamento. Por mais que ela quisesse, ainda não consegui se sentir completamente a vontade com eles. Ela havia me confidenciado algumas vezes que era como se não pertencesse àquele lugar e àquelas pessoas. Ela sempre se sentiria deslocada com eles. Então de certa forma o acampamento meio-sangue era uma boa desculpa para ela não participar dos programas em família nas férias. Sua madrasta e meios-irmãos pegaram algumas das bagagens e saíram para a garagem após se despedirem de nós. Frederick pegou o que faltava e se dirigiu a nós antes de partir.

- Então vejo vocês quando terminar o verão meninos – ele foi até a filha e lhe deu um breve abraço, depois me estendeu a mão e eu a apertei firmemente – Juízo!

Seu olhar era de advertência ao dizer aquela última palavra. Mas depois ele sorriu e deixou a sala batendo a porta atrás de si. Fiquei imaginando se ele estaria adivinhando quais eram meus planos assim que eles saíssem com aquele carro da garagem. O senhor Chase algum dia já fora um jovem como eu e com certeza deve ter uma ideia do que se passa em minha mente. Mas apesar de sua reprimenda ele havia nos deixado ali, sozinhos. Havia confiado a segurança de sua filha a mim. Ele sabia que eu não faria mal algum a ela. E realmente eu não estava pensando em fazer nenhum mal a minha namorada, muito pelo contrário.

- Você não estava falando sério quanto àquela história de que temos que voltar a Nova York ainda hoje, não é? – perguntei já querendo tirar aquela ideia de sua cabeça.

- Estaria se já não fosse tão tarde. Nunca conseguiremos um ônibus a essa hora – ela dizia com tom de frustração, como se quisesse deixar essa casa o mais rápido possível.

- Que bom que não temos pressa – falei enquanto a envolvia em meus braços e a trazia mais para perto de mim – Podemos passar a noite aqui tranquilamente. E amanha pegamos o primeiro ônibus para Manhattan.

- Certo – concordou ela.

 Fomos até a cozinha e procuramos alguma coisa para comer. Só o que encontramos foram algumas latas de refrigerante e algumas verduras e legumes crus. Ainda tínhamos um pouco de dinheiro sobrando e então resolvemos pedir uma pizza. Comemos enquanto assistíamos à televisão. Por um momento eu e ela parecíamos um casal normal de adolescentes. Ali naquela sala, fazendo coisas normais que qualquer jovem da nossa idade faria num dia de férias. Infelizmente para nós aquilo estava bem longe de nossa realidade. Cheguei a me perguntar diversas vezes se algum dia nós teríamos uma vida assim para poder compartilhar um com o outro. Uma vida onde a nossa maior preocupação fosse, que filme alugar para ver no final de semana.

Depois de comermos e de arrumarmos a bagunça que havíamos feito decidimos nos preparar para dormir. Teríamos que madrugar na manhã seguinte para conseguir embarcarmos no primeiro ônibus. Annabeth foi em direção a escada para subir até os quartos. Depois que alcançou o primeiro degrau, ela se voltou para mim e colocou uma das mãos em meu peito me fazendo parar de segui-la.  

– Você dorme ai na sala e eu vou para o meu quarto...

- HÁ-HÁ, muito engraçadinha – disse com tom irônico.

- Não é brincadeira Percy – disse ela completamente séria – Estamos na casa de meu pai, devemos respeitar as normas mesmo que ele não esteja aqui. E jamais ele deixaria que você dormisse comigo se estivesse aqui.

- Então agora você liga para as “normas” – disse eu debochando dela – Até alguns dias atrás você não estava ligando muito por estar burlando as regras do acampamento para dormir comigo. E também não ligou de ter sido “castigada” por isso – vi seu rosto ficar vermelho ao ouvir o que eu dizia o que fez com que ela ficasse ainda mais linda.

- Se pensa que eu estou disposta a passar por cima de qualquer coisa com tal de dormir com você, Percy Jackson, está muito enganado – ela me olhava com desdém ao dizer aquilo o que me fez começar a duvidar se aquela cena toda era mesmo só uma brincadeira dela.

