Lembranças De Um Verão escrita por Sarah Colins


Capítulo 36
Capítulo 35 – Flagrante


Notas iniciais do capítulo

Olá amigos! Como foi o fds? ^^
O meu foi mais ou menos. Mas deu pra descansar ^^
Deixo vocês com um capítulo bem interessante e um pouco tenso rs...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/247439/chapter/36

Acordar nos braços de Percy era a mais perfeita definição de felicidade para mim. Nesses poucos segundos que iniciavam meu dia eu sentia que tinha absolutamente tudo que necessitava para viver. Despertei antes dele naquela manhã me apoiei no cotovelo e fiquei admirando-o enquanto dormia. Fiquei pensando na minha estupidez de querer descobrir o que havia por trás de todo aquele “mini refúgio” montado por Percy. Aquilo parecia tão pequeno e sem importância perto do imenso amor que eu sentia por ele. Naquele instante decidi que iria parar com aquela história de investigação. Iria falar abertamente com ele e aceitar seja lá qual fosse sua resposta.

Estávamos cobertos por um grosso edredom e não tínhamos nos preocupado em recolocar as roupas antes de cair no sono na noite anterior. O sol já raiava lá fora e mesmo sendo sábado eu não queria acordar tarde. Tínhamos um lindo dia pela frente para aproveitar. Já ia tirando o cobertor de cima de mim para me levantar quando senti que as mãos de Percy me segurando e me puxando de volta para o colchão.

- Aonde pensa que vai? – ele me abraçou apertando minhas costas contra o seu peito. Eu ri enquanto soltava uma exclamação de satisfação – Não temos treino hoje, lembra?

- Lembro sim, por isso mesmo devemos aproveitar nosso tempo livre! – disse depois que já tinha desistido de resistir aos seus encantos e deixava meu corpo relaxar colado ao dele.

- Não consigo pensar numa forma melhor de aproveitar nosso tempo livre do que ficar com você aqui debaixo das cobertas o dia todo – disse ele com toda a sinceridade. Eu não pude deixar de rir ao pensar que realmente não seria má ideia. Mas eu não ia dar o braço a torcer.

- Tem um mundo de possibilidades nos esperando lá fora, Percy. Vai querer mesmo passar o sábado todo dentro de uma barraca? – fui me virando ainda em seus braços para encara-lo com olhar desafiador.

- Não me importaria nenhum pouco desde que você fique aqui comigo – falou ele irredutível, com sua expressão de relaxamento no rosto.

- É ai que tá, eu não vou ficar aqui de jeito nenhum – falei me fazendo de teimosa – Se quiser ficar tudo bem, eu quero é curtir esse dia lindo que tá lá fora...

- Ok, você venceu, nós vamos a onde você quiser! Mas antes... – disse ele se rendendo e depois fazendo aquela cara de travesso – me dá só mais cinco minutos?

Ele não esperou a minha resposta. Foi vindo pra cima de mim enquanto puxava a coberta para nos cobrir completamente. E eu me rendi sem nem ao menos protestar. Já sabia que não podia resistir aquele garoto que conseguia me deixar louca com um simples toque. Ele deixou seus lábios passearem por todo meu corpo distribuindo beijos em todas as partes que conseguiu. Eu deixei minhas mãos percorrerem sua pele macia e quente. Ele tinha uma habilidade com a língua invejável, conseguia me arrancar suspiros e suplicas constantes.

Cada vez que dormíamos juntos eu ia me sentindo mais confiante e segura dos meus desejos. Passava a fazer coisas que antes não tinha coragem. Dessa vez eu me atrevi a empurra-lo para o lado fazendo nossos corpos rolarem juntos até que eu ficasse por cima dele. Assumi o controle da situação totalmente daquela perspectiva. Era completamente diferente e muito interessante. Eu tinha gostado daquilo. Podia beijá-lo e acaricia-lo mais livremente onde quisesse. Outra vantagem é que assim eu poderia controlar a intensidade e o ritmo com que nossos corpos se moviam até alcançar o ápice do prazer.

Tínhamos levado bem mais do que cinco minutos nessa “brincadeira”. Mas eu não me importei nenhum pouco com quanto tempo tinha passado. Tinha valido a pena. Esperei apenas o tempo suficiente para que pudéssemos nos recompor e depois me sentei no colchão e comecei a vestir minha roupa. Percy demorou um pouco mais para se levantar e começar a fazer o mesmo. Quando estávamos quase prontos para deixar nosso santuário resolvi acabar logo de vez com a dúvida que ainda martelava em minha cabeça.

