Eu Te Odeio Vs. Eu Te Amo escrita por maria


Capítulo 10
Algo estranho e bom


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!Sei que demorei e peço desculpas. Mas estava em semana de provas, tendo que estudar pra caramba e cheia de trabalhos para fazer. Eu queria ter postado ontem, para dizer: "O aniversário é meu, mas quem ganha presente são vocês." É, não deu. Minha família estava aqui, fiquei sem tempo para postar. Mas cá estou eu. Espero que esse capítulo compense...Boa leitura, nos vemos lá embaixo.



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POV Edward

Realmente havia sido bom passar a tarde e o começo da noite com Bella. Nós éramos exageradamente parecidos. Gostávamos das mesmas coisas, então foi fácil nos divertimos juntos. Ela não é uma garota normal. Não que isso seja ruim. É ótimo. Ela é diferente do que eu pensei que fosse, diferente da maioria das pessoas.

Mas, mesmo quando nos divertíamos assistindo The Big Bang Theory, o olhar dela parecia triste. Desde que eu a conheci, aquele olhar de tristeza permanecia nela. Me angustiava vê-la assim. Mas parece que aquele olhar e ela são a mesma coisa. Impossível de separar. Eu queria, com todas as minhas forças, que ela fosse feliz, que aquele olhar a deixasse. E isso me assustava. Eu mal a conhecia, porém sentia como se a conhecesse desde sempre. E era nisso que eu estava pensando quando ela bateu a porta do quarto. A conversa que nós tivemos foi a mais estranha da minha vida. Eu não sabia o que estava sentindo. Ela tinha lembrado! Isso era estranho, pois nós agíamos como se aquilo não tivesse acontecido.

Quando acordei no dia seguinte, ela não estava lá. Pensei que estava dormindo, mas ela sempre acordava cedo. Estava quase batendo na porta de seu quarto quando ela entrou. Falei com ela e então se virou. Foi algo como um choque. Os olhos dela, sempre tão bonitos, estavam com olheiras enormes. E isso não era o pior, seu rosto estava preto. De maquiagem borrada. Mas não foi isso que me chocou. Uma aura de tristeza pairava sobre ela, e aquilo era angustiante.

- O que aconteceu com você? – falei com os olhos arregalados.

Ela não sabia o que responder, definitivamente.

- A maquiagem, é, ela, meio que, hum, borrou? – disse toda atrapalhada, e como se fosse uma pergunta.

- Mas, como, quer dizer, você está com olheiras terríveis e igual a um panda. O que quer que eu pense? Que choveu e a água borrou sua maquiagem? – todo o meu nervosismo coube nessa frase.

Bella só me olhava com um semblante cansado e pensativo. Ficou assim por algum tempo. Tempo suficiente para fazer a minha preocupação diminuir um pouco e eu poder raciocinar. Era óbvio que ela estivera chorando. E ela saiu cedo demais, também. Não tomou café da manhã, se não haveria algo na pia ou alguma embalagem no lixo. Se ela saiu sem tomar café, significa que era importante. Mas o quê poderia ser tão importante a ponto de ela sair cedo, sem avisar ninguém – sem me avisar?

- Eu vou tomar um banho e dormir um pouco, tá? – falou com uma voz arrastada.

Nem tive tempo de responder e ela foi em direção ao banheiro.

               [...]

Duas semanas. Duas terríveis semanas. Duas semanas de conversas monossilábicas e silêncios constrangedores. Definitivamente as coisas não iam bem. Primeiro, ela tinha lembrado do beijo e tivemos aquela conversa estranha. Depois, ela chegou em casa com a maquiagem borrada e nem me deu explicação. Desde então, quase não nos falávamos. Ela estava prestes a bater o recorde de ficar fazendo nada. Ou melhor, o recorde de assistir televisão e comer. Só falávamos sobre coisas do dia a dia. Às vezes eu saía, só para dar uma volta, mas não adiantava nada. Tentei ir a uma boate uma vez, para esfriar a cabeça, mas só me lembrava do dia em que ela estava bêbada e nos beijamos. Minha vida nunca foi fantástica. Nem incrível e nem terrível. Nem feliz e nem triste. Eu era grato por tudo o que tinha, mas ainda era difícil. Depois da morte de minha mãe e minha adoção, eu havia tido uma vida normal. Sem muitas coisas para serem contadas. E isso me levava a noitadas e mulheres. Mas aquele não era eu. Depois que me casei com Bella por livre e espontânea pressão, tudo tinha mudado. Eu nem me reconhecia. E não sabia se aquilo era bom ou ruim.

