The Rose Of Darkness escrita por Pye


Capítulo 20
Capitulo 11 – Humanos ou Monstros?


Notas iniciais do capítulo

Olá meu pupilos, estou aqui mais uma vez, desculpem-me a demora, sério, é que com essa época de festas acabei me enrolando e deixando vocês apenas com o último capitulo postado, e muito triste por sinal né?

E esse capítulo é dele, David Soares, e delas, Anne-chan, Marie Lee-chan, Nellye-chan e Rapha M.

Muito obrigada, e me desculpem pelo capítulo horrível.

Boa leitura.

Estava pensando em parar de escrever, mas e ai, deem suas opiniões, se querem que eu continue ou pare.*

*LEIAM EM MODO PARA IMPRESSÃO*

*VEJAM AS IMAGENS EXTRAS E MÚSICAS DO CAPÍTULO*

~le abraça todos



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Capitulo Onze

Humanos ou Monstros?

Música de abertura

“Quando meros espíritos estão a sua volta, oque exatamente lhe vem a cabeça?

Correr, se esconder, rastejar?

Você poderá me ouvir no poço mais profundo da escuridão?

Meus pés sentem frio,

Meus olhos estão congelados

Você sabe o verdadeiro significado do amor?

Sabe oque é proteção?

Prometa para sempre ficar aqui.

Mesmo que por pequenos minutos ou longas horas.

Os dias passam, mas é estranho,

Porque você não está mais ao meu lado.

Traia o vento mais puro,

Venha me encontrar.

Oh, sinto-me morta,

Outra vez.”

~ ~

O vento batia prolongadamente em sua janela naquela madrugada de sábado.

Mellanie se remexia na cama enquanto dormia profundamente.

Seus pensamentos estavam fracos, dissipados, e por meros segundos ela podia sentir sua respiração falhar.

Era complicado agora.


E então ela se acolheu bem debaixo de seu cobertor, onde tudo parecia um pouco mais acolhedor e gentil.



Onde tudo simplesmente se transformava em uma bela primavera carinhosa, qual o doce aroma das rosas poderia ser levemente perceptível. Seus pés tornavam-se bem aquecidos, junto às maçãs delicadas de seu rosto. As mãos firmes em seu travesseiro e as pernas juntas no colchão. Mas, bem lá dentro de seu peito, ela podia sentir uma razão bem firme e concreta, de que aquilo tudo não passava de uma fantasia dolorosa. De que, tudo aquilo não passava de uma ilusão.


Mas de repente, dentre tantos pensamentos apertados e ocultos dentro de seu coração, a pequena garota sentiu mãos delicadas apertarem em seus finulos braços, bem atrás de suas costas. E, antes que sua pele pudesse reagir a mais um toque, seus grandões olhos verdes se direcionaram para a criatura bem atrás de si, bem ao lado daquela cama.

Era ele. Seu mais novo anjo protetor, que havia prometido assegurar todos os seus sonhos e livrá-la da dor noturna e de toda a solidão. O garoto azul sorriu quase momentaneamente, quando seus delicados olhos esverdeados olhavam-no com ardência. A garota podia sentir seu coração bater mais forte. Ele estava bem ali, ao seu lado, então, tudo ficaria bem.

— Eu estou com você agora, minha pequena garotinha. — ele disse carinhosamente, pausando os dedos ao topo da cabeça da menina que o olhou quase emocionada.

Aquilo estava acontecendo? Se não, ela não gostaria de despertar daquele sonho tão cedo.

— Acho que vou enlouquecer porque não tenho ninguém pra conversar. E você foi embora. — ela disse ao mesmo tempo em que sentiu sua voz falhar, diante as pequenas lágrimas que persistiam em escorrer por seu rosto alvo.

Alexy sorriu, acariciando com carinho seu rosto.

— Eu não fui embora minha pequena. Mas saiba que vai chegar o dia que você terá que caminhar sozinha. Você terá que enfrentar os pesadelos e as ameaças, enfrentar o seu destino espinhoso. Você compreende agora? Seu passado está voltando com uma corda nas mãos, e se você não continuar a caminhar, ele irá te enforcar. — ele disse olhando-a profundamente com tais olhos púrpura.

Ela suspirou, limpando o rosto lacrimosos com os dedos.

— Eu sei que devo continuar meu caminho. Mas, você não pode me acompanhar?

— Eu tenho que seguir meu próprio destino, pequena. Este não é mais meu plano, este não é mais o lugar onde devo ficar. E se eu ficar, eu não trarei nada mais que o mau para você.

