Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 44
Capítulo 43




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Suas patas batiam com precisão e rapidez na grama. Seus olhos estavam estreitos do vento que vinha em direção ao seu rosto. Na sua mente, apenas uma certeza: Tinha que me salvar.

Ele ainda se culpava por ter me deixado para trás, mas não pode fazer nada. Quando uma bruxa dava uma ordem ao seu animal elementar, ele não podia desobedecer. Mesmo se tivesse um grande custo. O que o deixava mais inquieto, era o fato dele não ter visto o rosto do desgraçado que havia me sequestrado. Nem, sequer, tinha visto para onde ele tinha nos levado.

No momento em que eu havia desmaiado, ele saiu correndo, buscar ajuda. Mas ele não se sentia assim. Pelo contrário. Se sentia um covarde por ter abandonado sua dona. Agora ele estava ali, correndo camuflado e rápido por dentro das árvores em direção aos dormitórios.

O cheiro da magia elementar o estava levando até lá, o que agradecia. Não estava com paciência para procurar um bando de adolescentes com os hormônios a flor da pele. Ao mesmo tempo, não sabia se estava preparado para encarar Frances.

A última vez que tinham se visto, ainda estavam ligados. Ainda se...? Se gostavam? Se amavam? Ainda se atraíam. Mas, naquelas últimas duas semanas, todas as vezes em que fechava os olhos, a imagem que aparecia em sua mente, era a da elegante loba negra e seus marcantes e misteriosos olhos cinzas.

Mesmo não gostando de Nathan, tinha algo em Fleur que o fazia voltar e olhar de novo. Já era um peso enorme a ideia de me perder. A possibilidade de perder Fleur junto, era insuportável.

Foi encardo por duas meninas no lobby quando entrou, mas nenhuma delas gritou ou lhe dirigiu a palavra. Pelo contrário. A loira o encarou com os olhos verdes estreitos e a morena deixavam os olhos azuis brilharem com a beleza a sua frente.

Ele subiu as escadas, três em três, sem nem mesmo arfar. O prédio ainda estava vazio, o que era bom. Não queria alarde sobre a sua aproximação. Quando chegou a porta do quarto, bateu com o focinho e começou a ficar inquieto com a demora par atender.

A porta se abriu e encarou uma séria e preocupada Luen. Seus olhos azuis não brilhavam mais de alegria pela noite perfeita e seu cabelo estava já esquecido e despenteado. Ela lhe deu espaço para entrar e todos o encararam, esperando notícias.

Pena que as notícias não são boas. Ele pensou enquanto se colocava no centro do quarto.

Suzy soltou um suspiro de alívio e saiu do abraço de Ryan, parando ajoelhada em frente a raposa. “Sam, onde estão Alexa e Nathan?”, ela perguntou curiosa.

Uma coisa que Sam sempre tinha gostado em Suzy, era sinceridade de sua amizade. O modo que ela se preocupava e ajudava a mim, era incrível. Mas olhando bem par ela e prestando a atenção, descobriu outra coisa que também gostava.

Os olhos.

Sam encarou um por um no quarto, vendo se todos estavam presentes. Até que encontrou o olhar vazio de Nick. Ele sentia pena do pobre rapaz. Ele merecia algo a mais e não ter sido traído.

Nick sustentou o olhar de Sam por um tempo, até que desviou, parecendo sentir dor. Com certeza pelo fato dos olhos de Sam serem tão parecidos com os os meus. Sam também encontrou os olhos de Lien, e , mesmo ela tendo sido fria comigo, tinha um brilho de preocupação em seu olhar.

Daemen e Luen estavam mais longe do grupo, abraçados e sem dizer nenhuma palavra. Ora ou outra, Daemen fazia um carinho nas costas de Luen e beijava seus cabelos vermelhos. Era visível a preocupação deles. Ryan estava sentado na minha cama olhando para suas mãos, como se tudo o que tivesse acontecido fosse culpa dele.

Suzy pegou Sam pelo ombro e o balançou, como se quisesse o fazer sair de um pesadelo. Mas ele sabia que mesmo tudo o que estivesse acontecendo fosse surreal, não era um pesadelo. Sam engoliu a seco e se preparou para dar a notícia. Todos presentes no quarto esperavam em um silêncio quase mortal.

“Ele a pegou.”, Sam disse abaixando a cabeça. “Pegou a ela e a Nathan”

“Quem os pegou, Sam”, Suzy persistiu. Eu sabia que ela sabia, mas não queria acreditar.

“O Assassino Mágico”, Lien respondeu.