Quando foram completadas as duas semanas exatas, ela estava no sofá assistindo TV. Uma chuva começava a se formar e o céu estava escuro. Tudo bem que eram sete horas da noite, mas as nuvens me impediam de ver o céu.  Não ousaria sair. Eu morria de medo de chuva. Fazia-me lembrar do dia em que minha mãe saiu para nunca mais voltar. Dez minutos depois de ela ter saído, caiu uma tempestade. Sempre que chovia eu ficava vulnerável aos sentimentos de angustia que me tomaram anos antes.

Fui até a cozinha e deixei-a assistindo The Big Bang Theory. Estávamos assistindo juntos, mas sem conversar. Peguei um copo e abri a geladeira a tempo de escutar um trovão. Sentia o pânico querendo me dominar.  Peguei o leite e despejei no copo. Fechei a geladeira. Várias coisas aconteceram numa ordem que eu não sei dizer qual: um trovão bem mais forte que o anterior ecoou por todo o apartamento, o copo caiu da minha mão e se espatifou no chão, a luz acabou, eu dei um passo desorientado, pisei nos cacos de vidro, dei um grito e caí de bunda no chão.

Eu estava ali, no chão, sangrando por causa dos cacos de vidro que perfuraram e ainda estavam perfurando a minha pele, morrendo de medo da chuva, e Bella entrou na cozinha.

- O que aconteceu, Edward? – falou com uma voz preocupada.

- Eu derrubei o copo e pisei nos cacos de vidro. Ai. – realmente estava doendo.

- Ai, meu Deus, eu preciso fazer um curativo, vai infectar, onde tem primeiros socorros nessa casa? – se antes ela estava preocupada agora estava em pânico.

- Calma, Bella. Sou eu que estou ferido, não você. – falei tentando acalmá-la. Ela parecia desorientada.

- Tá. Tudo bem. Agir com lógica. – respirou fundo. – Você consegue se levantar daí? – perguntou.

Tentei levantar, mas não podia me apoiar nos pés e estava tudo escuro.

- Acho que não. – suspirei. Ia ser difícil levantar dali sem apoio.

Nem percebi sua mão estendida para mim. Segurei e consegui me levantar. Mas ainda precisava de apoio. Como se lesse meus pensamentos, ela passou meu braço por cima de seu ombro e meio que me carregou até a sala. Eu pulava com uma perna só. Aquela situação era estranha, mas eu gostava de estar tão perto dela. Chegamos na sala e ela me colocou no sofá.

- Fica quieto aí que eu vou procurar alguma coisa para limpar isso aí e fazer um curativo. – disse isso e saiu.

E fiquei ali, tentando controlar o medo dos trovões. A cada trovoada eu me lembrava daquele dia...Ficava apavorado, revivia tudo aquilo. A presença dela afastava o medo, quando ela estava longe, eu sentia mais medo ainda.

Não vi quando ela apareceu, só senti alguma coisa molhada no meu pé. E ardia.

- Aaah, o que é isso? – perguntei.

- Calma aí, Edward. É só pra limpar, para tirar os cacos de vidro.

Ela segurava meu pé e passava o líquido nele. Aquilo não era bonitinho nem nada, mas eu gostava. Ela estava cuidando de mim. E isso era bom. Mas tinha que ter um trovão repentino para estragar tudo. Pulei de susto.

- Droga, para de se mexer, fica quieto, você quer ter vidro na sua corrente sanguínea?

- Desculpa. Me assustei com o trovão. – falei um pouco encolhido por causa do seu tom de voz rude.

- Você tem medo de trovão? – perguntou e logo após deu uma sonora gargalhada.

- É. Eu sei que é meio ridículo. – me assustei com outro trovão e me encolhi mais ainda. – Quando minha mãe biológica saiu e nunca mais voltou, tinha começado a trovejar. Tempestades me fazem reviver aquele dia. – disse quase num sussurro.

Ela ficou em silêncio por algum tempo até falar.

- Me desculpe. Eu não sabia. – ela parecia...envergonhada?

- Não, tudo bem. Eu não me importo, de verdade.

Ficamos sem dizer nada por um bom tempo. Ela apenas tirava o vidro do meu pé e fazia o curativo.

- Pronto! Acho que não vai precisar ir ao hospital. – disse firmemente.

- Obrigado. – falei olhando como podia o curativo. – Onde você aprendeu a fazer isso?  O curativo ficou muito bom.

Ela deu uma risada. Eu poderia ficar escutando esse som para sempre.

- Quando se é desastrado, precisa-se aprender isso. Faço meus próprios curativos desde os cinco anos.

- Cinco anos? Você era meio nova, não? Normalmente crianças de cinco anos têm seus curativos feitos pelos pais, sei lá.

- Normalmente. – falou baixinho, mais para si mesma.  – Então, acho que só nos resta esperar a luz voltar.