- Percy, isso tudo que você trouxe aqui e preparou para mim é muito lindo, e eu te agradeço imensamente. Mas por favor, me conta quem é que arranja tudo isso pra você? Estou morta de curiosidade! – introduzi o assunto e já mandei a pergunta na lata, o que o surpreendeu um pouco.

- Como assim quem é que arranja tudo isso pra mim? Eu faço tudo sozinho! – respondeu ele sem rodeios. Eu o olhei com uma cara de desconfiada. Obviamente ele não estava dizendo a verdade.

- Faz tudo sozinho, Percy? Impossível! Você nunca ia conseguir providenciar todas essas coisas sem ajuda. Fala vai, eu só quero saber quem é! – insisti num tom calmo, sem cobrança. Queria mostrar que ele podia confiar aquela informação a mim.

- Estou falando a verdade, Annie! – ele continuou firme em sua posição. Eu não consegui identificar sinais de que estivesse mentindo, mas estava muito difícil de acreditar naquilo – Eu vou dando um jeito entre um treino e outro e nas horas livres para poder cuidar daqui. Gosto mais desse lugar do que do meu próprio chalé.

- Tudo bem – disse para encerrar o assunto. Eu sabia que ele não estava dizendo a verdade, mas decidi não continuar insistindo. Se ele não queria me contar eu não ia obriga-lo a isso.

Deixamos a barraca e voltamos ao acampamento. Fomos cada um para o seu chalé, para podermos tomar banho e trocar de roupa. Depois daquela noite intensa de amor nós estávamos precisando. Era dia de descanso então eu resolvi me demorar mais no meu banho. Fiquei alguns minutos só deixando a agua morna cair em minha cabeça enquanto eu pensava em algumas coisas. Me perguntava se aquele negócio de Percy não me falar a verdade tivesse a ver com Afrodite e seus “empecilhos”.  No fim das contas esse não era um dos piores. Se realmente ele quisesse escondendo a identidade do seu “bem feitor” estava tudo bem. Eu não iria surtar nem ficar encanada por aquilo.

Também refleti um pouco sobre a profecia do oráculo. Definitivamente Percy e eu estávamos vivendo lindos momentos de amor. O que se encaixava perfeitamente em uma parte daqueles versos. Mas a parte seguinte que eu ainda não compreendia muito bem era o que me preocupava. Alguma coisa faria com que eu ficasse sozinha, e isso tinha a ver com a vontade dos deuses. Mas porque os deuses iriam querer interferir na relação de dois semideuses? Eles tinham coisas mais importantes com que se preocuparem. Ou talvez o problema em si fosse mais grave e eu teria que pagar as consequências. Normalmente era assim que acontecia nas profecias. Eram os meio-sangues que normalmente sofriam com erros cometidos pelos deuses.

Cansei de ficar cozinhando aqueles pensamentos em minha cabeça sem que tivesse nenhuma resposta, nenhuma certeza. Sai do banho e terminei de me arrumar. Tinha combinado de me encontrar com Percy no píer. Ele queria dar uma volta na praia. Antes de ir para lá eu decidi dar uma passada no refeitório. Ainda não tinha tomado café da manha e não sabia quanto tempo ia demorar essa “volta”. Estava quase chegando ao salão quando avistei ao longe Percy e Rachel que conversavam novamente. Percy carregava sua mochila e Rachel trazia uma sacola de papel. Ela mostrava o conteúdo do da sacola enquanto ele olhava lá dentro parecendo animado.

Tentei me aproximar sem que eles me vissem. Eu sabia que havia decidido não investigar mais nada. Mas aquela cena estava me parecendo muito suspeita. Eu tinha que averiguar. Sai do caminho demarcado até o refeitório e fui me aproximando pela mata ao redor. Fiquei atrás de uma grande árvore que ficava há cerca de dois metros de onde Rachel e Percy se encontravam. Apurei os ouvidos para conseguir escutar o que eles diziam.

- Então quer dizer que esse item é exclusivo? – perguntou Percy parecendo realmente empolgado.

- Sim, foi feito especialmente para você, quer dizer, para ela! – dizia Rachel num tom divertido. Ela continuava abrindo sacola e mostrando-a a Percy, mas eu não conseguia ver dali o que havia dentro dela.

- Tenho certeza que ela vai gostar. Assim como gostou de todo o resto – dizia ele demonstrando muita gratidão – Alias, preciso te dizer que a Annabeth anda um pouco desconfiada. Ela já sacou, há algum tempo, que eu não poderia conseguir tudo isso sozinho. Hoje mesmo ela me perguntou de novo e eu tive que mentir. Será que não seria melhor contar de uma vez que é você que tem me ajudado?

