Lembranças De Um Verão escrita por Sarah Colins


Capítulo 23
Capítulo 22 – Decepção


Notas iniciais do capítulo

Oi leitores amados! Tudo bem?
Preparem-se que hoje o capítulo reserva grandes emoções para vocês! Mas não se desesperem, nem tudo está perdido. Não se esqueçam que temos que passar por momentos ruins para aprender grandes lições na vida ;)
Espero que gostem!!



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Clarisse La Rue nunca tinha se mostrado a pessoa mais atenciosa do mundo perante os outros campistas. Mas pelo menos naquele momento ela me deixou falar e ouviu com atenção cada palavra que eu dizia. Sem me interromper em momento algum. Não sabia se isso era um bom ou mau sinal. Só sabia que estava me fazendo muito bem poder dividir aquilo com alguém. Então depois que comecei não parei mais até ter terminado toda a história. A expressão da semideusa a minha frente era séria e pensativa enquanto eu esperava para ver qual seria sua reação.

- Sinto lhe dizer que assim são todos os garotos do mundo, Anna. Eles podem dizer que tem a maior confiança do mundo em você, mas nunca vão deixar de querer matar qualquer um que tentar se aproximar – ele dizia como se conhecesse aquela situação muito bem. Como se já tivesse vivido algo parecido.

- Já aconteceu algo assim com você e o Chris? – tive que perguntar.

- Já, mas não chegou a rolar todo esse ‘drama’ que está passando entre você e Percy – ela disse como se quisesse esconder parte da verdade – Mas o que aconteceu comigo não importa. Afinal cada pessoa reage de um jeito diferente...

- Mas você acabou de dizer que todos os garotos são iguais nesse assunto.

- É, eu disse. Mas uma coisa é o que eles querem fazer e outra é o que eles de fato fazem.

- Isso não faz nenhum sentido.

- Mas não é pra fazer sentido mesmo. Não se esqueça de que ouvir a voz da razão não vai te ajudar nada nesse momento – disse ela relembrando o conselho que já havia me dado semanas atrás – Acho que você está certa em querer cuidar disso sozinha. Obvio que não precisa de ninguém para te defender do Connor. Mas sei lá, as vezes é bom também ceder um pouco.

- Ceder?

- É... Quer dizer, já que Percy quer mostrar que está ai para “te proteger de todo o mal”, então deixe ele fazer isso de vez em quando, mesmo que não precise. Assim ele não vai ter que mentir para que você pense que está tudo bem, quando na verdade não está.

- Ainda acho que não tem desculpa para ele ter agido as minhas costas quando ameaçou o Stoll – disse convicta.

 - Eu também acho isso. E não deixe de dar uma bela bronca nele antes de começar a fazer qualquer coisa que eu te falei.

- Pode deixar – dei uma risada abafada – Acho que vou acabar logo de uma vez com isso. Não aguento mais ficar fingindo que está tudo bem.

- Com certeza é o melhor que você faz!

- Obrigada de novo por, já sabe...

- Não sei de nada, Anna! Aliás, nós nunca nem tivemos essa conversa.

E ela saiu sem mais nem menos dali. Sem se despedir ou fazer qualquer aceno com a mão ou com a cabeça. Eu não me importava. Se ela não queria que ninguém soubesse que estava me dando conselhos amorosos por mim tudo bem. Também não seria bom pra minha reputação aquilo.

Toda essa história de ciúme, desconfiança e mentiras era muito complicada. De certa forma eu já sabia que todos os casais têm que passar por isso na vida. Mas quando chegou a minha vez eu me sentia tão perdida. As palavras de Clarisse haviam me ajudado, mas mesmo assim eu continuava insegura. Afinal o que eu diria para Percy? Que eu o estava testando para ver se ele ia continuar mentindo para sempre? Revelar a mentira dele seria revelar a minha também. Concluindo: eu estava em um problemão!

Quase que instintivamente comecei a procurar por ele pelo acampamento. Não estava mais me importando muito com o que eu ia dizer. Só queria encontra-lo. Talvez estando com ele as coisas se aclarassem mais em minha cabeça. Chegando perto da arena de combate eu percebi uma movimentação de campistas um tanto quanto fora do normal. Havia um murmurinho vindo de lá e eu via vários semideuses chegando de outros lugares para se juntar aos que já estavam ali formando um circulo em volta de alguma coisa. De repente alguém passou esbarrando em mim quase me fazendo cair.

