Sesshomaru - Luz E Escuridão escrita por Mirytie


Capítulo 19
Capítulo 19 - A noite


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^-^



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Depois de ter mentido ao pai, Hikari começou a arrumar a mansão para quando a mãe chegasse, com a consciência pesada. Inesperadamente, Yoru também estava a ajudar a preparar a mansão.

Quando o pai a chamou, Hikari jurou que o coração tinha parado durante alguns segundos. No entanto, ela foi sabendo o que o pai lhe queria perguntar.

– Porque é que me mentiste? – perguntou Sesshomaru, que estava sentado cá fora – Tu nunca me mentiste antes.

– Eu não te menti. – disse Hikari, continuando em pé.

– Estás a mentir outra vez. – disse Sesshomaru, sem sequer olhar para ela – Ele tentou comer a tua mãe. Porque é que estás a protege-lo?

– Porque… - Hikari teve dificuldade em dizer aquilo – Porque ele é meu irmão.

– Então, o que é que fizeste, quando entraste? – perguntou Sesshomaru, levantando-se, lentamente.

– Bem, ele estava lá, encostado a um canto da parede e as pessoas que viviam na mansão estavam do outro lado. Estavam assustadas só por sentir a aura dele e ele estava assustado por ver isso. Não sabia o que fazer. Tal qual uma criança. – disse Hikari – Foi a primeira vez que o vi assim e foi a primeira vez que senti vontade de ajudá-lo. Por isso, mandei as pessoas embora.

– Fizeste uma coisa boa. – disse Sesshomaru, encostando-se à parede, enquanto via Ah-hu e Jaken a aproximarem-se com Rin – Eu disse-te quando eras pequena que ser boa é mau para um demónio. Será que ainda não aprendeste? Devias tê-lo deixado sozinho.

Hikari anuiu com a cabeça e, tal como o pai, ficou à espera que a mãe chegasse. Depois de ela sair das costas de Ah-Hu, Sesshomaru começou a trabalhar na barreira que ia criar à volta da mansão.

– Hikari, estás bem? – perguntou Rin – Não tiveste muito trabalho para te livrares das pessoas que viviam na mansão?

Rin nunca se habituava à sensação de entrar numa casa que já tivesse sido habitada por outras pessoas…que tinham sido expulsas pela sua própria filha.

– Desta vez foi o Yoru que se livrou das pessoas. – mentiu Hikari, vendo a cara pálida da mãe – E nem matou ninguém.

Rin fez um sorriso ligeiro. Estava contente por terem incluído Yoru naquilo, mas estava triste por ele ter tido de fazer aquilo.

– Onde é que ele está? – perguntou Rin.

– Ele está lá dentro a acabar de preparar as coisas. – respondeu Hikari, virando costas – Eu vou ajudá-lo.

Rin virou-se para trás, achando o comportamento de Hikari um pouco estranho.

– Sesshomaru-sama, aconteceu alguma coisa enquanto estive fora? – perguntou Rin, tentando perceber se ele ia dizer a verdade.

– Aconteceram algumas coisas que a Hikari está a tentar esconder. – respondeu Sesshomaru, aproximando-se Rin – Fizeste uma boa viagem? Não aconteceu nada de inesperado?

Rin abanou a cabeça. – A viagem foi calma. Não nos deparamos com nenhuns demónios.

Num gesto impulsivo, Sesshomaru passou-lhe a mão pela cara, surpreendendo Rin. Ao aperceber-se e ao vê-la corada, ele recuou imediatamente.

– Porque é que não vais ver a mansão? – sugeriu Sesshomaru, desviando os olhos – Se não gostares dela, podemos procurar outra.

– Esta parece bem. – murmurou Rin, baixando a cabeça – Acho que até é maior do que a anterior.

Sesshomaru anuiu com a cabeça. – A Hikari queria encontrar uma maior, caso o Yoru conseguisse ficar connosco.

Rin sorriu. Hikari queria fingir que tinha mudado desde que fora para a época de Kagome mas, a verdade é que ela continuava a ser a mesma filha doce que acreditava sempre que, mesmo as pessoas más, tinham um lado bom.

Mesmo assim, aquele momento era demasiado embaraçoso para ela, por isso, decidiu ir ver a mansão por dentro, deixando Sesshomaru com Jaken e Ah-Hu.

– Não aconteceu nada durante a viagem? – perguntou Sesshomaru, a Jaken.

– Encontramos um demónio. – respondeu Jaken, revelando a mentira de Rin – Ele reconheceu o seu cheiro nas roupas da Rin e atacou. Mas era um demónio fraco e eu fui capaz de acabar com ele, enquanto a Rin se distanciava até um sítio seguro.

