- Tayná’s POV –

            - O que você está fazendo aqui?! – Eu perguntei ao tirar meu rosto de minhas mãos. – Vai embora! – Eu disse e voltei a esconder meu rosto.

            Qual era o problema dele? Ele não viu que a namoradinha dele tinha ACABADO comigo na frente da escola inteira? Ela tinha falado do Edward. Ela tinha mexido com o que tem de pior em mim... A minha insegurança. E agora, esse... BABACA vem até aqui querendo conversar? Eu vou mandar ele conversar com Deus. E não é na reza não, eu vou matá-lo e ele vai ficar cara a cara com Deus. Quem sabe eles se dão bem! Ok... Mentira, eu nunca mataria alguém... Mas eu estava com vontade!

            - Eu não vou embora! – Ele respondeu e eu me virei para ele irritada.

            - Olha... O que você quer? Em? Sua namoradinha idiota acabou comigo na frente de TODO MUNDO! – Eu berrei. – E eu não fiz NADA!

            - Eu vim aqui por causa disso... – Ele falou calmamente. Ele tirou seu tênis e sentou na beira da piscina comigo. – Sabia que minha avó disse que não pode ficar na água na chuva?

            - Sério Niall? SÉRIO MESMO?! – Ele veio me contar o que a avó dele falava? Aposto que minha avó tem conselhos melhores!

            - Shiu... Ela disse que água atrai raio... é perigoso. – Ele começou a mexer os pés na água os encarando.

            - Então tire os seus. – Eu respondi facilmente. – Assim você não tem perigo de levar choque.

            - Se você ficar... Eu vou ficar. – Ele parou de fitar seus pés e começou a me olhar. Seus olhos azuis combinavam perfeitamente com a cor da água. – Eu queria pedir desculpas pela Ashley.

            - Chegou tarde. – Foi a única coisa que saiu da minha boca.

            - Dá pra você ficar quieta? – Niall tem essa mania de achar que manda em tudo. Puf. – Ela estava com ciúmes de você.

            - Estou tentando achar o motivo... – Eu repassei o que ela me disse em minha mente. – Ela me acha tão ridícula, não entendo o motivo do ciúme.

            - Você está linda... Chamou mais atenção que ela... Isso a incomoda. – Ele me olhou e tirou uma mecha de cabelo molhado de meu rosto. – Chamou mais a minha atenção. – Ao pronunciar a palavra minha seus olhos me fitaram tão intensamente que uma sensação estranha passou pelo meu corpo. Veio de meu estomago, começou a percorrer minha espinha até que fez meu coração disparar. Mas que porra...

            - Nossa, como eu sou gostosa, nem sei como eu não me desejo nua na minha própria cama! – Tentei disfarçar meu desespero. Eu revirei meus olhos e parei de olhá-lo.  Comecei a olhar os pingos da chuva na água.

            - Você não disse isso... – Niall começou a gargalhar. Eu vi o movimento de seus pés na água. Parece que ele está rindo demais. – Essa é a pior frase de ironia da face da terra! Na boa.

            - É a vida... – Eu respondi sem entusiasmo.

            - Ei! – Ele se virou para mim e puxou meu rosto. – Olha, a Ashley inventou tudo aquilo. Cara, você é linda, você é fofa, gentil e eu NUNCA falei nada sobre você pra ela... NUNCA! – Ele começou a se explicar, parecia que ele tinha escrito aquilo na cabeça, pois começou a disparar palavras. – Ela estava com ciúmes, porque você é linda e tem caráter... Ela não tem caráter nenhum, ela só pensa nos Pom-Pons dela!

            - Como se você não gostasse disso... – Eu respondi.

            - Eu gosto... Mas eu não gosto só disso!

            - Você não precisa se explicar Niall. Vai embora. Eu quero ficar sozinha. Curtir a fossa SOZINHA! – Eu me levantei e comecei a andar em sentido contrário do que eu estava.

