JASON 

Eu segurava Piper como se a qualquer momento uma explosão atingisse o nosso caminho e nos perderíamos para sempre. Chegava a ser até meio indecente.

É claro que os deuses não fariam nada para nós, acredito eu, mas a verdade é que eu estava tão aliviado por tudo aquilo ter acabado que não queria perder mais nenhum momento com a minha Piper. Finalmente eu poderia ficar com ela e esquecer que eu tenho o dever de salvar o mundo já que os deuses não podem fazer isso sem nós.

Subimos as escadas de mármore que dava em um templo, mais parecido com um castelo. Os deuses ergueram suas mãos e abriram as grandes portas que davam entrada. Assim que o fizeram, minha boca ficou escancarada.

Certo, eu já vira o Olimpo algumas vezes, mas não se comparava com aquele. Era muito maior e melhor. Cada detalhe era perfeito, os desenhos, as tapeçarias. Era como se fosse real. Flores caiam delicadamente do teto que parecia ser feito de cristais e ia até o chão, feito de um piso de mármore branco e bege que dava para ver o meu reflexo totalmente surpreso nele.

Os deuses se sentaram nos seus respectivos tronos, que também tinham aparência melhor. Andamos até o centro da sala e fizemos mais uma reverencia, esperando a chamada. Meu pai, Júpiter, olhava para mim como se me avaliasse.

- Bem, heróis. Antes de vocês nascerem, o destino de vocês já estava decidido. Os sete meio sangues mais poderosos do século deveriam se juntar e, assim, impedir a vitória de Gaia e trazer paz aos deuses. Como a missão foi concluída com sucesso, creio que devamos nos agradecer pelos serviços prestados ao Olimpo. – Disse Juno.

- Frank Zhang. – Chamou um cara enorme de aparência assustadora. Ele parecia mais um daqueles marginais que eu com certeza ficaria longe. Marte, o deus da guerra.

Frank se aproximou lentamente até ele, ajoelhando-se na sua frente.

- Ninguém esperava nada melhor vindo do meu filho, não? – O deus começou dizendo, fazendo vários outros deuses revirarem os olhos. – Muito bom trabalho, Frank. Você descobriu o seu dom e como usá-lo perfeitamente. Abriu mão de várias coisas para salvar o mundo, e, com isso, sua maldição foi cessada.

Frank assentiu levemente, parecendo assustado. Certo, eu também ficaria no lugar dele.

- Leo Valdez. – Chamou um velho esquisitão, que imagino ser Vul... Hefesto. Esses nomes gregos/romanos chegam a ser irritantes.

Leo foi para o centro da sala como se fosse um super modelo e ajoelhou-se aos pés de seu pai.

- Meu filho. Devo dizer que estou orgulhoso de você, por tudo. Pelo Argo II, pelo seu dom... Você aguentou muitas coisas e agora terá o tratamento que merece. Começa pela filha de Belona, acredito. Mas sabe, como você é meu filho, devo lhe alertar que os relacionamentos para nós são complicados, elas se sentem mais atraídas pelos tolos filhos de Zeus do que os...

- O QUE!? – Trovejou Marte.

- Querido!! – Disse Afrodite, cínica.

Naquele momento eu não soube quem ficou mais vermelho, mas Leo apenas assentiu e deu uma risadinha. Levantou-se e seguiu em direção a Reyna.

- Certo, ignorando o comentário indiscreto de Hefesto... Hazel Levesque. – Chamou Juno.

Hazel caminhou até a rainha dos céus e ajoelhou-se.

- Sinto muito, querida, por seu pai não estar aqui para lhe agradecer pessoalmente. Mas você foi uma das peças mais importantes para essa missão. Conseguiu lidar com seus sentimentos e com sua própria maldição para ajudar seus amigos, e isso é admirável. Devo acrescentar que, como agradecimento, você está livre da sua maldição.

Hazel deu um sorriso enorme, e seus olhos brilhavam intensamente. Ela fez uma reverencia.

- Obrigada. – Disse, emocionada. – Muito obrigada.

E voltou para onde estava.

