Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo, amores



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Capítulo 5

Ser arrastada de uma aula a outra não foi o modo que eu esperei estrelar meu primeiro dia de escola. Mas foi assim que aconteceu. Quando o sinal do terceiro tempo bateu, Luen apareceu radiante na porta da sala e quase me rebocou até a aula de Filosofia.

Suzy nos seguiu em silêncio, ainda pensativa com tudo o que tinha ouvido na aula. Eu estava dividindo esse silêncio com ela, mas tinha que dar atenção a Luen que parecia feliz pela primeira aula que teria conosco. Nessa aula, nos sentávamos sozinhos, cada um em sua cadeira, então eu fiquei entre Suzy e Luen. Essa última parou de falar parecendo notar o clima pesado em que Suzy e eu nos encontrávamos.

“O que aconteceu agora?”, Luen revirou os olhos azuis, parecendo como nunca com Lien. Mas minha atenção estava em Suzy e ela arrastou seus olhos até os meus. Mensagens eram enviadas com os olhos. Será que era possível? Será que acontecia com outros elementos? Mas que droga!

“Será?”, eu perguntei.

“Talvez”, Suzy respondeu. Então ela se virou para Luen e explicou tudo o que nós havíamos ouvido na aula da Sra. Hudson. Os olhos azuis de Luen se arregalaram e sua boca fez um “o” perfeito.

“Essa seria a explicação mais sensata”, ela disse depois de uns segundos em silêncio.

Eu afundei em minha cadeira, desolada. “Mais que droga de volta as aulas”, reclamei.

Suzy colocou uma mão em meu ombro, me consolando. “Não se preocupe, Aly.”, ela me disse e sorriu. “É só você não olhá-lo”, me lembrou. Como se fosse fácil. Afundei ainda mais e gemi de desgosto.

“E o que vamos fazer no almoço?”, Luen perguntou.

Abaixei minha cabeça na mesa e gemi mais ainda. Tinha esquecido de novo sobre o almoço. Tinha duas opções: ou o enfrentava e a essa atração maluca, ou almoçava no quarto. A segunda opção até pareceria atraente se eu não tivesse o risco de encontrar Lana. Me virei para Luen com expectativa.

“O que acontecerá se eu almoçar no quarto?”, perguntei e vi seus olhos azuis se arregalando. Eu sempre gostei de deixar as coisas rolarem, isso quer dizer, sem visões sobre o meu futuro, mas dessa vez era exceção a regra.

Luen ficou me encarando por um tempo vendo se era isso mesmo que eu queria, então eu assenti. Seu rosto virou para frente e seus olhos ficaram vazios. Nesse exato momento, a professora Crystal nos chamou atenção. Ficamos eretas olhando para o quadro sem realmente ver a matéria, mas pelo canto do olho observando Luen. Então fui a primeira a ver sua expressão assustada, mas, ao mesmo tempo, distante.

“Estou você, Alex.”, ela dizia, mas sua voz continuava distante e sussurrada, os olhos ainda vidrados no nada. “Você está fugindo de algo. E tem um rapaz”

“Nicolas?”, Suzy perguntou baixo, prestando tanta atenção quanto em Luen, mas, pelo menos, ela conseguia falar.

Tremi involuntariamente quando Luen negou. “Não. Ele é alto, cabelos castanhos escuros, olhos escuros. É um bruxo elementar.”, ela nem sequer piscava. Eu continuava imóvel enquanto as palavras deslizavam de seus lábios. “Você estão correndo juntos, tem tanto amor entre vocês dois, mas são pegos e presos”

Ela puxou todo o ar possível e saiu do seu transe.

“O que diabos você viu?”, eu perguntei.

Luen passou a mão pelo rosto e esfregou os olhos cansados antes de me focar, frustada. E, novamente parecia com a sua irmã. “Eu narrei tudo.”, ela reclamou. “Você não estava escutando?”

