The Rose Of Darkness escrita por Pye


Capítulo 11
Capítulo 6 – Que a chuva caia sobre meu coração.


Notas iniciais do capítulo

E estou aqui com mais um capítulo pra vocês. Um pouco mais doce e amável, mas não por tanto tempo, ok? Prometo muito sangue para o próximo.

E esse é para as minhas lindas Chydori-chan, SamantaVane (Mary-chan), E a minha nova leitora; Insana (Miha-chan).

Espero que gostem.

NÃO ESQUEÇAM DAS MUSICAS E DAS IMAGENS EXTRAS.



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Capitulo Seis


Que a chuva caia sobre meu coração


Música de abertura



Minha voz chama suavemente o céu da escuridão,


É uma mentira ou um sonho?



Já perdi meu corpo.


E meu coração pergunta que preço devo pagar,

E o que eu ganharia…

Apesar da ferida incurável que devora meu coração,

Não posso deter completamente meus pensamentos que habitam na escuridão.

~ ~

Finalmente Segunda-feira. Aquele diazinho chato e preguiçoso que todos temem chegar, estava ali agora, atormentando todos novamente.

Mellanie encontrava-se com o queixo apoiado nas mãos como se estivesse com o pior dos tédios, com olhar morto e caído em direção ao lerdo do professor de geografia. Talvez tudo aquilo pudesse ser uma tortura.

Mary e Lysandre não pareciam muito diferentes, estavam com as mesmas feições mortas da menina, prontos a se matar, se fosse possível, claro.

O professor falava sobre os costumes dos brasileiros, poderia ser interessante se o homem não parecesse uma minhoca morta de calças na frente do quadro.

A garota revirou os olhos e olhou para trás, fitando a última carteira na tentativa de achar um certo garotinho ruivo e grosseirão. Nada encontrou. Sua cabeça ferveu no mesmo momento, até porque, a terceira aula seria de história, e de uma coisa ela sabia; não iria levar uma bronca daquele professor esquisito por causa daquela peste, ah, de jeito nenhum!

Virou para trás e deu de cara com o garoto de olhos bicolores hipenotizantes.

— Ei, Lysandre, sabe onde o capeta se enfiou? – Perguntou com a voz baixa para não chamar atenção dos outros.

Lysandre riu.

— Eu o vi chegar na escola mais cedo, mas não sei pra onde ele foi. – Respondeu.

Mellanie tornou a revirar os olhos irritada, logo se virando e cutucando Maryana na sua frente.

Psiu, Mary-chan! – Chamou abafando a voz.

— Ei Mell, algum problema? – Perguntou se virando um pouco para trás.

— Sim, um problema chamado Ruivo do mal. – Mellanie respondeu mordiscando o lábio inferior, aflita. — Sabe onde ele se meteu?

— Tenho cara de babá? – Ela respondeu com voz grossa e cruzando os braços, na tentativa de imitar o ruivo desaparecido. — Brincadeira. – A loira riu. — Não faço idéia.

Mellanie trincou os dentes discretamente e apertou os punhos na mesa.

— Droga, tem aula de história daqui a pouco, se o professor desconfiar de que Castiel matou aula até lá, vou estar morta. – Reclamou desviando o olhar para o chão.

Maryana soltou algumas risadinhas, divertida.

— Vamos Mell, pense um pouco. – Ela começou com voz calma. — Tenho certeza que você sabe muito bem onde encontrar ele.

A garota levantou os olhos na direção da loira e os revirou em seguida, sorrindo.

Sim, de fato ela sabia muito bem onde encontrar aquele ruivo irritante.

E iria matá-lo.


~~







— Feliz aniversário, pequena. – A linda mulher de longos cabelos esbranquiçados disse, animada e com um laço de fita em mãos.


Mayuri completava exatamente treze anos.

Seus curtos e repicados cabelos negros, seu longo vestido de ceda branca e olhos bi coloridos transpareciam serenidade naquele momento, apesar da aparência assustadora de todos os dias, naquele ela estava diferente. Sim, diferente. Estava com certo brilho no olhar, felicidade? Quem sabe. Até porque, oque esperar de uma pequena garotinha levada pelas trevas, não é mesmo?

Saritcha se aproximou da menina e prendeu o laço de fita vermelho em uma mecha de seu cabelo.