— Então oque devo fazer para continuar viva, continuar o meu caminho e enfrentar tudo?

Ele sorriu.

— Vá e siga seus próprios pensamentos. Deixe que aqueles que se importam com você te protejam durante este longo percurso. Seja você mesma, e avance para a luz. Mate a escuridão e os espinhos que estão próximos. Siga seu coração, pequena rosa invernal. — ele concluiu por fim ao finalmente desaparecer como em um toque de mágica dentre seus olhos verdes.

Mas, ela sabia bem no fundo de seus sentimentos afinal, que aquilo não passava de uma doce ilusão. De um puro e bom sonho.

E que, ela iria despertar em breve, diante a fria noite do lado de fora...


O sonho se acabou, e seus olhos delicadamente se abriram.




“Não foi real? Sinto que o sonho se acabou, mas os pesadelos estão prontos para começar.




Mamãe. Estou com medo. Oque devo fazer?”


~~

— Manhãs de sábado, os passarinhos pousam e cantam nos galhos da janela! U-ú-ú ♪ — O homem cantava animadamente frente ao fogão, enquanto remexia com uma espátula o ovo frito na frigideira.

Logo atrás Lunna adentrou o local, coçando sutilmente a nuca e arrumando os cabelos negros.

— Oque tá fazendo, Kaien? — ela questionou revirando os olhos, irritada.

Ele abriu um largo sorriso para a mulher de pijama.

— Bom dia querida! Como eu sou um bom marido estou fazendo nosso café da manhã. E então, estou me saindo bem? — ele disse na brincadeira, dando espaço e apontando para a frigideira com dois ovos sendo fritos.

Bom, na verdade os ovos estavam sendo torturados ao invés de fritos.

Lunna colocou a mão sobre a testa, desanimada.

Desistia de viver, desistia daquela casa, desistia de tentar tomar conta daquele homem.

Homem? Porque não um bebê?

— Você faz essas coisas de propósito, sério. — ela bufou enquanto empurrava o homem e tomava a espátula de suas mãos.

Ele grunhiu baixinho como em reclamação, dando alguns passos e sentando na cadeira ao lado da mulher.

— As coisas estão acontecendo rápido demais, você não acha?

Ela o olhou ao canto dos olhos.

— Isso é ruim. Oque devemos fazer? — disse receosa, dando uma olhadinha para a porta e de lá fitando ao longe a escada que levava ao segundo andar — Estou preocupada com ela. Eu já sabia que algo assim pudesse acontecer, mas foi repentino demais. Ela havia acabado de conhecê-lo, e pela forma que falava daquele garoto, ele era realmente importante. Temos que começar a pensar como adultos, Kaien, ou mais pessoas irão morrer.

O homem olhou pensativo para o chão, retirando seus óculos redondos.

— Por enquanto temos que confortá-la e protegê-la. — ele disse — E falando em proteção... Onde está aquele desmiolado?

— Zero? Oh, eu o vi saltar pela janela hoje bem cedo. Fiquei um pouco preocupada, ele parecia machucado. — ela afirmou ao terminar de fritar os ovos e colocá-los sobre a mesa.

Kaien bufou. Já não era a primeira vez que o rapaz fazia tal coisa. Ele era ousado e desobediente. Fazia oque queria e oque estava preso em sua cabeça. Mas estava saindo do controle. Se continuasse a se machucar buscando por algo impossível, seria prejudicial para a protegida.

— Preciso do meu chá.


~~




O sol começava a raiar do lado de fora, enquanto o rapaz um tanto estranho encontrava-se “sentado” em seu pequeno sofá com a cabeça levemente reencostada.

Ele estava preso naquele caso, e por incrível que pudesse parecer, estava sendo complicado de se resolver. Não adiantava, de todas as formas que ele pensava, nada realmente lógico se encaixava em sua cabeça.

Quase sessenta morte em apenas um mês. Isso era algo terrível.

E, ele sabia que aquilo tudo não era somente um assassino e uma arma com sede de sangue. Não. Era algo muito mais além. E ele suspeitava que, algo realmente surreal estava matando todas aquelas pessoas.

Sim, algo. Algo determinado a matar absolutamente todos para concluir seu objetivo.

Seus olhos tornaram a se abrir com rapidez quando a porta do quarto ao lado se abriu. Ela estava lá, Hikka.

— Você ainda está acordado? Hum. — ela disse esfregando os olhos para espantar a sonolência.

— Estava pensando.

Ela se aproximou bem para o lado do investigador.

— Pensando? Em quê? — quis saber.