– Quanto a humanos? – perguntou Sesshomaru.

– Houve alguns que olharam para a Rin com desprezo quando passamos pelas aldeias. – respondeu Jaken, continuando a reportar a viagem – Mas nenhum deles teve a coragem de atacar. No entanto, acho que que a Rin ficou um bocado deprimida por causa dos olhares.

Sesshomaru anuiu com a cabeça. – Fizeste um bom trabalho em trazê-la até aqui.

– Obrigado, Sesshomaru-sama. – agradeceu Jaken, baixando ligeiramente a cabeça.

– Pai! – exclamou Hikari, de dentro da mansão – Pode chegar aqui!

Ao ouvir a preocupação na voz da filha, Sesshomaru entrou rapidamente na mansão e deparou-se com Yoru a olhar para Rin com intenções assassinas. Hikari encontrava-se entre eles, à espera do pai.

– O que é que estás a fazer? – perguntou Sesshomaru, dirigindo-se a Rin.

– Eu só queria dizer “olá”. – respondeu Rin, com as mãos entrelaçadas, quando Sesshomaru afastou a filha, e pôs-se no seu lugar.

– Eu disse-te que, se não conseguisses conviver connosco, mandava-te embora. – lembrou Sesshomaru, falando agora para Yoru – O que é que estavas a fazer?

– Como é que consegues viver com uma humana sem teres a mínima vontade de a comeres, pai!? – perguntou Yoru, seriamente – Não podes estar MESMO apaixonado por ela!

– Ele…ele não está… - gaguejou Rin, tentando intervir, mas Sesshomaru esticou um braço, para que ela continuasse calada.

– Se queres continuar a viver connosco, vais ter de aprender a continuar com ela. – disse Sesshomaru, simplesmente – E o que eu sinto não é da conta de um miúdo de três anos.

Yoru virou costas e foi para o quarto que tinha escolhido como seu. Sesshomaru também virou costas para procurar um quarto que conviesse a Rin.

Hikari foi a única que ficou com a mãe e aproximou-se depois de tudo aquilo ter acabado.

– Tenho a certeza que ele vai-se acostumar à tua presença, aqui. – prometeu Hikari, olhando para a mãe, que parecia prestes a chorar – Só precisa de mais um bocado de tempo.

Hikari anuiu com a cabeça e esfregou a cabeça da filha.

– Porque é que não vais procurar um quarto só para ti e começas a fechar as janelas? Com o Yoru aqui, também devias fechar a porta. – lembrou Rin – Apesar da barreira que o teu pai pôs em volta do terreno, nunca te deves descuidar. O teu pai já te disse isso antes, não já?

– Sim, mãe. – disse Hikari, como se estivessem a obriga-la a tomar um medicamento com um sabor horroroso.

– Despacha-te. – pediu Rin – O sol está quase a pôr-se.

Quando Hikari era pequena, Sesshomaru passava aquela noite sempre no quarto dela, ou à sua porta. Agora, apesar de ela já não ser tão pequena e já conseguir defender-se melhor, Sesshomaru mantinha o mesmo hábito. Por isso, todos os meses, naquela noite, ele saía do lado de Rin e dirigia-se para o quarto de Hikari.

Por ela ser apenas metade demónio, tal como o tio, uma noite, todos os meses, ela transformava-se numa humana completa, sem poderes completamente nenhuns. Sesshomaru também tinha-a ensinado a lutar sem poderes demoníacos mas, com Yoru em casa e uma vez que a relação entre os irmãos não era a melhor, ele tinha medo que o filho tentasse invadir o quarto dela, enquanto ela estava indefesa.

Também estava preocupado com Rin, mas tinha-a envolvido com uma pequena barreira que alertá-lo-ia se alguém tentasse tocar-lhe. Por isso, ali estava ele, sentado à porta do quarto de Hikari, uma vez que ela tinha-se trancado completamente lá dentro.

Sentia duas presenças humanas naquela mansão, o que queria dizer que ela já se tinha transformado. Ao lembrar-se de como lhe tinha explicado a transformação, sorriu. “Porque é que eu não posso ser um demónio todos os dias, como o pai?” Sesshomaru nunca pensara em culpar a mãe. Afinal, tinha sido ele a escolhe-la. O que era irónico. Porque odiara o pai por muito tempo por ele os ter traído com uma humana. Por isso, ele limitara-se a dizer a Hikari que ela era tão forte que o corpo dela tinha de descansar dos poderes demoníacos, uma vez por mês. Claro que, depois de conhecer melhor o tio e o significado de hanyou, ela apercebera-se que o pai tinha-lhe mentido e, então, ela dissera “Eu vou fazer com o que o papá disse se torne verdade!”, com tal convicção, que Sesshomaru não tivera outra opção a não ser sorrir.

