Spell The Most escrita por Angel Salvatore


Capítulo 22
Capítulo 21




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Não consegui me concentrar na aula de Química. Tudo parecia complexo demais para mim. Nem sabia como tinha descido as escadas do dormitório e estava, se quer, assistindo a aula. Aquele bilhete já estava queimado e apenas nas minhas lembranças, mas era o suficiente para me assombrar.

Sabe quando você sente parte de sua vida se esvaindo de suas mãos? Como? Eu não sei!

Por quê? Se eu soubesse, não estaria perguntando. Mas, para o susto de todos os meus amigos, fiquei quieta e aérea a aula toda. Eles entenderam, mesmo não entendendo, e me deixaram em paz.

Pena que eu não podia dizer a mesma de Nick.

“Você tá distante”, ele disse enquanto me acompanhava até a aula da Senhorita Hudson.

“Hum”, eu respondi parecendo acordar de um sonho distante.

“Você está distante”, ele repetiu. “Parece ter alguma coisa te preocupando”

“Não é nada”, eu disse e dei um sorriso forçado, mas tinha certeza que não funcionaria.

Tive mais certeza ainda quando ele estreitou seus olhos para mim e vi uma certa desconfiança, mas no momento em que ele iria dizer alguma coisa, Senhorita Hudson entrou e deu início a sua aula. Era óbvio que ele não deixaria o assunto morrer. Ele se preocupava muito comigo e eu até achava aquilo fofo, mas naquele momento eu só queia um tempo para mim.

Assim como na primeira aula, Nathan chegou atrasado. E, também igual a primeira aula, ele me encarou enquanto a professora Hudson o dava as boas vindas. Mas, diferente da primeira aula, Nick notou onde o olhar de Nathan estava. E não gostou nada daquilo.

“Ele está te encarando”, ele disse.

Eu queria dizer que aquilo era óbvio, mas se o fizesse estaria cavando a minha própria tumba. E, eu tinha muita coisa para fazer antes de iniciar uma chacina. Por isso fiz a melhor coisa que eu pude. Me fiz de desentendida.

“Do que, diabos, você está falando, Nick?”, eu perguntei encarando seus olhos azuis estreitos. Eles estavam duros, escuros e sombrios. E eles só ficavam assim por um motivo: ciúmes.

“Você sabe muito bem do que eu estou falando. Você ficou encarando-o de volta”

“Ah, não, Nick. Ciúmes a essa hora, não”, eu reclamei. “Se for para ficar assim a aula toda, vou sentar com Lien, Daemen, Suzy e Ryan. Do outro lado da sala e te deixar sozinho aqui”

“Tudo bem, eu desisto”, ele levantou as mãos num sinal de real desistência. Eu sorri achando aquilo engraçado. Nick sorriu também e se inclinou para me beijar.

Na exata hora em que Nathan passou e esbarrou a mochila nele.

“Me desculpe, cara”, Nathan disse a Nick. Mas seu olhar era de vitória.

“Tudo bem”, Nick grunhiu. Eu sabia que não estava tudo bem.

Assim que Nick se virou para voltar a me encarar, Nathan piscou para mim e deu um meio sorriso arrogante, antes de continuar sua ida até a sua cadeira, no fundo da sala. Foi aí que eu percebi o seu cheiro intoxicante e marcante, além de poder ver como a sua pele tinha um tom de dourado muito bonito, diferente da pele marfim de Nick.

Um tipo de alarme soou em minha mente, mas a voz de Nick interrompeu-o, antes que eu soubesse seu significado.

“Eu não gosto desse cara”, Nick disse.

Eu não respondi. O que eu poderia dizer? É melhor ir se acostumando com ele. Logo, logo, eu estarei apaixonada por ele e vou te largar. Ou, ele é boa pessoa, tanto que vou te trocar por ele. Não, com certeza eu não poderia dizer nenhum dessas coisas. Por isso eu continuei quieta e concentrada na aula.

