Me Apaixonei sem Querer escrita por Daniele Avlis


Capítulo 11
Os planos da raposa - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Capitulo dividido em três partes.



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Capitulo onze

Os planos da raposa



Pansy entrou esbarrando em tudo quanto era garota da Sonserina assim que entrou na Sala Comunal da mesma. Sua face roxa de cólera exibia uma fúria descontrolada, que a fez saca a varinha e jogar para o alto metade das coisas que haviam no dormitório feminino, quando subiu as escadas a passos pesados para entrar no mesmo. Seus gritos de fúria pareciam rugidos de uma leoa ferida e maltratada, de alguém que perderá a linha em seus pensamentos racionais. Ela bufava, e respirava pesado, andando a passos pesados de um lado para o outro, a varinha na não direita batendo de leve na mão esquerda. Ela rodava no quarto, olhando a torto por ele. As camas revidas, os malões abertos e vestes de roupas espalhadas pelo quarto, juntamente com livros e outros objetos. Sua amiga, Vivian Schneider, entrou estupefata no quarto e logo tratou de indagar:

- O que esta acontecendo? - no seu encalço, vinham algumas garotas curiosas que logo foram espantados por Pansy, que além de olhar de forma assassina, berrou alto:

- SAIAM DAQUI!! - ao mesmo tempo enfeitiçando alguns objetos pontiagudos existentes no quartos sendo atirados contras as garotas. Pansy pareceu não notar que Vivian ainda estava esperando por uma resposta. Esta recomeçou a andar de um lado para o outro, agora, coçava a cabeça com a varinha e dizia baixinho de forma repetitiva:

- Draco vai ser meu, Draco vai ser meu, Draco vai ser meu... - Vivan lhe agarrou os ombros e a obrigou a encará-la, chacoalhando-a.

- Pansy, o que esta fazendo?! - Pansy a olhou com um olhar curioso e incógnito, exibindo na face um sorriso malicioso e alucinante como se tivesse lembrando de algo.

- Tenho uma carta na manga. - disse sorrindo de forma penosa, quase num sussurro. - Uma carta na manga! - deu gargalhadas.

- Do que você esta falando? - perguntou Vivian numa voz fraca. Pansy olhou para os lados de forma alucinada, como se verificasse que não teria mais ninguém no quarto.

- Ora Vivian, esta com medo? - perguntou num tom sarcástico.

- Não, não é isso, é só, só que parece que você esta...

- Louca? Não me venha pra tanto! - bufou ela ao caminhar para a janela fria e encardida. - Draco Malfoy será meu nem que ele tem que arriscar a vida por isso...

- Normalmente as pessoas diriam: "Nem que eu tenha que arriscar a vida por isso". - corrigiu Vivia.

- Não. - respondeu Pansy agora encarando-a. - Ele terá que arriscar por isso. - Vivian a olhou incrédula, no fundo, com olhos temerosos. - Agora, será a minha vez de brilhar. - ela sentou-se na cama bagunçava puxando pelos braços e Vivian a fazendo sentar ao seu lado. Correu os olhos pelo quarto. - Welling vai me ajudar.

- O quê?! - exclamou Vivian em voz alta. Pansy fez sinal para que se cala-se.

- Roland Welling é a minha carta na manga... - disse sorrindo,

- Eu não entendo...

- Vai entender...  no momento do duelo que levara os alunos para fora do estádio. Você irá entender.



O que eu era para eles? Nem mesmo eles sabiam. Eu... Não tenho nem mais o direito de dizer essa palavra: "Eu". Por que me esconderam...? Se um dia eu ficaria sabendo... Se um dia isso viria à tona... Por que não me contaram? Para me proteger? Do que?

