Guarda-chuva escrita por Ace


Capítulo 1
Guarda-chuva


Notas iniciais do capítulo

Para quem não sabe, Aomine é o melhor jogador da Kiseki no Seidan, e também, a "luz" anterior do Kuroko.
Foi ele quem incitou o Kuroko a entrar no time de basquete, e a relação dos dois era melhor do que a relação do Kuroko com o Kagami, Aomine era o melhor amigo de Kuroko, mas tudo isso mudou(quando a nação do fogo atacou, desculpa, mas que queria muito fazer essa piadinha) quando o Aomine começou a achar que era bom demais pro resto do time, a mesma atitude de Kagami durante o jogo contra Midorima(por isso Kuroko agia tão estranho)
No mangá, Aomine já chegou a jogar contra a Seirin e ganhar de Kagami e de Kuroko, nessa partida, ele conseguiu parar todos os passes especiais de Kuroko, destruindo a sua vontade de jogar, e mais tarde, em outro jogo, ele finalmente perde pra Kagami, acabando por refletir tudo o que ele fez e chega a fazer as pazes com Kuroko depois disso.
Na parte atual, Kuroko ainda o considera seu melhor amigo e Aomine promete ajudá-lo a melhorar suas novas técnicas.



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Guarda-chuva

A tarde fria tinha mostrado sua consequência, uma chuva que delicadamente delineava uma camada de água acima do chão de concreto. O garoto de pele pálida encarava a chuva seriamente, ou não, sua face era indecifrável. Ele esperava a chuva passar do lado de fora do prédio de sua escola. Tinha quanto tempo fosse necessário para esperar, quando chegasse em casa, não teria nada em especial pra fazer, ou nada que não pudesse esperar, ele puxou um livro de sua mochila e suspirou, começando a ler atentamente e sem dar grande importância aos acontecimentos ao seu redor.

Ao mesmo tempo, um garoto alto e de pele moreno estava passando por aquele mesmo lugar, Aomine, ele sempre pegava o caminho mais longo até sua casa, porque esse caminho passava diretamente pela Seirin, e tinha uma chance, mesmo que variasse entre 0 e mínima, de encontrar um Kuroko desacompanhado que precisasse de uma companhia para caminhar.

E aquela chance havia chegado. Assim que ele percebeu o garoto de cabelos azul-bebe, percebeu sua chance de atacar como uma voraz serpente que tinha esperado até a hora certa de dar o bote em sua indefesa presa.

-Tetsu! –berrou, de longe, não sabia realmente o que dizer, mesmo já tendo passado aquela cena tantas vezes dentro de sua cabeça, naquele exato momento, sua cabeça era um vórtice de branquidão. –Você tá sozinho?-“não, seu imbecil, não pode ver os amigos imaginários dele ao redor?”

-Sim. –o menor respondeu, de sua forma educada.

-Você ta sem nenhum guarda-chuva? –“Eu consigo fazer uma pergunta cuja resposta não seja tão obvia?” pensava sozinho.

O menor apenas concordou com a cabeça. O maior viu uma chance enquanto oferecia-se como uma carona e uma companhia para o menor. O menor concordou apenas com um aceno com a cabeça e se colocou ao lado do maior e os dois começaram a caminhar no mesmo guarda-chuva.

O menor tinha um cheiro adocicado de menta, algo que ninguém quase nunca sentia, o cheiro dele era tão leve e tão sutil que parecia quase o cheiro natural dele. Ele caminhava olhando pra frente com uma expressão séria, sem demonstrar emoção ou animo em estar ali. Aomine não entendia se aquele era um sinal de que estaria tudo bem tentar ou não alguma coisa com ele, fazia pouco tempo que o via daquele jeito, e de repente, tinha uma chance daqueles de reconciliação e talvez de algo a mais.

Ele tentou uma leve aproximação, colocar o braço envolta do pescoço do menor, já tinham feito isso antes, quando eram mais novos e estudavam juntos, e mesmo já fazendo algum tempo, o menor não estranhou, simplesmente continuou andando, agora suportando um leve peso em seus ombros.

