Shadow Touch escrita por Lady TMS


Capítulo 20
Capitulo 20




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Era de noite e estava trancada em um quarto novamente. Podia saber antes de acordar. Não havia vento e sussurros.

A cabeça latejava o suficiente para ficar de olhos fechados por mais um momento. E era isso. Perdida mais uma vez.

Respirou fundo e se levantou para a porta quando esta se abriu trazendo o ar gelado e o cheiro de almíscar dele.

Sentiu-se aliviada, mas o que ele estava fazendo com uma arma? Ia mata-la agora?

–As bruxas querem te encontrar – informou se afastando da porta.

Olhou confusa antes de ele a empurrar agindo da mesma maneira idiota que eles haviam feito na noite anterior com Josh.

Quando ele fez novamente, ela parou.

– Para de me empurrar! – gritou – por que você está agindo como um guarda?

–Porque eu sou um, princesa – aquele sorriso que ela odiava estava de volta.

– Como assim? – ela segurou o braço que ia empurrar ela de novo - para de falar em códigos.

– Estamos sem tempo. Anda logo.

Ele se soltou a fazendo voltar a andar em silêncio por ruas escuras com paredes de casas altas sem iluminação.

Assemelhava-se muito a um camundongo preso sentindo-se sufocada e prestes a ser devorada.

Estava claro que Jonh já havia se encontrado com as bruxas de Yoren, e que com certeza elas confiavam o bastante para deixá-lo andar por aí armado. Talvez já estivessem do lado dele. Sabe-se lá que mentiras ele contou. Agora estava sendo levada como se fosse uma prisioneira, como se tivesse feito algo errado.

Poderia tentar escapar, mas para onde? Não conhecia a cidade, e poderia mesmo fugir de bruxas?

Só tinha a opção de tentar convencê-las de que ela era a mocinha injustiçada.

Olhou para Jonh. Ele nem parecia notar a sua presença e se mantinha longe como se ela fosse uma viciada nojenta. Como ele conseguia mudar de frio para quente o tempo todo? Com certeza aquela cena no rio havia sido uma bela atuação, talvez se ele tivesse mais tempo...

Se tivesse caído nos joguinhos dele agora provavelmente estaria magoada ou se sentindo traída. No entanto, só tinha vontade de bater nele até tirar aquele sorriso feio de superioridade do rosto dele. Já deveria ter aprendido que todos querem alguma coisa, ninguém só quer... Só quer ficar com uma pessoa. Não existe isso, pelo menos não mais. O mundo em que nasceu já era um lugar frio bem antes de perder toda a sua família,só que ninguém parecia se importar.

Sempre se perguntou por que era a diferente, porque se sentia especialmente sensível aos sentimentos das pessoas. Ser assim machucava, principalmente quando ela percebia que nunca haveria um outro lado que se importaria com ela.

De vez em quando esses sentimentos voltavam e o único jeito de passar era ocupar sua mente. Às vezes com livros, na maioria com trabalho.

Ultimamente a vida havia sido bem tranquila. Estava começando a ser aceita pelos seus vizinhos, trocava palavras com conhecidos, e isso bastava. Mas agora tudo ficava mudando e mudando e não estava sendo forte o suficiente para fazer algo a respeito.

Iria falar com as bruxas e daí tomar uma decisão. Era só desse tempo que precisava para pensar em alguma coisa, mas primeiro...

Caiu no chão.

Jonh segurou uma risada.

– Para de rir e me ajude a levantar. Acho que torci o tornozelo – o fuzilou com o olhar.

Então ele se abaixou e puxou a saia que haviam colocado nela levemente exibindo o tornozelo.

–Está doendo?- os dedos percorriam suavemente a sua pele provocando caricias sedutoras.

Precisou de toda a sua força de vontade para seguir em frente.

–Óbvio. Agora me levanta.

Ele a olhou divertido antes de puxá-la para cima a trazendo mais perto. Em um segundo a arma que estava na cintura dele passou para as suas mãos, estava morna pelo contato. Afastou-se rapidamente quando ele percebeu.

–Agora, você vai me levar para as bruxas, mas não como um lixo de uma prisioneira.

–Você não é uma prisioneira - ele suspirou como se ela fosse a encarnação de uma criança mimada.

–Não foi como pareceu.

–Ouça... – se aproximou

–Longe ou eu juro que atiro – apontou a arma para demonstrar.

–Mas que droga Johana!

–Você é um idiota. Agora vai andando.

Ele obedeceu, mas era visível o maxilar rígido pulsando de raiva.

–Você já se encontrou com as bruxas?

Só um movimento de cabeça. Uma negativa.

–Com quem você falou?

Silêncio.

–Eu ainda posso atirar em você.

Como não podia forçar uma resposta também ficou quieta e esperou que pelo menos ele estivesse a levando ao lugar certo.

Não havia pessoas na rua e de vez em quando pegava um deslumbre da lua. Fazia frio, mas não haviam pensado nisso quando a colocaram dentro de uma saia escura e uma blusa leve. Deviam ter ficado assombrados ao ver uma mulher de calça. Pelo menos essas eram leves e imensamente mais confortáveis para andar.

Caminhou sempre atrás de Jonh por becos cada vez mais escuros até parar em frente há uma porta vermelha.

Esta se abriu sozinha para uma sala escura. Respirou fundo e entrou.

Havia luzes de velas por toda a casa que tremularam como um protesto pelo vento que entrava, fechou a porta enquanto Jonh subia as escadas de madeira que rangia a cada pisada.

Logo estava em uma sala oval cercada por portas escuras, cada uma delas era diferente e possuíam pequenos vitrais que destorciam a imagem refletida. Um tapete puído cobria todo o chão e pó podia ser visto em algumas maçanetas. O cheiro de coisa antiga pairava pelo ar subindo em direção ao teto com forma abóboda onde desenhos estranhos angulosos se formavam contando uma história, seguido de inscrições que perpetuavam a madeira entre as portas.

Sentia-se pequena como se todo o universo pudesse estar ali contando a sua história e a experiências de diversos povos.

Não resistiu a passar o dedo na forma de uma das letras. Quando levou um pequeno choque, acordou da magia que parecia tomar forma dentro daquele pequeno espaço.

Viu Jonh esperando com uma das portas abertas e quando passou por ele a arma que estava em sua mão foi tomada.

–Agora entre – ele murmurou.

Quando pisou no espaço iluminado a primeira coisa que viu foi uma mesa que cobria todos os metros de extensão da sala e pessoas com roupas estranhas sentadas em cada um dos lugares, velas pairavam pelos tetos iluminando cada par de olhos que pareciam a acusar de algum modo.

Engoliu em seco quando a porta se fechou com um gesto de mãos de uma das quatro mulheres que agora caminhavam para ela do outro extremo da sala.

Elas vinham orgulhosas com os narizes empinados embora fosse os serem mais feios que já havia visto, não havia brilho em suas peles, nem sombras aos seus pés. De algum jeito a luz não chegava até elas. Deslizavam silenciosamente pelo chão enquanto todos ainda permaneciam com suas máscaras inexpressivas a olhando.

– Johana Locker Regi – uma das bruxas interrompeu o silêncio- herdeira direta e última da linhagem dos Pútridos, você está sendo acusada de negligência e assassinato sobe pena de morte a enforcamento.


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