-Puck? –gritou Santana.

Assim que viu a morena, Brittany tentou falar, mas não conseguia por conta da mão do menino ainda estar tampando sua boca.

-O que você ta fazendo? Solta ela! –Santana chegou mais perto dos dois. Ela tirou a mão que estava no rosto de Brittany e a loira a agarrou pelo braço e as duas afastaram-se do menino. Elas pararam perto da porta do banheiro, Brittany continuou agarrada ao braço de Santana e estava com metade do corpo atrás da latina e com a cabeça escondida nos cabelos negros dela.

-O que você pensa que tá fazendo? –ela repetiu a pergunta enquanto Puck se enrolava na toalha.

-Ela entrou aqui e assim que me viu gritou. –ele falava. –Alguém poderia ter ouvido.

-E foi exatamente por isso que ela gritou. –era visível que Santana não estava nem um pouco feliz com aquela situação. –Mas eu to perguntando o que você ta fazendo aqui, você não tinha sido preso?

Puck desviou o olhar para a parede antes de responder.

-Eu fugi...

-Fugiu? –Santana esbravejou.

-É, fugi! Eu não ia ficar mais naquele lugar.

-E você vem se esconder na minha casa?

-Pra onde mais eu iria? Se eu fosse pra casa, minha mãe ia fazer um discurso e depois me mandar de volta pra lá. –ele disse.

- Porque não foi procurar o Finn?

-Finn ta morando com o Kurt agora. Se o porcelana me visse ia me dedurar.

Santana suspirou.

-Olha, pouco me importa, ok? Você não pode ficar aqui.

-Ah qual é Santana. –ele se aproximava da menina. –Eu sei que você não vai me deixar na mão... –parou a centímetros da morena. Como ela não respondeu, ele continuou falando.

-Eu prometo que não vou entrar em nenhuma roubada. –Santana não se segurou e caiu na gargalhada.

-Não vai se meter em nenhuma roubada? Você? Noah Puckerman? –Santana continuou rindo. –Só o fato de você estar aqui já é uma grande roubada.

-Ok, então o que vai ser? Vai me deixar ficar ou vai me dedurar?  -Santana parou de rir e ficou olhando para o garoto por um tempo.

-Tudo bem você pode ficar. –ela disse e ao ver a cara de felicidade do menino ela completou. –Mas só pelo fim de semana, depois disso você vai embora.

-Tá, tá. Só o final de semana. –ele disse com entusiasmo. Santana franziu o cenho e ele voltou a ficar sério.

-Ainda temos umas coisinhas sobre essa sua estadia aqui pra conversar. –ela disse já se virando para sair. Brittany a acompanhou e Puck fechou a porta do banheiro assim que elas saíram.

Santana ia voltar para a cozinha, mas antes de passar pela porta do quarto, ela notou que Brittany não a acompanhava. Virou-se e viu a loira perto da cama, com os braços cruzados.

-Vamos? Ainda temos que improvisar uma janta. –Santana disse tentando fazer graça, mas a expressão séria de Brittany não mudou.

-Esse daí não é o menino que o Sr. Schue falou? Aquele que foi preso... –a loira perguntou.

-Sim, é ele. –Santana respondeu com calma. Brittany arqueou uma sobrancelha e entortou um pouco a cabeça pro lado.

-E você vai realmente deixa-lo ficar aqui?

-É só pelo final de semana B. Depois ele vai embora. –disse Santana. –Agora vamos descer porque eu ainda to com fome. –a morena tinha esperança de que Brittany deixasse esse assunto de lado, ainda tinha que convencê-la a não dizer nada para os seus pais, mas isso faria depois.

Brittany continuou parada no mesmo lugar por alguns segundos. Depois descruzou os braços e relaxou a expressão do rosto. Santana abriu um pequeno sorriso e estendeu a mão para que Brittany a pegasse, porém a loira passou reto pela porta, descendo as escadas, ignorando a mão estendida de Santana. A morena suspirou e acompanhou ela.

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-Hum, que cheiro bom. –Brittany, que estava sentada em frente ao balcão, virou-se. Ela viu Puck vindo em sua direção esfregando as mãos uma na outra.

-O que ta fazendo aqui embaixo? –Santana perguntou. –Meus pais podem chegar a qualquer momento.