Todos estavam estáticos, nem sequer respiravam. Olhavam para Sam como se esperasse que ele dissesse que tudo não passava de uma brincadeira. Ele abaixou o olhar e escutou Suzy se levantando, chorando baixo e se aconchegando em Ryan.

Ninguém conseguia acreditar no que tinha acontecido. Todos achavam que eu e Nathan não tínhamos chance. Achavam que já estávamos mortos. E isso irritou Sam. Ele tinha me deixado para trás para me ajudar e não para me abandonar.

“E vocês vão ficar aí, sentados?”, ele rosnou.

Meus amigos o encararam como se ele fosse louco.

“O que quer que façamos?”, Nick perguntou, frustado.

“Eu não sei.”, Sam disse derrotado. “Mas deveríamos tentar, pelo menos, para salvar a minha bruxa.”, ele abaixou a cabeça em suas patas. Eu nunca tinha visto Sam tão triste em toda a minha vida.

“Ele tem razão”, Suzy disse quando o silêncio tomou conta do quarto novamente. Ela se levantou do abraço de Ryan e limpou o rastro de lágrimas. “Lien, tente ver onde eles estão”, ela começou a comandar. “Luen, você também”, as gêmeas assentiram e começaram a trabalhar. “Daemen, ajude Lien”, o gênio se levantou e se posicionou junto com Lien em frente ao espelho. “Nick e Ryan”, ela chamou os dois bruxos. “Nós três

vamos chamar nossos animais elementares e junto com Sam, tentamos achar o cheiro de Alexa e Nathan”

Suzy parecia tão decidida que eu me sentia triste por não estar lá e abraçá-la e sorrir. Ou, pelo menos, para dizer que tudo ficaria bem. Sam também sentia essa determinação e foi isso que o fez levantar a cabeça e ter esperanças que me veria novamente. E que veria Fleur novamente.

Ryan e Nick se entreolharam e levantaram se ponto em um meio circulo no quarto. Luen, Lien e Daemen pararam de fazer o que estavam fazendo e prestaram atenção nos bruxos. Até Sam estava prestando atenção nas coisas que aconteciam no quarto de acordo com cada elemento.

Primeiro, o ar ficou mais rarefeito, depois ficou mais forte. Ryan se concentrava e a bola esverdeada se formou e Miel, o falcão, saiu e pousou no ombro de Ryan. O bruxo do ar sorriu para seu animal elementar e acariciou sua cabeça.

Depois dos ventos, o ar ficou mais estático, fazendo o cabelo de todos terem frizz. Até mesmo o pêlo de Sam. Mas isso não o fez desviar os olhos de Suzy ou de sua bola cinza de magia. Chelsea saiu andando, assim como na primeira vez que ela apareceu. A delicada coruja voou até o ombro de Suzy e encarou Miel, como se o visse pela primeira vez e o estivesse amando. Suzy e Ryan também se encararam e sorriram um para o outro.

“Sem melação agora, por favor”, Lien pediu. “Vá logo, Mauricinho. Antes que eles se agarrem”, ela brincou e sorriu.

Nick pousou os olhos em Lien e sorriu para ela. Sam arregalou os olhos (uma coisa que eu faria se estivesse ali) e pigarreou. Nick balançou a cabeça e se concentrou. O ar ficou úmido e frio. Escutei Luen reclamar do estado do seu cabelo. A grande bola azulada se formou sem trabalho e a grande e bonita tigresa saiu dali.

Sabe quando você sabe que fez alguma coisa de errada e não sabe se desculpar? Foi o que eu tinha sentido quando encontrado Nick. E era o que Sam estava sentindo ao encontrar Frances. Ela o encarou com os olhos azuis acusadores. Sam não sabia se desviava ou continuava a encarando. Não sabia se pedia desculpas ou a ignorava. A única coisa que sabia era que, toda atração que sentia, a ligação que não os separava, acabou.

Realmente se quebrou., ele pensou.

Frances parecia presa entre a dor e a incredulidade. Sam sabia que ela gostava dele além da atração, mas ele não podia fazer nada já que seu coração pertencia a elegante loba negra, tanto quanto o meu pertencia a seu dono. Ele resolver desviar o olhar, pois seu estômago já estava se remexendo de um jeito estranho.

Ele encarou primeiro Luen. A vidente estava sentada em sua cama, e tinha a cabeça nas mãos. Seus olhos fechados , a boca em linha reta e estava franzindo o cenho. Isso lhe daria uma bela dor de cabeça mais tarde. Lien e Daemen estavam parados em frente ao grande espelho do quarto.

