Cheguei ao aeroporto decidida a ir para qualquer lugar que me fizesse esquecer qualquer coisa referente à Antártida. Sem meu trabalho eu não sou nada.

As palavras de minha mãe não saiam da cabeça.

– Minha filha para onde vai? Fique aqui em Tóquio comigo e seu pai já basta todos esses anos morando na Antártida.

– Eu não posso mãe, tudo aqui me lembra meu trabalho, não consigo ficar.

– Mas e como vai se tratar? Não pode fazer isso.

– Eu não sei para onde vou mãe, quando chegar ao aeroporto eu decido e quando chegar no local escolhido eu procurarei um médico e farei meu tratamento não se preocupe. Disse abraçando ela.

– Espero que saiba o que esteja fazendo.

Parece até mesmo uma peça que o destino prega nas pessoas às vezes, como era inverno em Tóquio era normal tempestades de neve e quase todos os vôos haviam sido cancelados, somente dois não estavam cancelados, ou atrasados: Los Angeles e Magdeburg, os únicos lugares que nesse momento eu não desejava ir. Ótimo se eu fosse para L.A poderia rever meus antigos colegas de escola, matar a saudade daquela cidade que eu tanto amo e também podia encontrar com ele. Se eu fosse para Magdeburg mataria a saudade de minha infância, de minha antiga casa, de minha melhor amiga que agora havia ido morar lá, e poderia encontrar com ele.

Só queria um sinal, qualquer coisa que me dissesse o lugar para onde devo ir. Por incrível que pareça no momento em que pensei nisso, o vôo para L.A foi cancelado. Muito bem, Magdeburg, é para lá que eu vou.

Fiz tudo o que devia e em poucos minutos já estava dentro do avião rumo à Alemanha.

Chamo-me Evelyn Akemi Heins Matsuo, tenho 23 anos e sou alemã. Minha mãe morreu quando eu nasci então Kate, irmã de minha mãe, e Akira seu marido me adotaram e mesmo não sendo meus pais biológicos eu os amo mais que tudo. E meu pai biológico? Eu não sei quem é Kate sempre me disse que eu sou fruto das aventuras de minha mãe, mas eu não ligo para isso, não preciso dele eu tenho os melhores pais do mundo.

Akira é japonês e Kate é alemã, por isso meu nome é esquisito assim, fruto da mistura das duas culturas.

Meu pai é cientista, quando tinha 13 anos, nos mudamos para Los Angeles por causa de seu trabalho. Lá eu conheci Melinda, minha melhor amiga.

Lá também eu conheci Tom, o grande amor de minha vida, me lembro como se fosse hoje, eu odiava as aulas de educação física, mas no final era a aula que eu mais tinha prazer em ir, pois eu sabia que ele estaria lá, mesmo que não fosse para me ver ele sempre esteve lá.

Só que um dia aconteceu um incidente e foi a primeira vez que nos falamos e desde esse dia as coisas foram diferentes. Eu descobri que ele sempre estava lá por minha causa, era o único horário que podia me ver.

Nós começamos a namorar, foram os dois anos mais felizes de minha vida. Só que eu tinha um sonho, ser cientista como meu pai, e aos 16 anos eu tive uma chance imperdível. Meu pai recebeu uma proposta de trabalho no Japão, era o momento perfeito para eu dar início a minha carreira.

Eu fui obrigada a escolher ente Tom e meu sonho. Foi à decisão mais difícil e dolorosa de toda minha vida.

Em Tóquio iniciei meus estudos e quando meu pai se aposentou eu entrei em seu lugar.

Eu tentei esquecê-lo, mas nunca consegui. E para ocupar minha cabeça foquei no trabalho que era o único lugar onde eu me sentia realizada e esquecia de tudo.

Por quatro anos morei na Antártida, fazendo pesquisas, aquilo era perfeito para mim, é claro que quando chegava o inverno lá eu tinha que voltar para Tóquio o que me deixava triste, eu amo aquele lugar. Só que agora eu estou doente e para me tratar fui afastada de meu trabalho o que está sendo muito difícil. Ficar em Tóquio é algo impossível, tudo me lembra de meu trabalho e por isso decidi ir embora, ficar em qualquer outro lugar que me faça esquecer meu trabalho.