O que me contaram... Era que eu tinha parentesco com certo alguém, ao qual eu não tinha nenhum sentimento... Medo? Eu não sei explicar o quê... mas eu não sentia nada por essa pessoa... Medo de escutar seu nome? Não. Medo de seus feitos? Não. Nada. Eu não sentia nada. Remorso? Talvez... Talvez, palavra interessante... indecisa... indiferente... Talvez seja essa mesma... Indiferente. É isso que sinto, será que poderia sentir isso? Indiferença? Diante de tudo o que está acontecendo? E Harry? Que passou por tudo aquilo por causa do certo alguém... não sinto nada. É meio estranho, não sentir nada diante de tudo isso enquanto tantos outros sentem medo, angustia, terror só de ouvir falar nessa pessoa ou mencionar o nome de Harry Potter... já eu não sinto absolutamente nada... Sou insensível? Isso é normal? O que eu sou? Nem eu mesma sei? Acho que já me fiz essa pergunta antes... mas será que consegui responder? Será que algum dia conseguiria responder? E o que esse homem fez com aquela pobre mulher que me disseram ser minha mãe? A matou. O que senti? Não sei dizer... Ninguém nunca me falou dela... ninguém nunca me disse seu nome nem como era sua personalidade. Não sei do que gostava, não sei qual eram seus sonhos nem o tom de sua voz, nunca senti seu carinho... não sei a cor de seus olhos... nem de seus cabelos... não sei ... não sei nada sobre ela. Me vem as lembranças de alguém falando comigo sobre uma tia minha, que tinha o mesmo sobrenome que ela... Acho que era Anita. Mas Anita não era a minha mãe. Mas ela não era a minha mãe, era a irmã... Ninguém nunca disse nada sobre ela. Me fizeram acreditar numa mentira, me disseram que ela era uma trouxa... só isso. Cheguei a pensar que ela era alguma coisa ruim para que ninguém falasse sobre ela... Agora me contam uma avalanche de coisas totalmente sem importância para mim. Soou estranho? Sem importância? Para alguém que queria saber sobre sua mãe e ninguém nunca contou nada? Talvez... Mas para mim... o que importa? Mas nada. Pois só foi isso que Dumbledore me contou naquela saleta pequena que cada vez se tornava mais abafada, mas degradante à medida que as palavras saiam de sua boca... Eu não senti nada. Era isso que eu queria dizer? Nem eu mesma sei, sabe por quê? Porque eu nunca existi. É por isso que não sinto nada. E quer saber por quê? Porque fiquei sabendo, num outro momento, num outro lugar, não pela mesma pessoa que tratou de contar tudo minuciosamente - contou tudo com o mais cuidado que teve com as palavras para que eu chegasse a entender -... Não foi por essa pessoa... não por ela... mas por outra. E foi da pior forma possível. Para eles eu não existia. Era apenas uma imagem de alguém, uma imagem. Eu nunca existi. Nunca tive uma própria identidade. Não sei mais de meus pensamentos, minhas atitudes, minhas razões... Eu não sei nada sobre meu próprio eu que na verdade era cópia de alguém.


Ann segurava em suas mãos frouxas a fotografia velha e amassada que Harry lhe dará. Por alguma razão da qual desconhecia, um receio lhe rondava com a foto virada para baixo. Ela fitava suas costas amarelada exibindo algumas linhas do amasso. Nem Harry nem Dumbledore mencionaram alguma palavra nesse momento. A sala produzia alguns ruídos de pigarros e outros de resmungos que se tornavam irritantes naquele silêncio angustiante e doloroso. Harry se mantinha numa expressão curiosa, uma sensação estranha de dor passou por seu coração ao lembrar-se de um momento parecido no ano passado. Ele olhou para a janela, que nem dava para perceber que horas eram pelas nuvens pesadas enquanto um tímido sol tentava a todo custo passar transmitindo seus raios, e com os flocos de neve batendo ferozmente na janela fechada. Era uma visão que Harry talvez nunca esquecesse. Que estranho era aquela sensação, que lhe tirava o ar, Harry se encostou mais na cadeira quase se deitando passando as mãos sobre o rosto de forma cansada ao fechar os olhos. Abriu-os e viu algumas partes girar, não estava agüentando ficar ali. Estava sufocando.