Ele suspirou.

— As mortes estão se estendendo. Estive pensando por um longo tempo, e cheguei a certa conclusão talvez equivocada. — ele respondeu.

A garota sentou-se ao seu lado no braço daquele sofá, olhando-o enquanto o vento atravessava tais cabelos azulados.

— Me conta?

— Pode parecer insano, mas algo entrou em minha cabeça, e não quer sair. — ele começou — O assassino, ou os assassinos. Não são humanos.

A garota arregalou os olhos, espantada com tal afirmação do detetive.

— Oque você disse?

— As pessoas que estão matando tantos inocentes, não são humanos como nós. São criaturas, animais, seres surreais e sanguinários. — ele afirmou mais uma vez.

Ela soltou uma risadinha de forma descontraída.

— Você tá bem? Acho melhor maneirar no seu café e no açúcar, Lawliet.

Ele desviou o olhar, levando seu polegar para os lábios.

— Isso não é loucura. Eu nunca erro. Tenho absoluta certeza de que não são pessoas como nós. — ele afirmou mais uma vez, tranqüilo.

Ela voltou a olhá-lo, mas desta vez seriamente. Seria possível criaturas surreais matarem daquela maneira? Mas, por quê?

— E se você estiver certo, oque iremos fazer? Miha, a amiga de Mellanie me falou que hoje terá mais uma reunião. Oque pretende fazer lá? Contar suas conclusões malucas pra todo mundo?

— Sim, pretendo falar. — ele apenas disse.

Ela revirou os olhos. Aquele jeitão tranqüilo demais dele estava começando a irritá-la.

— Ok, então você vai chegar, se sentar “normalmente” e começar a falar; “Olá pessoal, quero dizer a todos vocês que o maluco que anda matando geral não é um humano, é um monstro devorador de carne.” É isso?

Ele parou e pensou por um momento.

— Acho que você deveria tomar um café Hikkaru, está um pouco nervosa. Quer quantos cubos de açúcar? Sete ou Onze? — ele desviou do assunto calmamente, pegando uma xícara e começando a colocar café, enquanto olhava-a.

Ela mandou um “gentil” sorriso psicopata para ele.

— Eu vou embora. Minha amiga deve estar precisando de mim. Perder um amigo não é fácil. As pessoas morrem. Você sabe né? — a garota disse se direcionando para a porta.

Ele retirou o dedo dos lábios, olhando a garota, pensativo.

— Como se sentiria se eu morresse, Hikkaru-san? — ele perguntou inocentemente.

Ela apertou a maçaneta com força naquele momento, sentindo sua mão arder.

— E-Eu, ficaria... Triste.

Hum. E para quem você prepararia tortinhas de morango no meu lugar?

Ela sorriu.

— Para ninguém, Lawliet. A única pessoa para quem eu prepararia era pra você. — ela respondeu — Agora durma. Guarde sua inteligência e raciocínio para mais tarde.

Ele a observou abrir a porta em silencio.

Realmente, precisava descansar.

Mas afinal, dormir era para os fracos.

Preparou mais um café.


~~




O vento passou ferozmente naquele momento, atingindo seus cabelos ruivos. Seus olhos cinzentos se fixaram pesadamente nas cortinas balançantes da sala. Tudo estava tranqüilo demais. Mas, de qualquer forma, quando ouviu passos descendo os degraus da escada, soube naquele instante que a paz iria se acabar.

— Nossa, você acorda cedo! — o homem exclamou ao terminar de descer as escadas para a sala — Você vai ficar bem sozinho aqui de novo?

Castiel revirou os olhos.

— Será que dá pra calar a boca? Sua voz é irritante de manhã. — ele reclamou.

O homem riu, divertido, dando tapinhas camaradas nas costas do garoto ruivo.

— Seu senso de humor me cativa, sabia? — ele riu mais uma vez — Só fico preocupado com você, aqui sozinho.

— Não me faça rir. Você? Preocupado? — o ruivo sorriu sarcástico — Já tomou seus remédios hoje, velho?

O homem bufou, fingindo irritação.

— Fala sério! Você sabe muito bem que os meus remédios são para depressão, então não aja como se fossem para esquizofrenia, Castiel.

— Não precisa se preocupar comigo querido tio, eu sou um garoto bonzinho. — o ruivo respondeu com um sorriso final, ao se aproximar da grande janela e sentar-se bem no largo parapeito de madeira dela, olhando bem para fora, onde folhas alaranjadas lentamente caiam em direção ao chão.

O homem apertou os olhos.


