Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora em postar, tive alguns problemas pessoais, mas aqui está.



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Capítulo 7

Eu e Wish estávamos caminhando calmamente pelo amplo espaço aberto de Spell the Most em silêncio. Tudo estava tranquilo, inclusive nós duas. Caroline tinha nos dito para ir cada um a uma direção diferente, e eu fiquei agradecida.

Eu queria um tempo para pensar em paz, em silêncio, e Wish parecia entender isso. Era bom sentir a grama contra os meus pés e o vento em meus cabelos. Ainda não tinha montado em Wish. Queria que ela se acostumasse com a minha presença, antes de tudo.

Meu silêncio e tranquilidade foram cortados pelo som das patas de um cavalo vindo em nossa direção. Não precisava nem olhar para trás para saber que era ELE. Conseguia sentir. E, pela primeira vez no dia, estava cansada de fugir. Fosse o que Deus quisesse.

Ouvi o parando seu cavalo ao meu lado e desmontado. Eu não o olhava, mas conseguia ouvir e sentir. Sem dizer nenhuma palavra, ele começou a caminhar ao meu lado, mas eu sentia o seu olhar queimando na minha nuca. Apenas Wish nos separava. Mas parecia uma distância bem maior.

Ás vezes ele suspirava, ás vezes bufava, mas nunca disse uma palavra enquanto caminhávamos. Eu permanecia tensa, mal conseguia respirar, e Wish, parecendo notar a minha tensão, relinchou agradavelmente. Eu olhei em seus olhos tão escuros quanto a noite e sorri. Me sentia tão a vontade com meu cavalo, que , em poucos minutos, tinha me esquecido quase que totalmente da presença de Nick ali.

Quer saber como foi o meu dia?, eu disse a Wish, mas conseguia sentir o olhar de Nick em mim, prestando a atenção em cada movimento meu.

Wish relinchou alegremente em resposta, e , ainda ignorando Nick, enrolei a rédea dela no meu pulso e abri minhas mãos deixando as palmas para cima. Os olhos de Wish brilhavam em expectativa e eu sorri de novo com a sua admiração.

Para mim, Wish não era só uma égua, mas sim uma amiga. Ter a admiração dela pelo meu poder (senão puder chamar de dom) era algo que borbulhava de uma forma tão estrondosa em mim que até me deixava aquecida.

Ainda com as palmas para cima e um sorriso nos lábios, comecei a mostrá-lhe os acontecimentos daquele dia. Tudo em forma de fogo. Sentia-me aquecida com a utilização do fogo, meu poder, meu ser. Ás vezes pensava que não seria nada sem usar o fogo. Não seria eu mesma.

Era hilário o fato de, há dois anos atrás , eu me julgar como estranha. A única garota da escola que sempre estava envolvida com algum incêndio iniciado por motivos inexplicáveis. Há dois anos atrás eu queria sair dessa vida. Daria qualquer coisa em troca da libertação dos meus poderes. Mas, agora? Eu mataria qualquer um que ousasse tirá-los de mim. E Wish parecia entender isso.

Me senti corando um pouco enquanto mostrava a minha primeira aula até a última e , para finalizar, o momento em que sussurrei em seu ouvido que a amava. Acho que gosto mais de você do que da minha irmã, eu ri amargamente. Dizer aquilo me doía muito, mesmo que fosse a verdade.

Wish relinchou e fez uma careta como se dissesse que eu estava falando abobrinha, mas sabendo que era a verdade. Senti lágrimas enchendo os meus olhos. Sentindo isso também, Wish abaixou sua cabeça e me deixou acariciá-la em silêncio, o fogo e a alegria trazida pela utilização dele já extintos. E , mesmo ignorando a presença de Nick todo o trajeto, ainda sentia-o e o escutava perfeitamente. Por isso subi em Wish o mais rápido possível e cavalguei de volta ao estábulo, minha lágrimas voando ao vento.

Felizmente, não escutei ninguém atrás de mim.

********

Meu gelo com Nick continuaram pela semana inteira. Mesmo não tendo como evitá-lo na primeira aula, ficava o mais distante possível e , quando faltava poucos minutos para o fim da aula, pedia licença para ir ao banheiro e ficava ali até que o sinal tocasse.