- Quem é...? - soou  a voz de Ann distante, tão distante que Harry pensou que ele estivesse numa sala de aula e ela estivesse numa outra extremidade. Ele olhou para o professor que lhe estendia a mão com um chocolate. Ele hesitou por alguns instantes, mas aceitou e logo o levou a boca, sentido todo o seu corpo relaxar. Harry se sentou direito na cadeira. E viu que Ann havia virado a fotografia vendo agora a antiga Ordem da Fênix acenando para ela entre sorrisos, enquanto sua face era uma grande incógnita para ele. Este olhou para Dumbledore, mas este agora fitava os olhos baixos de Ann.

- É... - disse Harry ao se aproximar de Ann. - Essa mulher... - disse numa voz vacilante. Ann se empertigou na cadeira fitando a foto. Harry engoliu seco.

- Posso ficar sozinha um minuto? - perguntou ainda fitando a foto depois de um tempo. Harry olhou rapidamente para Dumbledore. Que este consentiu com a cabeça.

- Pode. - respondeu. Dumbledore se levantou. Harry fez o mesmo olhando para Ann que ainda matinha a cabeça baixa.

- Não precisam se retirar. - falou. - Eu disse que queria ficar sozinha e nessa sala não tem como. - Harry olhou para Dumbledore, que este olhou curioso para os quadros dos diretores, estes lançavam olhares de censura para Ann.

- Tudo bem. - falou Dumbledore numa voz gentil. Ann se levantou e caminhou para a porta a passos largos, abriu num gesto e saiu numa batida seca. - Não se preocupe. Theron é uma moça inteligente.

- Mas ainda falta...

- Não. - cortou Dumbledore ao mexer em alguns papeis à mesa. - Tudo ao seu tempo Harry. No seu tempo.

Harry encarou a porta fechada por onde a garota passara, Dumbledore apenas contou sobre sua mãe e Voldemort, mas não contou sobre Samantha ou... o outro alguém. Um pressentimento passou por seu peito, Harry temia algo que poderia acontecer.

Draco caminhava desolado pelos corredores ao passar por alguns alunos que o faziam de pista de corrida, às vezes. Ele levantou a cabeça e viu alguém se aproximando de cabeça baixa. Ann segurava a foto em suas mãos e ainda a fitava andando a passos tão lendo que até uma tartaruga poderia apostar corrida. Draco parou diante dela a fazendo parar, mas esta não levantou a cabeça. Ele hesitou por alguns momentos, até que Ann fungou alto, ele a abraçou novamente. E ela desabou a chorar. O que pareceu um tempo ela se afastou sem olhá-los nos olhos.

- Eu... quero ficar um pouco sozinha. - soou a sua voz embargada. Draco consentiu com a cabeça, mas nada disse, apenas a olhava. Ann continuou seu caminho ainda de cabeça baixa. Draco a acompanhava com os olhos até esta desaparecer de vista.
           

Os burburinhos ao longe entravam pelas frestas das portas e janelas juntamente com os tímidos raios de sol que ainda lutavam contra as nuvens carregadas criando fachos de luzes entre os flocos de neve sobre o castelo de Hogwarts. Os risos e os falatórios eram o mesmo, ao longe se poderiam ouvir os grandes barulhos que o tal canhão do duelo avisava uma ou outra disputa. Alguns estudantes passavam excitados entre pulinhos de alegria no corredor, outros com suas varinhas levantadas simulando ataques de alguns duelistas. Ainda ficavam no ar os comentários sobre o duelo de Rony e a explosão que causou, mas ninguém sabia ao certo o que acontecerá. Já rondava argumentos de que alguns garotos haviam parado na ala hospitalar atingidos pela explosão e juravam que os raios saiam da varinha de Rony, fato que Madame Pronfey negou, com as explicações do narrador do duelo: as barreiras servem para proteger tanto que ta de fora quem ta dentro. Já era considerado normal que alguns estudantes armassem confusões pelos corredores ainda com o caso das apostas entre os duelos. Um dos piores casos ainda foi no duelo de Rony com Aira, a rivalidade francesa e inglesa poderia ser ver por toda parte, mas o castigo vinha quando Argo Filch tinha permissão para castigar os alunos no comando de Rufus Schuenemann que alegava dizer que aquilo serviria de boa conduta.

