Together escrita por sweetheart


Capítulo 1
Capítulo Único




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Natsu estivera ali por dois dias. E ela não havia acordado.

Hora ou outra ele segurava uma mão dela nas suas. Mãos que costumavam ser tão quentes e macias, estavam tão gélidas quanto uma das criações de gelo do Gray. E ele não se importava com competição nenhuma no momento. Ele só queria que ela acordasse, que abrisse aqueles olhos grandes e brilhosos dela. E que sorrisse.

Mas sorrir seria uma situação difícil pra ela. E ele sabia.

Sabertooth iria pagar. E ele achava bom aquela Minerva tomar muito cuidado.

— Natsu! — alguém interrompeu seus pensamentos. — Vamos comer alguma coisa, a guilda está toda reunida e você não sai daí há dois dias. Você precisa se alimentar!

Era Erza.

Natsu a encarou sem expressão nenhuma.

— Eu não-

— NATSU! — ela o olhou, irritada. — Sei que está preocupada com ela, todos estamos, mas por favor, você precisa comer alguma coisa. Quer ocupar a outra cama também? — ela apontou para a cama da enfermaria que estava ao lado da cama da Lucy.

Ele bufou e ela continuou:

— Vamos! É rapidinho e você já volta. Eu posso pedir para outra pessoa ficar aqui, tenho certeza que a Levy-

Mas ele não deixou que ela terminasse, Natsu passou pela porta como um furacão.

Erza deu um último olhar triste para Lucy e depois o seguiu.

.

.

Lucy suprimiu o gemido de dor. Seu coração batia tão fracamente, em um som único e continuo que parecia que ia moer suas costelas. Tentou manter-se imóvel até as vozes cessarem e os passos no corredor estivessem longe o suficiente.

Ela tinha ouvido Natsu e Erza discutir sobre comer alguma coisa. Mas a dor era tanta que era difícil se concentrar e ouvir algo com clareza. Tentou apoiar os dois braços ao lado do corpo para dar sustentação para que pudesse sentar-se, mas dessa vez não reprimiu o gemido. Na verdade ela gritou de dor, era um grito baixo, mas não pôde evitar. Era como se cada parte do seu corpo queimasse. Ela sentia-se queimando por dentro, mas por fora estava tão frio... tão frio.

Em sua segunda tentativa, ela conseguiu sentar-se na cama, apoiando as costas rígidas na parede onde deveria estar uma cabeceira. Virou o pescoço levemente para o lado, temendo outra sessão de pontadas de dor e viu uma bandeja com alguns alimentos. Ela comeu duas maçãs, entre caretas e murmúrios de dor enquanto mastigava.

Ouviu passadas leves adentrando o quarto e ela se xingou internamente. Não queria que ninguém da guilda a visse assim. Não agora. Ou talvez quem sabe... nunca.

Não Erza, que para ela era o exemplo de mulher.

Não Wendy, que para ela era o exemplo de superação.

E não Natsu, que para ela era...

Agora mais do que nunca sentia-se fraca. Inútil. Não teria coragem de olhar para as faces de seus companheiros.

Por sorte – ou talvez nem tanto – era Polyushka quem havia entrado no quarto.

— Você acordou. — ela disse baixinho.

Ela lhe ofereceu um vidro com um líquido de coloração estranha. E Lucy aceitou. Ela estava se sentindo melhor cada vez que tomava um gole. Involuntariamente lágrimas silenciosas caíram sobre seu rosto. Estava sendo salva. De novo.

— Obrigada... — ela disse a contra gosto.

A mulher assentiu e a observou por um tempo.

Lucy levantou-se da cama, ainda sentindo um pouco de dor e foi para o banheiro, banhar-se. Quando saiu do seu banho, com roupas limpas e um olhar triste, pôde ver que Polyushka ainda estava ali, agora sentada do lado de sua cama.

Lucy pegou suas chaves e depois se dirigiu até a porta.

— Estou indo embora. — disse mais a si mesma do que para a mulher em sua frente.

E se foi, envergonhada demais para falar qualquer coisa.

.

.

Natsu andava impaciente pelo corredor de volta ao quarto. Havia demorado muito. Pessoas o enchiam de perguntas e palavras de conforto. E aquilo foi mais torturante do que ele pensava que seria.

Quando finalmente entrou no quarto, encontrou uma cama vazia. E arrumada.

Ele arregalou ligeiramente os olhos.

— ONDE ELA ESTÁ? — gritou para a mulher que estava de costas para ele, que mantinha seu olhar firme, na janela.

— Ela foi embo-

Não terminou. Não havia mais ninguém ali.

Suspirou frustrada.

— Tsc, esses humanos...

.

.

Natsu corria pela a cidade como se sua vida dependesse disso, ar lhe faltava dos pulmões vez ou outra, mas ele não se importava. Foi então que depois de muito correr, a viu na saída da cidade. Ela tinha pegado um caminho mais longo, mas era um caminho por onde ninguém passava. Ela andava com a cabeça abaixada, ignorando o olhar de todos. Andava devagar, como se sentisse dor.

Ele sentiu... compreensão.

Ele correu até parar a um metro de distância dela, sua respiração estava ofegante.

— Lucy, o que pensa que está fazendo?

.

 

Lucy sentia a respiração ofegante em suas costas, tentando ignorar o arrepio que aquilo lhe causava. Ela queria chorar, estava se segurando para não o fazer.

— Natsu, por favor... Não torne isso mais difícil... Eu nem... Eu nem consigo... Te olhar! — ela disse, reprimindo um soluço.

Ele a virou para si. E foi então que ela não se conteve e suas lágrimas rolaram por sua face. Natsu a olhava com uma expressão que ela não sabia explicar.

— O que te faz pensar que pode me abandonar, Lucy?

Ela arregalou os olhos.

Ele passou os dedos em suas bochechas, limpando suas lágrimas.

— Você fica mais bonita sorrindo... — ele continuou. — Eu não gosto de te ver chorar.

— Natsu... Por favor...

Ele colocou um dedo nos lábios dela.

— O que te faz pensar que vamos ficar bravos por que você perdeu? Aquela mulher foi injusta, nós todos sabemos disso.

— Eu sou fraca, Natsu... A mais fraca da Fairy Tail... Eu só mancho a reputação da guilda... E-eu sempre tenho que ser protegida.

— Você, manchar a reputação da guilda? — ele agora gritou. — Lucy! Nós somos uma família! Você se esqueceu? Pare de dizer essas bobagens, você só nos trouxe felicidade, você me trouxe felicidade, caramba! Não pode ir embora só porque perdeu! Eu já perdi muitas batalhas na minha vida! Perdi meu pai, achei que tivesse perdido a Lisanna, uma nakama preciosa... Não me faça perder você também! — ele completou, baixinho.

Ela arregalou os olhos novamente.

— Natsu...

— Lucy, eu te levantei na sua primeira derrota. Vou te levantar quantas vezes forem preciso. Vamos passar por isso, juntos. — ele deu um beijo na testa dela. — E então... Vamos voltar? — ele estendeu a mão para ela, com aquele sorriso que só ele tinha.

— Juntos.

Ela pegou na mão dele. Enquanto ela estivesse com Natsu, ela não temeria nada.

E então caminhou de volta para a Fairy Tail.

Para a sua família.


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