“Garoto bonzinho, hein? Isso é o que realmente me preocupa.”




Seu tio era um homem muito ocupado, qual tomava conta de suas grandes empresas no centro do Estado. Por dentre esse e outros motivos que sempre se ausentava, nunca ficando de fato ao lado do sobrinho. Era algo realmente complicado, afinal, suas relações com ele nunca foram firmes o bastante. Dês de que o garoto era apenas uma criança, nada nunca mudou de fato dês da morte de seus pais, quando ele era muito pequeno. Castiel sempre fora um garoto alegre e agitado, até a perda de sua família. Era doloroso para ele, sobreviver até então com tal sentimento amargo e pesado em seu coração. O homem sabia de tudo que ele tivera que enfrentar. Mas, quando sua irmã mais velha partiu, aí sim foi o fim para o ruivo. Seu mundo havia se acabado.

O homem suspirou do outro lado da sala, pegando sua pesada mala e carregando até a porta.

— Espero encontrá-lo vivo, quando eu voltar. — o homem disse sério, abrindo finalmente a porta.

Castiel apenas direcionou os olhos frios na direção daquele homem, fitando-o por alguns segundos até que a porta finalmente se fechasse.


“Vivo? Mas oque é isso, meu querido tio. A vida na verdade nunca esteve em mim. Eu nunca estive vivo, afinal. Eu sou uma pessoa morta, por dentro.”




~~





Os galhos daquelas árvores se sacudiam com violência, no mesmo momento em que ele saltava por elas. O tempo naquela manhã estava instável, um tanto agradável até. Mas sua pele fervia em ódio, com os pensamentos elevados e distantes.

“Merda, onde está?” o esbranquiçado pensava rudemente enquanto saltava os troncos das árvores. Não pretendia desistir, sabia muito bem oque procurar. Era uma caçada. Uma procura impossível, talvez. “Eu vou achar você, seu monstro. Irá pagar por tudo que fez e pretende fazer. Não deixarei que toque em um fio de cabelo daquela garota... Espere e, eu irei te eliminar.”

Os olhos cor púrpura de Zero ferviam em ódio e procura, enquanto firmava seus punhos para trás, sentindo o sangue escorrer por seus braços alvos, saltando e saltando com ainda mais fervor e rapidez.

Ele sabia, de certa forma, ser uma busca cansativa e impossível. Afinal de contas, oque tanto caçava não eram humanos normais e sim animais sanguinários.

Era perigoso, e sabia que poderia perder sua vida, mas naquele instante, nada mais importava. Faria de tudo para protegê-la do perigo. E ele sabia, que a ameaça estava bem debaixo de todos, bem próximo.


~~




Seus pés tocaram os primeiros degraus da escada, quais levavam para o andar de baixo.

Mellanie esfregou os olhos e bocejou, sentindo seus cabelos balançarem e chocarem-se contra os ombros, devido ao vento que saia das janelas nas laterais da parede.

Ao finalmente terminar de descer as escadas, seus olhos se encontraram com seus dois guardiões atrapalhados.

Sorriu.

— Bom dia, querida. Como se sente esta manhã? — Kaien sorriu pequenamente, segurando sua xícara de chá.

Mellanie forçou um sorriso.

— Me sinto bem, obrigada Kaien-san. — mentiu, até porque, preocupar aqueles que se importavam com ela não era a melhor coisa no momento, tinha que seguir em frente, assim como em seu sonho o garoto azul havia lhe recomendado, tinha que ser firme, e principalmente, não envolver tanto as pessoas que amava em toda aquela armadilha.

Lunna sorriu e se sentou, servindo o homem de alguns biscoitos.


A garota balançou os cabelos longos e castanhos, virando o rosto juntamente para o lado, na direção da sala, onde na pequena poltrona seus olhos verdes se fixaram na pequena menininha atormentada. Mayuri estava lá, comportadamente sentada com as palmas das pequeninas mãos firmes em ambos os joelhos. O rostinho pálido e o olho descoberto petrificado em Mellanie, que a olhava sem entender.



Se aproximou devagar,


— Ei, oque está fazendo aqui pequena May-chan? — a garota perguntou em sussurros, tomando cuidado para que os guardiões não percebessem o diálogo.

A menina apertou os dedos nos joelhos com mais força.

— Não me chame assim, é ridículo. — ela revirou os olhos — E não estou aqui por minha própria vontade, se foi isso que achou.

Mellanie sorriu um tanto divertida com o modo que a garotinha se estressava com facilidade.

— Então porque está aqui?