- Piper McLean. – Chamou Afrodite, que a poucos minutos lançava olhares mortíferos para Hefesto. A beleza da deusa era distração tal que eu evitei olhar para seu rosto, observando Piper caminhar até ela. – Ah, minha querida... Você representa totalmente o que as minhas filhas são capazes de fazer. Sem passar uma imagem fútil de garota, é batalhadora e corajosa. Quem diria? Enfim, você suportou as distrações e conseguiu não ser manipulada por Gaia. Usou o seu dom para o bem. E agora, tudo que eu tenho a fazer é lhe agradecer. Que tudo que você desejar seja seu e... Acho que o resto você sabe.

Afrodite lançou um olhar para mim que me deixou mais vermelho do que quando Hefesto mandou a indireta. Piper sorriu para deusa e voltou para o meu lado.

- O que ela quis dizer com “o resto você sabe”? – Perguntei baixinho. Ela apenas sorriu e me deu um beijo na bochecha.

- Jason Grace. – Chamou meu pai.

Larguei Piper e caminhei até ele, fazendo uma reverencia e me ajoelhando a seus pés.

- Jason, você, assim como sua irmã, sabem como os filhos de Poseidon são irritantes...

- O que isso tem a ver com... – Poseidon foi interrompendo, e meu pai ergueu as mãos.

- Ahn, você sabe disso. Mas conseguiu lidar com suas diferenças e descobriu que, às vezes, eles podem ser bons parceiros de guerra. Lutou não só com o exército de Gaia, mas com os seus sentimentos também, e todos nós sabemos o quanto isso pode ser difícil. Eu tenho uma divida com você e agora será paga. Sua antiga espada foi consertada e estará esperando por você no seu verdadeiro lar. A lança de Juno não será mais necessária.

Assenti, agradecido. Finalmente teria minha espada de volta, apesar de não ter ideia do que ele quis dizer com verdadeiro lar. Voltei para o meu lugar, onde Piper me esperava, e a abracei. Afrodite parecia se derramar de tanta satisfação.

- Perseu Jackson. – Chamou Poseidon.

Percy caminhou lentamente para o centro da sala.

- Percy, mais uma vez você não nos decepcionou. Salvou o mundo de novo. Com a ajuda dos seus amigos, você teve que lutar contra os seus sentimentos assim como Jason e também conseguiu evitar agir por impulso. Seu defeito fatal foi muito perigoso para você nesta missão, mas você venceu e, mais uma vez, eu só tenho o que agradecer. Estou orgulhoso, filho.

Percy sorriu e voltou ao lugar que estava.

- Annabeth Chase. – Chamou uma deusa de aparência muito semelhante a de Annabeth. Seus olhos cinzentos eram tão intimidadores quanto.

Annabeth seguiu ao centro da sala e se ajoelhou.

- Você foi a base de todos nesta missão. Sem você nós não alcançaríamos o sucesso na missão. Usou a sua inteligência e suas melhores estratégias para o combate, mas também um pouco de petulância. Tinha uma divida com dois deuses, que já a perdoaram. Hades sente-se agradecido por você ter descoberto uma maneira de fechar as portas, por mais que ele ainda negue. E Apolo fica feliz em saber que você quebrou seu carro para que o garoto Valdez pudesse fazer suas melhorias nele.

- É isso aí! Cara, o que foi aquilo... – Apolo começou.

- Caham. – Pigarreou Atena. – Annabeth, você libertou a marca de Atena, mas devo admitir que o labirinto continua inacessível. O labirinto respondeu ao seu chamado, e ainda desconheço o porquê. O que eu sei é que eu sinto-me honrada por poder chamá-la de filha.

Annabeth tinha lágrimas nos olhos. Ela assentiu brevemente para sua mãe e voltou ao seu lugar.

- Semideuses. – Chamou Juno. – Os sete meio sangues merecem parabéns por tudo. Não só eles mas todos que os seguiram nessa batalha. É uma honra recebê-los aqui, Thalia, Luke, Calipso, Nico e Reyna.

- Thalia Grace, minha caçadora. – Chamou Ártemis. – Você foi valente como todas as outras. Devo me desculpar por não ter confiado a sua presença em relação as Amazonas.

- Então foi você? – Perguntei de supetão.

- Sim, Jason Grace. – Ártemis disse com uma voz azeda. – Enfim, eu devo um pedido de desculpas. Com isso, você tem o direito de fazer um pedido para mim, e farei questão de realiza-lo.

Thalia andou até a deusa e sussurrou algo em seu ouvido. Não sei o que ela disse, mas Ártemis pareceu que ia desmaiar.

