Tavius e Samira escutam com bastante atenção as palavras de Valery, que soam preocupadas e determinadas. E, enquanto a maga fala, Tavius continua a sentir dores em seu corpo, como se estivesse recebendo poderosos golpes, e sabe que a dor que está sentindo são provenientes dos golpes que Tabita está recebendo.

Sentir o que Tabita está sentindo só faz cm que o ódio por uma certa bruxa aumente em seu interior e, não vê a hora de ter seu acerto de contas pessoal com ela. E, quando este momento chegar, não permitirá que ninguém interfira em sua luta.

Seu acerto de contas contra aquela maldita bruxa, líder de toda esta terrível tramoia e principal responsável por todo o sofrimento que Tabita vem passando desde o dia em que foi sequestrada será de um contra um!

Samira olha para Tavius e, percebe que os pensamentos do espadachim estão longe da conversa deles. Além disso, do nada aparecem hematomas no braço de seu amigo, e a arqueira não demora nada para deduzir o que está acontecendo.

– Estão torturando a Tabita de novo. – não é uma pergunta que Samira faz, e sim uma afirmação, em tom de tristeza.

– Estão. – confirma Tavius – Posso sentir perfeitamente a dor dela. – Não podemos mais perder tempo! Temos que salvá-la de qualquer forma! Temos que dar um jeito de matar aqueles malditos demônios sem que a Tabita morra junto com eles!

– Calma, Tavius! – Thales tenta acalmar o irmão – Nós vamos conseguir dar um jeito nisso e nós vamos salvar a Tabita! Nosso plano foi um sucesso e, enquanto você e Samira fingiam lutar contra os demônios, Valery e eu escutamos coisas muito interessantes.

– É verdade! – confirma a maga – Essas malditas bruxas e esse Fabian estão tão confiantes que, enquanto torturavam a Tabita, falaram em alto e bom som que somente o sangue é capaz de quebrar uma magia de sangue.

– E o que exatamente isso quer dizer? – questiona Samira.

– Bom, em primeiro lugar e devo confessar que não sei muito de magia de sangue. – confessa Valery – Pois, ela se trata de magia das trevas, realmente das trevas. E, lembro-me perfeitamente bem que, a única vez que meu antigo mestre me falou sobre este tipo de magia, me disse que, se alguma coisa der errado, duas vidas serão perdidas. A da pessoa que praticou a magia e a da pessoa que cedeu seu sangue, mesmo que o tenha cedido involuntariamente.

– Não parece muito promissor. – Samira se força a dizer.

– Nem um pouco. – concorda Valery – Mas, eu estou disposta a tudo para derrotar estes demônios malditos e salvar a Tabita! Estou disposta a dar a minha vida pra quebrar essa magia de sangue! Só preciso descobrir como...

– Talvez eu saiba. – a voz de Thales se faz ouvir.

– Como é que é? – questiona Samira, surpresa – Volta um pouco a fita porque eu não entendi muito bem.

– Como a Valery deve saber, magia e alquimia andam juntas. – continua o alquimista – Como se fossem dois lados de uma mesma moeda, e que seguem vertentes e caminhos diferentes e, por este motivo, o meu mestre conhecia muitas teorias e rituais mágicos. Valery, você deve saber como conjurar magia de sangue, não sabe?

– Isso é magia proibida, como já falei. – responde a maga – Eu nunca na vida imaginei tentar fazer algo assim, por isso, sinceramente eu não sei...

– Pois bem, você vai ter que fazer, Valery. – fala Thales, determinado – Você vai fazer uma magia de sangue para quebrar a que Mabel fez. E para que isso aconteça eu vou ceder meu sangue a você!

***

Após mais uma dolorosa sessão de tortura, a mente de Tabita vaga entre o consciente e o inconsciente... Entre seu cativeiro e entre o que milagrosamente consegue ver através dos olhos do irmão...

Através de Tavius, consegue ver Samira, Valery e seu irmão Thales, que sorri para as amigas e para Tavius, confiante de que alguma coisa vai dar certo...