No almoço, meus amigos fizeram rodízio para ver quem almoçaria cada dia comigo. Luen continuava a insistir para ver o meu futuro, mas , depois daquela última visão, não queria mais saber sobre o futuro. É claro que eu sabia que ela ainda fuxicava o que iria acontecer comigo, mas não ainda não se atrevia a me contar.

Nas outras aulas em que eu ficava longe de Nick, ignorava -o como se não existisse, o que não era nada fácil considerando o fato de sua presença ser quase eminente para mim. Todos os dias sentia seu olhar em mim , e cara, queimava em minha pele de um jeito que sempre me fazia tremer. Nas aulas de equitação, cavalgava longe os suficiente para que ele não tivesse a chance ( e nem eu tivesse o azar) de me alcançar.

Pensei que ele entenderia com o tempo sobre o gelo sútil, mas, na sexta-feira, pareceu que a minha esperança era por nada.

Está me evitando?

Uma folha foi deslizada na minha direção, ainda na aula de Mágica. E a única pessoa que poderia ter feito isso estava ao meu lado.

Não.

Deslizei a folha de volta para ele. Sem observá-lo consegui ouvir o barulho de sua caneta enquanto respondia. A folha estava de volta para mim.

Vamos almoçar juntos, então?

Me senti horrível enquanto a minha caneta deslizava pelo papel.

Não posso.

Devolvi o papel a ele e o ouvi suspirando. Pensei que a conversa acabaria ali, mas dois minutos mais tarde, a folha já estava na minha frente.

Assuntos pessoais inadiáveis?

Tive vontade de rir, mas prendi. Consegui sentir a tristeza naquelas palavras.

Sim, eu acho.

Fiz uma careta e lhe devolvi o papel com a esperança que ele o rasgaria antes do professor pegar e ler em voz alta.

Sabe que eu acho?

Que você está me evitando.

Escrevi minhas últimas palavras e me levantei para ir ao banheiro. Estava adiantada, mas era preciso. Não sabia se aguentaria mais algumas coisa sem pirar.

Desculpe.

Depois dessa rápida conversa, não me atrevi a voltar para nenhuma aula, apenas encontrando meus amigos no corredor na hora do almoço. Eles estavam preocupados comigo, era claro, até mesmo Lien, mas eu precisava de um tempo sozinha, por isso fui para o meu quarto.

Dormi no mesmo quarto que Lana não se provou um desafio tão temoroso quanto eu achei que seria. Ela chegava quando estávamos dormindo, burlando o toque de recolher, e eu e Luen acordávamos mais cedo do que ela, então quase não a víamos, exceto nas aulas de espanhol.

Quando cheguei em meu quarto, meu primeiro desejo era de chorar. Não tinha sido desse jeito que eu imaginava acabar o ano. Meu Deus! Não era desse jeito que eu imaginava minha vida. Nunca nem tinha ouvido falar dessa atração maluca dos elementos, mas evitá-las doía de um jeito inexplicável. Era quase como tirar uma parte de mim e tacar no fogo. Não que fosse ter algum efeito.

Passei pela multidão de alunos sem ao menos ser notada e escorreguei para o lobby do dormitório. Subi as escadas para o quarto de dois em dois, quase caindo. Meu corpo poderia estar fazendo aqueles movimentos, mas minha mente, nenhum segundo, sequer, estava presente. Eu tinha uma vaga impressão do que estava fazendo.

Tranquei a porta do quarto e me joguei em minha cama. As paredes vermelha do meu lado do quarto pareciam gastas. No lado de Luen, as paredes eram de um azul quase tão brilhantes quanto seus olhos. E , claro, no lado de Lana, era rosa berrante. Todas as suas coisas de marcas separadas de modo que nem pensássemos em tocar. Nem que fosse por uma brincadeira.

Fiquei encarando o nada, apenas pensando. Nessa últimas semanas era só o que eu tinha feito. Pensa, nunca agir. Fugir, nunca enfrentar. Isso tudo era uma droga! Isso tudo não era eu mesma. A antiga eu cansava de dar fora em vampiros sádicos por sangue mágico, gênio com desejos malucos, lobisomens sem senso e etc. Mas ali estava eu. Jogada em minha cama, tentando não pensar no único que, por nada desse mundo, saía da minha cabeça.