— Saritcha me obrigou a ficar ao seu lado o dia inteiro hoje, fazendo companhia a você. — ela bufou — Agora me diga, eu sou a melhor escolha para companhia? Se nem mesmo ninguém pode me ver?

— Você é uma ótima companhia, pequena. Agora, vamos sair um pouco daqui, deve estar se sentindo sufocada. — Mellanie sorriu gentilmente.

Mas, antes que a garota puxasse a menina pelo braço na intenção de levá-la para fora, Mayuri a deteve, desviando-se.

— Não, eu gosto daqui... — a garotinha olhou para os dois guardiões da garota sentados na mesa — Me faz lembrar sobre como é ter uma família... Eu gosto dessa sensação.

Mellanie trancou o sorriso, curvando o rosto e olhando-a com carinho.

— Uma família... Talvez seja difícil dizer de verdade, oque é ter uma. — Mellanie sorriu triste.

A menina olhou-a.

— Isso porque você não sabe oque é ser vendida para um demônio pela pessoa que você mais amava no mundo.

Mellanie deixou os olhos bem abertos. Sabia da história da pequena garotinha que teve sua alma carregada por um demônio da escuridão. Era doloroso, só de imaginar.

— Bom, você vai ter bastante tempo para me contar toda a sua história, então sinta-se à vontade. — Mellanie disse.

A menina assentiu, voltando sua atenção a um pequeno medalhão em suas mãos.

Mellanie se distanciou, sentando-se junto à Kaien e Lunna, para tomar café.

O dia seria longo e terrivelmente duro, juntamente carregado de lembranças de uma semana inteira. Uma semana alegre, junto ao seu garoto azul. Alexy.


~~




Os cabelos negros se chocaram contra a parede úmida daquele beco escuro.

Meredy encontrava-se sentava naquele chão, com as costas na mesma parede onde seus cabelos encontravam-se presos. Olhos ameaçadores e verdes.

Logo levou seu dedo anelar aos lábios, mordiscando a unha longa coberta por uma coloração viva de esmalte vermelho.

— Preciso de algo para complementar o meu plano... — ela começou de repente, com os olhos verdes distantes enquanto o rapaz assustador ao seu lado começava a encará-la com dúvida.

— Oque quer dizer? — ele perguntou.

Ela sorriu.

— Eu estou muito perto dela agora, mas sinto não ser o suficiente. Mesmo assim, só poderíamos nos encontrar na escola, então não é o suficiente. — ela respondeu pensativa.

— Então, oque pensa em fazer?

— Tenho que arrumar outra maneira de se aproximar dela, mais intimamente, e pouco a pouco se infiltrar. E por fim, terminar o meu jogo.

Dylan fixava seus olhos levemente avermelhados naquela criatura.

— Mas como você mesma disse, só poderá se aproximar dela dentro da escola, então, oque pretende fazer? — ele questionou, dando de ombros.

Salvatore calmamente virou seu rosto na direção daquele rapaz.

Suspirou.

— Você é minha próxima peça, querido. — ela disse de forma perigosa,

Ele apertou um tanto os olhos em sua direção.

— Quer que eu me aproxime da garota?

— Ora, você está no meu jogo também, não está? Então faça oque eu digo. — ela disse friamente, fechando os lábios vermelhos antes formados por um sorriso ameaçador.

Ele suspirou, desanimado.

— Entendi. Farei oque você quiser.

— Muito bom. — ela murmurou — Lembre-se de se aproximar com cautela, para que não desconfiem de nada. Está entendido?

Ele assentiu, mas logo parou, tornando-se pensativo.

— Mas e aquele vira-lata que fica sempre ao lado dela? — ele começou — Aquele garoto-lobo com olhos raivosos, ele pode ser uma pedra no meu caminho.

Meredy sorriu de canto.

— Zero Kiryuu. O hunter desgraçado e cão de guarda da garotinha do Kuran. — ela riu debochadamente — Ele está nos caçando agora. Mas não se preocupe, ele não morderá você. É apenas o Anjo protetor dela, mas tome bastante cuidado, ele pode sentir seu cheiro. — zombou.

Dylan arqueou os olhos como se um desafio tivesse sido lançado.

— Esse cara... — ele começou firmando os punhos — ... esse idiota, é meu.

A mulher sorriu vitoriosa.

E, quando os ventos fortes entraram naquele beco, ela pôde concretizar que a manhã estava se iniciando. E que, o dia seria longo.

O jogo estava começando, finalmente.

E logo sentiu o cheiro do sangue se aproximar. Estava realmente faminta.


~~




“SilentStreets – 15h45 PM.”