- Eu não penso isso – disse tentando me redimir – Só achei que seu pai não fosse assim tão linha dura, já que deixou nós dois aqui sozinhos sem dizer nada – fiz a minha melhor cara de desapontamento e comecei a andar até o sofá – Mas já que você diz, ok. Eu durmo aqui – me sentei no sofá maior e depois me deitei apoiando a cabeça em uma das almofadas.

Por um momento eu achei que ela fosse mesmo manter aquela história e me deixar dormir ali sozinho. Ela me olhava com o rosto sério. Talvez estivesse ponderando se eu estava apenas fazendo uma cena para comovê-la. No fundo era exatamente isso que eu estava fazendo. Apesar de eu não saber se aquilo iria realmente fazê-la mudar de ideia. Instantes depois, porém ela foi deixando um sorriso escapar de seus lábios enquanto se aproximava de mim. Ficou sem dizer nada. Apenas sentou-se na beirada do sofá, todo o resto estava ocupado pelo meu corpo.

 – Se puder me trazer um cobertor eu agradeceria muito – disse eu ao perceber que ela mantinha o silêncio. Ela não respondeu nada ainda, se limitou a se inclinar sobre meu corpo e me beijar.

- Tenho uma ideia melhor – disse ela ainda com um sorriso triunfante e divertido no rosto – Por que nós dois não paramos com a encenação e vamos para o meu quarto de uma vez?

Ela não precisou perguntar duas vezes. Em menos de dois segundos eu havia levantado do sofá e subido as escadas trazendo-a comigo. Não me dei ao trabalho de perguntar se ela já estava pronta para dormir. Tecnicamente não estávamos pensando em dormir. Pelo menos não ainda. Não sei se o fato de estarmos em seu quarto a deixava mais confiante, mas ela naturalmente estava tomando as rédeas da situação. No começo era eu quem conduzia as coisas, mas de uns tempos para cá vinha deixando que ela tomasse o controle. E tenho que admitir que ela não estava se saindo nada mal. Cada vez mais eu podia perceber que ela ia deixando seus instintos aflorarem e consequentemente satisfazia todos e cada um seus desejos em relação a mim. Já não se sentia acanhada para fazer o que tinha vontade.

Ela me beijava enquanto ia me empurrando em direção a sua cama. Não impus nenhum resistência àquilo. Me deixei levar até que ela me empurrou e eu fiquei lá deitado sobre o colchão. Não demorou nada para que ela estivesse em cima de mim me beijando novamente. Seus lábios e sua língua se moviam de forma urgente. Senti as mãos dela descendo pelo meu peito e minha barriga. Instantes depois eu já estava sem camisa. Ela nem esperou eu oferecer ajuda para se livrar de suas roupas. Restava apenas a lingerie quando eu rolei na cama para me posicionar por cima dela. Minha boca se afastou da sua para que pudesse explorar outras zonas de seu corpo. Tratei de terminar de despi-la completamente enquanto meus lábios e minhas mãos distribuíam inúmeros beijos e caricias que a faziam suspirar. Eu estava quase chegando ao meu objetivo quando ela voltou a me puxar para cima, fazendo com que meu rosto ficasse na altura do seu.

Definitivamente ela estava disposta a assumir o controle do “jogo” essa noite. Rapidamente nos fez rolar na cama, ficando novamente em cima de mim. Tentei dizer alguma coisa sobre sua atitude, mas ela colocou um dedo sobre meus lábios e pronunciou um “Shhhhh” quase inaudível. Deixei que minha cabeça relaxasse sobre o travesseiro e apenas a observei. Ela deslizava seu corpo sobre o meu conforme ia beijando lentamente meu peitoral e meu abdômen. Achei que ela fosse parar por ai, mas me surpreendi ao vê-la desabotoando minha calça e me deixando completamente nu em poucos segundos. E ela não se contentou apenas com seguir com os beijos e com as caricias. Ela foi além, muito além. Suas mãos e sua boca exploraram uma área até então desconhecida. Eu imaginei que, assim como acontecia comigo, ela disfrutava ao me dar prazer tanto quanto disfrutava ao sentir. Por que ela não parou até que meus suspiros viraram súplicas e ela me fez chegar ao ápice.