- Oh me desculpe Annabeth – era Grover, ele disse aquilo tão rápido que acho que só se deu conta de que era eu quando já tinha dado uns dois passos à frente. Ele então parou e se voltou para mim de novo com uma cara de dúvida – Você não ficou sabendo?

- Sabendo do que?

- Da luta.

- Que luta?

- Se você não ficou sabendo então acho que a coisa é pior do que eu pensava...

- Desembucha logo de uma vez Grover. De que raios de luta está falando?

- A de Percy e Connor que vai acontecer agora lá na arena.

- O que? – arregalei meus olhos enquanto meu coração começava a palpitar num ritmo frenético – Por que eles vão lutar?

- Connor desafiou Percy para um duelo e ele aceitou.

- Duelo? Mas por quê? – no fundo eu sabia, mas não queria acreditar que estava acontecendo. Esperava que Grover me desse uma resposta menos desesperadora do que o que se passava em minha cabeça.

- Não sei direito. Só sei que o acampamento todo já está sabendo da luta e todos estão vindo para cá. Quíron também está vindo, mas se realmente Percy aceitou o desafio, nem ele poderá interferir.

- Não posso acreditar que isso esteja acontecendo – disse mais para mim mesma do que para ele.

- Você sabe o motivo desse duelo não sabe?

- Eu sou o motivo, Grover! – falei sem nem pensar direito.

- Você? Bom, então venha comigo. Talvez nós ainda possamos impedir essa luta.

Segui o homem bode que ia trotando a minha frente até a arena. Ele foi abrindo caminho entre a multidão que se aglomerou ali enquanto eu ia logo atrás. Quando ultrapassamos a barreira humana pude ver os dois. Connor e Percy já posicionados para a luta, com suas armas em punho, se encarando. Fiquei parada a beira da arena enquanto Grover continuava seguindo até o meio dos dois. Ele se posicionou entre eles e levantou as mãos pedindo silêncio a todos.

- Campistas, um minuto de sua atenção, por favor. Antes que essa luta comece, creio que devemos considerar a opinião de uma pessoa que está diretamente envolvida nesse duelo – ele apontou para mim que na mesma hora fiquei branca de pavor. Eu não fazia ideia do que dizer para que Percy e Connor desistissem de lutar – Annabeth, venha até aqui.

Minhas pernas me levaram até o meio da arena sem que eu tivesse certeza de estar comandando meus movimentos. Eu olhava para todas aquelas pessoas em volta. Elas me encaravam com expressões de reprovação. Como se toda aquela confusão fosse culpa minha. Eu não conseguia fixar o olhar em Connor muito menos em Percy naquele momento. Fechei os olhos por um instante e fui buscar lá no fundo do meu coração a solução para algo que nem eu mesma entendia. Algo que tinha tomado proporções inimagináveis.

- Não acho que tenha algo que eu possa dizer para impedir essa luta – eu dizia olhando para o nada – Se chegou a esse ponto então eu já não posso fazer mais nada. Só queria que soubessem que eu nunca imaginei que algo assim aconteceria. Me desculpem – dessa vez eu me dirigia a todos os outros semideuses que estavam ali olhando.

- A culpa não é sua, Annie – disse Connor á minha esquerda – Não tem culpa de ter um namorado tão presunçoso como esse!

- Cale-se Connor! Ainda não terminei o que tinha para dizer – eu estava extremamente irritada com ele, mas nada podia superar a minha decepção com Percy – Tentei agir como se nada tivesse acontecido, mas acho que não deu certo.

Tomei toda a coragem que pude e me virei para olhar Percy. Sua expressão era de alguém que estava magoado, nervoso e arrependido ao mesmo tempo. Dei alguns passos para me aproximar dele deixando apenas cerca de um metro nos separando. Olhei para baixo e depois o olhei nos olhos. Fazendo um esforço estremo para não deixar as lágrimas escaparem.

- Eu sei que você não queria me ver perto dele. Eu sei que você o ameaçou para que ele não se aproximasse de mim. Sei que ficou nos espiando enquanto treinávamos hoje de manha. Por que, Percy? Por que mentiu para mim? Por que me enganou ao invés de tentar resolver essa situação de uma vez comigo?

- Annie, eu não quis te enganar. Eu só estava pensando...