O que eu vou fazer, Meu Deus?, perguntei ao vento. O Senhor poderia ser legal uma vez comigo e me mandar algum tipo de sinal., sorri sarcástica.

Era óbvio que Ele não mandaria nada, a não ser mais confusões em minha vida.

Meus pensamentos foram cortados por uma batida suave em minha porta. Wow! Deus era rápido. Quem seria? Um anjo? Jesus? Maria? O próprio? Mas, depois de tanto cogitar hipóteses, uma voz doce surgiu de trás da porta.

Aly, sou eu., a voz de Suzy me chamou. Abra, por favor.

Me levantei, frustada. Eu disse que queria ficar sozinha, mas parecia que ninguém me escutava. O que foi?, perguntei, assim que abri a porta.

No rosto de Suzy havia um misto de confusão e excitação.

O professor Nage pediu para que te chamasse, ela sorriu. É alguma coisa de bruxos

Suspirei e saí do quarto fechando a porta logo atrás de mim. Os corredores agora estavam vazios, já que todos os estudantes estavam almoçando. Suzy me guiava pelos corredores e deixava todo o seu charme a vista. Os cabelos loiros balançavam soltos conforme seus movimentos e seus olhos, quando ela me olhou para sorrir, estavam tão iluminados que me perguntei se não cegavam.

Para onde nós estamos indo?, perguntei.

Ela me olhou por cima do ombro.

Para o auditório

O professor realmente não disse nada o que queria falar comigo?, comecei a ficar inquieta. Se ele fosse brigar comigo por matar aula.

Conosco., Suzy me corrigiu. Ele quer falar com todos os bruxos elementares, ela destacou cada palavra para mim e esperou até que digerisse a informação.

Todos significava que Nick também estaria ali.

Uma parte de mim queria correr de volta ao meu quarto e me trancar ali pela eternidade, mas outra parte de mim ansiava por vê-lo novamente, mesmo não tendo coragem suficiente para encará-lo depois do que tínhamos falado na aula. No contexto era nada, mas se fosse entender o profundo sentimento daquelas poucas palavras, entenderia a minha hesitação.

O que foi?, Suzy perguntou, me encarando novamente. Obviamente ela entendia a minha hesitação.

Nada, continuei andando, mas Suzy parou.

A encarei me perguntando o que diabos estava errado. Ela se abraçou, como se sentisse frio e olhou para o chão, com o objetivo de evitar meus olhos. Tinha algo muito errado ali. Me coloquei a sua frente e vi seu rosto pegando fogo. Minha mãos foram para o meu quadril de maneira ousada e intimidadora, mas meus olhos eram compreensivos e amáveis.

O que houve, Suzy?, perguntei ficando preocupada. E eu pensando que era a única com problemas. Estava tão envolvida com minhas confusões amorosas que nem estava me dando com meus amigos. Estava os deixando cada vez mais distantes.

Suzy abriu a boca com o intuito de dizer que era nada, mas eu lhe dei um olhar severo de DIGA A DROGA DA VERDADE, então ela suspirou.

É você e essa ideia de evitar Nick, ela respondeu e levantou um pouco os seus olhos cinzas para mim. Sabe, no início eu até que concordei com isso, mas agora, não acho que seja bom. Tanto para você quanto para Nick. E não sou só eu que tenho essa opinião.

Ela recomeçou a andar e eu corri atrás dela.

O que você quer dizer com isso? Vai em jogar as tubarões assim. Sem mais, nem menos

Ela parou novamente e me encarou, dessa vez dura.

Tudo bem. Mas me responda uma coisa: Por que você não dá uma chance a ele?

Porque, porque eu tenho medo, eu respondi incerta. Estava confusa. Onde tudo isso iria parar? Tenho medo de ficar em choque de novo

Suzy estreitou seus olhos para mim e colocou as mãos nos quadris, exatamente como eu tinha feito antes. Errado! Você não pode ter medo do que não viu. Você nem ao menos se lembra de ter ficado em choque, Aly, ela jogou suas mãos para cima e soltou um ar que nem tinha percebido que segurava. Eu vi , Aly. Eu estava lá quando você entrou e saiu desse choque, assim como estou aqui vendo tanto a sua dor, quanto a de Nick. Você espera se esconder no banheiro até o final do ano? Vai ter uma hora que terá que enfrentar, Aly., ela sorriu triste. Você mesma me ensinou a enfrentar os meus medos. Agora sou eu que estou falando. Enfrente os seus medos

Então, senhora espertinha, já que eu não tenho medo de ficar em choque, eu levantei uma sobrancelha para ela, ainda com uma expressão tanto dura quanto confusa. do que eu tenho medo?

