Lily Evans.

Eu não me lembrava de nada do que aconteceu até sentir aquele cheiro.

O doce aroma de James Potter.

Quando percebi que ainda estava abraçada a James e vestindo seu moletom as lembranças me atingiram em cheio e eu não pude evitar as lágrimas.

Lentamente me separei de James tomando um cuidado excessivo para não acorda-lo.

Peguei uma roupa qualquer e fui em direção á porta, mas não pude evitar dar uma última olhada em James dormindo, e essa visão me fez perceber o quanto eu estava errada a seu respeito.

Eu poderia listar os 1.001 defeitos dele, mas suas qualidades me faziam esquecer todo o resto. Afinal, oque seria de nós se não tivéssemos defeitos? Seriamos como robôs, todos iguais e sem um diferencial. Não seríamos pessoas e sim máquinas treinadas para uma vida sem propósito.

Saí do quarto, troquei de roupa e rumei à cozinha.

Já era hora do almoço, então fiz pizza e batatas fritas.

Estava terminando de Lavar a louça quando sinto minha visão escurecer:

– Adivinha?

– Nossa, que difícil. Realmente não sei. – Respondi rindo.

James deu uma curta risada e pegou algumas batatas.

– Dá pra esperar não, morto de fome?!

– Ruiva reclamona, vamos ver oque acha disso!

Antes que eu pudesse processar a informação, ele pegou a mangueirinha da pia e começou a me molhar.

– Você quer guerra? Tá bom!

Corri até a sala e peguei o máximo de almofadas que meus braços permitiam, voltei na cozinha e comecei a atira-las contra James que continuava com a mangueira apontada pra mim.

Era uma cena tão ridícula que simplesmente não tinha como não rir.

Meu estoque tinha chegado ao fim, só havia sobrado uma única almofada, e James já sorria de forma triunfante. Mas eu não iria entregar minha última arma assim tão fácil, eu não ia atira-la contra ele, eu iria até ele.

Corri até James e comecei a bater a almofada contra ele, enquanto o mesmo não parava de rir, parecia uma hiena no meio de um ataque de risos.

E eu não estava diferente.

Foi muito rápido quando James tropeçou e caiu por cima de mim, e mais rápido ainda quando começamos a nos beijar.

Era uma sensação que eu nunca tinha experimentado em toda a minha vida. Era maravilhosa.

Mas como eu sempre tenho que estragar tudo, as lágrimas vieram novamente.

As lembranças de todas as promessas e de todos os bons – e os maus – momentos que passei ao lado de Amos me vieram à mente de uma forma dolorosa.

James parou o beijo lentamente e acariciou de leve o meu rosto:

– Acabou. Eu estou do seu lado, e nunca mais vou sair.

E de alguma forma aquelas palavras me soaram sinceras, e eu me senti segura.

– Promete?

– Prometo.

E dessa vez eu percebi quando começamos a nos beijar.

E somente nesse momento eu me toquei que eu não queria uma pessoa perfeita, eu queria alguém que fizesse eu me sentir única, eu não queria uma pessoa que me desse rosas, e sim alguém que me chamasse de Lírio, eu não queria uma pessoa que me tratasse como se fosse quebrar a qualquer instante, e sim alguém que fizesse guerras de travesseiros comigo com direito a água e beijos, eu não queria uma pessoa que me forçasse a fazer as coisas, eu queria alguém que me entendesse e que respeitasse meu tempo.

Eu não queria Amos Diggory, eu queria James Potter.

James Potter.

Eu ainda não conseguia acreditar na minha sorte, afinal, eu estava beijando Lily Evans.

Era como se alguma coisa dentro de mim mudasse quando estou com ela. É como se eu quisesse ser melhor, sempre.

E naquele momento eu percebi que não precisava de nenhuma outra, apenas dela.

Ela seria quem iria me fazer feliz, por que a cada toque era como se fosse o primeiro, e os beijos dela se tornaram um ciclo vicioso pra mim.

Era incrível como seus lábios se encaixavam com perfeição nos meus, e também era incrível a sensação que seus dedos me proporcionavam ao roçar no meu cabelo.

Paramos o beijo de forma lenta e sem desviar o olhar. E assim, do nada, começamos a rir desesperadamente.