— Você lembrou. – Ela disse séria enquanto tocava com a ponta dos dedos o laço no cabelo.

— Nunca esqueceria. – Saritcha disse com um sorriso enquanto se agachava no chão, ficando na altura da garota. — Lembra-se quando tinha seis anos? Naquele dia nos encontramos. O destino nos juntou.

A garotinha fechou os olhos com um suspiro.

— Foi um dia triste.

— Esqueça o passado. Porque não tenta livrar-se dessa dor? Tente sorrir, pelo menos hoje. – A mulher falou, permanecendo o sorriso doce, acariciando as bochechas da menina com os dedos.

— Obri... – Mayuri começou com dificuldade. — Obrigada, Saritcha.

A mulher fechou os olhos, apertando-os com força e felicidade, e em seguida agarrou a menina em um abraço apertado.


Algumas folhas caiam ao chão daquele parque, junto aquela aparência diurna escurecida que dizia claramente; chuva. Bastava olhar para aquele céu para comprovar que poderia chover a qualquer momento. Estava cinza, completamente cinza enquanto as nuvens atravessavam o céu demoradamente, naquele momento...





~~











A primeira aula estava quase no fim. Mellanie guardava os livros dentro da mochila até sentir a voz calma da amiga perto de sua mesa.


— Mellanie, tem algo a mais que você precisa saber. – Ela disse.

Lysandre tirou sua atenção dos livros e encarou as duas curioso.

— Sobre oque, Mary-chan?

— Sobre o Castiel. – A loira respondeu com receio.

Mellanie revirou os olhos.

— Não quero saber.

— Mary, oque foi? – Lysandre perguntou se aproximando das duas com um impulso.

A loira suspirou.

— Mellanie, escuta. – Começou. — Não sei se você já viu, mas, o ruivo carrega sempre com ele um cordão bem pequeno de prata, que tem um pingente de coração e... uma foto dentro.

Mellanie abriu bem os olhos, atenta.

Sim, ela lembrava-se daquele pequeno cordão prateado e daquele pingente consigo uma foto minúscula. Ela até abriu e viu com os próprios olhos. Mas, oque era aquilo, exatamente?

— A foto... Quem era a mulher da foto? – A garota perguntou.

Lysandre abaixou os olhos, desanimado.

— Aquela é a irmã dele. – Respondeu séria. — Lembra quando te contei que a irmã dele morreu por conta de ter sido assassinada? Então, o motivo dela ter sido assassinada é desconhecido por todos, mas, dizem que ele sabe do motivo. Duas pessoas têm aquele pingente com a foto dela dentro. Ninguém sabe qual é a outra pessoa, mas sabemos que ele tem um. Castiel não desgruda daquela foto.

Mellanie olhava a amiga com atenção.

— A irmã de Castiel? – Ela disse pensativa, lembrando-se do rosto e cabelos dela, apesar de serem negros, seus olhos eram bem semelhantes aos dele. — Mas se ele sabe do motivo do assassinato, porque não corre atrás do assassino?

Mary suspirou.

— Hoje é o dia, né? – Lysandre disse se intrometendo.

A loira apenas sorriu sem humor e assentiu com a cabeça em sua direção. Mellanie os olhou desconfiada.

— Dia de que, Lysandre? – Ela perguntou curiosa, mas foi interrompida pelo toque do sinal.

Já seria a próxima aula.

— Então gente, parece que a professora não veio hoje. Espero que tenha morrido. Aula vaga! – Maryana disse se levantando em um pulo, claro, desviando do assunto pesado de antes.

Mellanie abaixou os olhos e continuou sentada, pensando e pensando sem parar em várias probabilidades. A irmã do ruivo. Quem era ela, de verdade? Porque foi assassinada? Uma mulher tão bela e jovem... Por quê?

Um a um foi saindo da sala, deixando somente os três lá dentro.

— Sabe oque fazer agora, não é? – A loira disse bem próximo ao ouvido da garota, que despertou no mesmo instante, lembrando-se de seu compromisso.

Nesse momento teria que achar o ruivo desaparecido. Missão não tão quase impossível.

Lysandre sorriu e se levantou, tornando em sua posição tipicamente vitoriana, chamando a loira para a biblioteca.