Um sorriso leve se delineou na boca do de pele amorenada, ele lentamente esticou o pescoço um pouquinho, aproximando o nariz do cabelo do menor e cheirando aquele cheiro doce de menta do cabelo dele, talvez fosse o shampoo que ele usava ou algo do gênero, mesmo o garoto nunca parecendo ter se importado com esse tipo de vaidade.

-Aomine-kun. –o menor chamou, enquanto o outro ainda estava quase embriagado por aquele cheiro. –O que você está fazendo?

O maior esbugalhou os olhos e parou, sem entender exatamente ou ter tempo de imaginar qual seria uma boa resposta.

-Garantindo que você… não se molhou.

-Obrigado então.

O maior comemorou mentalmente ter escapado.

Eles continuaram, o resto da caminhada em completo silêncio, profundo e um pouco que desconfortável, era até mesmo difícil se manter naquele silêncio, principalmente pra Aomine, que queria tanto tirar aquela chance pra conversar, mas já estava aproveitando o tempo que tinha de ao menos ficar próximo do menor por tempo o suficiente pra sentir aquele cheiro de novo.

Talvez Kuroko nunca o perdoasse completamente por ser um completo idiota naquela época, mas ficaria feliz de ter tido ao menos aquele momento pra se aproximar dele de novo.

-Chegamos. –o menor anunciou, sem mudar o tom de voz em nenhum momento. –Obrigado, Aomine-kun.

O garoto se virou pro maior, ambos ainda estando debaixo daquele guarda-chuva, naquele mesmo momento, o maior tinha se virado e os olhares se encontraram. O maior percebia a mínima distância incomoda que existia entre os lábios dos dois, ele engoliu em seco enquanto aproximou do rosto do menor o seu e lentamente roçou os lábios nos dele e continuou por alguns segundos antes de realmente beijá-lo, e ficou parado alguns segundos naquela posição, com os lábios colados no dele e simplesmente em pé, ali, parado na rua com apenas o vento e a água.

Nenhum dos dois contou quantos minutos aquele contato durou, nem se havia realmente passado mais de 60 segundos, mas no segundo em que se distanciaram, Kuroko sentiu um vazio.

Um vácuo próximo ao seu rosto.

Como se o vento, o som e a chuva não existissem, sentia falta daquele contato, mesmo que já tivesse acabado e durado apenas alguns míseros minutos ou segundos. Ele encarou o moreno corado a sua frente, suas bochechas em um tom que misturava o marrom natural de sua pele com um vermelho vivido, os olhos surpresos ao perceber o que tinha acabado de fazer. Kuroko ainda estava com as bochechas rosadas e um pouco surpreso, mas aquele vazio realmente se tornara incomodo.

-Eu… Tetsu, eu… eu… gosto de você. –Aomine falou, quebrando o silêncio incomodo. –Do mesmo jeito que a Momoi gosta de você e do jeito que eu não deveria gostar, mas eu… gosto. Eu realmente gosto de você.

Aquilo era humilhante demais pro maior, nunca teve que experimentar estar do outro lado quando uma garota vinha lhe declarar sentimentos com uma cartinha de amor bem clichê ou algo do gênero.

Era humilhação demais pra um dia só ficar encarando aquele rosto sem expressão, sem nem mesmo estar confuso. O maior se virou, querendo ir embora, querendo fugir dali, mudar sua rota de voltar pra casa e rezar pra não ter que jogar contra a Seirin só pra não ter que olhar diretamente pra Kuroko e perceber que nunca conseguiria ter sequer mesmo uma chance de outro beijo, mas assim que tentou ir embora, uma mão, pequena e fria, pegou o pelo pulso. Aomine se virou, pra ver o garoto de corpo pálido e levemente molhado pela chuva, com um olhar um pouco mais pedinte e enigmático do que outros que já vira.

Assim que se virou, foi atingido diretamente pelo abraço do menor, que o envolveu em seus braços, quase que exigindo ter seu abraço retribuído de um jeito manhoso. O maior deu um leve sorriso satisfeito, envolvendo o braço no pescoço do menor, e o colocando novamente embaixo de seu guarda-chuva.

-Fique mais um pouco, Aomine-kun. –cochichou, levantando o rosto pra um contato direto entre os olhos dos dois. –Ao menos só até a chuva passar.


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Notas finais do capítulo

Eu amoe esse casal!^^