Suzy demorou um pouco a responder, talvez procurando a melhor resposta. Não sei. Talvez medo de se entregar. Medo de ter alguém a mais te conhecendo que não seja a gente. Medo de amar

Eu não o amo, eu a interrompi.

Mas sente algo por ele. Não tente negar, Aly. Eu vejo no fundo dos seus olhos., ela se aproximou e colocou a mão em meus ombros. A gente pode se acostumar com a ideia de você ter uma atração maluca e até entrar em transe, mas você tem se acostumar com a ideia de que eu, as vezes, sou exagerada, ela entrelaçou seu braço no meu e continuou me levando ao auditório. Pensei no que eu disse, por favor., ela piscou seus olhos por baixo dos longos cílios. Por mim

Suspirei derrota e assenti.

Antes que Suzy pudesse dar um gritinho da vitória, nós entramos no auditória. Não paramos no estreito e longo corredor e seguimos até o grande palco. Lá já estavam o professor Nage em pé em um extremo do palco e Nick sentado e de pernas cruzadas no outro extremo.

Seus olhares foram para mim e Suzy enquanto nos aproximávamos. O professor Nage sorriu, mas Nick apenas tinha um olhar distante e triste que me machucou profundamente. Agora eu sabia o que Suzy quis dizer no corredor quando citou a minha dor e a de Nick. De tanto ter evitado seus olhos, quase não via suas emoções e muito menos sua dor.

Obrigado, Senhorita Cool., o professor agradeceu a Suzy, enquanto íamos ao outro extremo do palco, nos sentar junto com Nick.

Estava começando a me sentar ao lado de Suzy, quando ela me deu um olhar duro e apontou com os olhos para Nick. Eu arregalei os meus olhos e apontei de novo para Nick. Suzy assentiu, vendo que eu tinha entendido sua mensagem. Suspirei mentalmente e voltei a me levantar. Caminhei até o outro lado de Nick e me sentei ali, ainda ignorando seu olhar, claramente espantado.

Vendo que todos já estavam arrumados e confortáveis, o professor Nage deu um passo a frente e começou a desabotoar a manga de sua camisa social. O que aquele cara estava aprontando conosco afinal de contas? Ainda não o perdoava por ter me colocado ao lado de Nick por causa de alguma de suas teorias estranhas sobre os bruxos elementares.

Hoje, eu vou ensiná-los sobre coisa uma coisa muito importante para o crescimento mágico de vocês, Sr. Nage jogou a cabeça para um lado depois para o outro. É sobre os animais elementares

Suzy levantou sua mão.

Pode falar, Senhorita Cool, Nage disse, dessa vez esticando suas pernas.

Suzy corou um pouco quando sentiu todos os olhares em sua direção. O que são animais elementares?

Eu já ia chegar nessa parte, Nage agora estava esticando seus braços para frente e para trás. Como vocês sabem, os bruxos elementares são muito raros e especiais, mas não é só o fato deles terem poderes incríveis que os fazem especiais, mas sim, o que eles podem fazer com eles, ele sorriu parando de se aquecer. Por um momento não o vi mais como professor, mas sim , como outro bruxo elementar. Os animais elementares são , mais ou menos, o reflexo de nossa personalidade interior em um tipo de animal.

Dessa vez foi a minha vez de levantar a mão.

Sim, Senhorita Night, Nage sorriu mais ainda vendo que eu estava, de vez, participando da aula. Me perguntei o que ele faria se eu pedisse para ir ao banheiro.

Esse animais vão vir exatamente da onde?, perguntei e fiz uma careta que fez com que Sr. Nage gargalhasse.

Vão vir de você, senhorita Night. De seus poderes., sua expressão, de repente ficou séria, Antes de você ser uma elementar, você é uma bruxa. Tem poderes, feitiços, bruxaria, o que quiser chamar. A única diferença entre você e uma bruxa comum é seu aperfeiçoamento em um elemento específico, o que lhe permite fazer coisas inimagináveis com o fogo, ele sorriu.

