"Never wanted this, never wanna see you hurt. Every little bump in the road I tried to swerve"

Reynaexitou e encarou Jason. Em seus olhos havia... culpa? Ah não, Jason pensou, isso não é nada bom.

- Jason, eu sinto muito... - Ela respondeu. - Mas não. Não hoje. Não agora. Espero que entenda...

A filha de Belona se levantou, enrolou o pergaminho, o colocou de volta na estante em que ele estava e saiu de lá.

- Eu entendo... - Jason sussurrou para o nada, quase sem voz. Seus olhos lacrimejavam sem parar, e ele enfiou sua cabeça entre as mãos, tentando parar as teimosas lágrimas de rolarem. Foi em vão.

O filho de Júpiter não esperava que doesse tanto... aquilo era normal? Por que ele sentia como se uma parte dele lhe tivesse sido arrancada? Ele queria se levantar e correr atrás da garota, mas... não, ele não forçaria Reyna a nada. Ei, talvez ela só queira um tempo, talvez você ainda tenham chances..., ele tentou se convencer, mas não funcionou. A dor, a confusão... não melhoraram. Porque no fundo de sua mente, uma vozinha irritante sussurrava "você percebeu tarde demais, perdeu ela, já era!". Talvez a vozinha estivesse certa, talvez Reyna merecesse coisa melhor.

Reyna saiu a passos rápidos da cafeteria, tentando não demonstrar desespero ou tristeza. Aliás, tentando não demonstrar nada. Ela tinha que admitir que queria aceitar aquele pedido, mas não podia... aliás, por que não podia? Por que não queria ceder? Aceitar? Seria orgulho? Medo? Confusão? Tudo junto e misturado?  E ela estava certa ou errada?

A garota voltou para seu dormitório e se jogou em sua cama. Ela não deveria ter deixado esse acontecimento ter acabado com o dia dela, mas ela importante para ela e... argh! "Vênus, você já pode parar com essa brincadeira", pensou.

"O amor não é uma brincadeira", uma voz em sua mente respondeu, e certamente não era sua consciência. Era uma voz poderosa e doce ao mesmo tempo. "E você deveria dar uma chance a ele. Pense nisso.". Antes que Reyna pudesse perguntar algo, a voz desapareceu de sua mente (ela pôde sentir, foi como ter um peso celestial tirado de suas costas). Ela continuou deitada na cama, com os antebraços sobre a cabeça, até ouvir o barulho quase inaudível da porta sendo aberta.

- Olá. - Ela falou, limpando uma lágrima teimosa e se sentando.

- Oi, Reyna. - Alguém respondeu, e Reyna se assustou. Como o ser vivo, fosse lá quem fosse (ela ainda não tinha conseguido olhar para a pessoa, não com os olhos vermelhos de choro), sabia seu nome?

- Como sabe meu nome? - Ela perguntou.

- Lutamos juntas conta Gaia, eu te reconheceria em qualquer lugar. - A garota respondeu, e a filha de Belona começou a reconhecer aquela voz. Levantou a cabeça para encarar sua locutora: era ela mesma.

- Pips! - Ela sorriu, estava com saudades da... amiga? É, com certeza amiga.

- Hey! - Piper sentou ao seu lado e a abraçou. - Por que está chorando?

- Não estou chorando. - Reyna tentou disfarçar, o que foi inútil.

- Oh, claro que não! Está apenas chovendo em seu rosto! - Piper ironizou. - Vamos, Reyna. Eu sei que pode ser difícil se abrir quando você passou a vida inteira tendo que esconder seus sentimentos e continuar na posição de líder, mas talvez você se sinta melhor depois de contar.

Era assustador como a filha de Afrodite parecia ler seus pensamentos. Piper não era do tipo "princesinha de conto de fadas", mas como qualquer filha da deusa do amor, entendia bastante de sentimentos e dava os melhores conselhos.

- Certo... - Ela respirou fundo. - Digamos que hoje eu me encontrei com o Jason e...

- O Jason tá aqui, quer dizer, nessa universidade? - Piper franziu a testa. - Eu sabia apenas que o Leo estaria.

- Sim... o Leo também está aqui? Wow, parece que eu sou a única desinformada aqui. - Reyna tentou aproveitar a pergunta para desviar do assunto, mas a tentativa foi falha.

- Ok, voltando... o que aconteceu?

- Não vou conseguir desviar do assunto, vou? - Piper riu e sacudiu a cabeça em negação. - Então não vou insistir... - Conhecendo a filha de Afrodite como ninguém, a filha de Belona sabia que insistir seria perda de tempo. - Eu entrei na cafeteria, fui para o andar de cima, peguei um pergaminho para ler e não havia nenhum lugar vago, então pedi licença para sentar para um garoto loiro... mas não imaginei que poderia ser Jason. E então... - Ela contou todos os acontecimentos e, sem perceber, estava contando detalhadamente a maneira como estava se sentindo e seus olhos estavam novamente cheios de lágrimas. Lágrimas que Reyna estava relutante em chorar. Chorando ela se sentia... fraca.

- Escute, chorar não é uma fraqueza. É algo comum, não há problemas nisso. - Piper replicou, como que lendo seus pensamentos novamente.

- Eu sei, mas... eu não consigo me acostumar a isso. Me sinto uma garotinha fugindo assustada, e não é para agir dessa maneira que fui treinada.

- Pois saiba que quando você chora, é porque você enfrentou o problema por tanto tempo que isso acabou te pesando, te frustrando. Reyna, não há nenhum problema em sentir como se seu coração tivesse partido, em baixar as barreiras por alguns instantes.

- Mas nunca foi assim, só depois que...

- Que o Jason voltou. Reyna, você já chegou a pensar na possibilidade de você realmente amar ele?