Cap. 16

POV – Annabeth – Quarta-feira

Acordei com o despertador tocando, como sempre, às seis horas da manhã. Com toda a preguiça que habita o meu ser, levantei ainda cambaleando – o que me fez tropeçar nos meus tênis e quase cair de cara no chão – e sai do quarto em direção ao banheiro.

Quando terminei meu banho me enrolei na toalha e fui pro meu quarto procurar uma roupa pra vestir. Abri o armário e peguei uma calça e uma blusa, vesti e desci as escadas para tomar café da manhã. Quando cheguei à cozinha vi que apenas Sally estava lá então perguntei para ela onde meu pai estava.

– Ele saiu mais cedo hoje, querida. E por falar em sair mais cedo, tenho que ir. Você vai de carona, certo? – ela disse tomando o último gole da xícara de café.

– Ah, vou sim, pode deixar. – eu respondi enquanto me despedia dela. Quando terminei de tomar meu café peguei meu celular e mandei uma mensagem pra Rachel perguntando se ela podia passar aqui antes de ir pra aula e ela respondeu dizendo que sim.

Subi para pegar minha mochila e calçar meus tênis e desci as escadas de novo para esperar Rachel passar aqui, o que eu acho que deve ocorrer em pouco tempo, já que já são 6:45. Quando cheguei na sala encontrei Percy terminando de tomar um copo de suco.

– Hey, posso ir de carona?

– Hum... Não (:

– Ah Annabeth, por favor!

– Percy, querido, Deus te deu duas pernas em ótimo estado para você poder caminhar às vezes, sabe. Além do que, eu vou de carona.

– Posso ir também?

– Isso tudo é preguiça de ir caminhando é?

– Olha só quem fala, você também tá com preguiça de ir a pé. – ele disse pegando a mochila dele e botando no ombro. – Então, vamos com quem?

– Eu vou com a Rachel, você com seus pés. – eu disse me virando para porta quando ouvi a buzinada, mas Percy colocou a mão impedindo a minha saída – e fazendo com que ficássemos em uma distância relativamente menor um do outro.

– Nós vamos, certo?

– Errado. – eu respondi passando por baixo do braço dele e abrindo porta.

Quando sai de casa percebi que Percy ainda me seguia, então abri logo a porta do passageiro e entrei no carro.

– Sendo perseguida a essa hora da manhã? – ela disse com um sorriso no rosto no mesmo instante em que Percy bateu no vidro do carro pedindo para ela abaixar.

Quando ela abaixou ele disse:

– Hey Rachel, será que eu posso ir também?

– Não. – eu respondi por ela.

– Desculpa, mas o carro é da Rachel, ela é que decide quem vai ou não.

– Rachel, você não vai deixar, vai? – eu apelei pra ela.

Ela hesitou por um segundo e depois respondeu:

– Ah, Annie, é só uma carona até a escola... – ela disse enquanto Percy abria um enorme sorriso e entrava no carro.

Quando Rachel fechou o vidro da janela e deu a partida no carro Percy se aproximou do meu banco e murmurou irônico:

– Tão lindinha abusadinha assim... Sorria! Faz bem pra saúde.

Eu lancei um olhar sério pra ele, mas ele apenas riu, como ele sempre faz quando ganha alguma das discussões.

• • •

– Oi! – Luke disse se aproximando da mesa que eu dividia com a Thalia.

– Oi! – respondemos em coro.

– Posso pedir um favorzinho a vocês? – ele perguntou.

– Depende...

– É que hoje é a seleção do time de basquete, e eu vou fazer os testes com os inscritos. Será que vocês poderiam me ajudar?

– E o que a gente teria que fazer?

– Ah, anotar os nomes de quem veio, quem passou, chamar alguns, essas coisas... Então, posso contar com vocês?

Eu e Thalia nos olhamos e depois eu disse:

– Tá né, pra que servem os amigos mesmo? – eu dei um sorriso e ele riu junto.

Ficamos conversando um pouco até o professor chegar e o Luke ir sentar na mesa dele. Depois disso Thalia colocou seus típicos fones de ouvido por baixo da jaqueta e eu abri meu caderno e comecei a copiar o que o professor anotava no quadro.

• • •

Assim que tocou a última aula eu fui com a Thalia pro ginásio ajudar o Luke com a seletiva do time de basquete. Assim que chegamos ele caminhou na nossa direção com duas pranchetas na mão e entregou uma delas a mim, nela tinham os nomes de cada pessoa que tinha se inscrito para o time.

– É pra eu fazer exatamente o que...? – eu perguntei.

– É só marcar quantas cestas a pessoa fez. Beleza?

– Ok. – eu disse e fui me sentar no banco da primeira fileira da arquibancada.

Comecei a conversar com a Thalia enquanto os testes ainda não começavam quando ouço uma voz muito conhecida falando pra mim:

– Não me diga que você vai ser a minha capitã do time de basquete!

Me virei e deparei com Percy na minha frente.

– Vai fazer o teste hoje? – eu perguntei.

– Claro. E você, tá fazendo o que aqui?

– Vim ajudar o Luke. E é melhor você ir, vai começar. - eu disse apontando pra quadra.