Quando chegou naquele pátio bem aos fundos do colégio, a primeira coisa que a garota avistou foi aquela mesma árvore, tão grande quanto qualquer outra nas proximidades. Ela suspirou e se aproximou, levantando os olhos para cima, logo se deparando com certos cabelos vermelhos. Castiel estava lá, como de costume, deitado naquele enorme tronco a alguns metros de sua cabeça.




A vontade era de matar, esfolar e decapitar a cabeça daquele ser, mas claro, ele a mataria bem antes dela sequer tocá-lo. O vento havia diminuído, mas não completamente. Ela revirou os olhos e deu um primeiro chute na árvore, na tentativa de chamar a atenção dele.




Foram três chutes, exatamente três chutes necessários para que a peste acordasse.


— Estava realmente dormindo? – Ela disse de forma grosseira. — Ah, isso não importa. Vem, desce logo daí.

Ele sorriu sarcástico.

— E porque eu faria isso? – Começou. — Se me der um bom motivo quem sabe posso pensar no seu caso, né? – Ele riu.

Ela tornou a revirar os olhos.

— E se eu tacasse o meu sapato na sua cara, será que esse seria um bom motivo pra você descer daí?

Ele cruzou os braços acima da barriga e suspirou tranqüilo.

— Se você fizer isso, eu te mato, anã.

Ela soltou ar pela boca e fechou os olhos, deixando seu corpo cair com tudo no chão, sentando-se e se encostando naquela árvore, como costumava fazer. Pausou as mãos nos joelhos apertadamente, de modo apreensivo e pensativo.

— Já teve vontade de sumir do mundo? Sabe, esquecer de tudo e simplesmente cavar um buraco e se enterrar? Esquecer, esquecer e esquecer das lembranças, dos pesadelos... – Ela começou a falar, com os olhos bem fechados.


Manteve-se o silêncio.





O ruivo saiu um tanto de sua posição relaxada e olhou para baixo, fazendo de certa forma seus cabelos caírem sobre o rosto. Viu a garota de olhos fechados e com um sorriso, mas não um sorriso despreocupado e alegre, não. Aquele sorriso era algo a mais, um sorriso de perturbação e receio, quem sabe?







Ele apenas suspirou, rolando os olhos e voltando a sua posição relaxada de antes.





— Temos vontade de muita coisa, mas na maioria das vezes são coisas impossíveis. – Ele disse quase em um sussurro, desejando profundamente que ela não o ouvisse.


A garota abriu os olhos, sorrindo com eles de forma doce.

— Você é um garoto complicado, Castiel. – Ela riu. — Sabe, talvez você apenas devesse tentar interagir mais com as outras pessoas. Entendê-las e se deixar ser entendido. Desabafar.

Ele soltou uma risada curta e de certa forma zombeteira.

— Eu costumava desabafar com algumas pessoas quando ficava triste. Mas hoje eu prefiro apenas pegar um fone, colocar uma boa música e escutar, ou melhor, deixar elas me escutando. – Disse calmo. — As pessoas não merecem saber oque eu sinto. A sociedade me irrita.

Mellanie desmanchou o sorriso. Olhou sutilmente para cima e suspirou. Aquelas palavras de certa forma haviam lhe tocado. Castiel era um garoto solitário e porque não dizer triste? Se ele era nervosinho, mandão, cretino, preguiçoso, grosso e tudo mais, na verdade, era oque todos diziam, era oque todos fizeram dele. Mas na verdade esse “todos” não sabiam nem da missa metade de como ele era por dentro. Como ele era de verdade. Não sabiam qual sua comida ou matéria preferida, quais roupas ele mais gostava ou quais cantores ele mais admirava. Ninguém na verdade sabia de nada sobre ele, então, porque julgar? Se ele era assim, tão isolado e amedrontador, porque não dizer que os verdadeiros culpados eram as pessoas ao seu redor?

Essa era a verdade por trás daqueles olhos amargamente acinzentados.

— Então, Castiel. – Ela começou enquanto se levantava em um pulo. — Faltam cinco minutos pra terceira aula. Vamos, desce logo daí. Você sabe muito bem qual aula é.

Ele revirou os olhos e cruzou ainda mais forte os braços ao redor do corpo.

— Vaza garota. – Disse irritado. — Quando bater o sinal eu vou, agora vai logo. Odeio que fiquem pegando no meu pé.

Ela sorriu e balançou a cabeça. Talvez ele nunca fosse capaz de mudar.