Daemen fazia movimentos estranhos com a mão, como um mágico apresentando-se para a sua plateia, enquanto Lien apenas tinha os olhos azuis violetas estreitos e fixos no espelho, se concentrando, ou tentando. Daemen nunca tinha sido muito bom em feitiços. Ele preferia a vida prática.

Antes de descobrir que era um gênio e vir para a Spell the Most, ele tinha uma vida onde o seu tema era: Só acredito vendo. Ele não acreditava nessas coisas de fantasias,

como fadas, bruxos, vampiros, lobisomens, sereias, videntes ... e gênios. Até hoje eu duvidava que ele tivesse se acostumado com a condição de gênio. Na verdade, eu nunca o tinha visto usar seus poderes em público.

Lien desviou seu olhar do espelho e encarou seu cunhado.

“Você tem duas opções: Ou para de se mexer como o Feiticeiro Mickey Mouse, ou saí do meu lado e vai ajudar minha irmã”, ela disse frustada. Daemen lhe deu um olhar triste.

“Só estava tentando ajudar”, ele disse.

“Agora não é hora de TENTAR, é hora de CONSEGUIR”, ela retrucou. “E você sabe que pertence a teoria e eu pertenço ao prático. Então, não me atrapalhe que eu sou mais rápida”

Sem mais nenhuma palavra, Daemen saiu e foi se sentar ao lado de Luen. Suzy lançou um olhar duro para Lien , que ignorou e continuou se concentrando no espelho. Uma coisa que Sam sempre tinha admirado em Lien, era que ela era decidida e não tinha medo de dizer o que lhe vinha a cabeça. Mesmo que magoasse as pessoas.

Seu reflexo no espelho se desestabilizou e uma imagem já conhecida por Sam apareceu. Lien era mesmo boa no que fazia e mesmo ela não tendo notas altas nas aulas teóricas, ela era considerada uma das mais poderosas fadas da escola, perdendo apenas para as poucas professoras e a diretora.

A imagem do espelho continuou passando sem som, o que eu agradeci. Ali se passava minha discussão com Nathan antes de termos sido capturados. Revê o ódio em seu olhar fez Sam recuar. Era como se a própria Fleur o olhasse desse jeito e o acusasse. Pelo canto do olho ele encarou Frances. Ela estava prestando tanta atenção no espelho quanto ele antes, e sentindo o olhar, ela encarou Sam. Mesmo não se sentindo atraída por Frances, ela ainda poderia ser sua amiga e agora, mais que nunca, precisava de seu apoio.

Frances sustentou seu olhar por mais uns segundos, até que voltou a encarar o espelho. Sam fez o mesmo. As imagens agora foi de quando eu caí depois de correr. Ninguém no quarto estava dizendo nada, nem os animais elementares. Nathan correndo até mim e caindo, foi a próxima cena. Sam escutou um bufar e ele nem precisava olhar para saber que era de Nick. Então, as imagens acabaram quando eu e Nathan nos encaramos e apagamos.

“Só isso?”, Ryan perguntou.

“Sim”, Lien disse olhando novamente para o espelho. “Mas acho que foi o suficiente para saber que foi um bruxo que fez tudo isso”, ela encarou meus amigos.

“Como você pode ter tanta certeza?”, Suzy perguntou acariciando Chelsea. A pequena coruja estava no colo da bruxinha do raio e parecia gostar. Seus olhos lilás estavam grande e atentos , mas dóceis.

“Só os bruxos são autorizados a fazer feitiços desses tipo. Fadas e gênios não são ensinados com esse tipo de feitiço, assim como bruxos não sabem fazer o feitiço de voltar no tempo sem o auxílio de uma fada, um gênio e os cinco elementos.”, Daemen disse.

“Mas não foi qualquer bruxo.”, Lien acrescentou. “Esse tipo de feitiço , só aprendemos quando nos formamos. Então estamos lidando com um experiente.”

“Mas, ele não poderia ter aprendido esse feitiço com outra pessoa?”, Nick perguntou.

“Não, Mauricinho.”, Lien estreitou seus olhos para ele. “Quando os bruxos se formam e aprendem alguns feitiços proibidos, são enfeitiçados para não poderem contar a ninguém e morrer com o segredo.”

“Assim como as fadas e os gênios”, Daemen completou.

“Então, estamos lidando com um professor?”, Luen perguntou.

“Exatamente”, Lien disse balançando a cabeça, decepcionada.

******************

Perdi a conexão com Sam no momento em que abri os olhos, mas deu para escutá-los, vagamente que iriam fazer uma lista com os possíveis suspeitos. Era impossível ter alguma conexão com Sam acordada, aquilo eu já sabia. Só rezava para que eu não tivesse sonhado e eles realmente tenham descoberto isso.