- Não, Percy! De jeito nenhum! – exclamou Rachel com um toque se estresse na voz – Você sabe que a sua namorada não gosta muito de mim. Ela não ia gostar nada de saber disso.

- Eu acho que não tem nada demais. Vocês não se dão tão bem, ok! Não podemos negar. Mas qual é o problema de você me dar uma mãozinha como amiga?

- Não há problema nenhum, acho que ela até entenderia se fosse só isso. O problema é o modo como estamos conseguindo essas coisas – ela falou aquilo abaixando o tom da voz como se tivesse medo que alguém ouvisse – Annabeth nunca iria concordar com isso.

- Talvez você tenha razão... – disse Percy não parecendo totalmente convencido – Mas de qualquer forma não gosto de mentir para ela. Mesmo numa coisa tão simples como essa.

- Eu sei, Percy. Ninguém quer ter que mentir para as pessoas que gosta. Mas pense bem. Se você contar isso a ela, então ela também terá que saber que eu sei de tudo que se passa naquele “santuário”.

As risadas de Rachel que seguiram após aquele comentário ecoaram em minha cabeça enquanto eu ainda estava paralisada com o choque. Eu tinha ouvido mal ou ela dissera santuário? E como assim ela sabia de tudo que se passava por lá? Percy teria mesmo contado tudo a ela? Uma coisa era ela ser amiga dele e o ajudar a preparar o local, agora contar a ela tudo que se passava lá já era outra completamente diferente. Por mais que eu também quisesse alguma amiga para pode compartilhar minhas experiências eu jamais contaria a ninguém as nossas intimidades. E o pior de tudo era que ele sabia que ela era a última pessoa que eu gostaria que soubesse dessas coisas. Tentei voltar a me concentrar para poder ouvir o restante da conversa.

- Nem brinque com um negócio desses. Ela não pode nem sonhar que eu te contei essas coisas – disse Percy num tom desesperado – Talvez eu possa dizer que você apenas usa os contatos do seu pai para conseguir trazer tudo isso aqui para o acampamento. O resto ela não tem que saber...

- Você que sabe, herói! – disse ela na defensiva – Só estou dizendo que é melhor evitar mais questionamentos. Sabe como é sua namorada, ela ficaria desconfiada. Com certeza iria querer saber mais.

- Tudo bem – disse ele dando-se por vencido – Vou deixar esse assunto quieto. Mas se ela me perguntar novamente eu terei que contar, não vou mais continuar mentindo.

- Como eu disse, você que sabe! – disse ela novamente.

- Bom, tenho que ir agora. Annabeth já deve estar me esperando. A gente se vê, e obrigado por trazer a minha “encomenda”.

- De nada. A gente se vê, Percy.

Por sorte nenhum dos dois veio na direção que eu estava. Rachel entrou no refeitório e Percy seguiu pelo caminho demarcado pelo qual eu vinha antes. Esperei que os passos se afastassem e até que eles tivessem sumido de vista. Eu me encostava à árvore e sentia que não conseguiria sair dali por um longo tempo. Todas aquelas revelações haviam me abalado mais do que poderia prever. Minhas pernas pareciam que não aguentariam meu corpo em pé se eu ousasse me mover dali.

Então fiquei parada enquanto sentia algumas lagrimas correndo pelo meu rosto. Cheguei a me sentir ridícula por estar chorando por algo aparentemente tão insignificante. Mas para mim aquilo tinha importância e muita. Todas essas noites, esses momentos em que Percy e eu havíamos nos refugiado em nosso “santuário”, haviam sido mágicos. Eram momentos em que eu podia escapar da realidade e ser completamente eu mesma. Momentos que eu compartilhava apenas com ele, ao menos era isso que eu imaginava até minutos atrás. Aqueles momentos, aquelas histórias, aquelas intimidades eram só nossas. Eu não podia acreditar que ele tinha deixado que alguém mais se inteirar daquilo. Eu sentia que o chão iria sumir sob os meus pés. Queria gritar, mas parecia que minha voz não conseguiria sair pela minha garganta tamanha era minha angústia. Acabei ficando ali por mais alguns minutos. Esperando, em vão, que aquela dor passasse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Visitem meu blog: http://triipe.blogspot.com.br/
.
beijos ;**
@SarahColins_ (me siga no twitter para acompanhar as atualizações da fic)