Quem sabe?


Mellanie correu em direção ao corredor, chegando rapidamente a sala de aula. Todos já estavam arrumando seus livros em cima da mesa, mas pararam no mesmo momento ao verem ela entrar. Disseram que o professor iria se atrasar dez minutos por motivos pessoais.




A garota se aproximou e se sentou em sua mesa, mas não demorou muito para que ela fosse abordada pela loira.




— Encontrou o cãozinho perdido? – Brincou Mary.


Mellanie revirou os olhos.

— Estava no lugar de sempre. Tive sorte. – Falou mandando uma piscadela em seguida.

Elas continuaram a conversar junto a Lysandre, mas agora entrando ainda mais a fundo na nova reunião sobre os assassinatos que teriam depois da aula. Estava tudo certo com Miha e Nathaniel, eles sairiam quinze minutos após o fechamento das aulas, então eles iriam para a biblioteca discutir o caso.

Os dez minutos se passaram como em um piscar de olhos, mas antes que o professor entrasse na sala, a garota arregalou os olhos e olhou para trás, em direção a uma certa carteira. Estava vazia.

— Eu vou matar aquele-

— Bom dia, alunos. – A garota foi interrompida ao ouvir a voz de Sebastian, que se vestia muito bem, como sempre.

Por um momento Mellanie podia sentir aqueles olhos negros lhe fitarem com calor.

— Ah não. – Ela sussurrou.

— Senhorita Yukino. – Ele chamou sua atenção, aproximando alguns centímetros de sua mesa, com certo sorriso sádico. — Está cuidando bem dele como combinado?

Ela olhou para os dois lados, sentindo-se perdida meio a todos aqueles olhares que pareciam querer-lhe enforcar. Apenas abaixou os olhos e soltou uma mentira.

— Sim, professor.

Ele sorriu ao canto dos lábios, agora se abaixando um tanto, podendo ficar bem próximo a ela.

— Então porque ele não está aqui agora?

Ela sentiu seu coração gelar.

— Perdoe-me, professor. Dou minha palavra de que ele virá na próxima aula. – Respondeu levantando rapidamente o rosto, deparando com aqueles olhos profundamente negros de Sebastian.

O sorriso nos lábios daquele homem havia se desmanchado. Ele apenas a fitou por alguns segundos e manteve a coluna reta, virando de costas e começando a andar.

— Irei acreditar em você, senhorita. Cuide bem dele.

Foi apenas oque disse até sentar-se em sua mesa e começar a escrever em algum papel.

Maryana o encarou cruelmente até se virar para trás.

— Já disse o quanto não gosto desse cara? – Ela murmurou em direção da amiga.

— Quem sou eu pra discordar dos seus intuitos, né? – Mellanie sorriu sem humor.

Enquanto isso Lysandre parecia dormir lá trás, isso se não fosse por uma bela e certeira bolada de papel no meio da testa.

A garota estava com seu coração palpitando ferozmente, louca para esganar aqueles cabelos ruivos e arrancar fio por fio.


Quando a aula finalmente acabou, — depois de torturas do professor — todos saíram normalmente para o intervalo. Mellanie parou frente a porta com Lysandre e Maryana, com semblante pensativo e irritado.




— Oque foi Mell? – Perguntou Lysandre em sua típica pose vitoriana, com o cotovelo apoiado na palma de sua mão.




Os dois a olharam com certa curiosidade.


— Ele mentiu pra mim. – Ela disse com os punhos cerrados junto ao corpo. — Aquele desgraçado!

Lysandre a olhou com olhos neutros enquanto a garota de cabelos ondulados e loiros apenas suspirou.

Mellanie começou a andar com passos rápidos em direção ao fundo da escola, onde ficava o pátio onde o ruivo costuma freqüentar. Nada encontrou. Com Lysandre e Mary-chan logo atrás, ela avistou o enorme portão de ferro, correndo apressadamente até ele e vendo que estava entreaberto, puxou-o.

Ela iria sair se não fosse interrompida por um puxão.

— Mellanie, estamos no meio do intervalo, daqui a pouco tem aula... – A loira disse.

— Ele saiu da escola, eu vou atrás e arrancar o couro daquele idiota! – Ela disse irritada, puxando o braço de volta que antes Mary agarrava.