Senhorita Hudson hoje estava nos contando a origem das histórias infantis baseadas em fadas. Sobre aquela teoria de elas terem asas e varinhas mágicas. Mesmo do outro lado da sala, consegui escutar Lien bufando. Ela odiava esses tipos de histórias, tanto que ela nunca assitia ao Peter Pan ou a Cinderela.

Assim que a aula acabou e a turma começou a sair, Senhorita Hudson me chamou. No começo não entendi, mas mesmo assim eu fui. Tudo para não ter que assistir a aula de Crystal.

“Sente-se, senhorita Night”, ela pediu me indicando uma cadeira em frente a sua mesa.

Eu me sentei sem questionar. Senhora Hudson não era de prender alunos, mas quando os prendia sempre era por algo bem sério. Ela se sentou a sua mesa e começou a remexer em alguns papeis que estavam ali. Por um segundo pensei que ela só estava zoando com a minha cara, então vi que o motivo daquilo era para passar o tempo enquanto alunos curiosos saiam da sala. Quando o último aluno saiu, ela foi direto ao assunto que queria saber.

“Bem, Senhorita Night, eu soube que você e o Senhor Wave estão namorando, certo?”, ela perguntou dando seu melhor sorriso.

“Sim”, eu concordei.

“Atração elementar?”, ela continuou perguntando, mas nessa ela pareceu temorosa.

Eu assenti.

“Vi vocês dois brigando hoje na minha aula. Era por causa do garoto novo, Nathan Castille?”

Nossa, estava tão na cara assim? Era o que eu queria perguntar, mas o que saiu da minha boca, foi:

“Sim”

“Ele está com ciúmes de você”, dessa vez ela não estava perguntando, mas mesmo assim me senti obrigada a assentir.

“Você sabe , professora. São ciúmes bobos. Ele sabe tão bem quanto eu que a atração elementar não pode ser quebrada. É apenas faniquito dele”

“Quem te disse que a atração elementar não pode ser quebrada?”

Um silêncio mortal se instalou.

“Como, como assim?”, eu perguntei, confusa. “A senhora mesma disse isso na aula do primeiro dia”, eu tentava dizer, mas a senhora Hudson já estava balançando a cabeça de um lado para o outro. E ali estava uma das minhas crenças quebrada.

“Você deveria prestar mais atenção nas coisas que eu digo, senhorita Night”, professora Hudson me censurou. “Eu disse que a atração elementar era QUASE indestrutível. Não que duraria para sempre”

“Então, ela pode ser quebrada”, eu afirmei.

“Claro que pode. Mas apenas pelo amor verdadeiro.”, ela me atentou. Não que eu fosse arquitetar um plano maquiavélico para me separar de Nick. Gostava dele, me sentia bem perto dele, não do jeito inquieto que Nathan tinha me deixado, mas de um jeito bom. Um jeito que parecia ser certo. Mas, segundo as palavras da própria Senhora Hudson, existia mais de um jeito certo.

“Sabe, a atração elementar é quando dois elementos opostos se atraem, tentando formar um bruxo mais poderoso, mas todos sabem que um bruxo não pode ter controle sobre o mesmo elemento. Nunca aconteceu isso.”

Bem, os poderes dos bruxos sempre iam para os filhos mais velhos e nunca para os mais novos, mas ali estava eu. A filha mais nova de um bruxo e uma mortal. Com poderes e tudo. Por isso eu evitava usar a palavra NUNCA na Spell the Most.

“Diferente do amor verdadeiro, a atração elementar é só um meio de se ter mais poderes.”, ela sorriu. “Eu costumava brincar que os elementos eram gananciosos. Sempre querendo mais e mais, e tinham arrumado um meio mais fácil de conseguí-lo”, ela ficou séria de novo. “Mas, o amor verdadeiro existe para isso, quebrar o “feitiço” dos elementos. Mas muitos poucos conseguiram conhecê-los antes de estarem comprometidos ou mortos.”

