Shadow Touch escrita por Lady TMS


Capítulo 24
No julgamento




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/244419/chapter/24

Ela fechou os olhos apreciando as sensações que seu corpo estava tendo... Finalmente sentindo...

Um formigamento leve e quase letárgico começou dentro de seu corpo em direção braço. Era como uma droga que entorpecia seus sentidos e a deixava leve.

Não era mais como a única no mundo. De repente teve consciência da magia e como ela era grande, como seu corpo era só um recipiente de uma magnitude enorme de poder ilimitado. Que só o fato de viver e morrer fazia a magia. Que tudo na vida era conectado por algo maior.

Em seu interior estava eufórica e feliz, como se tudo pudesse ficar bem novamente. Como se tivesse o poder para isso.

Se concentrasse podia ver qualquer ser que era um portador perto dela. Eles brilhavam por dentro com cores diferentes, menos as bruxas, essas tinham cores negras, sem vida.

Abriu os olhos, a visão estava turva e escura, mas a bolha estava suavizando de seu entorno.

Seu pulmão deu uma pancada que a fez arfar enquanto recebia ar novamente, respirou entrecortadamente sentindo que voltava a ser mais como ela mesma. Não pode deixar de evitar um sorriso, finalmente tinha feito alguma coisa certa.

A névoa se espalhou lentamente pela arena cobrindo o céu de negro, bandeiras começaram a voar junto com pequenos grão de areia que cobriam o chão. Alguns rostos estavam assustados e outros conjuravam baixinho, mas não estava ligando. Não quando havia acontecido a mesma coisa com ela e ninguém tinha se importado.

A vida podia ser muito preciosa quando se tratava somente da sua.

Apertou a mão sentindo-se cada vez melhor. Não pôde deixar de encarar a Senhora de Yoren que apertava os olhos.

Um lento sorriso se formou em seus lábios enquanto aproveitava sua vingança. Viu quando o ar começou a faltar a todos, e como a olhavam assustados incapazes de fazer algo. Bando de vermes hipócritas.

Morrer lentamente era o pior tipo de morte, e foi isso que haviam escolhido para ela, que não sabia nada desse mundo e que não era responsável por nada que tivessem feito antes.

Eram seres desprezíveis que não mereciam viver. Fúteis, cheios de maquiagens e roupas estranhas.

Foi arrastada para lá e para cá achando que estava sozinha, tendo que confiar em quem não queria e fazendo o que os outros queriam, ouvindo mentiras, implorando pela sua mísera vida. Todo o tempo achando que ia morrer. Tinha perdido a conta de quantas vezes tinha caído e se machucado, chorado, se sentindo um estorvo e lixo. E ninguém ligava. Ninguém ligou. Ela também não estava ligando agora.

As pessoas começaram a sufocar e cair no chão do mesmo jeito que ela alguns minutos atrás.

Johana viu quando alguns conjuravam e a atacavam de diferentes pontos da arena. No entanto, os poderes deles nem chegavam a encostar nela, ou a machucar. Ela viu que muitos já haviam desistido e só se preocupavam em tentar continuar respirando.

Seus olhos se desviaram para as bruxas quando viu que as pessoas tentavam recorrer a elas. Porém, as bruxas, nada faziam, permanecendo imutáveis a observando. Tentou mais forte, as fazerem sufocar, mas o efeito era o mesmo.

O que estão esperando?

Teve vontade de gritar, mas se elas não estavam ligando para os seus ela muito menos. Não haviam feito nada para merecer sua compaixão.

–Johana – a voz masculina surgiu em seu ouvido – chega.

–Eles merecem– tentou raciocinar - Depois de tudo o que fizeram...

–Nós não somos assim – ele encostou-se a sua mão – você precisa deles para ajudar nossa família.

Era inútil negar que ele estava certo. Obedientemente deixou que ele abaixasse seu braço e sentiu se vazia.