Como, por exemplo, queimar o cabelo de Lana Flower. Pensei e prendi para não rir.

O que o Sr. Nage tinha dito era a verdade. Bruxos como eu eram raros, mas bruxos normais nem tanto. Como Caroline e Fox que eram bruxos normais. Mas achar bruxos que, além de ter dons da bruxaria no sangue, tinham uma afinidade com algum elemento específico, era difícil.

Mas como eu estava dizendo, Sr. Nage tornou a falar me tirando de meus pensamentos. A magia está em vocês. É só acreditar, mesma a frase sendo clichê, eu, Suzy e Nick sorrimos. Vejam como eu irei fazer e depois façam igual, um por um

Sr. Nage esticou seus braços para frente, deixando suas mãos abertas para baixos, então fechou seus olhos. A mudança foi visível. O poder dele começou a voar em volta de gente de modo que fez nossos cabelos voarem e irem para nossos olhos, mas sem que desviássemos a atenção do espetáculo que estava acontecendo na nossa frente.

Todo o ar que estava bagunçando nossos cabelos foi para o lugar que as palmas das mãos do Sr. Nage apontavam, formando um tipo de bola de ar acinzentada. Ela começou pequena, até que ficou maior e todo o poder ficou concentrado ali. Estava tudo até que normal para mim.

Até que uma águia saiu da bola de ar.

Meus olhos a seguiram enquanto ela dava uma volta pela sala e pousava elegantemente nos ombros do Sr. Nage. Esse último se ajeito e ficou ereto, sorrindo quando a grande ave pousou em seu ombro.

A águia parecia ser tão elegante quanto o senhor Nage e eu me perguntei se ela não gostava de atraso tanto quanto Nage. Sua barriga era a única parte branca enquanto o restante do seu corpo coberto de penas era dourado. Seus olhos eram negros e astutos. A não o fato dele ter saído, literalmente de Nage, me pareceu normal.

Olá, Luir, Sr. Nage cumprimentou a ave.

Olá, Robert, a AVE respondeu.

Puta merda , a ave falava.

Suzy arfou de surpresa e vi os olhos de Nick arregalados. Fechei minha boca que, com certeza, já estava quase chegando no chão. Nage encontrou nossos olhos divertido, assim como Luir. Ele, com certeza, tinha vindo de Nage.

Pessoal, esse é Luir, meu animal elementar, ele voltou a olhar a águia. Luir, esse são Suzenny Cool , bruxa elementar do raio., ele apontou para Suzy. Nicolas Wave, bruxo elementar da água, apontou para Nick. E Alexa Night, bruxa elementar do fogo, apontou para mim.

Luir nos estudou por uns segundos e disse. Olá, bruxos elementares

Não conseguimos responder, acho que perdemos as nossas vozes, então apenas assentimos. Ainda não conseguia absorver o fato dele ter saído de Nage, nem dele falar e ter um nome francês.

Senhorita Cool é a próxima, Nage anunciou se movimentando até onde Suzy estava sentada e lhe esticando a mão para que levantasse. Ela hesitou um pouco, mas levantou. Luir tinha voado pelo auditório de novo e pousado em uma das cadeiras da primeira fileira. É só se concentrar e fazer exatamente o que eu fiz. O restante virá naturalmente

Suzy assentiu ainda sem voz e foi para o centro do palco. Nick e eu continuamos sentados sem força ou noção suficiente para levantar, apenas observando. Suzy esticou os braços, exatamente como Nage tinha feito, e abriu as palmas de suas mãos, fechando os olhos.

No início aconteceu nada, e eu vi ela apertando ainda mais seus olhos, tentando se concentrar. Só eu sabia como era difícil para ela fazer magia na frente de alguém, ainda mais do professor. Mas, de repente, ela relaxou.

Foi aí que tudo começou a acontecer.

A pressão em volta de nós mudou e eu consegui sentir meu cabelo levantando um pouco com frizz. Eu queria reclamar com Suzy, mas não queria interrompê-la naquele momento precioso. Assim como aconteceu com Nage, a energia que passava por nós, foi para a direção que as mãos de Suzy apontavam. Uma bola de energia se formou ali, mas, diferente da de Nage, ela era violeta e menor. Eu jurava que conseguia ouvir os raios em volta de nós.

Uma coruja prateada saiu de dentro da bola de energia de Suzy.