O alarme do forno apitou avisando que a pizza já estava pronta.

E ainda rindo, Lily me empurrou pro lado e foi tirar a pizza.

– Vai lavar as mãos, e coloca um filme enquanto eu corto a pizza.

Lavei as mãos e fui escolher o filme.

– Lily, aqui só tem filme de mulher!

– Até por que eu sou homem, né!

– Você entendeu.

– Liga pro Sirius e pede pra ele trazer alguns filmes e a Lene. E liga pro Remus, e pra Dorcas!

Fiz oque ela mandou e em questão de minutos Sirius e Lene já estavam aqui com os filmes.

Lily estava terminando de fazer pipoca quando Remus chegou.

Ele estava apreensivo, olhou para todos na sala e se aliviou um pouco.

Fiz um gesto indicando que queria falar com ele.

– Hey cara, oque aconteceu?

– Nada!

– Fala logo Remus, ou serei obrigado a tomar medidas desesperadas!

– Tá bom, é que eu acho que estou... hum... gostand...

Antes de Remus completar a frase a porta se abre e Dorcas entra por ela.

E só de olhar pra cara do Remus, você conseguia completar oque ele estava tentando falar.

Dorcas estava muito bonita, realmente. E acho que Remus concorda comigo, por que estava com uma cara de bobo apaixonado que até parecia a de quando ele ganha livros novos.

– Remus, você conhece o significado da palavra discrição?

– A cada dia mais engraçado, né James. – Remus disse revirando os olhos.

– Oi gente, cadê a Lily?

Quando Dorcas acabou de dizer isso, Remus se engasgou com o vento e teve um ataque de tosse. Realmente não seria nada legal se toda vez que Dorcas abrisse a boca, Remus tivesse uma mini-demonstração de nerd apaixonado.

Dorcas olhou pra Remus com uma cara do tipo “Oque te possuiu?” e de repende lembrou de algo:

– Ah, antes que eu me esqueça, não vai ter mais baile esse ano.

– QUE? – Gritou Lene que finalmente tinha parado de se agarrar com Sirius, que a propósito, não parecia muito feliz com isso.

– Alguma coisa a ver com as verbas da escola.

Lily chegou equilibrando uma bacia de pipoca e duas garrafas de refrigerante.

– Bom pra mim, já que eu fiquei sem par.

O negócio era: Todos ali sabiam oque tinha acontecido, mas ninguém queria tocar no assunto com medo de magoar Lily.

– Mas meu amor, eu iria com você.

Ela sorriu daquele jeito lindo que só ela sabe sorrir.

– Mas James, você não ia com a Lana?!

O sorriso de Lily se fechou na mesma rapidez em que veio, ela deixou a pipoca e os refrigerantes na sala e voltou pra cozinha.

Eu realmente não sei por que ainda não matei Sirius.

Mas Lene, agindo como a pessoa compreensiva que é, deu um beliscão em Sirius que doeu até em mim, e ele murmurou alguma coisa como “Só estava falando a verdade”.

Fui atrás de Lily na cozinha, ela estava parada encarando a pia.

Parei do lado dela e não disse nada.

– Você gosta dela?

– Da Lana? Não, ela é fútil.

– E de mim, você gosta?

– Você é diferente Lily, eu me sinto bem quando estou do seu lado. Não sei explicar... Mas sim, eu gosto de você muito mais do que imagina... E você?

– Eu oque?

– Gosta dele?

– Não, acho que eu gostava da imagem que eu criei dele. Mas Amos é muito diferente do que eu imaginei.

– E de mim?

– Estou confusa, eu nunca me senti assim a respeito de uma pessoa. É tão forte, é como se eu nunca mais quisesse ficar longe de você, James. E eu tenho medo, por nós dois.

– Você não precisa ficar longe de mim Lírio, nunca mais e não precisa ter medo, okay? Nós dois juntos somos mais fortes!

Puxei Lily para um beijo calmo e cheio dos sentimentos que não sabíamos expressar.

Terminamos o beijo de forma calma, pegamos a pizza, as batatas, os pratos e voltamos para a sala.

Por lá tudo estava normal, Lene e Sirius se beijando, Remus e Dorcas se olhando de forma tímida e logo depois desviando o olhar, eu estava com Lily...

... E tudo estava bem!

Fim.