Shadow Touch escrita por Lady TMS


Capítulo 29
Regras da tia Mary




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– Querida não é apropriado se comportar dessa maneira. Fiquei brava quando a vi daquela maneira no café da manha. Como se... Como se tivesse saído da cama de Jonhathan se ruborizou desculpe minhas maneiras. Damas não falam sobre isso, mas sinto a obrigação de ser totalmente franca com você. Esses cabelos soltos e o modo como fala... Pobre menina. Sei que está confusa, mas vou ter prazer em te ensinar algumas regras de etiqueta que diferem provavelmente da outra dimensão em que veio. Aqui as mulheres não conversam com homens a menos que tenham acompanhantes, e muito menos ficam em sua casa usando uma camiseta...

A tia de Jonh recuperou a compostura e continuou caminhando com as costas erguidas pelo quarto.

De vez em quando ela se detinha balbuciando sobre alguma regra de etiqueta que julgasse importantíssima. Sua voz agradável e limpa, com o mesmo tom morno em cada silaba que saia de seus lábios, logo acalmou o estado de espirito de Johana.

Não importa quanto pensasse sobre suas ações, ou nas pequenas frases que se seguiram após o beijo, não entendia porque Jonathan havia ficado tão irritado.

Depois dessa cena, ela queria ficar o mais longe possível de qualquer menção dele.

Esfregou as mãos pelo rosto envergonhado. A cena passava várias vezes em sua cabeça. Ele devia a achar uma puta. Se houvesse alguma verdade no que a tia dele falava sobre como uma mulher devia se comportar...

Porque havia feito aquilo? Era só ter exprimido algumas palavras de gratidão e se afastar. Não havia motivo para ter se comportado com tanta intimidade. Ela nem sabia seu primeiro nome até momentos atrás.

Jonh era um homem. Era esperado que ele reagisse se uma mulher pulasse em cima dele. Deus!

Ela havia pulado em cima dele. Esfregou as mãos de novo em seu rosto.

–Querida está se sentindo bem?

–Sim. Me desculpe.

Quando a tia de Jonh continuou em silêncio esperando. Johana resolveu dar uma chance.

–Acho que preciso de uma roupa para me trocar.

–A sim. Óbvio. Vou pedir para que lhe tragam algumas peças minhas.

Assim tocou um sino que havia do lado da cama que Johana nunca havia notado. O som metálico deu pontadas em seu cérebro a fazendo se encolher levemente.

Batidas leves na porta se seguiram por um dos empregados uniformizados. Este era tão comum que logo seu rosto foi esquecido.

–Será que o senhor já depositou meus baús em meu quarto?

–Sim senhora

–Isso é tudo. Muito obrigada.

O homem acenou e se retirou.

–Venha. Vamos ao meu quarto ver se há alguma roupa que lhe sirva. Receio ser um pouco mais magra que você.

Embora adorasse poder discutir com ela a respeito de como sua figura esquelética e magra conferia um aspecto doentio, se calou. Este dia já havia ganhado uma batalha e em parte se sentia triunfante.

Além disso, de onde vinha ter curvas não era necessariamente mal. No entanto, enquanto parecer frágil igual à tia de Jonh poderia fazer com que homens sentissem a vontade de protegê-la, Johana geralmente acabava com olhares lascivos, que em vez de lisonjeá-la a enojava e fazia-a ter necessidade inconsciente de se esconder por camadas de roupas largas.

Não gostava de pensar que homens a imaginavam na cama. Sentia como se sua essência estivesse sendo roubada para mentes doentias.

A a tia de Jonh entregou-lhe um vestido e a empurrou para um biombo no canto do quarto rapidamente.

De todo aquele tecido ela visualizava em geral muitos babados, a cor clara rosê e o corte diferencial no decote.

Pouco a pouco se espremeu no vestido só para ver que ele era tão cumprido que o tecido cobria seus pés, que possuía um decote tão apertado que fazia praticamente seus seios esmagarem e a costura na cintura a fazia ficar sem ar. Mas tudo isso, era ainda preferível do que ao terrível corpete.

Saiu do biombo para ver a reação da tia de Jonh que já tirava outros vestidos do baú. Achou melhor não revelar que não iria ficar tanto tempo aqui. Que iria voltar para casa amanha no máximo e poderia trazer suas próprias roupas.

Embora soubesse que suas roupas seriam de um forte contraste com as roupas depositadas em cima da cama.

As delas eram sem cor devido a tantas lavagens, algumas possuíam mais de um remendo e eram foras de moda. Diferentemente das que estavam sendo retiradas aos montes e a que possuía no corpo.

Virou-se para o espelho na parede igual ao que havia em seu quarto. Nunca havia usado algo tão bonito. Passou levemente a mão pelo tecido decorado com brilhantes pedrinhas e babados que marcavam seu quadril e sua fina cintura.

Deixa que eu a ajudo a mulher se aproximou colocando-se atrás de suas costas e fechou os botões de pérolas delicadas.