Tentei levantar de onde eu estava, mas não tive muito sucesso, conseguindo apenas me arrastar até a parede mais próxima e me sentar. Me sentia fraca e como se meio mundo tivesse nas minhas costas. E frio. Eu sentia muito frio, algo que eu não reconhecia a muito tempo. Aquilo não era um bom sinal.

Olhei em volta para onde estávamos. Parecia um tipo de sala, mas sem janelas ou nada dentro. Tinha um cheiro estranho no ar que eu não conseguia identificar, mas conhecia. Tinha apenas uma grande ( e aparentemente difícil de abrir ) porta. Eu apostava que se não tivesse com esse super visão, não conseguiria enxergar nada. Ou ninguém.

Principalmente a ele.

Nathan estava sentado do outro lado da sala, a minha frente. Foi nesse momento que eu entendi o ditado: Tão perto e ao mesmo tempo, tão longe. Meu olhar foi direto para o seu braço enfaixado com um pedaço de seu paletó. Dali que estava vindo o cheiro estranho. Sangue. Senti o restante da cor do meu rosto se esvair e sabia que poderia vomitar a qualquer momento. Eu tremi de frio e me encolhi, abraçando minha pernas e colocando minha cabeça nos joelhos.

Ele me lançou um olhar duro e estreitou os olhos, como se me estudasse, mesmo não querendo. Eu tremi de novo, mas não sabia se era de frio ou de medo. Sentia alguma coisa no peito, como se faltasse alguma coisa. Fechei meus olhos e tentei me esquentar com magia, recebendo um grande nada em troca. Era mesma sensação de quando eu fui atacada por Dylan. Como se algo tivesse bloqueando meus poderes.

É apenas nervosismo, Alexa. Acalme-se. Eu pensei e respirei fundo.

Senti meu corpo relaxar, mas nada dos meus poderes. Era impressão minha ou estava ficando mais frio. Tive que fazer um grande esforço para abrir meus olhos de novo. Encarei Nathan que me olhava estranho, como se visse algo que não quisesse. Tirei minha cabeça dos joelhos e recostei ela na parede, me sentindo cada vez mais fraca.

“É perda de tempo tenta usar seus poderes”, a voz de Nathan soava tão longe.

Eu sabia que estava quase caindo na inconsciência de novo, mas essa frase me despertou. Eu olhei em volta da sala mais uma vez e a ficha de tudo caiu. Eu estava em uma sala anti-mágica. E Sam estava do lado de fora. Por isso eu sentia tanto frio. Eu estava perdendo minha magia. Antes que eu percebesse, eu estava chorando.

Era como se eu grande buraco tivesse se abrindo em meu peito. Primeiro tinha perdido Nathan, mesmo ele estando na mesma sala , eu tinha perdido seu amor e sua confiança. Agora perderia meus poderes e Sam. Eu me encolhi como uma criança pequena e continuei chorando baixo. O único barulho da sala inteiro era minhas fungadas. Tudo era culpa minha. Nós dois iríamos morrer por culpa minha. E se não morrêssemos ( o que eu achava improvável ), eu iria perder os poderes e seria mortal. Perderia a Spell the Most. Perderia meus amigos. Perderia Sam. E perderia o grande amor da minha vida.

Passei a mão por meu vestido e agarrei o lugar onde deveria estar meu coração. Minha vontade era de arrancá-lo de uma vez. Talvez não doesse tanto. Mas fui impedida por uma mão quente por cima da minha. Olhei para cima e vi um preocupado Nathan. Ele se sentou ao meu lado e me abraçou, recuando um pouco por conta da minha temperatura.

“Você está tão fria”, ele disse.

Então tirou o paleto e colocou em mim, mas sem deixar de me abraçar. Deitei minha cabeça em seu peito e suspirei, sem deixar de chorar. Se eu morresse hoje, pelo menos teria o cheiro de Nathan na memória. E queria lhe dizer tantas coisas, mas não conseguia dizer nada racional. Até a hora que Nathan colocou um dedo sobre meus lábios.

“Não precisa dizer nada, Aly”, ele disse e beijou meus cabelos.

Eu precisava sim. E tentei, mas tudo que saiu foi:

“Câmara anti-mágica. Sam, solto. Eu, mortal”, e funguei.

Ele me apertou mais ainda em seu abraço, mas isso fez com que doesse mais ainda. Eu voltei a chorar com mais força. Nathan não me interrompeu, apenas me embalou até que senti o cansaço tomar conta de mim novamente.

“Aly, não durma”, escutei Nathan pedindo. Mas sua voz parecia estar tão longe.

Fechei meus olhos e caí na inconsciência novamente aquela noite.


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