Diferente de Luir, ela saiu de lá meio que andando. A luz do auditório fazia suas penas cor de prata brilharem, assim como seus olhos lilás. Ela também tinha um tipo de marca na testa que se parecia com uma lágrima negra.

A coruja observou Suzy. Na verdade, todos observaram Suzy. Assim que viu seu animal elementar, lágrimas lhe encheram os olhos e ela caiu de joelho na frente a pequena e delicada coruja.

É você, Suzy dizia em meio as lágrimas. Chelsea

Sim, querida., a pequena coruja respondeu em uma voz sábia e profunda que parecia pertencer a uma mãe do que a um animal. Sou eu

OMG, Suzy esticou sua mãos direta para tocá-la, mas recuou como se alguma coisa a tivesse queimado. Seu olhar foi para mim com um enorme ponto de interrogação e eu apenas dei de ombros. Sabia tanto quanto ela sobre o que estava acontecendo.

É a marca elementar, querida, Chelsea , a coruja, respondeu.

Suzy olhou para as costas de suas mãos e sorriu. Quando ela esticou novamente a mão para tocar Chelsea, eu tive um deslumbre da tal marca elementar. Era um desenho, eu tinha certeza e meio que se parecia com uma coruja.

Sua vez, Senhor Wave, a voz de Nage surgiu de novo.

Eu meio que tinha me esquecido de tudo o que estava acontecendo ao meu redor, apenas me concentrando naquele momento tão especial para Suzy. A própria Suzy tinha perdido a noção do mundo real e , corando, deixou com que Chelsea subisse em seu ombro e caminhou até o meu lado, enquanto Nick ia até o centro do palco.

Olá, Chelsea., eu cumprimentei a coruja quando Suzy parou do meu lado. Eu sou Alexa, bruxa elementar do fogo

Olá, Alexa, ela disse graciosamente e eu jurava que ela tinha sorrido. Mas antes que eu pudesse ver realmente, sua cabeça virou para frente e seus olhos lilás se fixaram em Nick.

Imitando os movimentos de Suzy e Nage, Nick começou a se concentrar e fechar os olhos. A mágica dele veio mais rápida do que a de Suzy e um pouco mais forte. O ar em volta da gente ficou úmido e até frio. Eu conseguia ver algumas partículas de água no chão e se acumulando no forro azul escuro das cadeiras.

Nick parecia tão concentrado e , ao mesmo tempo, tão lindo. As palavras de Suzy voltaram a minha cabeça: Mas sente algo por ele. Não tente negar, Aly. Eu vejo no fundo dos seus olhos. E, naquele momento, eu tive certeza que meus olhos estavam fascinados nele.

Será que o que eu sentia era realmente apenas uma atração maluca elementar?

Não tinha a ver com o fato dele, de algum jeito, me completar de um jeito que ninguém mais (nem meus amigos, nem minha família) poderia?

Medo de ter alguém a mais te conhecendo que não seja a gente. Medo de amar.

As palavras de Suzy fizeram mais sentido naquele momento, do que quando ela falou.

Toda a umidade do ar se juntou em uma bola de mágica azulada. Ela parecia ter quase o dobro do tamanho da de Nage, significando que o animal era grande. Uma parte de mim sentiu um tremor de medo. A próxima seria eu. O que será que sairia de lá? Os animais elementares eram os reflexos dos bruxos. Será que sairia uma cobra como meu reflexo?

Não. Esse era o de Lana.

Atrapalhando de vez minha tagarelice mental, uma animal começou a sair de dentro da bola de mágica de Nick. Ele não era grande, era ENORME. A primeira pata branca saiu, acompanhando outra, logo a cabeça , em seguida o tronco e por último as outras duas patas e o rabo.

Era um tigre branco.

OMG, um Tigre Branco!

Pensei que Nick sairia correndo dali, gritando que nem uma menina, mas tudo o que ele fez foi se curvar e afagar a cabeça do tigre. O tigre ronronou em resposta e seus lindos olhos azuis se iluminaram.

Olá, Frances, ele a cumprimentou.

A tigresa fez uma mesura rápida. Olá, Nicolas

De repente, Nick se levantou tenso e tocou a parte de trás das costas perto do lado direito da cintura. Seu olhar veio de imediato para mim, e eu dei de ombros de novo. Porque eles ficavam me olhando?

