Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Desculpem por demorar tanto para postar, mas aqui está.



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Capítulo 3

“Eu estou atrasada. Eu estou atrasada”, eu ficava repetindo enquanto corria pelo corredor quase deserto.

A culpa era da droga do secador de cabelo. Ele era tão lerdo que demorou muito tempo para secar meu cabelo e me deixar pronta. Nessa pressa toda, nem me preocupei com penteado. Deixei meu cabelo solto de forma que ele caia nas minhas costas como cascatas negras.

Que impressão eu daria aos novos alunos se chegasse atrasada no primeiro dia de aula? E, além disso, a primeira aula era o senhor Nage. E ele não tolerava atrasos, ainda mais quando era por vaidade (mesmo que o resultado ficasse bom).

Parei em frente a porta da aula para passar a mão pela minha calça jeans e ver se meu suéter vermelho estava no lugar. Ainda bem que eu tinha optado pelo tênis ao invés de saltos. Seria um verdadeiro estrago correr por aqueles corredores de salto e ter a possibilidade de cair de cara.

Antes que eu tivesse a chance de colocar a mão na maçaneta, a porta foi aberta por um tipo de vento, que fez, além de abrir a porta e me coloca direto com o olhar nervoso do senhor Nage, bagunçar o meu cabelo todo.

Meu professor, Robert Nage me encarava com a expressão dura e eu via em seus olhos azuis pálidos que eu estava ferrada. Ele era baixinho e robusto e aparentava perfeitamente seus quarenta anos. Seus cabelos, que estava caindo cada vez mais a cada ano, era negro, mas tinha alguns fios grisalhos.

Entrei de cabeça baixa, tentando deixar meu rosto corado escondido. Sorte a minha que Lana não tinha essa aula. Assim como Luen, o tipo de criatura que ela era privada dessa aula. Tudo bem que ela tinha um tipo de encanto na sua voz de sereia, mas não era “mágica” para a diretora.

“Ainda bem que você deu o ar de sua presença, senhorita Night”, o professor Nage disse, irônico. Isso fez com que alguns dos meus colegas rissem e sussurrassem.

“Desculpe pelo atraso, professor Nage”, respondi ainda de cabeça baixa.

Consegui ouví-lo suspirando e seu tom de voz ficou mais leve. “Tudo bem. Vou relevar porque é o primeiro dia de aula, mas vá. Tem um lugar ao lado do senhor Wave. Sente-se”

Com um pouco de esforço me virei para o restante da sala e levantei minha cabeça. Fiz uma busca rápida pela sala para encontrar meu lugar. Meus amigos estavam na fileira do lado oposto da janela. Lien e Suzy sentadas juntas e Daemen com um garoto ruivo cheio de sardas.

Finalmente achei meu lugar na fileira do lado da janela, mas, antes que eu desse meu primeiro passo, parei para analisar meu parceiro de mágica. Na classe do senhor Nage, todos sentavam em dupla, além de quase todas as minha outras aulas, mas só que nessa era lugar marcado para todo o ano.

Comecei a andar em direção ao garoto que sentaria comigo o ano inteiro. Ele tinha os cabelos curtos e escuros e os olhos tão azuis quanto o mar. Meu Deus. Ele era um gato com um suéter preto. Enquanto eu caminhava na sua direção, joguei meu cabelos por cima do ombro e sorri. Estava na hora de flertar. De soslaio vi que Suzy me observava com um sorriso e Lien revirou os olhos, mas sem tirá-los de meus movimentos.

O garoto sorriu e isso fez com que sus olhos brilhassem mais ainda. Meu estômago começou a se revirar conforme eu chegava mais perto. Ele parecia mais nervoso do que eu. Os segundos que eu geralmente levava para chegar ao meu lugar, pareciam horas. Me sentia como em uma cena de filme, onde o mocinho e a mocinha se conheciam na escola e se apaixonavam.

Talvez não fosse uma boa ideia flertar com ele, pensei de repente. O que diabos estava acontecendo comigo? Ele era um gato, claro que eu teria que flertar. Mas enquanto me acomodava no meu lugar ao lado dele, aquele pensamento não me pareceu mais muito atraente. Não que ele fosse feio de perto. Não, muito pelo contrário. Era mais lindo ainda. Seus olhos brilhavam tanto que eu pensei que me deixariam cega. Mas tinha algo nele em si que me incomodava, me deixava inquieta.

“Oi”, ele me cumprimentou enquanto eu colocava meus caderno em cima da mesa.