“Posso saber onde a Senhora quer chegar?”, eu perguntei.

Não preciso dizer que estava contando as horas para o sinal bater, não é? A essa hora eu estava preferindo escutar mil vezes Crystal me dando esporro do que mais uma palavra sobre atração elementar X amor verdadeiro.

“Sempre direta, não é, Alexa?”, ela sorriu novamente. Era a primeira vez que ela me chamava pelo nome desde o começo do ano. Ela suspirou. “Estou tentando dizer que se for para você trocar Nick por outro, está tudo bem. A atração vai ser quebrada”

“E como eu vou saber se estou apenas tendo atração elementar por Nick ou se eu estou mesmo apaixonada por ele?”, eu perguntei.

“Pare e pense no que acabou de dizer: Você ama Nick?”

Eu parei e pensei.

Eu até achava Nick bonito, além de fofo e essas coisas. Ele não era o exemplo de compreensão, mas gostava de mim mesmo eu sendo do elemento oposto do dele. Era romântico e essas coisa. Mas, mesmo ele sendo isso tudo, eu não podia dizer que o amava. Não sabia o porque, ( pouco tempo que a gente estava junto? As constantes brigas?) mas eu não podia amar Nick. Eu me sentia atraída por ele, isso era fato, mas algo a mais? Sentimento verdadeiro? Amor verdadeiro?

“Não”

E o que mais me surpreendeu foi que admitir aquilo em alto e bom som não me machucou tanto quanto eu pensei que faria. Mas também não mudou o que eu sentia por ele. Ele ainda era o meu namorado. Eu ainda era namorada dele. Isso era fato.

“Mas não aconteceu nada”, eu disse.

“Eu sei, querida”, ela disse e pegou na minha mão, tentando me dar apoio. “Você ainda não encontrou seu amor verdadeiro.”

“Como eu vou saber quando eu o encontrar?”

“Além do seu coração?”, ela riu. Eu não achava engraçado, mas sorri. “Pela sua marca elementar”

“Como assim?”, eu toquei quase que automaticamente na marca que ficava na parte de trás do meu ombro. A raposa.

“A sua marca está incompleta. Ela apenas se completa quando está com outro animal. O animal elementar do seu verdadeiro amor.”

“Isso se ele for um bruxo”, eu disse.

O meu comentário só fez o sorriso de Hudson crescer ainda mais. Era quase como se ela soubesse. Mas não poderia ser.

“Se ele for um bruxo”, ela concordou. “Se não for, a marca continua incompleta, mas seu coração não”

Se Lien estivesse aqui, com certeza iria vomitar.

“Mas o que acontece quando a atração acaba? O que acontece com os bruxos?”

“Eles se ligam, mas como um irmão ou uma irmã mais velho”, ela olhou em seu relógio e seus olhos se arregalaram por baixo do óculos de grau. “Nossa, olha a hora. Te segurei o quarto tempo todo. Eu sou uma péssima professora.”

“Mas, uma ótima conselheira”, eu disse me levantando. “Me esclareceu muitas coisa, sabe”, comecei a pegar meus livros e ir para a porta quando a sua voz me parou mais uma vez naquele dia.

“Por favor, Alexa. Tenha paciência e espere que o verdadeiro amor apareça. Depois se resolva com Nick.”

“Tudo bem”, eu saí.

Parecia que mesmo depois de tudo que ela havia me dito, ela ainda se preocupava com a minha relação com Nick. Mal sabia ela que meu TALVEZ VERDADEIRO AMOR já havia aparecido. E o nome dele era Nathan Castille.

********

Encontrei meus amigos no refeitório conversando. De longe não dava para saber o assunto, mas conforme eu me aproximei consegui ver a cara emburrada de Nick e o rosto presunçoso de Luen, então eu soube que eles estavam falando de Nathan antes mesmo de escutar Lien dizer:

“Como assim, diabos, você não sabe o que ele é?”, ela estava dizendo a Ryan. “Ele é seu colega de quarto e você não sabe que criatura ele é? Vai que seja um serial killer e você nem sabe”

“Lien, não seja dura com Ryan.”, Luen a repreendeu.