— Mell, deixe-o. – Lysandre disse calmo, passando a mão sobre a testa. — Hoje é um dia importante, não o incomode.

Mellanie riu e o encarou desacreditada.

— Dia importante? Só se for pra morrer, porque é isso que eu vou fazer, matar ele!

Lysandre em um ato rápido e talvez mal pensado a empurrou para a parede, forçando seus braços contra a mesma e prensando-os com brutalidade.

— Isabell morreu há dois anos. – Ele começou com seus olhos bicolores estranhamente nervosos. — Hoje completa dois anos que ela foi assassinada. Ela foi assassinada nesse dia e nessa mesma hora. Em todos esses dois anos ele se revolta e se isola completamente de todos, ele mata todas as aulas do dia e quando dá exatamente dez e quarenta e dois ele sai por esse portão, desse pátio e corre o quanto ele pode dois quarteirões pra chegar ao lugar onde ela foi morta. Todos esses anos foram difíceis pra ele então, não tente se fazer de forte, porque você nunca vai conseguir ser mais forte que aquele cara. Ele suportou tudo sozinho, todas as criticas e todas as ladainhas. Ele suportou absolutamente tudo, sem sequer deixar cair uma lágrima. – Ele pausou, soltando os braços dela e respirando fundo, para finalmente terminar. — Então, deixe-o em paz.

Os olhos da garota até aquele ponto já estavam marejados, oque a fez passar os pulsos sobre os olhos e retirar aquelas lágrimas.

— Você disse dois quarteirões, não foi? – Ela disse séria.

Sem mesmo esperar qualquer tipo de assentimento, ela correu, fugiu com rigorosos passos daquele pátio, correndo para fora por meio daquele portão um tanto enferrujado, não se importando com qualquer grito da amiga, apenas... correu.

A chuva começara a cair pesadamente em cima de seus longos cabelos castanhos, fazendo sua corrida parecer ainda mais lenta, fazendo aquela rua parecer ainda mais longa, como uma estrada que parecia nunca ter fim. Dois quarteirões. Era isso que tinha escutado bem. Sem pensar apenas correu, avistando uma igreja e seu enorme sino bem ao topo. Ela parou e curvou a coluna, apoiando as mãos nos joelhos e respirando profundamente. Arqueou a cabeça e olhou ao redor, avistando uma rua estreita e com apenas cinco casas, mas com uma em especial, com um ruivo sentado bem nos primeiros degraus, bem à frente. A casa sem dúvidas era velha, bem antiga e com as telhas já caindo aos pedaços, mas podia-se notar bem que, já fora uma casa bem luxuosa e bonita, além do tamanho, claro.

Ela suspirou e se aproximou por trás, não tirando os olhos dele. Ele estava aparentemente desolado; com os cabelos já completamente molhados e caídos sobre o rosto por estar com a cabeça abaixada, e com as roupas encharcadas. A chuva havia piorado, e com ela veio aquele aperto no coração. Ela aprofundou os olhos naquele garoto, ali, jogado nos pequenos degraus em frente aquela mansão. Não podia ser ele, não podia ser aquele Castiel grosso e insolente de sempre. Aquele garoto ali jogado de qualquer jeito e choroso em frente aquela casa era outro, era alguém que ela desconhecia.

A garota tocou-lhe o ombro gentilmente, mas nenhuma reação foi-se percebida. Ele apenas murmurou alguma coisa, tão baixo que nem ela podia compreender.

— Castiel, vamos embora, levanta. – Ela chamou-o, cutucando em seu braço. — Você ta encharcado, vai pegar um resfriado desse jeito. Vamos embora.

Quando ele levantou a cabeça, as palavras foram perdidas. Ele estava com uma cara de tristeza, mas não era uma tristeza comum. Era uma tristeza forte, aquelas que só pelo olhar faz você ter vontade de soltar um mar de lágrimas. Ele não chorava, não. Nenhuma gota descia de seus olhos, como havia pensado, aquele cara seria impossível de demonstrar sentimentos, até mesmo naquele dia.

Será?

— Não preciso da sua pena. – Ele disse sério, com seus cabelos rubros encharcados pela água da chuva, que a cada instante parecia mais rigorosa.

— Você é tão idiota, sabia? Eu odeio isso em você! Só sabe rejeitar as pessoas e se excluir. Você pode ser melhor que isso, eu sei que pode. – Ela começou, caindo ao seu lado naquele degrau e olhando-o fixamente. — Vamos embora, a chuva está ficando pior.