– Me deseje sorte, então. – ele disse se levantando e caminhando em direção a quadra.

– Bom azar pra você! – eu disse com um sorriso cínico que ele retribuiu.

Os testes começaram, Luke chamava cada menino pelo nome que tinha na lista, jogava uma partida rápida cada menino tinha que acertar o máximo de cestas possíveis. Alguns até iam bem, como um Charles, que conseguiu fazer 4, já outros eu sinceramente não sei o que estavam fazendo ali. Sério mesmo, eu consigo fazer mais cestas que eles. Mas o que mais me surpreendeu foi saber que o idiota Jackson sabia fazer alguma coisa de útil nessa vida: jogar basquete. Se eu não me engano ele foi o que marcou mais pontos, fazendo 6 cestas.

Depois eu entreguei a prancheta pro Luke, deixei ele com a Thalia – francamente, eu só não estou com cara de castiçal pra segurar vela né? - e fui andando pra casa.

Quando cheguei em casa subi logo pro meu quarto, liguei a TV, peguei um livro e fiquei lendo. Alguns minutos depois escuto meu celular chamando, quando peguei pra ver quem era vi que era o Connor.

– Fala Connor!

– Oi Annie, tudo bom?

– Tudo ótimo, e ai?

– Também. Annie, deixa eu te fazer uma pergunta: a festa vai ser open?

– Rapaz... Acho que sim... Amanhã quando a gente decidir o preço dos ingressos eu te aviso!

– Ok! Beijos, até amanhã.

– Beijos. – eu disse desligando o celular.

• • •

– Sexta-feira –

• • •

Vamos lá fazer um resuminho básico do que ocorreu ontem no meu dia.

• Decidi – junto com a comissão de organização do baile – que a festa seria open.

• Por tanto cada ingresso custaria 40,00 reais.

• Eu quase ia quebrando o pé na aula de Educação Física.

• Eu fui jogar futebol e pisei na bola.

• Ainda bem que só a Thalia e a Rachel viram.

• Mas agora elas ficam tirando onda de mim toda ora.

• Drew estava muito – MUITO – próxima do Percy hoje, deixando uma distância muito – MUITO – pequena um do outro.

• Não que eu ligue. Não ligo mesmo.

• Tão dizendo por ai que eles tão quase namorando.

• Mas como eu disse antes eu não ligo. Sério mesmo.

• Quando eu sai da aula fui para a loja que eu tinha encomendado as pulseiras e peguei as 100 primeiras.

• Depois disso fui pra casa e meu pai disse que nós vamos hoje para a casa de lago da mãe da Sally.

PS: Nós vamos hoje e só voltamos domingo. Eu realmente espero que o meu quarto seja bem longe do Percy. Então, é isso.

•

Ok, chega de falar por tópicos.

Agora mesmo neste exato momento eu estou no refeitório, no horário de almoço, mostrando as pulseiras pro Travis na nossa mesa. Devo confessar que isso foi um pequenino erro da minha parte, pois quando eu guardei as pulseiras na minha bolsa Travis e Connor ficaram em pé na cadeira deles e chamaram a atenção de todo mundo.

– Aê galera! Presta atenção! – Connor começou.

– Vai ter festa do Sinal aqui pra vocês! – Travis continuou e todo mundo começou a fazer barulho, comemorando.

– Isso mesmo! Vai ser próximo sábado, na casa da Silena – Connor apontou pra ela -. Os ingressos tão sendo vendidos pela Annie – ele apontou pra mim – ou pela comissão do Baile!

– 40,00 reais, com tudo incluso! – Travis concluiu e eu agradeci por ele não ter falado que era open bar, pois a diretora tinha chegado agora para ver o que tava acontecendo.

– Senhores Stoll, querem fazer o favor de descer das cadeiras?! – ela berrou.

Eles falaram mais alguma coisa sobre a festa e então se sentaram na cadeira e se viraram para mim.

– Divulgação Stoll... – Connor disse como quem anuncia um produto.

– ... a melhor! – Travis completou.

Quando tocou todos nos levantamos e lentamente fomos nos dirigindo para nossas salas, eu sendo parada a cada dez passos por alguém querendo comprar ingressos. Só na travessia entre o refeitório e a minha sala eu vendi quatro ingressos.

Guardei o dinheiro bem guardado na minha bolsa e sentei na mesa divida com a Rachel e assisti preguiçosamente as duas últimas aulas. Quando tocou nós fomos para o estacionamento e ficamos conversando um pouco antes de ir embora.

– Então, você viaja hoje? – Rachel perguntou e eu assenti.

– Pra onde? – Thalia perguntou.

– Uma cidade próxima a Eastwick, casa de lago da família da Sally, vai ser o aniversário da mãe dela.

– Ah... Que horas você vai?

– Não sei, daqui a pouco. Só vou passar em casa, terminar de arrumar minhas coisas, ai nós partimos.

– E como você e o Percy vão sobreviver passando duas horas trancados no mesmo lugar? – Thalia perguntou.

– Boa pergunta. A gente não consegue ficar nem cinco minutos direito sem brigar, acho que em duas horas vai acontecer uma tragédia.