É a marca, Suzy disse.

Eu virei minha cabeça para encará-la , mas seu olhar estava fixo na cena a sua frente. Voltei minha atenção para lá também, bem a tempo de ver Nick levantando sua camisa nas costas e olhar o desenho. E, eu jurava que era um tigre.

É a sua vez, Aly, Suzy disse e quando a olhei , ela estava sorrindo.

Soltei o ar que eu nem ao menos sabia que estava segurando e fui para o centro do palco. Nick ainda estava olhando a marca em suas costas, então eu aproveitei a me equilibrei em um joelho para encarar Frances.

Olá, sou Alexa., eu disse e sorri. bruxa elementar do fogo

Por um curto segundo, pensei que ela me afastaria e rosnaria, ou até mesmo avançaria, mas, em vez disso, ela soltou uma gargalhada meio rouca, e meio que sorriu para mim.

Olá, Alexa, Frances ainda me olhava e então levantou seu olhar para algo atrás de mim.

Segui seu olhar apenas para encontrar Nick nos observando. Ele parecia tão confuso e duro, como eu estava no corredor. Cada vez mais parecidos. Droga! Estava tão distraída com Nick nos encarando que me sobre saltei quando senti algo macio em minha mão. Demorei um segundo para ver que era a cabeça de Frances.

Comecei a fazer carinho e a ouvi ronronando de novo. Então, com um sorriso sonhador eu levantei e deixei que Nick e ela voltassem para o extremo do palco. Me ajeitei e respirei fundo. Era agora. Minha vez.

Estiquei meus braços para frente e deixei minhas palmas para baixo, como tinha visto todos fazerem. Mas, diferente de todos, não fechei meus olhos. Queria ver tudo o que acontecia ao meu redor.

Logo que comecei a me concentrar, tudo começou. O ar em volta ficou quente tão de repente como tinha ficado frio. Um tipo de quentura acolhedora começou a me envolver como em uma redemoinho e vi a bola de mágica se formando bem na minha frente. Como eu imaginava, ela era avermelhada e brilhante. Engraçado que eu não tinha notado que brilhava quando fiquei longe.

Estava ansiosa para ver o que iria sair dali, e com um pouco de medo também. Coloquei todos os meus poderes em exposição para fazer que desse certo. Então, assim como tinha acontecido com Frances, um membro atrás do outro saiu de maneira lenta de dentro da bola de magia. Era como se ele não quisesse sair, mas ansiasse por ver como era o mundo exterior.

Comecei a sentir minha emoções se bagunçando um pouco , assim como os meus sentidos. Era como se eu tivesse tendo um filho, uma parte de mim para o mundo. E quando ele terminou de sair e eu parei de expor meus poderes, tudo o que eu pude fazer foi me ajoelhar e chorar, exatamente como Suzy tinha feito.

Era um alegria sem comparação, ver aquela criatura sair de mim, praticamente,. Seu pêlo era avermelhado, mas seu focinho, o final das patas e a ponta do rabo eram brancas. Ele me encarava com os olhos negros astutos e um pouco arrogantes. Então se aproximou de mim.

Meu Deus, eu mal conseguia enxergar em meio a tantas lágrimas, mas era uma emoção sem tamanho. Não sei como Nick conseguiu se controlar. Era como ver o filho recém nascido pela primeira vez e saber que ele estava ligado a você para sempre.

Estiquei minha mão para tocá-lo, ainda com medo que ele recuasse ou fugisse de mim, de novo. Mais ele não o fez. Deixou que eu tocasse seu pelo macio e se aproximou de mim de forma que eu pude abraçá-lo o mais forte possível. Senti algo queimando a parte de trás do meu ombro e parte do meu subconsciente disse que era a tal marca elementar. Eu tinha uma vaga certeza que eu teria para sempre uma raposa marcada em minha pele, tanto quanto em minha vida.

Desculpe por ter demorado tanto, Aly, a raposa disse e se aconchegou ainda mais em meu abraço.

Eu o apertei em retorno e sorri em meio as lágrimas.

Tudo bem., me afastei e segurei seus ombros para poder olhar dentro de seus olhos negros. Eram como espelho da alma de tão profundos. Ele sorriu. Eu sorri. Olá, Sam


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Notas finais do capítulo

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