Ele parecia mais irritado, mas por trás daquela mascara de garoto forte ela sabia que, ele sentia dor.

— Vai embora você. – Ele virou o rosto, fingindo não se importar.

Ela soltou ar pela boca e cruzou os braços em volta da cintura fortemente, sentindo o frio daquela água que caia do céu.

— Sou sua babá em história, lembra-se? – Ela disse com um sorriso falso, na esperança de que ele finalmente levantasse.

— Mas não estamos em uma merda de aula de história!

Mellanie sentiu seu corpo tremer.

O ruivo virou seu rosto rapidamente, com tais palavras ferozes e em tom alto, assustando-a.

Ela se tranqüilizou e o fitou, sorrindo em seguida.

— Não, mas estamos em uma história sim. Na sua história. E me parece que, você não consegue se desligar dela.

Ele a encarou com firmeza.

— Você não tem o direito de se meter na minha vida.

— Que vida? Essa escuridão que você teima em se aprofundar? As lembranças ruins não vão te ajudar a trazê-la de volta, Castiel. Nada poderá trazê-la de volta. – A garota disse fechando o sorriso falso enquanto se levantava com calma, batendo em sua calça na tentativa de se limpar.

Ele a fitou e tornou a abaixar a cabeça, sem saída, sem ter pra onde ir. Nos últimos anos tudo havia sido difícil, mas ele suportou fortemente. Mas agora havia mudado, uma garota metida a sabe tudo estava querendo se meter onde não devia, e ele não conseguia encontrar forças pra desafiá-la naquele momento de dor. Ela era teimosa, uma baixinha teimosa.

Ela encarou-o, estendendo a mão em seguida.

— Vamos, sei que você consegue.


**







Não muito longe dali, Lysandre e Mary terminavam a “pequena” corrida atrás de uma certa garota teimosa. Pararam e olharam de longe aquela mansão, sentindo a chuva cada vez mais forte tocar as roupas.


— Oque ela pensa que ta fazendo? – Mary-chan perguntou botando as mãos na cintura, impaciente.

Lysandre pregou seus olhos naquela direção com atenção e viu que, eles estavam lá. O ruivo jogado na curta escada frente aquela casa abandonada e a baixinha em pé a sua frente.

O rapaz de cabelos acinzentados sorriu, tomando-se em sua posição vitoriana.

— Desculpe-me garota. – Ele começou. — Estava errado. Você é sem dúvidas a garota mais forte e corajosa que já conheci.

A loira abriu bem os olhos e fitou o garoto bem ao seu lado, e vendo-o sorrir, não pode se conter. Antes mesmo de perceber, já estava sorrindo tão serenamente quanto ele.


**







Mellanie continuava com o braço estendido na direção daquele garoto teimoso, esperando pacientemente, na esperança de que ele segurasse sua mão, se levantasse e a encarasse como em um obrigado.


Mas em um trovejar naquele céu carregado, foi que se viu a mão puxar-lhe o pulso com agilidade, tão rápido que seus longos cabelos voaram para o lado, deixando toda aquela chuva para trás, deixando completamente tudo para trás. Agora, somente oque existia naquele momento era um abraço apertado e um segurar de pulso.

Naquele momento, a apenas poucos segundos atrás, ao estrondoso barulho daquele trovão no céu, Castiel não pensou, apenas puxou-a para si, apertando-a em um abraço seguro, tendo a certeza de que ela não pudesse fugir. Fugir daquela fera que ele tinha certeza ter se tornado. Mas naquele momento, por apenas uma hora, quem sabe, ele queria voltar no tempo. Por pelo menos alguns instantes, oque ele queria era aquele abraço, daquela baixinha e esquecer, apenas esquecer de todos os pesadelos e lembranças dos anos. Simplesmente esquecer e apagar todo aquele acontecido. Apagar a dor.

Os dois estavam agora jogados naquela curta e suja escada, que talvez lavada pela chuva que continuava a cair, litros e litros de água. O ruivo enterrou seu rosto no ombro da garota, junto a seus cabelos molhados, escondendo as lágrimas que começavam a cair.

— Castiel... – Ela estranhou em um murmúrio, tentando de tudo para afastar sua cabeça e ver o rosto daquele garoto.