O grupo estava completo e formado naquela sala. Todos estavam lá, reunidos para mais uma importante reunião de investigações.



Lysandre estava em pé, alinhando as fitas em ordem para começar a rodar. Mary sentava ao lado de Miha e Nathaniel, com a cara fechada, olhando arduamente para o esquisito bem na sua frente. Lawliet, ou simplesmente Ryuzaki. Ela com certeza não conseguia ficar no mesmo espaço que aquele cara, não conseguia se igualar a alguém como ele. Era misterioso, e ela sabia que escondia algo muito grande.


A loira desviou os olhos para Mellanie, que encontrava-se sentada bem próxima á loira no canto da parede, com os olhos cabisbaixos. Realmente, a perda de alguém que ama era doloroso. Ela compreendia aquela dor.

— Então pessoal, vamos começar? — Hikka levantou as mãos na tentativa de levantar o astral de todos naquela sala.

— As fitas estão prontas. Mary, o controle remoto está com você. — Lysandre disse voltando para o sofá.

Maryana suspirou, dando finalmente inicio a fita de vídeo.


Meia hora depois de assistirem todas as cenas do crime, Mellanie se levantou do canto da parede e retirou em silêncio algo de dentro do bolso do short jeans desbotado. Todos olharam com dúvida.



— Ontem, quando Alexy morreu no chão daquele pátio bem na minha frente, eu achei isso colado atrás de sua camisa quando o abracei. — ela disse sentindo os olhos queimarem — Este laço de fita vermelho estava em suas costas no momento de sua morte. Agora me digam vocês, oque isso significa?


Ela sabia muito bem oque aquilo significava, mas, oque eles achariam daquilo?

Todos arregalaram os olhos, menos o detetive e a pequena loira Sherlock Holmes, que olhava tudo aquilo com atenção.

— A marca do assassino. — Mary disse.

Ryuzaki olhava aquela fita vermelha nas mãos da garota baixinha com o polegar nos lábios. Pensava e pensava sem parar. Algo estava muito deslocado naquilo tudo.

— O garoto que morreu... — Ryuzaki começou — Era recém-chegado na escola, estou certo?

Todos se calaram,

— Sim, ele era novato. — Mellanie respondeu.

Hm, compreendo. — disse pensativo — Isso quer dizer que o assassino já está no colégio, e provavelmente sua verdadeira vítima está na mira.

— Mas a questão agora é, quem está na mira? — Miha formou uma hipótese de repente.

O silêncio mais uma vez se formou naquela sala.

— Isso tá complicado... — Nathaniel disse soltando ar pela boca, desanimado.

— A marca do assassino apareceu no Alexy, mas porque justo nele? Um novato? — Hikka disse.

Humm... Talvez ele estivesse passando por pura conhecidencia pelo corredor no mesmo momento em que o assassino passava também, daí ele acabou se tornando uma vítima. — Miha respondeu,

— Não é somente isso, — Ryuzaki disse enquanto se curvava para o lado, pegando sua xícara de café — Não acho que foi por conhecidencia. Há algo a mais nessa história.

Mary revirou os olhos.

— Você pode estar errado, “senhor” inteligência. — Mary provocou.

— Senhorita Chie. — Lawliet levou seus olhos azuis e frios para a pequena loira detetive — Tenho duas regras que você deve seguir sobre minha pessoa. Primeira, eu nunca estarei errado. Segunda, se eu estiver errado, volte para a primeira regra.

A loira bufou.

— Foi a primeira morte com um dos alunos de Sweet Amoris, certo? Talvez este seja o aviso de que o assassino já esteja na escola, e que já está à procura de sua verdadeira vitima. É um aviso. — o vitoriano disse, firmando sua teoria.

— Talvez você esteja certo, Lysandre. — Mellanie disse — Mas é inútil firmar teorias agora, é muito cedo para isso. Oque devemos fazer é observar.

Hum. Mellanie está certa. Temos apenas que observar, por enquanto. — Ryuzaki concordou, deixando sua xícara sobre a mesa de centro.

— Esperar e deixar mais pessoas morrerem? É mesmo isso que vocês querem fazer? — Lysandre retrucou.

— Calminha aí gente, estamos por trás dos panos também, esqueceram? Temos que tomar cuidado, porque se o assassino descobrir a gente estaremos mortos, com a cabeça rolando pelos corredores da escola. — Nathaniel avisou.

Miha revirou os olhos, dando um pequeno soco nas costelas do loiro.

— Não atrapalha, idiota. — a rosada disse olhando mortalmente para Nathaniel.