-Eu sei, é que eu senti cheiro de misto, e a ultima vez que eu comi alguma coisa foi hoje de manhã.  –ele se se encostou ao balcão e lançou um olhar de pena para Santana.

A morena revirou os olhos com aquela ação e levantou-se do banco, caminhando na direção do armário.

-Talvez se você tivesse continuado onde estava alguém poderia ter te dado comida. –disse Brittany secamente mordendo o ultimo pedaço do misto quente que comia.

-Mas o que eu comia lá não é tão bom quanto o que eu posso comer aqui. –disse ele para Brittany com um sorriso malicioso nos lábios.

A loira arqueou uma sobrancelha e quando ia responder Santana interrompe.

-Aqui. Tu pode aguentar até amanhã com isso aqui. –a morena entregava um pacote de bolacha para ele. –Agora sobe, porque alguém pode chegar. –Puck pegou a bolacha e caminhou para fora da cozinha, mas antes dando uma ultima olhada para Brittany e piscando logo em seguida.

-Acho que agora entendo. –a loira se levantava e caminhava em direção a pia.

-Entende o que? –Santana perguntou.

-Quando eu perguntei o que você achava sobre ele, você não disse nada. –Brittany lavou as mãos e virou-se para encarar a morena.

-Ele é só meio difícil de lidar.

-Aposto que sim. –a loira soltou um riso irônico.

-Olha Brittany... –Santana aproximava-se da menina. –Por favor, não conte nada para meus pais, nem para o Ian, nem mesmo para a Mônica ok? –ela parou bem próxima à loira e tinha um olhar de quase suplica. A loira pareceu pensar por um momento e depois balançou de leve a cabeça, concordando. Santana abriu um pequeno sorriso de alivio e pegou nas mãos da loira.

-Vem, vamos subir.

As duas foram para o quarto. Chegando lá, viram Puck deitado na cama da morena comendo as bolachas.

-Eu só que você suje minha cama com farelos. –disse Santana.

-Se isso acontecer nós dois podemos limpar. –respondeu ele.

Brittany pegou a toalha que estava em cima de sua cama e entrou no banheiro. Assim que ela fechou a porta, Santana andou na direção de Puck.

-Eu falei que você pode ficar aqui, mas tem algumas coisas que você precisa saber. –ela falava baixo, para que a loira não escutasse.

-Sim senhora, mande as regras. –ele disse debochando.

-Eu to falando serio Puckerman.

-Ok.

-Você vai ficar aqui dentro durante o dia todo. Nem pense em sair desse quarto. –ela disse. –Eu trago água e comida pra ti. Mas nada de ficar abusando, você irá comer o que eu trouxer. E finge que o meu som nem existe.

-Ta bom.

-Ah e o mais importante. –Santana se aproximou mais dele e levantou o dedo indicador, deixando-o bem próximo ao rosto do menino. -Você nem se atreva a chegar perto dela, ta entendendo? –disse ela de uma forma ameaçadora.

Antes de Puck responder, Brittany saiu enrolada na toalha de dentro do banheiro. Ela caminhou até o guarda-roupa e pegou roupas intimas um short e uma blusa. E caminhou de volta para o banheiro, antes de fechar a porta ela disse.

-Tenho que me trocar aqui né, já que não temos mais privacidade. –com um sorriso forçado ela fechou a porta.

-Preciso te avisar que esse jeito frio com que ela me trata realmente ta me deixando excitado. –ele disse parecendo não notar a raiva que apareceu em Santana.

-Se você não quiser perder esse seu amiguinho aí debaixo, eu sugiro que você pare de sentir-se excitado, entendeu?

Puck apenas sorriu em resposta. A porta do banheiro se abriu novamente e Brittany saiu de lá penteando os cabelos. Santana pegou sua toalha e antes de entrar no banheiro, ela olhou para Puck e depois para Brittany. O menino seguiu o olhar dela, e sorriu. Santana olhou mais uma vez para ele e apontou o dedo, logo depois ela fecha a porta.

Brittany se olhou no espelho e deu uma ultima arrumada no cabelo. Ela caminhou até a sua cama e pegou a bolsa da escola, abriu-a e retirou o seu celular de dentro.