“É claro que sim, só não entendo”, minha mente vagava e se confundia com palavras e mais palavras. A professora Crystal nos ameaçou a ir para a diretoria e nos calamos de novo até que ela nos deu as costas e continuou a matéria.

“Eu pedi para ver o que iria acontecer no almoço, não que teria um outro garoto no meu futuro”, eu reclamei e cruzei meus braços bufando.

“Hey.”, Luen disse chamando a minha atenção de novo. “Eu me concentrei em você e foi isso que apareceu.”, ela retruquiu e virou seu rosto para longe. Me arrependi de ter brigado com ela quase que imediatamente.

“Desculpe.”, sussurrei no mesmo instante que a professora me chamou.

“Já que está prestando tanta atenção na aula, Senhorita Night, por que não responde uma pergunta óbvia?”, ela nem esperou ao menos eu me ajeitar na cadeira e já lançou a pergunta. “Cite um casal famoso do período da Renascença que sua história também tenha a ver com alguns fatores da sociedade de hoje”

Deveria ser o meu dia de chamar a atenção hoje. Todos da sala me encaravam esperando para que eu me desse mal e pudesse zoar com a minha cara. E eu achava que era exatamente isso que iria acontecer, então as palavras saíram dos meus lábios antes mesmo que eu notasse.

“Romeu e Julieta”, respondi um pouco incerta, mas firme. A professora me encarou por um momento até que seu rosto ficou vermelho de raiva e ela tornou a olhar para o quadro. Soltei o ar que nem mesmo sabia que estava segurando e me recostei na cadeira. Minha atenção voltou a conversa.

“O que vamos fazer?”, Luen perguntou.

Tomei a minha decisão.

“Vou almoçar no quarto”, eu disse.

“Almoçarei com você”, Suzy disse e sorriu, iluminando seus olhos cinzas.

Sorri de volta.

“Também”, Luen disse. Meu olhar escorregou para ela.

“É melhor não.”, eu disse e emendei rapidamente quando vi sua boca abrindo em protesto. “Você precisa ir avisar aos outros e levar Nick. Acho que Daemen e Lien não o seguraram sozinhos sem lhe darem um soco”

“Daemen não faria isso.”, Luen disse abaixando seus olhos. Seu rosto todo se ruborizou. “Ele não é assim.”

Eu e Suzy trocamos olhares mandando mensagens novamente e então, sem mais nem menos caímos na risada. A professora abriu a boca para nos chamar a atenção de novo, mas desistiu vendo que isso não funcionaria mais. Luen nos encarou confusa e com os rosto ainda em brasas.

“Do que vocês estão rindo?”, ela perguntou. Suzy e eu trocamos olhares rápidos e, em vez de explicar a Luen o motivo das nossas risadas, nós rimos mais ainda. “O que foi? Me expliquem”, ela colocou seu lábio para frente como uma criança que é tirada da brincadeira na melhor hora.

“Você está afim do Daemen”, Suzy respondeu finalmente, tomando fôlego, enquanto eu limpava as lágrimas que apareceram em meus olhos de tanto rir.

“Não, eu não estou”, Luen respondeu indignada e corou mais ainda. “Isso é um absurdo”, ela disse e desviou seu olhar da gente.

“É claro que não é”, eu disse quando parei de rir.

“Todos nós mudamos”, Suzy disse e sorriu apaziguadora. “Sua irmã deixou isso bem óbvio sobre o corpo de Alexa”

“Tem razão”, eu disse, corando também. “Não é vergonhoso você gostar dele. Sabe”, u sorriso brotou em meus lábios. “Acho que ele tem uma queda por você também”

Luen levantou a cabeça e seus olhos azuis brilharam. “Você realmente acha?”, ela perguntou sonhadora.

“Todos nós mudamos”, eu fiz eco das palavras de Suzy misteriosamente. Queria que ela descobrisse por si mesma. “Muitas coisas mudaram esse ano. Você e Daemen tendo uma queda”

“Lien menos rabugenta”, Suzy disse sorrindo.

