Samira encara Tavius por um segundo.

– Eu quase virei comida de dragão, quase me esborrachei no chão e você me pergunta se eu tenho ideia de como sair dessa encrenca, é isso? – pergunta Samira.

– Gente, eu tenho que concordar com o Tavius. – diz Valery – Os dragões estão vindo de novo! Temos que dar um jeito de escapar!

Os dragões mais uma vez cospem rajadas de fogo contra o trio, dando tempo apenas para os três pularem dos galhos em que estavam escondidos, cada um para um lado diferente.

Após sua queda, Tavius prepara sua espada para atacar o dragão vermelho que vem em sua direção a toda velocidade, ele arma uma posição de ataque a fim de tentar acertar pelo menos um golpe em seu inimigo. O dragão vem em sua direção num voo rasante, o espadachim dá um passo com a perna esquerda para trás, se preparando para atacar. Porém, quando está prestes a tacar...

“Eu quero morrer...! Por favor...! Me matem de uma vez...! Eu quero morrer...!”

– Tabita?!

O espadachim se desconcentra ao ouvir em sua mente a voz da irmã, e por um segundo esquece-se do animal vindo em sua direção.

– TAVIUS CUIDADO!!!! – grita Samira ao se dar conta de que Tavius pode ser atingido pelo dragão que continua investindo a toda velocidade em sua direção.

***

Em seu cativeiro de tormento, lágrimas e mais lágrimas não param de cair sobre o rosto de Tabita, misturando-se ao vermelho vivo do sangue da jovem, e dando vivacidade a um rosto sofrido de alguém que perdera todas as suas esperanças.

As correntes que prendem seu tronco e seus pulsos, cada vez mais apertadas não lhe importam mais... As gotas de seu sangue que pingam incessantemente pelo chão daquele quarto úmido não lhe incomodam mais... Os hematomas em seu corpo... As feridas... Nada mais lhe importa...

Antes, suportava toda dor, toda humilhação e toda tortura na esperança de que Tavius, Samira e Valery apareceriam pra salvá-la... Mas, aquelas três mulheres haviam lhe mostrado que os três não se importam mais com ela... Que, enquanto ela sofre horrores.. É violentamente torturada os três estão se divertindo confortavelmente em sua casa sem ao menos se lembrar de que ela existe...

– Tavius... Por que você me abandonou...? Por que...? Por que você desistiu de mim...? Agora eu não tenho mais motivos pra suportar tudo isso...

***

– PROTEKTO!!!* – grita Valery na direção de Tavius.

Neste momento um escudo invisível se forma na direção do moreno, no momento exato em que o dragão tenta acertar suas garras afiadas em Tavius. Ao ouvir o impacto das garras do animal conta o escudo, Tavius volta à razão e mais uma vez se coloca em posição de combate, ao mesmo tempo em que o dragão quebra o proteção feita pela maga.

O dragão avança sem piedade na direção de Tavius, que não se intimida e prepara-se para a ofensiva, ao mesmo tempo em que o animal mais uma vez lança suas garras na direção do espadachim, ele dá um golpe na pata do animal, que, apesar de ferido não parece abatido e ruge com mais ferocidade. Tavius continua dando golpes consecutivos no animal, porém seus golpes parecem inúteis contra o gigante dragão.

– Temos que sair daqui! – diz Tavius, enquanto se desvia do golpe do dragão – Não vamos conseguir vencer nestas condições!

– Concordo! – diz Samira após em uma rápida investida recuperar seu arco – Desse jeito vamos vencer! Precisamos fugir e armar uma estratégia! Valery, pode usar o truque da cortina de fumaça?

– Fumasekrano!**

Após a invocação da maga, uma vasta cortina de fumaça toma o local, confundindo os dragões e dando o tempo necessário para que Tavius, Samira e Valery fujam em segurança dos perigosos e mortais animais.