-Então... –começou Puck ainda deitado na cama de Santana. –Você é o que da Santana? –ele perguntou.

Brittany levantou seu olhar para encarar o menino.

-Prima.

-Hum... –ele pareceu pensar por um instante e então continuou. -Vocês são bem diferentes.

-Não me diga. –respondeu Brittany com um sorriso irônico no rosto.

-Pensando bem, nem tanto assim. –disse ele sorrindo.

Depois de um silencio, Puck notou a roupa das cheerios em cima da cama da loira.

-Você também é líder de torcida no McKinley?

Brittany parecia muito concentrada em seu celular, e não respondeu ele.

-Ei. –Puck chamou.

-Você ta vendo a roupa não é? Porque ainda pergunta. –a loira não desviara o olhar do celular. Puck sorriu mais uma vez. Brittany estava se mostrando difícil, e ele gostava de um bom desafio.

-Você sabe que um dia vai acontecer não é? –ele disse.

Brittany não conseguiu impedir a risada rouca que saiu de sua garganta.

-Não conte com isso. –ela disse.

Assim que Santana saiu do banheiro, já vestida, ela deitou-se na cama de Brittany. Um silencio seguiu pelo quarto. O único barulho eram as mastigadas de Puck que parecia pensar que as bolachas fossem feitas de metal, pela força exagerada com que ele mordia.

-Vamos na casa da Quinn? –pediu Brittany virando-se para Santana.

-Por quê? –Santana perguntou franzindo o cenho.

-Vamos, por favor, eu só to a fim de sair um pouco de casa. –respondeu Brittany.

Santana hesitou por um momento. Ela não queria sair de casa e deixar Puck ali. Ele não era confiável.

-Ta bom, vamos. –ela respondeu se levantando.

-Aonde as senhoritas vão? –perguntou Puck, ao notar Santana pegando a chave do carro.

-Não te interessa. –disse a morena. –Nem pense em fazer bagunça ou qualquer tipo de barulho. –ela disse saindo, antes de fechar a porta olhou pra ele e falou. –Eu vou trancar a porta, só por via das duvidas. –e saiu sem esperar resposta do garoto.

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As duas desceram do carro e caminharam até a porta da casa dos Fabray. Santana tocou a campainha e logo uma mulher atendeu a porta.

-Santana? Quanto tempo. Como você está? –cumprimentou a mulher assim que viu a morena.

-Oi Judy. Estou bem, e você? –disse Santana.

-Ah eu to ótima, entrem. –a mulher deu espaço para que as duas meninas entrassem.

-Essa é Brittany. Ela é minha prima, estuda comigo e com Quinn lá no McKinley. –Santana apontava para a loira.

-Oh, prazer em conhecê-la Brittany.

-O prazer é meu Sra. Fabray.

-Ah não que isso, pode me chamar de Judy mesmo. –Brittany apenas sorriu em resposta. –Quinn está lá em cima, podem subir.

As duas andaram em direção à escada e subiram. Santana ia na frente, em direção a uma das portas do corredor. Ela sem bater apenas abriu e entrou.

Quinn estava deitada em sua cama escutando música com fone de ouvido e de olhos fechados, assim nem viu as meninas entrando. Santana notou que tinha um travesseiro no chão, ela se aproximou e o pegou. Com as duas mãos ela o levantou no ar e reuniu toda a sua força para em seguida bate-lo contra o rosto de Quinn.

-Aaaaaaaaaiii. –Quinn gritou sentando rapidamente na cama, enquanto Santana caia na gargalhada.

-Mas que merda Santana. –a loira passava mão pelo nariz. Ela pegou o travesseiro e tacou na morena.

-Eii! –Santana exclamou sem parar de rir.

-O que vocês estão fazendo aqui? –perguntou Quinn.

-O que? Não posso mais vir visitar minha querida amiga? –Santana fingiu-se ofendida.

-Corta essa Santana. –Quinn falou.

-Foi a Brittany que pediu pra vir. –Santana andou na direção da cama e se jogou sobre ela, recebendo um olhar de raiva de Quinn. Ela sabia que a loira odiava que pulassem em sua cama.

-É que tá meio insuportável ficar em casa. –disse Brittany.