No mesmo momento a névoa começou a se dissipar junto com a presença masculina. Ficou cega temporariamente quando o sol voltou a brilhar.

Por um minuto se sentia orgulhosa que conseguisse sobreviver, para logo se sentir mal e melancólica.

Quase havia matado as pessoas ali. Não que não merecessem, com certeza eram mais culpados do que ela havia sido acusada, mas ela não era desse tipo, ela não fazia isso de matar. O que estava acontecendo?

E se sempre houvesse essa maldade dentro dela e só agora estivesse se mostrando. E se tentassem a matar nesse exato momento. Sabia que não seria capaz de se defender.

Percebeu que a sua mão latejava de onde tanto poder saíra e ficou a encarando tentando achar uma maneira de pelos fazer sair umas luzes. Seria bom que acreditassem que ela tinha o controle.

No meio da arena, em pé, com o sol brilhando, parece que nada havia acontecido. Mesmo assim ela podia sentir que mais da metade queriam mata-la agora mesmo, só estavam relutantes em fazê-lo.

– Muito bem – A Senhora de Yoren caminhou de volta a sua cadeira – todos viram o que ela é capaz de fazer. Mais forte do que a maioria de vocês na verdade. Qual família está disposta a adota-la?

Mais uma vez se sentiu indesejada quando ninguém se pronunciou. O problema era ela ou eles eram só cruéis mesmo? Viu uma das bruxas a olhar com pena, Laurene, se fosse possível queria poder tirar essa expressão daquela cara feia.

Não ligava que todos a odiassem e achassem que não valia a pena. Mas uma expressão de pena era o pior.

–A família Gleam cuidará dela – uma voz masculina falou da platéia.

Ouve um burburinho de maldições e xingamentos, mas Johana se sentiu no momento aliviada.

Ela poderia no final das contas sobreviver até o final do dia... Se... Não houvesse mais surpresas.

–Muito bem. Acho que vocês são aptos considerando que também são portadores – ela fez um aceno – No entanto, como representante de sua família e vivendo no outro mundo como conseguirá tempo para ensina-la?

– A programação requer que volte somente daqui a um mês Senhora. E francamente, ninguém aceitará além de mim.

–Tudo bem- ela voltou-se o olhar para a arquibancada em geral- é prudente que o que ocorreu permaneça em segredo. Creio que todos entendem as complicações que poderiam ocorrer caso informações saisse daqui.

A multidão acenou antes de ficarem em pé com a mão sobre o peito, como forma de juramento. Alguns a encararam com raiva e outros cuspiram através de maldições. Logo depois todos se retiraram através de portas nas paredes e sobrou somente ela, as bruxas e ele.

– Creio que não vá haver problemas futuros com você querendo matar as pessoas - Missandra se inclinou sobre sua cadeira.

Não haverá.

Negou com a cabeça, porém se sentindo em conflito. Teria que passar muito tempo do lado dele, com a pessoa que no momento, era o ser que mais queria ter poder para matar. Não podia estar acontecendo... Devia ser uma prova para sua paciência.

–Vocês já se conhecem. Deve ser mais fácil pelo menos. Essa é sua ultima chance – lembrou-lhe. Os dedos em seu colo se movimentando para se cruzar - só uma família aceitou como pupila...

Com qualquer outro teria sido mais fácil...

Mas não podia reclamar. Sabia que depois desse showzinho seria difícil alguém querê-la. Não precisava ficar sendo lembrada.

–Ótimo. Podem se retirar. Dentro de um mês encontraremos vocês.

Ele estava descendo a arquibancada para se encontrar com ela quando Laurene interrompeu:

–Se precisar de qualquer material ou ajuda venha falar comigo Jonh.

– Obrigada – ele se inclinou respeitosamente e saiu pela porta que apareceu atrás dela.

Podia parecer criancice, mas não queria se curvar para elas, então só saiu o seguindo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que leram e comentaram...Vocês são os melhores. >< o/