Estava em casa sozinha com Rose fazendo os primeiros preparativos para seu regresso à Hogwarts. Rony tinha levado Hugo para tomar sorvete e passear em algumas lojas sobre quadribol no Beco Diagonal e ter um dia “só com os homens” e isso ajudou bastante já que quando os dois ficavam juntos pareciam 2 diabretes da cornualha. Ri com esse meu pensando, entrei no quarto de Rose e comecei a ajudar a separar as coisas mais importantes para colocar no seu malão. Percebi que estava um pouco quieta demais, sabia que o quinto ano em Hogwarts é muito importante mas ainda faltava uma semana para ela embarcar na plataforma 9 ¾.

– Filha está tudo bem?

– Hum... sim mamãe, só estou tentando me concentrar para não esquecer nada importante. – respondeu ela com um sorriso nervoso.

– Ansiosa para reencontrar seus amigos? Digo, você já viu Alvo antes e quase todos da família, mas não tem muito contato com Malfoy nas férias né?

– É, sei lá ele deve estar viajando e o pai me mataria se eu ficasse trocando correspondências com ele todo o verão. Digo o mesmo do pai dele. – disse com humor.

– Ah não seja boba, acho que os dois já são bem grandinhos para aceitar uma amizade entre famílias. – ergui as sobrancelhas enquanto imaginava se minha suposição estava certa. Foi então que a ouvi sussurrar:

– Certo... amizade...

Rose ficou com o rosto abaixado e olhar vago por alguns segundos então se virou e disse:

– Mãe quem foi seu primeiro amor? – Me surpreendi com a pergunta espontânea e percebi onde nós chegaríamos, dei uma leve risada e respondi com uma outra questão:

– Desde quando quer me perguntar isso? – Ela deu de ombros.

– Ah sei lá, sempre tive curiosidade, mas é sério! Foi o papai?

– Acho que você não acreditaria se eu contasse... –disse pensativa. – Bom eu falo, mas você promete não contar ao seu pai? Ele explodiria meio mundo se soubesse.

Rose pareceu ficar assustada por um momento e achei que ela tinha se arrependido de fazer essa pergunta, mas se deu por vencida e afirmou com a cabeça.

– Meu primeiro amor foi... Malfoy, Draco Malfoy. – olhei com receio para ela e seu rosto era hilário. Rose estava com uma expressão inexplicável, ela não sabia se ria, arregalava os olhos ou então se jogava da cama.

– Vo... Você está falando sério? – surpresa, por fim, falou e eu assenti. – E... como você se apaixonou por ele?

– Bom digamos que foi uma paixão bem inocente. – comecei relembrando os velhos tempos. – Eu estava no primeiro ano e teria que cumprir minha primeira detenção na floresta com Hagrid, Harry, Neville e Draco. Nós estávamos procurando quem vinha matando os unicórnios e Hagrid tinha nos divido em dois grupos: eu, ele e Harry e o outro era Draco, Neville e canino só que depois de um tempo Harry e Neville trocaram de lugar porque Malfoy tinha dado um susto nele, algo assim. Bom naquela noite eu estava com muito medo não só porque podia encontrar lobisomens na floresta mas também pelo fato de que Harry era um dos meus únicos amigos, somente Rony estava seguro dentro do castelo, e eu tinha medo de perde-lo. Andava cautelosamente alguns passos atrás de Hagrid e Neville e prestava atenção em cada barulho, vento ou sombra que aparecesse, então eu escutei um grito e por impulso saí correndo procurando seu paradeiro preocupada com o que podia ter acontecido com o Harry, afinal ele estava com seu “arqui-inimigo”. Quando dei por mim percebi que estava sozinha e havia me perdido, de repente vi um cabelo loiro correndo e gritando, me assustei com essa aparição e logo percebi que era Malfoy o que não me tranquilizou muito. Ele pegou minha mão e berrou “VAMOS SAIR DAQUI!!” e começamos a correr como se um furacão estivesse a poucos metros de distância e procurávamos algum sinal dos 3, infelizmente acabamos caindo em cima de uma enorme raiz. Olhei pros lados e não conseguia ver a não ser sombras indefinidas e os olhos cinzas a minha frente, sentei na beira da árvore e ouvi passos e galopes vindo dos dois lados da floresta, estava tão apavorada que não consegui conter as lágrimas de medo. Draco me olhou e sussurrou “Mais que droga” e tentou me tranquilizar dizendo com receio “Calma, você vai ficar bem”, ele, vendo que eu continuava com medo, me abraçou e foi como se eu tivesse voltado para o salão comunal da grifinória, seus braços me deram conforto e diferente dos gélidos olhos, eles eram quentes e por um tempinho não senti o frio da noite. Naquele momento soube que não importa o que viesse na nossa direção Draco me protegeria. – Sai do transe de reviver o passado e me dei conta de que tinha contado toda história olhando para o nada como em um desenho animado quando o personagem vê o flashback dentro de uma nuvem. – Bom no final era Hagrid e Neville de um lado e Firenze trazendo Harry do outro, é foi desse jeito que eu me apaixonei por ele.

– Nossa mãe como você se lembra de cada detalhe daquele dia? – Hermione riu.

– Sabe quando dizem que a gente nunca esquece o primeiro amor e nós não acreditamos? Achamos que o único que vamos nos lembrar é o homem que nos fez realmente feliz? Na verdade não é bem assim, é claro que nós damos importância a quem nos faz feliz mas o primeiro amor é uma coisa engraçada, por mais que você não goste mais daquele cara ou que tenha te magoado, você sempre vai sentir um friozinho na barriga quando ele vier a lembrança. Mas enfim, sei que você não fez essa pergunta à toa.

– Hum? Eu? Não... eu só tinha curiosidade mesmo...

– Vamos lá Rose Weasley você não me engana, quem é o menino que ainda terá que encarar a fúria de Ronald?

– Ta bom eu conto, mas você promete não falar pro papai? – assenti já com uma suspeita de quem seria. – É o Malfoy, Scorpius Malfoy.