Santana arregalou os olhos. Ela não avisara para Brittany sobre não falar do Puck para Quinn, mas foi porque achou que não seria necessário. Ela se apoiou nos cotovelos e olhou para a loira.

-Por quê? –Quinn perguntou sem notar o olhar de Santana.

-Porque Santana não para de brigar com Ian. –a loira falou. E logo ela se odiou por ter feito o comentário. Ela não gostava de mentir, e tivera que fazer isso.

-Ah, sim. Você fez bem em tirar a Santana de casa. Ian merece uma folga dela. –Quinn disse e logo recebeu um tapa nas costas.  –Aaaaii. –ela exclamou outra vez.

Santana jogou-se novamente na cama.

-Então Quinn, como está a Rachel? –Brittany perguntou mudando de assunto.

-Ah, ela... –Quinn não sabia o que responder, quando foi embora Rachel aparentava estar bem, mas lá no fundo ela sabia que a pequena não estava. –Ta lidando com umas coisas.

-Eu só espero que ela não faça um enorme drama por causa disso. –Santana comentou.

-O que? –Quinn perguntou desentendida.

-Ah qual é Quinn, ta tão na cara que ela e o Finn terminaram. E quer saber, é melhor pra ela. –Santana disse.

-Santana, ela o amava, e ele a traiu. Ela tem o direito de ficar triste. –Quinn falou.

-Eu sei. Só que eu to falando que não vale a pena ela ficar trancada dentro de casa chorando enquanto ele ta por aí se divertindo com outras. Não que eu me importe com ela, mas isso séria muito ridículo.

As garotas ainda ficaram conversando por mais meia hora, quando Santana e Brittany decidiram que era hora de ir pra casa.

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Meryl chegou em casa e não estranhou não encontrar ninguém na sala. Ian devia ter saído e Santana e Brittany poderiam estar no quarto. Ela havia ido ao supermercado com Mônica. Seguiu direto para a cozinha e colocou as compras em cima do balcão e subiu as escadas para avisar as meninas que já estava em casa. Ela bateu na porta do quarto de Santana e tentou abri-la, porém estava trancada.

-Santana? –chamou, mas não obteve resposta. –Santana? –chamou outra vez, batendo novamente na porta. Mais uma vez, sem resposta. Ela franziu o cenho. A morena não era de trancar a porta, somente quando ia trocar-se ou na hora de dormir, e ainda era muito cedo para ir dormir. Ela bateu mais duas vezes na porta e como continuou sem resposta ela deu meia volta indo em direção ao próprio quarto.

Dentro do quarto de Santana, Puck estava em pé no centro, com os olhos arregalados e uma expressão de medo. Ele estava deitado na cama quando ouviu as batidas na porta e a voz da mãe de Santana chamando por ela. Ele caiu da cama com o susto, e agradeceu por não ter feito nenhum barulho. Ficou em pé olhando para a porta pensando no que devia fazer. ‘’Talvez eu deva imitar a voz dela’’ pensou. Mas então ele percebeu que a mulher já havia se afastado e suspirou de alivio.

Ele já ia em direção à cama novamente quando ouviu a maçaneta da porta se mexendo e alguém a destrancando. Ele achou que fosse Santana, então não se preocupou. Andou em direção ao banheiro, entrou e fechou a porta.

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Santana e Brittany não demoraram para chegar em casa. Assim que estacionou o carro, a morena viu o de sua mãe dentro da garagem. Elas desceram e entraram em casa. Santana foi até a cozinha, mas sua mãe não estava lá, achou que poderia estar tomando banho, então deu de ombros. Vasculhou as sacolas em cima do balcão e devorou com os olhos uma barra de chocolate que encontrou.

-Eii, isso é meu! –disse Mônica correndo na direção de Santana e tirando o a chocolate das mãos dela.

-E você não vai dar nenhum pedacinho pra sua irmãzona? –Santana fazia bico e Brittany sorriu com aquele ato.

-Não, mamãe comprou só pra mim. –a menina disse saindo dali com a barra entre as mãos e Santana bufou. Ela andou em direção ao bebedouro e encheu um copo com a água. Depois se virou e caminhou em direção as escadas sendo seguida por Brittany.

Assim que chegou ao outro andar, Santana sentiu o ar prender-se em seus pulmões e quase deixou o copo com água cair.