O último dia antes das férias de dezembro fora marcado por desencontros. Ann, que desde o dia da conversa com Dumbledore, se mantinha distante e, às vezes, desaparecia. Ninguém a encontrava, até que Hermione a achou, sem querer, na torre de astronomia, com o mesmo argumento de sempre: "Quero ficar sozinha". Draco também sumirá. Harry ainda tinha as esperança de descobrir os passos do garoto, o que se tornara cada vez mais difícil, e quando o achava por acaso, via o garoto perturbado e até mesmo aborrecido, de vez em quando o via aos cochichos com alguns alunos da sonserina, após isso, sumia de novo. Hermione tomou chá de explosão. Sumia, às vezes, e quando aparecia, era atordoada e também muito cansada e, às vezes, aparecia em lugares que não devia resmungando baixinho e gritando com quem passava a frente. Gina disse que ela anda estudando muito, mesmo que algumas aulas tenham sido canceladas pelo duelo. Disse que resolveu voltar a estudar da maneira que estudou no seu terceiro ano, com o viratempo, o único que sobrou e estava no escritório de McGonagall. Seu ataque de nervos subiu numa proporção estrondosa, o que resultou numa discussão feia com duas garotas do sexto ano da Corvinal da mesma sala que ela em Aritmacia. A discussão fora tão grande, que Hermione havia tirado cinqüenta pontos de cada uma e as expulsou do Duelo de Prata, alegando ser monitora tinha autoridade para isso. Resultado: Hermione fora parar na Ala-Hopitalar em estado de nervosos descontrolados embaixo dos prantos das duas alunas da Corvinnal. Gina deu pra rondar a beira do lago para treinar, e parecia cada vez mais viciada que não perdia uma partida dos duelistas. Já Rony, era cada vez mais desastre, e ninguém sabia como ele escapara vivo de Aira, já que este último, mandou quatro estudantes da Sonserina direto para S.t. Mungus. O que dirá que os boatos de apostas, que pareciam ter acabado, mas na verdade corria aos zumbidos de mensagens subliminares de apostas mais violentas. Fora a semana mais agitada que tiveram: Hermione gritando com todo mundo; Rony quebrara o nariz de um quintanista da Lufa-Lufa ao passar bufando pela vigésima derrota; Gina era uma das melhores, e ganhará fácil por algumas. Seu duelo mais longo um contra uma aluna de Durmstrang. A garota era peso pesado de derrubar. Neville fora desclassificado logo na sua primeira luta. Foi derrubado com um Petrificus Totalus, o básico do básico, por um aluno de Beauxbatons, mas este aluno xingou os ingleses a sua frente, Neville perdeu a cabeça e caiu no que se diz Duelo de Trouxa. Fora desclassificado. Mas deixou o aluno de Beauxbatons impedindo de lutar e com algumas faltas. Roland Welling derrubará fácil o favorito da Lufa-Lufa, Owen Cauldwell. Owen estava ganhando fácil de seus adversários, até chegar em Terêncio Boot, que até então, este ultimo estava surpreendendo a todos, mas foi derrubado por Owen, que pegou Thomas Rivert Etsedor, ou Tom, da Sonserina, mas passou fácil e caiu quando pegou Roland Welling, não durou nem mesmo dez minutos.

- Ele nem esconde sua força. - comentou Vitor a Aira entre os dentes, este bufou entediado.


Harry tirou o dia para caminhar pelos corredores silenciosos à noite e Ann ainda estava num lugar ao qual ela desaparecera das vistas de todo mundo. Harry parou ao ver Draco cruzar o corredor, entrou rapidamente numa sala vazia.

Draco andava absorto em seus pensamentos ao atravessar um corredor e sem querer trombar em alguém que logo indagou:

- Vê se olha por onde anda! - soou a voz de Zabini. Draco o encarou. Pany vinha a passos rápidos e se pôs entre os dois.

- Vamos Zabini, você não tem que dirigir a palavra a traidores. Draco a olhou de forma ameaçadora, esta lhe devolveu o olhar enquanto empurrava Zabini. Draco ficou os observando até que estes desaparecessem de vista. Draco virou o corredor adjacente quando sentiu um puxão em seu braço.