— Nathaniel-kun está certo. Temos que agir com cautela. — Hikkaru disse.

Mellanie suspirou.

— Não importa. Iremos descobrir quem está matando todos desta maneira. — Mellanie firmou o olhar com determinação — Eu prometo, por Alexy, eu vou encontrar esse animal.


Silêncio.




— Eu tenho algo para contar, algo que está na minha cabeça já a algum tempo. — Ryuzaki disse com seu jeito calmo, enquanto terminava de empilhar cubos de açúcar em cima da mesa.




— Lawliet... — Hikka sussurrou em reprovação somente para que ele ouvisse.


— Diga. — a loira disse seca.

Todos o olharam com atenção.

— O assassino ou os assassinos que estão cometendo tantas atrocidades por aqui, não são como nós. — ele disse.

Miha curvou a cabeça em dúvida.

— Como assim não são como nós, Ryuzaki? — questionou a rosada.

— Eles não são humanos. — começou, enquanto todos mantiveram-se com os olhos arregalados — São monstros, animais sanguinários surreais, que não querem nada menos que caçar sua verdadeira presa. São perigosos.

Meio ao silêncio de alguns segundos, a loira detetive soltou gargalhadas altas pelo local.

Tsc, você ficou maluco de vez? Está tentando nos convencer de que não são pessoas por trás dos assassinatos e sim monstros surreais? Qual o seu problema, cara? — ela cuspiu as palavras com hostilidade — Eu sempre pensei que você fosse retardado, mas não a esse ponto.

Lawliet manteve-se calmo como se costume, com os olhos tranqüilos e petrificados, enquanto olhava a pequena loira investigadora.

— Mary, não seja tão grossa! — Miha a repreendeu.

— Como assim "não seja tão grossa" ? Ele é maluco, está tentando enfiar nas nossas cabeças que tem um unicórnio psicopata correndo atrás de jovens pelas ruas. — Mary provocou.

Mellanie suspirou, escorregando as costas pela parede, voltando a sentar-se no chão.

Aquilo estava saindo do controle, enquanto a pequena Mayuri encontrava-se também sentada ao lado da anã.

— Eu nunca erro, senhorita Chie. — Ryuzaki afirmou friamente — Então, não seja tão audaciosa em tentar me ferir com palavras cruéis. Até porque, eu nunca serei atingido por nenhuma delas.

A loira apertou os olhos com fúria, enquanto os outros quatro, Nathaniel, Miha, Lysandre e Hikkaru observavam toda aquela cena.

Manteve-se o silêncio, até finalmente a garota baixinha remexer nos cabelos castanhos com raiva.

— Ele pode estar certo. — Mellanie disse, e naquele momento todos a olharam com surpresa — Eu não tenho dúvidas que seja de fato um monstro sanguinário determinado a matar pessoas. Vocês têm dúvidas sobre isso? Foram quase Setenta mortes, pessoal. Agora me digam; como uma pessoa comum poderia ter tal poder sobrenatural de matar tantos assim? Mesmo que fosse uma gangue inteira, é algo impossível.

— Mas e se for, então, que tipo de monstro seria? — Nathaniel questionou.

Todos pensaram.

— Bom, estamos aqui para isso, não é? Para investigar. Então, iremos descobrir qual tipo de fera está causando tanta confusão. — Lysandre disse com um sorriso puro e animado, juntamente com seus olhos bicolores apertados.

Quanta animação. Vocês estão querendo mesmo morrer? — a pequena Mayuri disse revirando os olhos.

Mellanie sorriu ao olhar o rostinho “angelical” da pequena menina.

— Seja uma menina boazinha e fique quieta, está bem? — Mellanie sussurrou disfarçadamente.

A garotinha bufou.


Depois de algumas horas dentro daquela sala, todos se despediram, indo para suas devidas casas.



Hikkaru acompanhou Lawliet até sua casa, já que era um vizinho de Mellanie, não teria problema em preparar alguns doces para o detetive.


Mellanie estava sozinha, mais uma vez, ou pelo menos quase sozinha.

Mayuri ainda estava ao seu lado. Mas, o começo de noite já estava sendo anunciado nos céus daquela tarde.

Mas antes que a baixinha pudesse subir as escadas por fim, foi ouvido um pequeno estrondo vindo da janela da sala, uma janela grande, quais cortinas balançavam sem parar diante ao vento persistente.

