POV Melissa

Fazia uma hora que estávamos esperando a porcaria do helicóptero chegar. Eu estava sentada em meio às cinzas de cara amarrada porque ninguém me deixou dar uma olhada na área. “Você tem que descansar, não sabe as conseqüências das substâncias que foram injetadas no seu corpo” Rebecca repetia. É claro que eu sabia que não havia restado ninguém, mas não queria apagar a chama acesa de que alguém sobreviveu ali. Procurávamos respostas para o que havia acontecido na cidade.

Leon discutia com Chris sobre verificar se restava algo do acampamento da B.S.A.A. enquanto Rebecca e Jill conversavam sobre as possibilidades de alguém ter sobrevivido. A loirinha, Sherry, brincava com sua arma, enquanto a morena, Helena, observava o comportamento infantil de Leon e Chris. Kirk dormia dentro do que restou de um carro. E eu estava sentando no que algum dia foi um muro. Virou uma pilha de tijolos.

–Você tem certeza de que pediu o helicóptero para hoje? – perguntei a Sherry

Ela levantou a cabeça e me olhou. Um sorriso estampou seu rosto. Ela havia achado graça de meu comentário?

–Vão demorar um pouco, estão avaliando as condições. – ela falou

–Que condições? – pergunto

–Aqui perto existir um reator que foi construído junto da Umbrella. Ela sofreu alguns danos e pode explodir a qualquer momento. – ela falou

–Vamos virar churrasquinho e ninguém me avisou?! – perguntei me levantando

–Cala a boca. – Chris fala para Leon – As possibilidades são pequenas. – Chris fala me olhando

–Mas existem! – falo

–Se não existissem não seriam pequenas! – Chris fala

Reviro os olhos e me sento na pilha de tijolos novamente. Pego uma pedrinha e jogo em Kirk.

–Porque fez isso? – Kirk pergunta um pouco grogue

–Falta do que fazer. – falo

Kirk balança a cabeça e volta a dormir. Percebo que as crianças desistiram de discutir e foram um para cada lado. Fico brincando com algumas pedrinhas até que escuto um bipe. Levanto a cabeça e vejo que era o comunicador de Leon. Corro até seu lado. Sou empurrada pelos outros curiosos.

–É sua namorada franjinha? – pergunta Chris

–Cala a boca. – responde Leon

–Perai essa não é a namorada dele... É aquela outra que você tentou matar... Ada, não? – falou Piers

–Perai que namorada? – pergunto

–Chega! – grita Helena

–Se a Ada a é a namorada a Melissa deve ser a amante. – fala Kirk

–Seu filho da mãe! – fala Chris

–Como assim vão lançar um míssil? – Leon pergunta e todos olham para ele – O que? Agora? Ta. Eu sei... Não era o idiota do Redfield... Não a Claire o Chris... O que a Melissa tem a ver? É claro... Ah é ela é o objetivo. Não, ela esta bem... O bom é que ela não fica gritando “Me Ajuda Leon” toda hora como a Ashley, na verdade nunca gritou isso... Ah você não quer saber... Ta vamos pra lá.

–Quem é o objetivo? – pergunto

–Então, temos que correr para floresta, é o único lugar que não vai ter o alcance do míssil. – Leon fala

–Acho que não é provável, dependendo do míssil viramos cinzas. – falou Chris

–Quem é o objetivo? – pergunto segurando o braço de Leon

Ele me olha.

–Você. Depois explico. – Leon responde

Olho para ele chocada. Chris me puxa e vamos para floresta.

(...)

Achamos uma cabana perto de um lago no meio da floresta. Sherry dormia com a cabeça no ombro de Helena, que também dormia. Kirk estava dormindo – uma novidade – ao lado de Piers que verificava a munição. Leon estava sentado ao lado da porta. Eu estava ao lado de Chris, que estava vendo uma espécie de livro que havia encontrado na cabana.

–Algo interessante? – pergunto a Chris sussurrando

–Não, esta em português. – ele fala

Olho o livro.

–É espanhol. – falo

–É eu sei, queria puxar assunto... Porque estamos sussurrando? – ele pergunta

–Sei la. – falo

Chris ri. Reviro os olhos. Convido Chris para ficar na ronda. Depois de estarmos longe dos ouvidos de todos, pergunto:

–Porque não assinou os papéis do divorcio?

Chris para. Ele se vira para mim. Parecia que os segundos se arrastavam.

–Eu sabia que um dia iria perguntar isso. – ele fala e volta a caminhar

–Não respondeu minha pergunta... Nunca responde nenhuma delas. – falo

–Porque pediu para sair da B.S.A.A.? – ele pergunta

–Porque sim, não trabalho para mim. Não posso fingir que dou bola para os ataques bioterroristas, não é vida para mim e sim para você. – falo irritada

–Medo. – Chris fala

–O que? – pergunto

–Tive medo de assinar. – ele responde

–Por quê? – pergunto

–Porque temia que isso acontecesse novamente e eu não estaria com você. – ele responde

Calo-me. Nunca pensei que Chris se importasse. Eu tinha o governo e um batalhão para me defender, pois era a única que sabia como produzir a vacina contra o C-Virus. Aquilo indiretamente me chocara assim como o que Leon falou sobre eu ser o “objetivo”. Objetivo... De que? Eu me perguntava se a missão dele tinha algo haver com o que aconteceu.

–Você sabe o que Leon quis dizer sobre eu ser o “objetivo”? - perguntei

–Ah... Não posso lhe falar. – ele respondeu

–O que fazia na festa de inauguração da Umbrella? – perguntei

–Eu ia te avisar sobre o que o governo planejava. – falou Chris

–O que planejava? – perguntei

–Tudo isso. Foi por uma questão política e econômica. É claro que diversos agentes estão envolvidos, mas ninguém pensou que chegaria ao ponto de destruir uma cidade rica e que alguém acharia a Vacina. – falou Chris

–Perai, quem achou a vacina? – pergunto

–A vadia. – respondeu Chris

A vadia... Ada! É claro, no momento que ocorreu a briga na festa ela conseguiu ir para baixo do palanque já que nenhum de nós estava prestando atenção. Eu sabia para onde ela levaria. Havia uma única pessoa que estava em destaque no jornal e que estava interessada no que a vacina poderia oferecer. Demetria Wilson.

De repente tudo começou a fazer sentido. Eu conhecia Demetria o que faria o governo ficar interessado nas pesquisas as quais eu e ela desenvolvemos juntas no ano que trabalhei na Umbrella. Leon teria como objetivo me levar até o Presidente para entregar as analises para fazer uma nova vacina já que essa havia sido “roubada” por Ada e estaria com Demetria fazendo com que os Estados Unidos saíssem como vencedores. E como eu sabia demais, seria eliminada.

É claro que eu era estúpida o suficiente para acreditar que Leon estava ali para salvar o mundo e que a B.S.A.A. não estava envolvida.