- Quero dar uma palavra com você. - falou a voz de Snape    subitamente, pegando Draco de surpresa. Harry viu os dois passarem por ele, Snape caminhava apressadamente com sua capa farfalhando em seus calcanhares e Malfoy vinha logo atrás, meio ressentido. Ele os seguiu.

Ann estava sentada com a cabeça debruçada sobre uma carteira escolar na escuridão, quebrada apenas pela luz fraca que entrava pela janela. A foto pendia de sua mão frouxa enquanto ela se encontrava num sono solto. A porta da sala se abriu num estalo, Ann levantou a cabeça com sua vista turva demorou para perceber que alguém entrara na sala. Escondida pela penumbra da janela, suas forças estavam tão fracas que ela não teve coragem de se levantar da cadeira, apenas observou o movimento de passos até que os donos desses, entrassem no campo de luz. Ann arregalou os olhos, levou a mão na boca sufocando um grito se mantendo no mais absoluto silêncio.

-... Você ficou maluco? O que você tem na cabeça! - rosnava Snape em voz baixa. Draco havia se encostado numa cadeira evitando encarar o professor.

- Já foram fazer fofocas? - suspirou.

- Não seja ridículo! - repreendeu. O professor parecia atordoado. - Você não vai andar para trás. Não pode fazer isso. Fez um juramento. Há vidas que depende da sua atuação.

- Mas agora elas não podem correr risco de vida se eu não fizer. - Snape lhe lançou um olhar censurado ao se empertigar.

- Você vai continuar com o que estava fazendo. E se não fizer, vai se arrepender amargamente. Achou que isso já não esta correndo pelos ouvidos de outras pessoas? Acha que já não estão sabendo? Pensou que iria ficar protegido? Aqui? - ele ofegou. - está engano senhor Malfoy. Estou tentando ajudá-lo, mas não será por mim a burrice que você fizer. Arrume um jeito de concertar o que fez e faça isso o mais rápido possível.

- Não preciso de sua ajuda. - disse num desdém.

- Pois acho que vai precisar. - houve um silêncio mórbido. - Ousa. Sua imprudência irá prejudicá-lo.

- Já disse que não vou fazer.

- Escute aqui garoto; Jurei a sua mãe que iria ajudá-lo. Fiz o voto perpétuo!

- Eu não preciso de sua proteção. - rosnou Malfoy aumentando o tom de voz.

- Fale baixo! - rosnou. - Não seja criança! - ele ofegou. - Vai voltar o que estava fazendo. Não cabe a você decidir se vai parar ou não. Esta se sentindo sobre pressão...? Isso é muito bom... Esta achando que agora pode mudar de lado, está enganado. - soou sua voz fria. - Sinto pelo seu pai. E também irei sentir se acontecer algo com a garota... Você não tem escolha.

Malfoy o encarou por alguns minutos, virou-se de forma rápida e saiu a passos largos pelos corredores. Ann viu sua sombra passar pela janela. Snape demorou alguns segundos ainda na sala. E saiu de forma lenta. Ann ficou ali, quieta, absorvendo as informações que havia escutado. Levantou-se cansada e saiu a passos lentos. Harry, que estava alguns passos de distancia, teve um grande susto ao ver a garota saindo da sala. A capa escorregou e Harry não notará, apenas viu Ann caminhar a passos lentos de deprimentes na direção oposta até desaparecer de vista.

- Ela... ela estava lá... - ofegou Harry ao se encostar à parede.

           

Últimos dias das férias.


Era como voltar no tempo. Os casarões quadrados, a rua longa e cinzenta, silenciosa. Nada havia mudado depois de tanto tempo. A mesma faixada de sempre daquela casa, o mesmo portal a mesma calçada. Ann estava com a bagagem em mãos, eram as férias de inverno. Ela estava parada diante da mesma casa por onde viveu quando era criança antes de ir para a França. Parada ali, empertigada, era como se as imagens de suas lembranças voltassem. Sua expressão séria num tom incógnito despertou a curiosidade e preocupação de Clear, sua irmã.