O silêncio que se instalou naquela sala foi tenebroso. Parecia cena de filme de terror. Tudo está calmo, e aí aparece um assassino. Nós estávamos sentados lado a lado, então eu podia sentir seu cheiro. Morangos. Exatamente como naquele dia...  Às vezes eu gostaria que ela estivesse bêbada. Seria mais fácil de lidar. E muito melhor também.

Olhei-a. Mesmo de lado, aparentemente nervosa, e no escuro, era linda. Cabelos castanhos longos, emoldurando seu rosto angelical. Não havia um traço feio, ou imperfeito. Todos eram delicados e suaves. E então ela também olhou para mim. Estava escuro, mas consegui olhar nos olhos dela. Cor de chocolate, eu poderia me perder neles. Sua boca entreaberta, a respiração entrando e saindo rapidamente, nossos rostos cada vez mais perto. E não consegui me controlar. Puxei sua nuca e a beijei.

Meus lábios moldaram-se suavemente aos dela, que parecia em choque. Depois de alguns instantes, ela suspirou e deu passagem para minha língua. Invadi sua boca com urgência e o beijo foi se tornando cada vez mais intenso. Sentia como se estivessem saindo faíscas. Mas precisávamos respirar. Então encostei minha testa na dela. Ambos respirávamos com dificuldade. Minha mão ainda estava em sua nuca.

- Você sentiu isso? – perguntei. Era óbvio o que eu queria dizer com “isso”.

- Se com “isso” você se refere à explosão de fogos de artifícios que acabou de acontecer? Sim, eu senti.

- Não quero mais fugir disso. – sussurrei.

- Acredite, eu também não. – e nos beijamos novamente.

Quando finalmente nos separamos, cada um foi para um lado do sofá afim de respirar. Foi nesse exato momento que a luz voltou.

- Voltou. – sorri. Ela sorriu em resposta e se aproximou lentamente. A televisão estava ligada. Puxei-a ao meu encontro e passei o braço por sua cintura. Ela ficou surpresa com meu ato, mas logo relaxou e encostou a cabeça em meu ombro. Ficamos assistindo TV assim até meia noite e trocamos alguns beijos.

- Estou com sono, Edward. Vou dormir. Boa Noite. – disse sorrindo e levantando-se do sofá.

- Eu também estou com sono. – falei desligando a TV.

Não queria que ela fosse para o outro quarto, queria tê-la perto de mim.

- Por que você não dorme comigo hoje? – perguntei meio hesitante. Sua expressão estava estranha.

- Edward, eu não acho que nós deveríamos...

Fui em sua direção e coloquei a mão em seus lábios.

- Só dormir, Bella. Que mal há nisso? Teoricamente, somos casados, certo?

Ela sorriu sob meus dedos.

- Tem razão.

Peguei sua mão e puxei-a para o quarto. Ela olhava tudo com curiosidade.

- Sabe, esse quarto era para ser seu. Quer dizer, seu pai comprou a casa, e esse é o quarto maior. Mas você logo ficou no outro.

- Não importa.

Me deitei e fiz um sinal para que viesse também. Ela parecia meio hesitante, mas veio e deitou-se ao meu lado. Ficamos um tempo sem nem nos falarmos e nem nos encostarmos.

- Edward? Você está acordado? – sussurrou.

- Sim. O que foi? – perguntei.

- Isso é...esquisito.

- O quê? Nós dois?

- Aham. Eu não estou entendendo nada.

- Eu também não. – suspirei.

- Gosto de não entender nada. Mas, o que é isso? – fez um sinal apontando para nós dois.

- Algo estranho, como você já disse. Mas também é algo bom. Pelo menos para mim. – falei um tanto hesitante.

- Para mim também. – falou em um tom quase inaudível.

Se aproximou mais de mim e passou o braço por cima do meu corpo. Envolvi-a com meu braço protetoramente. Sua cabeça estava na curvatura do meu pescoço. Beijei seus cabelos. Eu estava tão confortável assim, que poderia ficar ali durante a eternidade. Quando eu estava quase dormindo, escutei ela falar bem baixinho.

- Edward, posso te pedir uma coisa?

- Claro. O que é?

- Um beijo. – ela parecia meio envergonha de dizer isso.

Me aproximei dela e colei nossos lábios. Foi um beijo calmo e doce, porém intenso o suficiente para nos deixar ofegantes. Novamente ela se aconchegou em mim e eu a abracei. Aquilo era estranho, definitivamente. Mas era muito bom também.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Gostaram? Não gostaram? Amaram? Odiaram? Qualquer coisa serve, mas espero que vocês tenham gostado. Deixem comentários, eles são meu combustível para escrever. Não sei quando vou poder postar, mas assim que der, estarei aqui de novo. Beijos e até o próximo.