“Você mais alegre”, eu respondi a Suzy sorrindo e a vi ficando corada também.

“E Alexa tendo uma atração maluca elementar”, Luen completou e , junto com Suzy começaram a rir. Antes que eu abrisse a boca para lhe responder, o sinal tocou e eu fiquei tensa.

Mal conseguia andar para fora da sala, e nós três fomos liberadas com um olhar frustado da professora. Eu caminhava pelo corredor como uma fugitiva, olhando para os lados, sempre com medo. Se eu chegasse pelo menos ao lobby do dormitório feminino sem que ELE me visse, eu estaria a salvo.

Quando finalmente chegamos, soltei a respiração que nem sabia que estava prendendo. Eu e Suzy nos olhamos e sorrimos quase que ao mesmo tempo. Estávamos salvas. Por enquanto. Andei desinteressada até a cozinha e peguei duas cocas e um pacote de salgadinho. Isso teria que resolver por enquanto.

Voltei a sala e encontrei Suzy sentada na poltrona sapeando pelos canais da televisão. Ela levantou o olhar quando me viu aproximando e sorriu.

“Nosso almoço”, ela disse olhando para as coisas em minha mão.

“Terá que servir”, eu respondi me sentando no sofá e colocando o pé na mesinha de centro. Lhe passei a lata de coca e me pus a conversar. “Então, me conte sobre suas férias”

Suzy sorriu e começou a detalhar seu acampamento em família. Seus olhos cinzas brilhavam enquanto ela descrevia sua cantoria na fogueira junta com Carly e Natálie, suas irmãs mais novas. Ela riu docemente enquanto contava de Carly derrubando a sua barraca e Natálie com medo de ursos.

Carly tinha 14 anos e Natálie tinha 10. As três se davam tão bem que quase nunca brigavam. Elas pouco ligaram de não terem herdado os poderes da família, acham até melhor do que se internar em uma escola estranha e ficar longe dos amigos. Suzy também contou das práticas de mágica com sua mãe enquanto seu pai fazia a janta.

O pai de Suzy era tão mortal quanto a minha mãe, felizmente, mas tinham as suas diferenças, como, por exemplo, o pai de Suzy não tinha um super senso protetor. Ele ficava preocupado por ter que ver a sua filha lidar com algo que não entendia, claro, mas não ficava triste ou quase depressivo com minha mãe ficou.

E eu conseguia ver a felicidade de Suzy enquanto ela me contava sobre a viagem. Seu rosto corou levemente de empolgação e seus olhos brilhavam como nunca. Antes que eu percebesse, estava sendo levada também por aquela alegria e estava sorrindo tanto quanto ela.

“Carly é uma figura, mas Natálie conseguiu ser pior.”, ela continuou contando, então parou, parecendo se dar conta que eu estava ali. “Mas, e você? Como foi as suas férias?”, ela perguntou parando para respirar.

Meu sorriso se apagou quase que imediatamente.

“A mesma coisa de todos os anos.”, eu disse rabugenta. “Eu me isolando em casa, minha mãe preocupada, meu pai radiante e tentando colocar a família feliz de novo e Lissa ainda com raiva de mim.”, parei um pouco e suspirei. “A única coisa boa foi as aulas de arco e flecha”, dei um sorriso triste.

“Eu sinto muito”, Suzy disse e foi se sentar ao meu lado no sofá. Então um novo sorriso surgiu em seus lábios. “Que tal um presente para te animar?”, ela propôs.

Meu humor mudou quase que de imediato e senti meus olhos brilhando.

“Presente pra mim?”, perguntei tolamente.

“Claro, bobinha.”, Suzy riu e começou a se levantar. “Pensa que só porque estava no meio do mato não iria as compras?”