“Luen tem razão, Lien”, Suzy disse. “Ryan e Nathan são apenas colegas de quarto a poucas horas. Ele não pode sair perguntando tudo sobre a vida do garoto, assim, do nada”

“Em falar em colegas de quarto, onde está a Alex?”, Luen perguntou. “Ela não estava na aula de Crystal”

“A Senhora Hudson a chamou para conversar”, Daemen respondeu, então olhou em minha direção sorrindo, pronto para anunciar minha chegada, mas logo seu rosto mudou para panico mundano. “Ah, droga”

Com o alarde de Daemen todos olharam em minha direção, mas foi a reação de Nick que eu achei estranha. Primeiro seus olhos se iluminaram, então seu corpo se endureceu e seu rosto ficou vermelho de raiva.

Não entendi nada até que senti uma presença atrás de mim e o cheiro intoxicante encheu o ar. Eu, literalmente , congelei, fazendo com que Nathan esbarrasse em mim com mais facilidade. Não que aquela fosse a minha intensão. Na verdade, era para que ele pudesse passar sem que me tocasse, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário.

“Me desculpe”, Nathan disse.

“Tá tudo bem”, eu disse ajeitando minha blusa azul. Quando levantei meu olhar, me vi presa em seus olhos negros. Eram tão escuros profundos e, ao mesmo tempo pareciam belos e misteriosos. E eu, incrivelmente, adorava mistérios.

Antes que eu pudesse dizer algo, senti uma mão dura em meu ombro e a voz dura de Nick encheu a minha cabeça, que antes, não pensava em nada, além de como os olhos de Nathan eram lindos.

“Tudo bem, meu amor?”, Nick perguntou.

Tive que limpar minha garganta duas vezes para minha voz sair normal.

“Hum, tá tudo bem, Nick. Eu só fui esbarrada”

“Eu vi”, ele disse sem tirar os olhos de Nathan. E Nathan retribuía o olhar sem medo e com uma certa ousadia e sarcasmo.

Eu conseguia sentir a testosterona no ar, e vamos comentar, aquilo enjoava de um jeito que eu preferia estar em qualquer outro lugar, menos ali. E , parecendo ler um grande e brilhoso aviso de socorro, Lien apareceu.

“Hey, pessoal”, ela disse alegre. Alegria fingida. “Vamos voltar a nos mexer, por que a aula de estatua é bem ali,”, ela apontou para um prédio distante de nós. “na sala do primeiro ano”

Nathan riu.

“A pequena sininho tem razão.”, ele disse e se virou para mim. “Me desculpe de novo pelo esbarrão. Ainda estou me acostumando a escola e esse corredores.”, ele começou a se virar para ir embora, mas antes disse: “Até logo, ma petite

E saiu.

“Ele me chamou de quê?”, Lien disse enquanto voltávamos para a mesa. “Salvo a vida daquele filho da mãe e ele me chama de Sininho. A fada do Peter Pan.”

“Bem, isso quer dizer que pelo menos ele estava prestando a atenção na aula da senhora Hudson”, Daemen disse. “Hey, em falar nisso, o que ele queria com você, Alex?”

“Hum”, eu disse parecendo acordar de um sonho. “Ela queria que eu fizesse um trabalho extra curricular, estou com nota baixa”

Eu era uma péssima mentirosa. A maior prova disso foi quando todo mundo bufou e riu ao mesmo tempo e Lien disse: “Se não quiser nos contar, tá tudo bem” e deu de ombros.

Não era como se eu não quisesse contar, mas eu não poderia dizer tudo o que eu escutei da Senhora Hudson. Pelo menos não frente de Nick. Não depois do que acabou de acontecer entre ele e Nathan. Imagine se ele soubesse que eu, supostamente, iria me apaixonar por ele.

Ou que eu morreria por esse amor.


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