- O que!? Não pode... Isso é contra as regras...

- Você prometeu, Ártemis! Não seja chata! – Afrodite se intrometeu.

- Ande Ártemis. Não tem nada demais. – Juno disse.

- Isso é um desrespeito! Thalia, como pôde pedir algo assim?

- Você sabe o porquê. Isso ia acontecer de qualquer maneira, foi só uma questão de tempo. – Thalia respondeu calmamente.

Ártemis estava a beira de um colapso, mas depois de longos segundos assentiu.

- Tudo bem. Vá em frente, minha pequena traidora.

Thalia sorriu e correu pela sala, entrando no meio de nós. Ela parou na frente de Luke e o beijou, deixando todos ainda mais perplexos do que ver Reyna e Leo juntos. Eu fiquei um pouco sem graça de ver minha irmã beijando um cara que tinha saído do mundo inferior, então virei a cabeça. Ártemis olhava para todos os lados, como se pensasse qual era o melhor lugar para fazer um buraco e se jogar no infinito.

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Os deuses nos convidaram para uma festa no Olimpo. Havia comida, bebidas, as nove musas cantavam e dançavam para nós o som que quiséssemos. Todos tinham se juntado a festa, incluindo Grover, Ella, Tyson, Juníper etc.

Peguei suavemente Piper pela cintura, rodando pelo salão.

- Como se sente, meu amor? – Perguntei.

- Simplesmente não consigo imaginar em nenhuma pessoa que possa estar mais feliz do que eu. – Ela respondeu, sorrindo.

- Imagino que você esteja olhando para essa pessoa. – Falei. Percy e Annabeth apareceram perto de nós.

- Olá, parceiro. – Percy disse, me dando um soco no ombro. Sorri.

- E aí... – Falei. – Acho que agora nós podemos ter um pouco de paz, não?

- É o que parece. – Disse ele. – Mas todos nós sabemos que o mundo precisa de nós, de qualquer maneira.

- Mas quando eles precisarem, nos juntaremos novamente. Ninguém pode nos deter. – Eu disse, confiante.

Percy assentiu sorrindo. Nico se juntou a nós, junto de Calipso.

- Oi, Percy. – Ele disse.

- Parece que só o cabeça de algas está presente... – Annabeth ironizou.

- Desculpe, Annie. – Nico riu.

- Fala Nico. Vocês dois parecem estar se dando muito bem. – Percy falou, apontando para Calipso.

- Sim, é verdade... – Nico começou a enrubescer. – Eu estava dizendo para ela o quanto ela ia gostar dos jardins de Perséfone.

- Eu ficaria muito feliz em poder conhecer a deusa das flores. – Calipso concordou.

Piper e eu os deixamos conversando, enquanto dançávamos desajeitadamente pelo salão. Uma musica lenta tocava. Leo e Reyna, Frank e Hazel também dançavam, como se fosse a ultima coisa que fossem fazer na vida.

Todos estavam felizes. Claro, tivemos algumas perdas, mas tudo se resolve no final. O mundo estava a salvo, os deuses nos agradeciam e eu tinha a pessoa que mais amava ao meu lado. Enfim, eu me sentia feliz como nunca havia me sentido antes.

- Por que está sorrindo? – Piper perguntou.

- Só estava pensando em tudo... Na guerra, nos amigos novos... – Falei. – Novas profecias estão por vir. Será que pode acontecer algo pior do que Gaia?

- Não sei, Jason. Mas é como você mesmo disse. Os sete meio sangues se uniram dessa vez, os gregos e os romanos não estão mais em guerra e nosso exército é maior do que se pode imaginar. A próxima profecia pode acontecer agora, mas também daqui a centenas de anos. Porém, se vier para agora... Nada pode nos impedir, não? Nós estaremos juntos.

Ela me olhou com aqueles olhos brilhantes. Acariciei seu cabelo e lhe dei um beijo na testa.

- Juntos. – Concordei.

E assim, continuamos dançando a música lenta, observando nossos amigos fazendo o mesmo. Tudo estava completo, e por mais que algumas coisas terminassem de um jeito que não esperávamos, aquele era o momento mais feliz de nossas vidas. Talvez, seria o único pacifico. Afastei esse pensamento de minha mente no mesmo tempo que ele chegou. Aquele era o momento, e o resto... O resto não importa.