Embora um pouco apertado o vestido servia e fazia Johana desejar coisas. No íntimo, sentia como se seu próprio eu estivesse revelando-se pela primeira vez.

–Muito bonita. É assim que sempre imaginei como uma herdeira deveria se vestir.

–É lindo- murmurou, como se assim, pudesse evitar que a magia se desfizesse.

–Sabe, as roupas servem para vestir as pessoas, mas há aquelas poucas que conseguem vestir a roupa. Não seria o mesmo se não fosse você.

–Não parece comigo.

–Quando você estiver totalmente arrumada à noite, não parecerá mesmo.

–Alguma ocasião especial para nos vestirmos assim?

–Nenhuma. Mas temos o costume de nos trajarmos elegantemente para o jantar.

Johana acenou enquanto ainda olhava o vestido. Uma alça quase transparente do mesmo tom do vestido descansava em cima do seu ombro levemente caindo por seu braço. Havia alguns cortes mais diferentes que se arrastavam pelo vestido até os seus pés. Nunca havia visto algo parecido com isso.

–Tome. Experimente esse. Será mais casual para a tarde.

Relutante ela retirou o vestido com ajuda da tia de Jonh e trocou por um azul claro. Esse era solto, e um pouco menos cumprido. Ficava em seu tornozelo. No entanto, assim como o outro era lindo e cheirava novo.

–Quem sabe não saímos à tarde para comprar alguns novos para você?

–Não tenho dinheiro...

–Me chame de Mary- respondeu- não tem problema. Tenho certeza que Jonhathan pode pagar alguns vestidos bobos.

–Não acho uma boa ideia.

Absteve-se de comentar que não queria ficar devendo dinheiro a ele ou dar mais trabalho do que estava dando. Tentou imaginar como ele reagiria tendo que pagar além de tudo, roupas para ela. Com certeza, isso não era dever de um tutor.

–Bobagem. Ele não pode deixa-la andando só com as camisas dele por ai. Tenho certeza que ele só não comprou roupas para você porque estava muito ocupado.

O entusiasmo dela era contagiante. Enquanto Mary falava de partes da cidade que ela não viu, das lojas, festas ou das amigas, Johana tentou imaginar como seria se chegasse a viver aqui, onde a única preocupação seria se preocupar se seu vestido era ideal para a ocasião, ou tagarelar quanto deveria valer a mais nova aliança de alguém.

–E os vestidos escuros devem ser usados somente para mulheres casadas- Mary comunicou ao que parecia mais uma das regras.

Sentada na cama Johana já tinha quatro vestidos de uma coleção inteira que havia servido e sido aprovado por tia Mary. Ela não era uma pessoa má. Talvez um pouco ligada demais às regras e decoro, mas ao que parecia era uma coisa que precisava de urgência no momento.

–Sei que não deveria estar falando sobre isso - cochichou se aproximando dela na cama -mas conhecendo Jonhathan e as Senhoras de Yoren só devem ter explicado a parte prática de tudo que terá que passar.

Johana a olhou mortificada que estivesse a par do que estava acontecendo.

–Sim, posso ver pela sua expressão que não esperava por isso, mas a verdade é que quase fui uma herdeira. Eu era irmã da mãe de Jonhathan e próxima na sucessão. Agradeço até hoje por não ter sido a mais velha. Coube a minha irmã ter casar antes dos dezoito anos para que seu marido assumisse a linhagem. Ela era muito fraca para tanta responsabilidade. Não que eu esteja falando mal da minha irmã. Eu sempre a respeitei. Só, não era para ela, e ela sabia disso. Enfim... Eu quero dizer, que sei pelo que está passando, fui ensinada a ser uma herdeira e vivi anos o suficiente nessa esfera para saber o que precisa.

“O lado prático da questão seria lutar contra Morrish aquele que tem o poder do seu clã atualmente e recuperar seu lugar na família. No entanto, Morrish é simpático, transita pela sociedade, tem a confiança necessária de o que faz é o certo. Quando você for apresentada como herdeira, será muito mais que uma luta física para tirar Morrish de um lugar que ele acha que o pertence.

Morrish foi o único que segurou as pontas enquanto Thorn e seus descendentes não estavam aqui. As pessoas acreditam nele muito mais do que em uma menina que acabou de chegar, vinda de uma família traidora.

Quem você acha que prefeririam no poder da família?

O que quero dizer é: você tem que fazer as pessoas gostarem de você. Verem não uma menina orgulhosa, herdeira de Thorn, querendo roubar o lugar de um dos nossos.

As pessoas devem ver uma menina que nunca se encaixou na outra dimensão, que tenta recuperar a única família que lhe resta. Eles têm que ver uma líder nata e única que pode reger uma das maiores famílias de Ebon.

Você precisa ganhar a aprovação das pessoas para conseguir viver em paz mesmo depois de virar líder dos Pútridos. Caso contrário, sempre haverá alguém desafiando e questionando sua autoridade”...


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