            Não quero falar com ele. Não quero saber de nada que ele tem a falar. Eu quero ficar sozinha e aguentar todas essas verdades que a Ashley falou para mim. Edward só me usou, ele não se importava comigo, ele só queria desfilar comigo por ai. Eu era uma idiota. Ficava gritando na arquibancada enquanto ele jogava. Eu estava em TODOS os jogos do ano. Até o baile de formatura.

            Além do que... Aquela sensação que eu tive com ele a alguns minutos atrás, não era um bom sinal. O motivo? Eu já tinha sentido isso antes, apenas duas vezes, e vamos dizer que em ambas eu me ferrei no final. A primeira, Taynázinha aqui tinha seus 7 anos. Eu fui até o menino que eu gosta e entreguei o convite da minha festa. Sabe o que ele fez? Rasgou na minha frente e jogou os papeis em mim, disse que nunca iria. Lembro que eu cheguei em casa e escrevi várias palavras feias em meu diário... palavras do tipo: “O Rafael é um bobão! Tomara que ele não consiga tirar 10 na prova de matemática!” Sério. E depois aconteceu com Edward, e olhe só, ele me usou. No começo eu achei que FINALMENTE tinha achado alguém que eu gostasse e essa pessoa gostasse de mim também, mas não.

            - Tayná! – Niall começou a correr atrás de mim. Porque ele não desiste de uma vez?

            - Vai embora Niall, você não entende que eu NÃO QUERO FALAR COM VOCÊ? – Eu me virei e dei de cara com ele. Seu corpo tocou ao meu e ele apenas me encarou.

            - Sabe o que é bom para fossa? – Ele me perguntou. Era bom saber que ele estava respeitando o fato que eu estava na fossa.

            - O que, Niall? – Perguntei cruzando os braços esperando uma resposta idiota.

            - Sorvete. – Ele abriu um sorriso de orelha a orelha.

            - Isso pareceu meio gay... – Eu disse rindo. Era impossível levá-lo a sério.

            - Tá a fim de tomar um sorvete? – Ele me olhou com um rosto animado. – Vamos invadir a cozinha!

            - Niall, eu não acho uma boa ideia sabe... – Antes que eu terminasse meu protesto, Niall já tinha pego minha mão e começado a correr.

            A chuva estava pior. Eu estava com um vestido encharcado e pesado. Meu salto e o tênis dele estavam na beira da piscina. E nós estávamos correndo como retardados pelo campus no meio de um chuva, descalços e iríamos invadir a cozinha. Minha vontade de sorvete havia crescido, mesmo estando frio. Tudo que Niall havia dito para mim estava entrando em contraste com o que Ashley havia dito. Minha cabeça pulsava. Eu realmente precisava de sorvete.

            Nós chegamos na cozinha. Tudo estava fechado. Niall foi até a janela e começou a tentar abri-la. Nada. Eu comecei a mexer em outra janela e por sorte, ou não, consegui abri-la. Fui a primeira a pula e logo em seguida Niall. A cozinha estava vazia e escura. Nós andamos nas pontas dos pés até chegarmos em uma bancada. Eu pulei em sentei na mesma, puxando minhas pernas para perto de meu corpo e as abraçando. Estava frio demais.

            - Você quer do que? – Niall perguntou fitando o frízer. Ele já estava segundo duas colheres em uma mão, a mesma que segurava a porta do frízer, enquanto a outra vasculhava o local.

            - Hm... Chocolate e morango! – Eu respondi animada e ele pegou os dois potes. Ele jogou os mesmos em cima da bancada e logo depois pulou na mesma, se sentando e fazendo com que o sorvete ficasse entre nós.

            - Boa escolha! – Ele começou abrir o sorvete. Eu peguei uma colher da mão dele e rapidamente coloquei-a no sorvete de morango. Aquela era a maior colherada do mundo.

            - Hm... Eu precisava disso! – Eu disse enquanto colocava a colher na boca. – Cara, tem pedaços de morango e chocolate dentro, se tá ligado? – Meu sotaque paulista saiu de minha boca rapidamente. Eu tinha falado em português com o Niall.