A garota se aproximou, e de trás das cortinas brancas saltou o rapaz de cabelos esbranquiçados. Zero havia chegado — de maneira inusitada — finalmente. E, seus olhos púrpura se penetraram na garota, naquele instante. Olhos frios e cansados, juntamente com a respiração ofegante. Seu casaco estava um pouco rasgado nas alterais, oque deixou Mellanie intrigada.

Oque ele andava aprontando?

Mas, o olhar se desviou dos olhos verdes para um comum vermelho e outro oculto por um tapa-olho. Zero arregalou os olhos naquele momento, ao olhar para baixo e enxergar a pequena menina ao lado de sua protegida.

— Quem é essa menina? — ele perguntou com os olhos firmes em Mayuri.

Mayuri arregalou os olhos em surpresa, encarando aquele rapaz.

Mellanie olhou assustada para os dois, variando o olhar.

— E-Ela é uma amiga. — respondeu com dificuldade.

Zero apertou os olhos, desconfiado.

— Eu vou subir agora. — ele disse — Mais tarde tenho algo a te falar.

Mellanie assentiu, enquanto rapidamente o via subir as escadas para cima.

Mayuri a olhou com peso.

— Ele consegue me ver... Ele... — ela falava quase em sussurros, com olhar perdido pela sala.

— Tudo bem pequena, não é nada de mais, né? — Mellanie sorriu sem jeito, tentando animá-la.

Mayuri se afastou.

— Almas não devem ser vistas por humanos normais... — Mayuri retrucou com irritação, mas de repente algo iluminou sua mente. — A menos que...

Mellanie a olhou.

— Oque foi?

— A menos que ele não seja um humano comum. — a menininha falou — Ele é seu protetor, não é?

Mellanie assentiu, desorientada.

Mayuri sorriu,

— Entendo. — disse — Eu já deveria saber, afinal, ele é especial. Um hunter.

A garota pressionou os olhos, confusa.

— Um hunter? Mas,-

— Um caçador. Ele estava na caçada o dia inteiro. Não percebeu o estado em que ele estava agora a pouco? Estava esgotado, sujo. — Mayuri disse séria.

Era verdade. Quando ele saltou janela adentro Mellanie já pudera perceber seu estado. Parte de seu casaco rasgado e um ferimento no braço.

Oque estava acontecendo, afinal?

Então, ele era de fato um caçador?

A menininha começou a caminhar em direção a porta, iria embora sem ao menos se despedir, mas a garota a impediu com sua voz.

— Já está indo embora?

— Sim. Minha missão acabou por hoje. Espero não ter que ficar ao seu lado outra vez amanhã.

Mellanie sorriu divertida, levantando a mão e acenando gentilmente.

E, ela finalmente desapareceu de vista. Havia ido embora.


Mas, seus pensamentos naquele momento iam bem mais além daquelas escadas ou quartos. Seus pensamentos estavam distantes, e de certa forma pregados em algum lugar daquela casa. Ela somente queria entender. Oque ele era, de verdade? Seu anjo Negro? Seu cão de guarda, ou apenas um caçador? Estava tudo muito confuso.



Seus pés ficaram gélidos, e então a garota se jogou no sofá, escondendo o rosto dentre as almofadas.


Estava tudo perdido em sua cabeça.


“Quero entrar em seus pensamentos, meu perturbado garoto misterioso.”




**

Meros humanos não podem sentir,

Meras almas não podem se sucumbir,

Resista,

Mostre-me que seu coração não é mais tão frágil

Aperte-me em seu olhar, em seus braços

Monstros são capazes de matar os sentimentos alheios?

De sufocar a alma daqueles que não podem caminhar?

Você está presente em meus pesadelos agora,

Mas é um tanto estranho,

Porque você não pode me enxergar?

Venha me matar

Animais sanguinários agarram-me pelos pés, Prontos a me devorar

Eu tenho medo,

Estou morta e presa naquele chão encharcado por sangue.

De quem pertence todo este vermelho?

Você matou a quem eu mais amava,

Mas agora, outra vez, você irá pagar por minha dor.

Venha, mate-me novamente.

Mas por favor,

Mantenha-me viva em seus pensamentos.

Monstros ou Humanos?

Somente o silêncio desta cidade revelará (...)

**


Música de Encerramento - Alumina




[Imagem Extra do Capitulo ~ Mayuri]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Mellanie]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Castiel]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Ryuzaki/Lawliet/L]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Dylan]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Zero]

Fim do Capitulo Onze.






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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura. Comentem, complementem, critiquem, ajudem.

*Estava pensando em parar de escrever, mas e ai, deem suas opiniões, se querem que eu continue ou pare.

Até a próxima.