Uma criança que mal sabia escrever a dizer-lhe aquilo? A partir daquele dia, Sesshomaru começou a treiná-la intensamente, apenas com a intenção de fazê-la desistir. Mas, sempre que ela caía, voltava a levantar-se e olhava-o com convicção. “Metade demónio, dobro do trabalho”, tinha sido sempre o lema dela.

Só se apercebeu que estava a sorrir, quando viu Yoru a aproximar-se. Ele levantou-se de imediato.

– O que é que tu queres aqui? – perguntou Sesshomaru, imediatamente.

– Notei que a presença da hanyou desapareceu desta casa e que há mais uma presença humana nesta casa. – respondeu Yoru – Afinal o que dizem é verdade? Os hanyous transformam-se em humanos uma noite por mês? É por isso que está aqui, pai?

– Não tens nada a ver com isso. – respondeu Sesshomaru.

– Isso quer dizer que o tio dela também está assim, hoje? – perguntou Yoru – E a aberração do filho dele?

– Não devias estar a dormir? – perguntou Sesshomaru, irritado com todas aquelas perguntas.

– Eu ouvi a mulher a dizer para a hanyou se trancar por minha causa. – revelou Yoru – Isso era desnecessário. A hanyou ajudou-me hoje. Não vou ataca-la, por enquanto.

– Por enquanto? – perguntou Sesshomaru – Se atacares a minha herdeira, eu mato-te.

– Eu sou o teu verdadeiro herdeiro, pai. – disse Yoru – Não essa meia-humana.

– Tu sabes que ela é mais forte do que tu e foi a primeira a nascer. – disse Sesshomaru, sentando-se novamente – Agora, é só uma questão de convencer os outros de que ela é a mais apropriada para ser a minha herdeira.

– Eles não vão aceitar. – resmungou Yoru, virando costas – Não estou preocupado.

– Só para que saibas. – disse Sesshomaru, fazendo o filho parar – Foi a mulher que recusas chamar de “mãe” que decidiu tornar-te num demónio completo, em vez de nasceres um hanyou, como a Hikari.

– Foi a melhor decisão que ela fez. – disse Yoru – Isso não quer dizer que aceite uma humana como minha mãe.

– Foi a pior decisão que ela fez, porque pôs a vida dela em risco para dar à luz um demónio completo. Para me agradar. – disse Sesshomaru – Se tivesse de escolher um, preferia que tu morresses em vez dela.

Yoru fechou a mão em punho. – Um dia vou provar que sou suficientemente bom para ser o seu herdeiro.

– Vieste demasiado tarde. – disse Sesshomaru – A Hikari já o provou.

Hikari acordou e abriu a porta como uma hanyou normal, novamente. Odiava as noites em que tinha de ser humana. Não é como se odiasse os humanos mas, depois de uma vida inteira a ser meia-demónio, porque é que tinha de ser humana todos os meses.

Quando viu o pai a dormir à entrada, Hikari ficou chocada. Para que ele pensasse que tinha acordado antes dela, Hikari voltou para trás e voltou a trancar a porta levemente.

Nunca tinha visto o pai a passar a noite no quarto dela depois de ela ter idade para se defender sozinha. Claro que ele passava as doze noites do ano quando ela se transformava normal, mas entrava no quarto dela sempre depois de Hikari adormecer e saía antes de ela acordar.

Rin também sabia disso, apesar de Sesshomaru pensar que ela não sabia. Sabia que ele detestava hanyous por isso, ir para o quarto da filha para a proteger, todos os meses, era um grande gesto para ele.

Ele nunca saía de casa quando chegava a essa parte do mês e, mesmo que estivesse fora, fazia sempre com que estivesse na mansão antes de ela se transformar. Sesshomaru sabia que devia parar de fazer isso, mas não o conseguia fazer.

– O pequeno-almoço está pronto. – anunciou Rin, acordando Sesshomaru.

Este ficou um pouco embaraçado por ter adormecido, enquanto protegia a filha mas, ao ver que a porta dela ainda estava trancada, suspirou, levantou-se e bateu duas vezes na porta dela.

– Está na hora de treinar, Hikari. – anunciou ele – Por isso, despacha-te e vai comer, primeiro.


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Notas finais do capítulo

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