(Party Rock Anthem - LMFAO)

Encostei na porta do quarto de costas, e fui escorregando lentamente ate o chão. Abracei os joelhos e assim permaneci por um longo tempo. O que eu estava fazendo com o Trevor?! A verdade é que a minha cabeça está completamente bagunçada e eu não consigo fazer exatamente nada para mudar. Eu penso demais em mim, sendo egoísta e pouco me importa os sentimentos dos outros. O mundo não gira ao meu redor. Isso soou clichê - até demais -, eu sei, mas quando se trata de mim, a coisa é mais complicada ainda. Eu vivo dizendo que é complicado viver com o Trevor e o quanto ele é possessivo, mas nunca parei para pensar que o motivo de tudo isso seja eu. É, eu devo ser a complicada e deve ser difícil para o Trevor me decifrar, por isso ele fica inseguro as vezes, porque eu nunca dei motivos para que ele se sentisse seguro comigo. 

Levantei e abri a porta, tentando não fazer barulho. Hesitei em descer e dar de cara com o Trevor, mas moramos na mesma casa, impossível isso não acontecer. Apenas a luz da cozinha estava acesa e a televisão iluminava a sala. Só era possível ouvir o barulho dos atores da novela discutindo. Nada do Trevor. Ele deve ter saido e então, por que eu ficaria aqui, olhando para o teto enquanto ele se entope de bebidas alcóolicas e dança feito um louco?! Subi para o meu quarto e vesti um vestido preto, um pouco curto, ia até o meio das coxas e um salto preto também, de camurça. É, eu nunca fui muito fã de saltos e vestidos - tenho poucos no armário -, mas a noite não está nada normal, então por que ser normal?! Aonde eu pretendo ir, não ficaria nada legal um jeans e uma blusa dos Ramones. Fiz uma maquiagem preta, meio pesada e desci, para pegar um táxi. É uma droga quando seus pais estão viajando e você precisa deles.

[...]

- Uma absolut, por favor. - Gritei, me apoiando no balcão de granito da balada. 

- Você que manda! - O barman de olhos verdes respondeu, mordendo os lábios. 

Desci a dose de Absolut pela garganta, que desceu queimando. Talvez isso me ajudasse a me soltar mais, já que parecia comum as pessoas ficarem se esfregando aqui. Olhei para o outro lado da pista de dança, espremi os olhos tentando acreditar no que eu via. Eu poderia colocar a culpa na bebida e dizer que estava enxergando coisas, mas eu havia bebido uma única dose. Não tem como ter alucinações assim tão rápido, tem?! Acreditem se quiser, mesmo com a luz baixa e aquelas coisas coloridas que piscavam, era possível ver o Trevor se agarrando com uma ruiva, que parecia que ia engolir sua cabeça. Ele não recusava o beijo, muito pelo contrário. Ele retribuia ferozmente, como se precisasse daquilo. E se precisasse?! Mas para suprir a minha falta, sabe. Não que isso me deixe um pouco esperançosa, mas ele não parece conhecer a ruiva. É como se estivesse fazendo isso para me esquecer. É, se for por isso, não está dando muito certo. 

Tentei esquecer a presença do Trevor ali e comecei a dançar, então foi aí que senti duas mãos apertando a minha cintura por trás e um hálito quente no meu pescoço. 

- Você parece com a minha meia irmã, sabia?! - Reconheci a voz rapidamente. 

- Que cantada barata, hein Trevor! - Me virei de frente, o fazendo abrir a boca.

Ele logo tirou as mãos da minha cintura e fechou a cara. 

- Vai me seguir agora, July?! - Bufou - Isso é ridículo!

- Por incrível que pareça... - Desci mais uma dose de Absolut pela garganta - Isso não foi uma perseguição. Acredite!

- Qual é?! Se não foi perseguição, então como...? - Foi interrompido. 

Eu o beijei! Eu sei, eu não tinha esses direitos, mas eu não sei o que deu em mim. Talvez não quisesse ouvir o Trevor falar, mas sei que foi bem mais que isso. Ele correspondeu e dessa vez, foi um beijo carinhoso, nada do tipo: "Vou arrancar seu lábio inferior!". O beijo tinha gosto de vodka com energético. Quando terminamos, Trevor mordeu os lábios e me conduziu até a parede. 

- Hoje a noite é toda nossa! - Senti seu hálito quente percorrer por todo o meu corpo e então, estremeci.