Mas ele não permitiu. Talvez fosse difícil ou talvez questão de orgulho para ele, deixar-se ser visto por uma garota, jogado no chão de uma rua quase abandonada, beira ao choro e a dor. Justo ele. O ruivo mais temido daquele inferno que chamam de colégio.

Ela podia sentir aqueles cabelos molhados e desgrenhados baterem em seu pescoço, enquanto ele persistia em esconder o rosto.

— N-Não pude protegê-la naquele dia. – Ele disse com um pouco de dificuldade e com a voz rouca diante ao choro.


Choro?




Aquilo era um sonho?




Ou era de verdade?



A garota afastou apenas alguns centímetros sua cabeça para fitá-lo, encontrando em seguida olhos vermelhos, banhando aquele leve cinza em lágrimas. Ela sorriu doce ao canto dos lábios e aproximou-o mais junto ao seu corpo, entrelaçando os braços em volta dos dele, sentindo suas roupas molhadas.




— Chore. Chore tudo que tiver que chorar. – Disse quase em um sussurro próximo ao seu ouvido enquanto pausava uma das mãos em seus cabelos avermelhados. — Liberte toda essa dor dentro do seu coração. Chore, chore, e depois, esqueça. Só por alguns minutos... esqueça.




As lágrimas saiam de seus olhos em silêncio, deixando somente o som da chuva chocando-se com o chão transparecer naquele momento.


Ahn, que patético. – Ele soltou uma risadinha fraca, forçando um sorriso.

Ela suspirou ainda apertando-o, enquanto ele apoiava o queixo em seu ombro.

— Pode botar pra fora, não vou contar pra ninguém desse ruivinho deprimido aqui. – Ela sorriu calma.


Nada mais foi-se pronunciado naqueles longos segundos, apenas, o silêncio.





Ele enterrou o rosto naquele ombro alvo e macio da garota, esquecendo de tudo e de todos, não se importando se alguém soubesse ou não, queria apenas ficar ali, nos braços daquela anã irritante e com um ótimo soco, que se lembrava muito bem.







Quando ele sentiu-se mais forte, arqueou a cabeça e se afastou um tanto, encostando as costas naquela parede velha e fitando a garota com olhar sério e frio, novamente.





O efeito Cinderela estava se acabando?


— Porque está fazendo isso? – Ele perguntou, olhando aqueles cabelos longos e castanhos, que por conta de estarem molhados, se fixaram em uma coloração ainda mais densa.

Ela apenas sorriu seguido de um suspiro longo e pesado, levando uma das mãos em direção da mecha mais longa daqueles cabelos vermelhos, acariciando-os e de certa forma arrumando-os.

— Sabe, não faz muito tempo que eu fiz uma promessa. – Ela começou. — Prometi a uma pessoa que cuidaria bem de você. – Foi quando largou os cabelos e entortou a cabeça um pouco para o lado, em um sorriso meigo. — E eu nunca deixo de cumprir uma promessa.

Aqueles olhos antes banhados por lágrimas, agora recheados de surpresa. Tomados por um acinzentado forte e hipenotizante.

Ele puxou-a sutilmente pelo cabelo, trazendo-a para um mais novo abraço. Agora mais apertado, espantando qualquer vestígio do frio. Esquecendo completamente daquele céu amargurado e daquela chuva incontrolável ao redor.

Tudo ou simplesmente nada mais importava,

Naquele momento.


Você é o pior de todos os meus devaneios, Talvez o pior e mais irritante dos meus problemas.




Você me perturba, me enlouquece com aquele sorriso debochado.




Esqueça daqueles dias.


Volte, em uma pequena rua restrita da sociedade,

Apenas venha me encontrar,

Venha me satisfazer da alegria.

Esqueça daquelas brigas.

E em um beco sem saída eu te encontrei.

E em apenas um abraço eu pude sentir, Debaixo de toda aquela chuva, o quanto de sentimentos eram possíveis se misturar.

E nessa tempestade de desilusões,

Deixe as lágrimas caírem.

E assim,

Que a chuva caia sobre meu coração.”

Mellanie H. Yukino.

~~

Música de Encerramento, Never Surrander.

[Imagem Extra do Capitulo ~ Mellanie]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Castiel - Black and White]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Sebastian]





Fim do Capítulo Seis.







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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Quero reviews. *-*