            - Oi? – Ele perguntou assustado. A cara que ele fez foi hilária!

            - Desculpa, eu falei em português! – Eu disse rindo enquanto engolia o sorvete. – Obrigada. – Eu disse a Niall enquanto jogava minha cabeça para trás encostando-a na parede. Eu fitava o teto.

            - Por....? – Agora era sua vez de tomar o sorvete. Ele pegou uma colherada.

            - Pelo sorvete ué. – Eu respondi rindo.

            - Não precisa agradecer. Primeiro, eu estava devendo essa por tudo que a idiota da Ashley fez. – Ele disse idiota? – Segundo... Eu roubei o sorvete, então não seria justo agradecer. – Ele deu de ombros, o que me fez rir.

            - Ok, então eu não te agradeço mais. – Eu disse rindo e pegando mais uma colherada. – Péssimo esse baile.

            - Péssimo nada. – Ele disse me encarando. Péssimo nada? Eu fui humilhada na frente de todo mundo, alô Niall? – Sabe o que foi bom de tudo isso? Eu fiz o que eu queria fazer a muito tempo. Dei um tempo com a Ashley.

            - VOCÊ O QUE? – Eu quase cuspi o sorvete na cara dele. Eu comecei a me engasgar com o mesmo. Minha respiração falhou e eu comecei a balançar os braços, como se aquilo fosse ajudar em alguma coisa.

            - TAYNÁ! – Niall pulou da bancada e veio até perto de mim. Ele começou a dar uns tapas em minhas costas. Eu me curvei pondo a cabeça pra frente. Ótimo, lembra aquela sensação que eu disse, e que eu disse que só me ferrava? Então, isso prova que tudo é verdade. Eu estou quase morrendo/vomitando na frente do Niall. Obrigada produção.

            - E...Eu...Nã-Não – Eu não estava conseguindo falar. Algumas letras tentavam sair mais nada. Aquela coisa gelada estava em minha garganta. Comecei a tossir loucamente até que eu desengasgasse. – Eu achei que ia... Que eu ia morrer cara. – Eu comecei a respirar fundo.

            Niall, que estava ao meu lado de pé, começou a dar uma risada nervosa e escorrer pela parede até sentar no chão. Ele estava em choque. Ele realmente deve ter achado que eu ia morrer. Eu o encarei de cima da bancada. Ele estava com a cabeça meio baixa.

            - Niall? – Eu perguntei.

            - Me deixe respirar um pouco. – Ele respondeu respirando fundo. Eu comecei a rir. Desci da bancada, trazendo os potes de sorvete comigo, e me sentei em sua frente.

            - Sorvete? – Eu perguntei entregando a colher para ele com um sorriso gigantesco no rosto.

            - Você quase morre com isso e quer que eu tome? – Ele me olhou sério. – Você parou de respirar, você ficou branca! – Ele desencostou da parece e jogou seu corpo para perto do meu, deixando nossos rostos bem colados. – A menina que mais me chama atenção na escola, quase morreu na minha frente. Você tem noção disso?

            - Er... – Ele voltou a me encarar daquele jeito. Ele estava tirando com a minha cara... certeza. – Menina errada. – Eu sorri.

            - Acho que não. – Foi só o que ele respondeu.

            Em um momento eu estava quase morrendo, e em outro, Niall estava com o rosto colado ao meu no chão da cozinha. Seus olhos encontraram os meus e aquela sensação voltou. Já estava frio por causa da chuva e agora a janela por onde entramos soltava uma corrente de ar fazendo com que meu corpo se arrepiasse. Eu coloquei um de minhas mãos sobre meu braço.

            - Você está com frio? – Niall perguntou sem tirar os olhos de mim. Fiz que sim com a cabeça. – Acho que isso pode ajudar...

