Tré Cool’s POV 

– Olha, esse aqui é bom! “Procura-se entregador de pizza”. - disse para Al, circulando com uma caneta vermelha o anúncio no jornal.

– Boa ideia. O Billie vai gostar.

Eu eu Al estávamos sentados na mesa da cozinha lendo os classificados. Parece que o baixo do cara da banda dele, Mike, se não me engano, quebrou. Eles estavam procurado por empregos para poder comprar um novo. Como eu estava de repouso depois da minha cirurgia, resolvi ajudar. Cara, ainda não consigo me acostumar com isso. “Cirurgia” uma ova. O cara arrancou minha bola fora. Ah, que legal, agora estou com essa mania de reclamar que nem uma mulher.

– Olha, esse também é legal. - Al disse, circulando um anúncio. - Descascador de mariscos. 

– Ew. 

– Tudo bem, vamos ver… - ele disse, mordendo a tampa da caneta. - Billie entregador de pizza, Mike descascando mariscos e eu como ajudante de cozinha.

– É, acho que é isso. - disse, pegando um cookie que estava na travessa na mesa.

– Acho que eles vão ficar de boa em entregar pizza e descascar mariscos. - ele disse, e eu dei uma mordida no cookie. Um gosto horrível entrou pela minha boca. Parecia que eu estava comendo alguma coisa em decomposição.

– Cara, onde você comprou esses cookies?

– Fui eu que fiz. Por que?

Ok, ele definitivamente não podia ser ajudante de cozinha. Tinha que impedir isso pelo bem estar das pessoas a minha volta.

– Você não acha que seria melhor arranjar outro emprego? É que… ajudantes de cozinha não recebem muito. - eu disse, levando o cookie disfarçadamente para Allen. Pelo visto ele também não gostou e mordeu minha mão com força.

– Mas que tipo de emprego?

– Ah, sei lá… você poderia pedir um para o meu pai.

– Dirigindo caminhões?

– É, não é assim tão difícil. É só fazer umas entregas pela cidade.

– Mas eu nem me lembro se eu sei dirigir.

– Só tem um jeito de descobrir. - respondi, dando um sorrisinho.

*

– Cara, eu não estou muito confiante sobre isso.

– Deixa de ser franga e pisa logo no acelerador.

Al estava dirigindo minha van. Ou melhor, tentando dirigir minha van. Eu estava no banco do passageiro e, incrivelmente, com menos medo do que ele. 

– Isso não vai dar certo. Isso não vai dar certo. Isso não vai dar certo.

– Você está com medo de que? Eventualmente vai ter que aprender a dirigir, então por que não agora? - isso pareceu animar ele um pouquinho. - Além do mais, eu tenho airbag. A gente não vai morrer. Provavelmente.

Al respirou fundo. Pisou no acelerador e saiu dirigindo normalmente.

– Ei, olha! Eu sei dirigir!

– Eu te disse. - respondi, revirando os olhos.

De repente, Al ficou paralisado. Agarrou o volante com força, deixando os nós de seus dedos brancos.

– Al? Está tudo bem? Al??

Dei uma cutucada nele. Ele pisou no freio bruscamente. Seus olhos estavam fixos em algum ponto indefinido

– Eu… eu acho que… já é o suficiente por hoje. - ele disse, com um olhar assustado. Nisso, Al saiu do carro e voltou para dentro da casa. 

*

- Al, eu sei que tem alguma coisa errada. Abre essa porta. - eu estava do lado de fora do quarto de hospedes do Al, batendo na porta por pelo menos dez minutos. - Saiba que eu não vou sair até que você abra.

Pelo visto, Al percebeu que eu não estava blefando, a abriu a porta.

– O que você quer? - perguntou.

– Quero saber o que você está escondendo.

Al bufou e me deu as costas, mas deixou a porta aberta. Entrei no quarto e sentei na cadeira da escrivaninha. Ele se sentou na cama, de frente para mim.

– Eu lembrei.

– Lembrou do que?

– Eu tive um flashback. Na verdade, é o segundo que eu tenho. [na: Eu acrescentei um flashback no capítulo “O Novo Baterista”, se vocês quiserem ler para entender…]

- Serio Al?? Isso é ótimo! Significa que você está recuperando! - eu disse, com um sorriso.

- Não, Tré. Você não entende. Eu… eu estou muito cansado. Podemos conversar mais sobre isso amanhã? - ele perguntou.

Concordei com a cabeça e aceitei sair do quarto. Eu sabia que tinha algo errado com Al. E eu vou descobrir. Afinal… ele é meu amigo.