“Hey”, respondi evitando seus olhos e arrastando minha cadeira para um pouco longe dele, ainda de modo discreto. Qualquer que olhasse diria que eu estava me ajeitando em minha cadeira.

Deixei meus olhos fixos nos meus livros, mas conseguia sentir seu olhar em mim. O que diabos estava acontecendo comigo? Meu Deus! Eu sentava do lado de um gato e o estava evitando? O senhor Nage prosseguia a aula enquanto eu continuava com as minhas perguntas mal respondidas. Mesmo que suas palavras ecoassem pela sala, mal faziam sentindo para mim. Era como se ele falasse outra língua.

Tão de repente quanto esse desconforto, apareceu um papel dobrado em minha mesa. Era magia de transportação, eu pensei. Ainda conseguia ver um pouco da mágica invisível em volta. Levantei meu olhar do papel e encontrei os olhares frustrados de Lien e Suzy. Voltei minha atenção ao papel.

O que diabos está acontecendo com você?

Era letra de Lien.

Um gatinho sentado ao seu lado e você o está ignorando?

Essa era a letra de Suzy.

Comecei a tatear a mesa em busca da minha caneta , incapaz de levantar os olhos e ter o risco de encará-lo. Aquele incomodo estava me dando nos nervos. E onde, diabos, eu tinha posto a minha caneta? Continuei tateando a mesa até que encontrei algo macio no lugar da caneta.

No mesmo instante, meu sangue se esfriou e me senti afogada no mar. Foi finalmente que eu levantei meus olhos e me vi que minha mão tinha encostado na mão do garoto ao meu lado. Então, eu finalmente soube o porque do meu incomodo.

Como se tivéssemos ensaiado, levantamos ao mesmo tempo, separando a nossas mãos. Seus olhos azuis estavam confusos, mas os meus estavam bem alertas e perigosos. Era uma maravilha o inusitado dom de um Bruxo Elementar poder reconhecer o outro com apenas um toque.

Eu tinha absoluta certeza que todos da sala estavam nos encarando, incluindo o professor Nage. Mas, meu corpo estava tenso demais para prestar a atenção em alguém que não fosse o garoto parado bem na minha frente. De pé, ele era bem mais alto que eu, talvez dez centímetros ou mais.

“Algo errado, Senhorita Night?”, ouvir a voz do professor me fez sair daquele transe.

Encarei a classe que se encontrava em silêncio invejável e me virei para o professor. Tão rápido que não soube de onde veio, uma raiva apoderou-se do meu corpo e, eu jurava , se eu não fosse controlada, teria atirado uma bola de fogo na cara dele. Do professor, não do garoto ao meu lado.

“Algo errado? Você ainda me pergunta se tem algo errado?”, eu disse colocando minha mãos no quadril e encarando firmemente os olhos azuis de Robert enquanto eles se estreitavam pelo meu atrevimento.

“Sim, senhorita Night”, ele disse. Sua voz parecia como de um animal com raiva. Então, éramos dois. “Quero que você me dê uma boa razão por ter se levantado do lugar sem ser solicitada”

O restante da sala era pleno silêncio. Ninguém teria a ousadia de se meter naquela discussão. Na verdade, ninguém nunca a teria começado. Talvez eu fosse para a diretoria logo no primeiro dia de aula. Mas tinha algo nos olhos de Robert que me fez parar quase que instantaneamente. Parecia que ele estava esperando por isso. Droga! Eu percebi. Ele tinha armado isso certinho para mim.

Agora que eu havia começado aquele show, terminaria. O garoto ao meu lado se mantinha calado e quando o olhei pelo canto do olho vi que ele ainda me encarava com uma confusão dolorosa. Ele não entendia como eu entendia. Aquele desconforto substituindo meu flerte. Tudo era tão óbvio. Tanto que mal tinha notado que Wave era o sobrenome do colega de quarto de Daemen. Parecia que finalmente eu sabia quem era.

“Vamos, senhorita Night”, Sr. Nage pressionou com os olhos ainda mais estreitos. “O que há de errado para a senhora ter levantado do nada?”

O mais engraçado daquela situação era que, seu olhar estava em mim e não no Wave. Era como se eu fosse a única culpada e não ele mesmo. Ele armou tudo isso para mim, desgraçado. Queria colocar Wave (*Onda) em minha vida.

“O problema”, eu comecei ainda soando firme e com o pouco de raiva que sobrou em mim. Então tomei fôlego e continuei. “O meu problema é que o senhor me colocou ao lado de um Bruxo Elementar da Água”


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Notas finais do capítulo

Comentem, pleas.



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