***

Mabel está deitada em sua cama com os olhos fechados, comunicando-se telepaticamente com seus dragões. Acaba de saber que os três conseguiram fugir, mas isto não lhe abala, pois, se eles fugiram, é porque não são capazes de enfrentar e matar seus adorados dragões.

Soraya e Servia entram no quarto, ambas sorrindo.

– E como vão os três patetas? – Servia pergunta de modo irônico.

– Acabaram de fugir. – responde Mabel, também sorrindo – Estão tremendo de medo dos meus bebês.

– Daqui a pouco os dragões os encontrarão e então eles serão destroçados. – diz Soraya.

– E então o destino da mimadinha estará definitivamente traçado. – completa Mabel – Assim que meus bebês assassinarem Tavius e as duas idiotas, Lorde Harrison no inferno vai perceber que ninguém será capaz de salvar o “tesouro” dele do destino que traçamos.

– O martírio da mimadinha está só começando. – diz Servia, sorrindo de antecipação ao pensar nas torturas que pretende submeter sua prisioneira.

As três bruxas gargalham de prazer, ao imaginarem tudo o que ainda farão com sua prisioneira.

***

Tavius, Samira e Valery encontram uma caverna que julgam segura para se esconderem dos dragões e passarem a noite que está por vir. No rosto dos três, a preocupação explicita do novo desafio que têm pela frente.

– Agora é oficial, estamos com seis problemas gigantes caçando a gente lá fora! – diz Samira, enquanto examina seu ombro ferido, que parara de sangrar.

– Uma coisa é certa, na situação atual não temos como vencê-los. – diz Tavius – E enquanto esses bichos estiverem à solta por aí não conseguirei salvar a minha irmã.

– Calma aí, pessoal! – interrompe Valery – Concordo com vocês em alguns pontos e discordo em outros.

– E discorda da gente no que? – pergunta Samira, ainda examinando o ombro machucado.

– Não deve ser impossível derrotas aquelas criaturas. – diz a maga – Sozinhos, sim, é impossível. Mas, se juntarmos as nossas forças, conseguiremos dar um jeito.

– Unir forças até que não é má ideia. – diz Tavius.

– Ótimo, e como vamos fazer isso? – questiona a arqueira.

– Ainda não sei. – diz Valery – Mas vamos pensar os três nisso. E me deixe curar seu ombro, está bem?

– Nem pensar! – protesta Samira – Magia de cura consome muita energia, você mesma me disse. Então é melhor guardar as energias para enfrentarmos os dragões. Quando vencermos aqueles lagartos tamanho família eu deixo você me curar.

– Mas Samira... – começa Valery.

– Sem mais, Valery! – diz Samira, decidida – Pensa na Tabita! Não podemos nos enfraquecer, temos é que nos fortalecer para resgatá-la o mais rápido possível.

Sem alternativa, Valery é obrigada a concordar com a amiga. Ela observa Tavius cochilando, exausto. E, conclui que amiga tem certa razão. Quer, a todo custo, ajudar Tavius a salvar Tabita e reunir os dois irmãos novamente e, fará o que tiver a seu alcance para alcançar este objetivo.

***

“- Tavius... Por que...? Por que você me abandou...? Porque você me deixou sozinha...?Por que...?Por que...?

Ele vê claramente sua casa e, para seu espanto, consegue ver a si mesmo abraçado a Valery e Samira, os três felizes, sem preocupação nenhuma e bebendo alegremente.

Não consegue entender... Sente uma dor profunda em seu coração e lágrimas por seu rosto, lágrimas que não são suas...

– Tavius... Por que você me deixou sozinha...? Por que...? Por que...? Tavius...!”

– TABITA!!!!!! – Tavius acorda assustado e molhado de suor.

Olha perplexo a sua volta e percebe que tudo que viu não passou de um sonho. Porém, seu coração que dizia que poderia ser algo mais.

– Tabita...

CONTINUA...