Bati algumas vezes na portas, ainda no meu estado de depressão e uma sonolenta Clove me atendeu. Ela me olhou assustada e disse:

- Você não deveria estar se agarrando com o seu namorado?

- Eu estraguei tudo, Clove. - choraminguei. Meio sem muito a falar ela me guiou até o sofá de sua casa e me deitei nele encolhidinha abraçando uma almofada.

- O que aconteceu? - disse se sentando numa poltrona.

- Eu gritei e comecei a chorar, só isso. - digo irônica. Ela coloca as mãos na testa e bufa.

- Vem cá, Katniss. 

Ela abriu um espaço na poltrona e apalpou o lugar minúsculo. Me sentei ali me apoiando no ombro dela e continuei a chorar. Como eu era burra! 

Quando comecei a me acalmar ela se levantou pegou o celular e fez algumas ligações. Minutos depois a campainha tocou.

- Quem é? - perguntei. Ela sorriu.

- Reforços.

Abriu a porta e Madge e Annie dando gritinhos histéricos, com Gale emburrado. Clove as lançou um olhar de censura e logo pararam.

- O que o Gayle está fazendo aqui? 

- Eu estou me sentindo tão amado. Obrigado, Clove. - falou debochado. A baixinha riu e deu um abraço nele. - Me sinto bem melhor, eu estou aqui por alguma razão. Mad, por que eu estou aqui mesmo?

Sua namorada bufou e disse olhando as unhas:

- Você é homem. Homem entendeu esses troços escrotos que alguns fazem.

- Mas o Peeta não fez nada, eu que surtei. 

- Whatever... e meu mozinho é seu amigo de infância, sei lá... Não faz pergunta difícil.

Reviramos os olhos, e Madge se jogou no sofá da sala junto com Annie. Gale puxou uma cadeira da mesa, eu e Clove voltamos a dividir a poltrona. Ficamos nos olhando por alguns momentos.

- Sempre que eu fico triste, eu vejo Titanic. - Annie falou se contorcendo no sofá. Acho que ela não estava muito confortável.

Ai.

Meu.

Deus.

Não!

Ela não falou isso.

- VAMOS VER TITANIC! - gritou Madge que retirou o DVD da bolsa e sem nem deixar a gente pestanejar colocou para rodar.

- Porra, Annie! - gritou Gale, fazendo Annie se encolher. - Até parece que você não conhece a Mad. Não se pode falar essa palavra perto dela.

- Aah, agora já foi, né? - disse a castanha com um sorriso torto.

- Ótimo, agora vou ter que consolar três garotas. 

- Você só vai me consolar. - a loira disse autoritária apertando no play.

Gale deu um sorriso maliscioso, e eu quase fiz menção de vomitar na sua cara. Pense em merda num outro lugar, querido!

~*~

Geralmente eu não choro em Titanic, pode me chamar de sem coração e pakas (?), mas eu estava tão escrotamente deprimida que, minha pessoa poderia encher um balde só com lágrimas.

-  POR QUE JAACK? - gritei me debatendo no chão. Sim, eu estava tão afetada emocionalmente que eu me joguei no chão. - QUE PORCARIA! TUDO TAVA TUDO BEM! AÍ APARECE ESSA MERDA DE ICEBERG! MERDA! MERDA! A MADEIRA TINHA QUE AGUENTAR OS DOIS! 

- Calma, Katniss. 

-  CALA A BOCA, GAYLE! NÃO FOI VOCÊ QUE RECUSOU O AMIGUINHO DO SEU NAMORADO! DEIXA EU SOFRER AQUI! POVO!

- Okay. - ele se afastou. E sussurrou não baixo o bastante: - Afinal eu nem tenho um namorado.

- SORTE A SUA! ASSIM VOCÊ NÃO PRECISA SE PREPARAR PARA UM TROÇO ENTRAR EM VOCÊ!

- Katniss, que deselegante! - repreendeu Annie.

Lancei um olhar raivoso para ela que logo se calou. Clove que só gargalhava com a cena junto com Madge - que ainda limpava as lágrimas - se levantou.

- Vamos ver Não Me Abandone Jamais! - sugeriu Clove. Que levou um olhar mortal do Gale. - Esse tipo de filme sempre libera a frustação da KatKat.

- Já tô na merda mesmo. - resmungou o garoto passando as mãos no cabelo.

Madge lhe deu um selinho de agadecimento, e retirou o DVD da bolsa. Céus, quantos filmes ela tinha ali? Por acaso tinha virado uma locadora ambulante?

~*~

- POR QUEE TOMMY? - gritei voltando a me debater no chão. - POR QUE ELES TEM QUE DOAR OS ÓRGÃOS? EU 'DÔ TODOS OS MEUS ÓRGÃOS PARA A KATHY E O TOMMY!

- OK. Menos, amiga. - Madge deu uns tapinhas no meu ombro.

- Um dia eu vou fazer um filme que faça todo mundo chorar. - falei assentindo, como se estivesse aprovando alguma coisa. -  Aí, eu vou ganhar um Oscar, um Globo de Ouro, o SAG, o BAFTA e o cacete à quatro. Só esperem!

- Tá bom, tá bom... - disse a garota mexendo a mão num ato de "Ok, maluca".

- O Gale disse que vai me ajudar. Não é, futuro universitário de Yale? - fiz beicinho. Ele fez uma careta e em "slow motion" virou a cabeça na direção da namorada. Ups.

.

.

.

.

- GALE HAWTHORNE! VOCÊ É ACEITO EM YALE E NÃO ME CONTA? VOCÊ NÃO ME AMA, HOMEM?

- Err...

- "Err...", nada! 

Não adianta estragar a minha relação, eu tenho que estragar a dos outros também. Boa, Everdeen!

~*~

Eu não estraguei namoro nenhum! Esses brucutus depois de uma discussão e um pedidos de desculpas bem fofinho da parte do moreno eles estavam se pegando no sofá. Nem parece que eu, Clove e Annie estamos aqui.

Nem duvido que daqui a pouco eles vão decedir gerar filhos.

Acho melhor eu não me lembrar disso. 

Deprimente, muito deprimente.

- Acho que vou para minha humilde casa. Tchauzin.

Sai sem nem esperar nenhuma resposta, não queria ver aquele trepa-trepa se evoluir. 

Cheguei em casa já de noite, peguei o meu jantar e comi vendo alguma série dramática aleatória. Meus pais estavam fora e Prim foi dormir na casa de Rue.

Acabei caindo no sono com o prato de lazanha na barriga. Sonhei com o que aconteceria se eu deixasse Peeta continuar.

Oh, hormônios!