“Claro que não, mas achei que seus pais tinham achado um lugar que você não seria tentada as compra”, comecei a me levantar também . “Vejo que estava errada”

Ela tornou a rir, mas foi brevemente, até que seus olhos focalizaram em algo na entrada do lobby. Por um momento eu paralisei. Pensei que fosse Nick e tive a intuição de correr, mas quando vi Suzy ficar tensa e se colocar disfarçadamente atrás do meu corpo, vi que não tinha nada a ver comigo. Quando eu olhei para a entrada do lobby tive a certeza. Quem estava ali não era Nick, embora que naquela hora eu quisesse que fosse.

Era Lana.

Mas não só ela. Mais duas garotas a acompanhavam. Reconheci Mia, a colega de quarto de Suzy, mas a outra eu não sabia quem era. Talvez uma aluna nova. Elas mal nos tinham notado, mas parecia que Lana sentia o cheiro de medo no ar. Seus olhos azuis escorregaram exatamente para onde nós estávamos. Um sorriso diabólico brilhou em seus lábios.

“Vejam quem eu encontrei.”, ela disse para suas companheira e as duas nos encararam também. “Minha colega de quarto e sua amiguinha”

Me mantive firme em meu lugar enquanto a encarava e senti Suzy se arrastando cada vez mais para trás de mim. Não que ela fosse medrosa ou coisa do tipo, mas ela não queria que acontecesse a mesma coisa que aconteceu a dois anos atrás.

“Olá, Lana”, respondi dura e mantive meu rosto o mais frio possível.

“Vejo o quanto você mudou, mas o seu mal senso de amizade continua o mesmo”, ela disse colocando seus olhos em Suzy que tremeu visivelmente e a fez sorrir. “Hilário”

“E eu vejo como você continua uma vaca perfeita”, eu retorqui. “Por favor, não chegue muito perto do espelho senão ele pode quebrar”, sorri friamente e vi o seu sorriso se dissolver em uma careta. “Mas”, eu acrescentei antes que ela abrisse a boca novamente. “se quiser, eu posso reformar a sua cara em dois segundos”

Ameacei avançar nela e Lana e as outras duas soltaram gritos altos e finos, típicos de sereias. Tive que me segurar para não tampar meu ouvido com aquele som horrível e irritante. Lana estreitou os olhos para mim, mas eu conseguia ver um pouco de medo dentro deles.

“Você não pode usar magia ofensiva, ou é expulsa”, seu sorriso voltou como se ela tivesse ganho. Ela estava redondamente enganada. Dei um sorriso sarcástico e , ao mesmo tempo, intrigante.

“Mas quem disse que eu vou usar a mágica?”, eu disse com um sussurro ameaçador. Foi a vez de Lana e sua comparsas tremerem e eu rir. “Não se esqueça que você dorme no mesmo quarto que eu, Lana.”, continuei ameaçando. “Se eu fosse você tiraria todos os travesseiros do quarto”.

Ela bufou e começou a se virar para sair junto, mas se deteve por um segundo e encarou além de mim por cima dos ombros. Então aquele sorriso voltou, mas, dessa vez, não era dirigido para mim.

“Sabe, querida, Matt te mandou um 'oi'”, com isso ela virou as costas e foi embora.

Meu desejo foi de ir correndo atrás dela e pegá-la pelos cabelos, mas não podia. Suzy caiu no sofá impotente e lágrimas inundaram seus olhos. Droga! Antes que o meu corpo pedisse pra que eu fizesse outra coisa, me sentei ao seu lado e a abracei deixando que ela molhasse totalmente minha roupa.

“Está tudo bem, Suzy”, eu disse e ela levantou seu olhar.

Seu rosto estava vermelho e dentro de seus olhos parecia estar acontecendo algum tipo de tempestade real. Era como ver a chuva em primeira mão.

“Não está tudo bem.”, ela respondeu com um fio de voz. “Matt me trocou por ela. Por Lana”


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Notas finais do capítulo

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