Ela então deitou seu corpo sobre o meu e esperou tempo suficiente para que eu me recuperasse. Então pude retribuir fazendo com que ela também se inebriasse de prazer. Sentir meu corpo dentro dela era algo inexplicável. Como se estivéssemos conectados por uma energia mágica. Como se fossemos um só. E isso não era só devido ao fato de nossos corpos estarem entrelaçados. Eu sentia como se nossas almas estivessem se tocando naquele momento. Pode soar como uma baboseira poética, mas não havia outra maneira de se referir àquilo que acontecia toda vez que fazíamos amor. Se os Campos Elíseos realmente estavam cheios das melhores coisas do mundo, então com certeza deveria haver muito do que eu estava sentindo agora por lá.

Minha vontade e disposição me diziam que eu ainda não tinha tido o suficiente por aquela noite. Mas resolvi me dar por satisfeito e deixar que Annabeth pudesse descansar e dormir um pouco. Logo teríamos que levantar para arrumar nossas coisas e partir. Pela primeira vez na vida eu não estava nenhum pouco ansioso em ter que voltar ao acampamento meio-sangue.

***

 Tivemos que correr para chegar a estação rodoviária a tempo. Conseguimos embarcar no primeiro ônibus para Nova York. Muitas horas depois estávamos no centro de Manhattan. Mesmo que o prazo de validade da poção que Annabeth havia tomado já tivesse vencido há um tempo, continuamos com sorte. Não nos deparamos com mais nenhum monstro a caminho do acampamento. Desembarcamos do ônibus que nos levou até a estrada que ficava nos limites da floresta que rodeava aquele local que era como minha segunda casa. Traçamos a mesma trilha que havíamos feito um dia atrás para sair dali. Em poucos minutos já estávamos adentrando as fronteiras protegidas magicamente.

Só então eu me dei conta de que muito provavelmente estávamos encrencados. Até ontem a noite talvez ninguém tenha dado pela nossa falta graças a poção de Medeia. Mas assim que Quíron e os semideuses tivessem acordado naquela manhã, com certeza deviam ter achado muito estranho não estarmos em lugar algum do acampamento. Nossa viagem fora longa e já passávamos das duas da tarde quando chegamos. Annabeth parecia também ter se dado conta desse pequeno “detalhe” pela cara que ela fazia. Nos aproximávamos lentamente da casa grande. Sem precisar emitir uma palavra sequer, nós dois havíamos entrado em acordo. Era melhor enfrentar de uma vez o centauro. Fugir do sermão e de um possível castigo só iria adiar o nosso sofrimento.

Eu me adiantei ao subir as escadas puxando Annabeth pela mão. Caminhei até a porta de entrada da casa de forma decidida. Bati três vezes e esperei até que alguém a abriu. Vi Quíron em sua cadeira de rodas. Sua expressão não era de censura, nem de desapontamento, nem de surpresa, nem de alguém que estava prestes a dar uma bronca. Ele tinha um olhar triste, que pareceu se intensificar ao olhar para nós. Eu queria perguntar se havia acontecido algo, mas fiquei com receio.

- Que bom que estão aqui – dizia ele de forma bem séria – Percy, preciso falar com você em particular, entre, por favor – e ele girou a cadeira de rodas para me dar passagem – Annabeth se puder esperar aqui fora, só vai levar alguns minutos...

Nenhum de nós disse absolutamente nada. Dei uma ultima olhada em Annabeth antes de entrar. Ela estava confusa e um pouco amedrontada. Tentei com um aceno de cabeça dizer que estava tudo bem. Então lhe dei as costas e entrei na sala de estar da casa. Quíron fechou a porta sem nenhuma cerimônia. Mas eu não me dei conta disso, nem de nada que acontecia ao meu redor naquele momento. Só o que eu conseguia fazer era olhar perplexo para a figura que estava nos esperando ali dentro. Nem em um milhão de anos eu poderia ter adivinhado que o que Quíron queria me dizer tinha a ver com ele. Connor Stoll tinha uma expressão sombria e abalada. O que quer que eles tivessem para me dizer eu sabia que não poderia ser algo muito bom.


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Notas finais do capítulo

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beijos ;**
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