Ver o sorriso de Thales faz com que Tabita encontre um novo fio de esperança para se agarrar, pois ela tem certeza que, se o irmão sorri, é porque ele provavelmente tem alguma ideia de como passar pelos demônios sem matá-la, e assim conseguir chegar até ela e finalmente livrá-la de todo o seu tormento...!

Mesmo que seus sequestradores a torturem e digam que seus irmãos e suas amigas jamais irão conseguir salvá-la, eles não conseguem apagar de ver a pequena chama de esperança que queima insistentemente em seu coração... E é essa pequena chama, que se recusa a se apagar, que lhe dá forças para continuar suportando toda a sua dor e o seu sofrimento...

– Tavius... Thales... Samira... Valery... Eu sei que vocês ainda vão conseguir me salvar... Eu sei que vão...!

***

O quarteto maligno está reunido no quarto de Mabel, que mantém uma projeção do grupo de Tavius, a fim de verem exatamente o que aquele quarteto de inúteis anda aprontando. E, além de tudo isso, Mabel não quer cometer o mesmo erro duas vezes! A líder daquele quarteto não quer, de forma alguma, perder um único movimento por parte do grupo do pateta do Tavius!

Não vai deixar que Soraya estrague tudo mais uma vez, com seu excesso de autoconfiança! Ainda não esqueceu de que a culpa por aqueles quatro patetas terem saído ilesos de seu labirinto da morte fora exclusivamente de Soraya e, a companheira não irá estragar tudo desta vez!

– Eles estão sorrindo. – comenta Soraya, tirando Mabel de seus pensamentos – E, pelo modo como estão agindo, parece que pensaram em algo para passar por nossos demônios.

– Eles não vão conseguir essa proeza, queridinha. – Fabian não dá créditos as palavras de Soraya – Afinal, causar um único arranhão aos demônios também significa causar mal ao meu amorzinho, que eles tanto fazem questão de proteger.

– Ou seja, vão morrer na tentativa de um tolo resgate. – fala Servia, com satisfação – E é claro que eu vou adorar mostrar este espetáculo para a nossa querida mimadinha.

– E, só pra desestabilizar aquele tolo do Tavius, iremos mostrar a ele como a mimadinha da irmã sofre, enquanto eles estarão enfrentando em vão os meus demônios. – a voz de Mabel soa totalmente confiante.

– Mabel minha querida, como você é cruel. – ironiza Fabian – Você sabe muito bem que o idiota do meu cunhadinho perde o controle toda vez que vê a irmãzinha sofrendo.

Mabel sorri em resposta, pois particularmente adora ver o idiota do Tavius perdendo a cabeça e colocando tudo a perder todas as vezes que vê a mimadinha da irmã sofrendo.

***

– Você compreende, Valery? – pergunta Thales, após explicar seu mais ousado plano a se irmã e suas amigas – Compreende porque vou oferecer meu sangue para que você conjure esta magia proibida?

– Compreendo. – responde a maga, determinada – Você e Tabita são irmãos, logo, o sangue que corre em suas veias também corre nas veias dela. Por esse motivo, se eu conjurar uma magia de sangue com o seu sangue naqueles demônios, poderemos anular o efeito da magia da Mabel, e então a vida da Tabita não mais estará ligada a vida daquelas criaturas e poderemos agir livremente.

– Mesmo assim é perigoso. – fala Samira – Vamos ter que estar em campo de batalha quando a Valery for tentar a magia, correremos o risco de sermos atingidos e pior, de atingirmos a Tabita sem querer. Além disso, se alguma coisa der errado, não somente a Tabita, como você e a Valery também vão morrer!

– Eu confio plenamente na capacidade da Valery. – a voz de Thales soa tranquila – Nada tenho a temer.

– E eu acabo de tomar uma decisão! – a voz de Tavius se faz ouvir – Valery, também vou dar o meu sangue para que você quebre a magia de Mabel e assim possamos vencer aqueles malditos demônios e salvar a Tabita!