- Ann... tem alguma coisa errada? - perguntou vacilante. Ann demorou um pouco para responder, serrou os olhos e olhou em seguida para a irmã, parada a sua frente esperando uma resposta.

- Não. - respondeu. - Não tem nada de errado. Passou por sua irmã, que ainda a olhava preocupada. Ann parou no portal, olhando para baixo, e sua lembrança veio à mente, de uma garotinha brincando com uma esfarrapada na faia daquela mesma porta. Uma senhora havia parado a sua frente e lhe perguntando sobre Ordélio, e foi ali a conversar que ela ouvirá sem querer, por trás da porta, sobre a história de uma mulher que não queria que alguém soubesse de sua existência. Era como se tudo se encaixasse, e todas as coisas que Dumbledore dissera fizesse sentido.

- Ann? - falou Clear a suas costas, ano notar a garota parada à porta. Ann não respondeu apenas entrou com um ar de arrogância.

O Cheio de mofo e panos molhados lhe recebera ao passar pela porta. O casarão mostrando-se imponente com aquele teto alto com suas paredes escuras, e agora, desbotadas pelo tempo. O cheio continuava o mesmo de suas lembranças. Ela olhou para a ponta da escada, onde levava um corredor longo e frio para os quartos silenciosos e sombrios. Subindo as escadas que rangiam a cada passo, via os quadros velhos e alguns traçados pelos cupins, outros cobertos com panos brancos juntamente com o ronco do sono dos mesmos.

- Locomotor malas - disse ao ignorar os olhares de arregalados e cheios e preocupação de Clear. Ela subia devagar à medida que olhava para trás lembrando de seus passos pequenos sobre a mesma escada. O corredor longo e escuro talhado de portas era frio com um ar denso. Sacou a varinha e logo a enfeitiçou com lumus. Ela não sabia nem mesmo o que estava sentido. Saiu andando devagar, com a madeira rangendo ao seus pés, as portas fechadas e teias de aranhas a pender no teto. Parou diante de uma porta, hesitou por alguns instantes. Tocou na maçaneta de prata enferrujada fria e a girou devagar fazendo um ruído metálico, lembrando do mesmo momento em que fizera isso quando criança. A porta abriu rangendo e o quarto iluminado apareceu intenso. Os mesmos móveis cobertos de panos brancos empoeirados pelo tempo, amarelados e encardidos. A mesma cama de metal fria postada perto da janela de vidro suja. O ar leve devido à janela ainda esta um pouco entre aberta, carregava o ar denso para fora fazendo seu ambiente um pouco mais respirável.


"Deixe-me contar uma história para você"

"Que história?"


Ann virou-se para olhar a escrivaninha velha e bamba coberta por poeira e teia de aranhas.


"É um pouco longa, mas vou explicar de modo rápido para você. Há muito tempo, Anita Meadowes, irmã de sua mãe, gostava muito de ler. Ela adorava ficar vendo os livros das bibliotecas e passava horas e horas absorta em histórias que ela imaginava ser real."

"Ela morava aqui?"

- Ela morava aqui...? - disse a mesma coisa que dissera há muito tempo, fazendo o mesmo movimento que fizera da outra vez: passando a mão sobre um objeto de vidro

"Sim, esse era o quarto dela."

"Onde ela está?"

"Vou continuar a história e você vai saber."

"Anita ganhou seu primeiro livro quando tinha dez anos de idade e ficava horas escrevendo histórias, anotações. Ela ia às ruas de Londres com esse livro na mão copiando os nomes mais esquisitos que encontrava para colocar em seus personagens. Ela sempre fora sozinha, não tinha amigos e seu pai não tinha dinheiro para pagar uma escola de bruxos, e a ensinava em casa. Quando ela completou onze anos, recebeu uma ajuda para ingressar em Hogwarts. Lá ela aprendeu sua matéria favorita, Poções.
‘Poções para ela, era magnífico, fazia todas as poções possíveis que estava em seu alcance, até misturar algumas ela misturava e anotava tudo em seu livro encadernado de couro vermelho que ela adotou como um grande amigo dando-lhe o nome de Moulin Rouge. Ela carregava durante horas esse livro vermelho e quando chegava a casa nas férias, ela o guardava na terceira prateleira sendo o terceiro livro. Anita era uma das garotas mais espertas em Poções, sempre tirando ótimas notas. Ela se casou jovem com dezessete anos e trabalhou no que mais gostava, escrever. Virou professora de Poções na Academia de Magia de Beauxbatons, e morou na França durante sete anos. Voltou para Londres para uma reunião que tinha, e uma tragédia aconteceu. Seu marido fora mordido com um lobisomem.\'"

"Lobisomem?"