- No meu bem? Sim, eu sei. Mas você acha que tampar meus olhos e assumir os riscos por mim é para o meu bem? Pois eu não acho, Percy. Não tinha porque você mentir para mim. Podia ter me falado o que você estava sentindo, como eu já te falei tantas vezes. Eu estaria disposta a deixar de falar com ele se você me pedisse. Mas não, você preferiu agir sozinho.

- Eu sei que eu errei. Acredite, estou muito arrependido. Mas agora que Connor me desafiou eu não tenho alternativa. Se eu me recusar a duelar com ele eu vou perder tudo.

- Tudo?

- É, vou perder toda a minha moral no acampamento.

- Entendo – disse dando um sorriso cínico. Virei para olhar Connor que estava com o rosto fechado e mantinha os olhos em mim. Depois me voltei para os expectadores que assistiam vidrados àquele empasse – Quero que saibam que eu não sou nenhum troféu para ser disputado em um duelo, senhoras e senhores. Se algo estará em jogo aqui é o ego e a honra dos dois combatentes. Não me importa o que pensam, eu não vou me responsabilizar por algo que não fiz. Façam o que acharem melhor!

Disse aquilo e logo depois já comecei a ouvir muitas manifestações de reprovação por parte dos campistas. Tentei não dar ouvidos a eles e me virei para sair dali. Entretanto, alguém segurou meu braço me impedindo.

- Annie espera. Eu sei que você está me odiando agora, e não tiro sua razão por isso. Mas você sabe o quanto eu te amo e que eu faria tudo por você! – a voz de Percy soava desesperada. Eu o olhava e sentia vontade de beijá-lo para pode acalmá-lo, mas ao mesmo tempo sentia vontade de sair dali correndo.

- Faria mesmo, Percy? Então porque ainda não desistiu desse maldito duelo? – tinha que colocar ele contra a parede, ou então eu não sabia se poderia perdoá-lo mais tarde.

- Eu já te disse que eu não posso. Recusar um duelo é maior vergonha que pode existir para um meio-sangue.

- Se você aceitou esse duelo então você está de acordo com o que Connor pensa. Você aceitou me ganhar em uma batalha Percy. Mas você sabe que isso não vai definir com quem eu vou ficar ou não. Se você lutar com ele não vai perder a honra e o prestígio que conquistou nos últimos anos, mas vai perder a mim.

- Não diga isso, por favor! – eram os olhos dele que estavam marejados agora. Eu sentia que o estava ferindo com minhas palavras e isso me matava.

Mas eu não tinha alternativa. Se nós tínhamos permitido que aquilo chegasse a esse ponto então era o momento de eu dar o ultimato. Deixar a decisão nas mãos dele. Tudo ou nada. Era desse ‘empecilho’ que Afrodite falava em meu sonho. Agora eu tinha certeza. Uma coisa insignificante que acabou virando uma verdadeira bola de neve. Percy teria que decidir o que era mais importante para ele. Eu esperava que ele tomasse a decisão certa, mas não ia ficar ali para acompanhar aquilo. Dei as costas a ele e deixei a arena.

Atrás de mim ficaram os dois combatentes, um sátiro muito confuso, e uma multidão de semideuses que em sua grande maioria, queria mais era ver o circo pegar fogo. Segui andando para longe dali sem diminuir o ritmo dos meus passos. Minha cabeça era um turbilhão de pensamentos e meu coração dava cambalhotas com todas as emoções que havia acabado de experimentar.

Lembrei-me do meu último sonho. Onde tinha visto Percy ameaçando Connor. Comecei a entender a ligação disso com o que tinha vindo antes. Meu pai, que mesmo se sentindo impotente tentara me proteger dos monstros que me perseguiam. Luke, que com toda a sua coragem e valentia, me protegeu durante todo aquele tempo em que estive nas ruas. E por último Percy, que mesmo de um jeito não muito correto, tentava me proteger. E eu sei que ele sempre me protegeria de qualquer coisa. Essa era uma das únicas certezas que me restavam. Eu sabia que Percy me amava e que nunca deixaria que nada de mal me acontecesse. Nisso eu sabia que ele nunca me decepcionaria. 


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Notas finais do capítulo

Visitem meu blog: http://triipe.blogspot.com.br/
beijos a todos, boa semana!
@SarahColins_