            Niall se aproximou de mim. Cada uma de suas mãos se direcionavam para um de meus braços. Ele começou a passar a mãos sobre o braço, fazendo com minha pele voltasse ao normal e começasse a se esquentar. Eu fiquei paralisada olhando para ele. Eu não posso gostar dele. Não mesmo. Ele percebeu meu olhar. Sorriu. Uma de suas mãos saíram de meu braço e foram até meu rosto. Foi só ele tocar em minha que aquele local começou a soltar choques dentro de mim. A mesma mão desceu um pouco e correu até minha nuca. Puta. Que. Pariu. É agora. Ferrou tudo. Ferrou vida. Ferr... Niall fechou os olhos. Eu não posso fazer isso, ele acabou de... Sua mão apertou minha nuca. Eu quero isso... Eu desejo isso. Ele começou a direcionar sua cabeça em minha direção. Eu quero o Niall. Eu desejo ele. Respiração paralisada. Os lábios de Niall já estavam a menos de um centímetro dos meus. Por favor... E enfim eles tocaram aos meus.

            Minha boca se encaixou na dele. Sua língua colou em meus lábios esperando a passagem, que logo eu aceitei. Nosso beijo era calmo, delicado. Minha mão se enterrou nos cabelos de Niall. Eu o puxei para mais perto. Meu corpo desejava aprofundar mais. Minha língua explorava sua boca e de vez em quando Niall mordia meu lábio delicadamente, fazendo com que tudo em nossa volta desaparecesse. Niall desceu uma de suas mãos até minha perna e apertou a mesma. Aproveitando o momento, desci minha mão até sua barriga. Ele parou o beijo e me olhou. Seus olhos mostravam desejo. Nosso beijo já havia deixado de ser delicado. Ele se direcionou até meu pescoço o beijando devagar. Joguei um pouco minha cabeça para trás e fechei os olhos. Isso não pode estar acontecendo.

            Minha respiração começou a acelerar. Niall começou a acelerar. O frio já havia passado e o calor havia tomado conta. Eu apertava a nuca de Niall o aproximando de mim. Ele parou de beijar meu pescoço. Sua mão apoiou minha cabeça e ele me deitou. Sim. Niall havia acabado de me deitar no chão da cozinha. Eu me deitei e senti o gelado do chão tocar minhas costas. Niall estava em cima de mim. Levantei um pouco e voltei a beija-lo. Coloquei minhas mãos dentro de suas camisa e comecei a subi-las por dentro de tal. Não demorou muito para Niall se livrar dela. Ele me deitou novamente. Ele beijou meu ombro, clavícula, e começou a descer. Meu corpo tremeu, meus olhos se fecharam e minha respiração já estava acelerada demais. Quando os lábios de Niall chegaram ao meu decote... Meu corpo deu um pulo.

            ALERTA VERMELHO! ALLERTA VERMELHO! ALERTA VERMELHO!

            Minha visão se embaçou e essas palavras surgiram em minha cabeça. ALERTA. VERMELHO! Isso não podia acontecer.

            - Niall! – Eu o empurrei tão forte que ele caiu sentado em minha frente. – NÃO!

            - O que? – Ele parecia estar confuso demais.

            - Isso não pode acontecer. Não com você. Nem aqui. Não agora. – Eu comecei a disparar as palavras enquanto me levantava.

            - Mas... Tayná.. Eu... – Ele continuava sentado. – EU não tive a intenção de que isso poderia acontecer! – Sua voz mostrava nervosismo.

            - Levanta vai! – Eu peguei os potes e os fechei. Joguei-os no frízer. – Vamos embora daqui, AGORA! – Eu subi a alça do meu vestido e passei a mão em tal, tentando arrumá-lo.

            - Mas... Você não sentiu nada? – Ele havia levantado com um pulo e já estava pondo a camiseta.

            - Niall, você acabou de terminar um namoro, não acho que isso seria uma boa ideia. – Eu comecei a ir até a janela. – E eu estava afetada com o que aconteceu hoje. Seria um erro para nós dois. – Nunca vou falar que eu queria aquilo mais que tudo. Porque eu tinha que ser a frágil que se apaixona facilmente?

            - Tá, nada aconteceu. Você concorda? – Ele perguntou atrás de mim.

            - Nada aconteceu. – Eu concordei e pulei a janela.