"Sim, Anita ficou muito triste com isso, e teve muitos problemas. Como lobisomem, sue marido perdia a consciência em diversos momentos durante a passagem da lua cheia, ela fazia poções para retardar o processo quando se chegava essa fase da lua. Mas não agüentava ver o sofrimento do marido. Passou anos e anos pesquisando por uma cura e só iria descansar quando descobrisse. Passou horas e horas debruçada sobre mesas de bibliotecas, sobre equipamentos, caldeirões, gastou toda a fortuna que tinha, perdeu o emprego para poder salvar seu marido."

"Ela salvou?"

"... mas chegou o dia que ela descobriu a cura para tal enfermidade, mas lhe custou mais caro do que tudo o que havia perdido, custou sua vida."

"Ela morreu? Como?"

"No dia de lua cheia, Anita Meadowes deixou seu marido se transformar em Lobisomem e ao ataque ela cravou uma seringa com um liquido vermelho brilhante nele, e em poucos minutos ele deixou de ser o lobisomem. Por sorte ela ficou viva, apenas sofrerá arranhões simples. Para saber se o marido estava curado, eles esperam outras luas cheias, mas a enfermidade não vinha. Ele estava curado. Anita quis levar essa noticia ao mundo bruxo, revelando a cura para esse mal que atacava a comunidade bruxa e até mesmo trouxas. Mas o poder maior político a tachou como louca, Anita foi condenada pela comunidade bruxa com o pior dos castigos, queimada viva em plena praça publica na frente de bruxos e trouxas, revelando o segredo de que era bruxa para os trouxas que passavam."

"Oh meu Deus"

"O marido dela foi preso em Azkaban durante vinte anos, mas morreu antes de completar a pena."
"E essa cura ainda existe?"
"Existe."

"Terceira prateleira. O terceiro livro."


Ann olhou para a grande estante coberta com um longo pano encardido e com o mesmo gesto que a moça fizera em suas lembranças, num único gesto retirou o pano que cobria a estante. Tão empoeirado e encardido quase escondido pelas teias de aranhas... e lá estava Moulin, o livro vermelho

- Você existe mesmo... - suspirou Ann ao esticar a mão, um tanto relutante, e o retirou da prateleira. Assoprando a poeira que se encontrava no livro, ela o levou até a escrivaninha e o abriu. Algumas páginas estavam grudadas, outras rasgadas pelas traças, e encardidas de mofo. Ela saiu passando as páginas com todo o cuidado que pôde para não rasgá-las, algumas se soltavam à medida que passava. Nele continha anotações, rabiscos quase ilegíveis. Pedaços de folhas do jornal Profeta Diário com matérias sobre ataques de lobisomens. Pedaços de reportagens de Comensais da Morte presos pelo Ministério da Magia. Rabisco de campanhas para a cura dos lobisomens, relatos de mulheres que perderam seus maridos para a maldição. Rabiscos sobre os ataques de Voldemort. Ann tremeu involuntariamente ao ler esse nome. Fechou o livro com violência fitando o mesmo diante de si. Abriu novamente passando a página do nome sem olhá-lo novamente. A página continha letras bem feitas, algumas partes riscadas, mas muito bem organizada intitulada: Lasferoto. A poção da cura Lobina.

Ann levou o livro até as vistas, parecia complexa e difícil de fazer. Deu alguns passos para a cama e deitou na mesma, sentido o rangido metálico em suas costas, do colchão frio e fino. Ficou ali por muito tempo, lendo.



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