Memórias Esquecidas escrita por Jenny


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Eu não sei se isso acontece só comigo mas tem outras autoras de fanfic's aí que quando começa a escrever uma história parece que tudo da errado?. Meu Pc queimou a placa, simples assim. Num dia eu tava escrevendo e no outro ele não ligou mais. Sério parece maldição! que horror.
Se acontece isso com mais alguém me fala pra eu saber que não sou a única azarada.
Leiam&Divirtam-se



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– Arreda pra lá senão eu vou cair da cama. – Mai ouviu o resmungo vagamente, era uma voz, grave e rouca. Ela sentiu uma ondulação na superfície que estava deitada e um calor agradável na costa. Levou a mão aos olhos e esfregou para evitar que caísse no sono outra vez. Olhou por sobre o ombro e um Naru sonolento a fitou de volta. Ele estava com o braço em volta da sua cintura e o queixo apoiado na curva do seu pescoço.

– É mais fácil dormir no chão do que na mesma cama com você. – Naru comentou, o hálito quente dele fez um arrepio percorrer os pelinhos do pescoço de Mai.

– Então por que não foi? se não queria o chão ao menos o sofá está disponível. – Mai se virou e se aconchegou melhor em Naru, colocando braços e pernas ao redor dele. Ficou observando os traços de humor nos olhos de Naru e naquele momento quase dava para confundir ele com o irmão se não fosse notável que a cada ano Naru estava mais velho tanto em aparência quanto em idade e Gene estaria eternamente preso à sua aparência juvenil. Ela procurou manter a expressão neutra para que Naru não percebesse seu desânimo.

– A sala tá uma zona, eu já disse, ninguém consegue viver aqui nem o gato.

– Dá pra parar de reparar na minha casa! – Mai resmungou, irritada. – Tenho uma apresentação para fazer semana que vem e ainda tenho um chefe que me atola de trabalho. Você ainda acha que consigo tempo pra arrumar a casa?

– Não sei. Eu mesmo não faço nada na minha, tenho alguém que faz o serviço. – Naru respondeu.

Mai abriu a boca para retrucar e seus olhos foram atraídos para o relógio sobre a cabeceira da cama que marcava 10:50 da manhã. Por um instante fitou o objeto como se fosse de outro planeta.

Quando sua mente voltou a funcionar ela largou Naru e sentou-se na cama pronta para jogar o lençol para o lado e se levantar mas se deteve ao olhar mais atentamente para ele. Naru não parecia alarmado por estar atrasado para o trabalho, pelo contrário, estava preguiçosamente esparramado na sua cama como se fosse...como se fosse o gerente da SPR. Ela revirou os olhos, ao perceber que ele não tinha intenção de trabalhar. Mai avaliou a situação e decidiu que se Naru queria ficar à toa por hoje então eles iriam. Até porque uma noite de sono não foi o suficiente para ela se recuperar..err..das atividades noturnas.

– Já liguei para o Lin, para avisar que não vou ao escritório. –Naru disse, calculando corretamente a reação de Mai, e acrescentou – E nem você.

Mai sentiu o rosto corar, o que Lin acharia que eles fizeram para ela não pode rir trabalhar?. Na verdade, a suposição dele estaria correta, mas, isso não vinha ao caso. O pensamento foi cortado pela embrulho no estômago. Já estava tarde e eles tinham que levantar de qualquer forma para comer alguma coisa.
Esfregou o estômago distraidamente e notou que Naru estava olhando fixamente para um ponto abaixo do seu pescoço, ela seguiu seu olhar, e encontrou o objeto da atenção dele. Seus mamilos estavam espetando a camada fina do lençol.

– Hum...acho que eu preciso levantar e... f-fazer o café da manhã. – Tentou levantar e puxar o lençol para ir pro banheiro mas Naru o puxou de volta. Ela o encarou de forma especulativa e tentou puxar o pano novamente. –Ei, eu preciso disso!

– E eu não? você não pode ir e me deixar com frio. Apenas se levante, eu não vou impedir. – Naru puxou mais alguns centímetros do lençol. Era óbvio que o constrangimento dela o estava divertindo. E não era pra menos, sua tentativa de fugir do quarto era cômica, ela tinha que admitir. Na noite anterior eles fizeram amor sobre a lua e a escuridão do quarto de certo modo era romântico mas na forte claridade dos feixes de luz do sol que entrava pela janela ela sentia-se envergonhada e exposta.
Talvez, fosse questão de tempo para se acostumar com isso mas certamente não era agora.Não mesmo. Sem outra alternativa ela estendeu o braço para agarrar o travesseiro mas Naru o pegou primeiro e colocou a cabeça sobre o travesseiro.

–Trapaceiro! – Mai disse indignada. Suspirou de frustração e se levantou rapidamente para correr para o banheiro. Antes de fechar a porta conseguiu ouvir uma risada abafada.

No silêncio do banheiro sua mente voltou para a conversa que teve com seu guia. O que levaria uma pessoa a assassinar alguém que não conhece?. Talvez, essa Alice estivesse tentando ascender à carreira de psicopata, no entanto, Mai duvidava disso. Pelo relato de Gene a garota tinha ficado surpresa com a ligação, então, ficava a pergunta: Alice tinha uma conexão com a mãe de Gene ou não? onde ela se encaixava nessa história?. Sua mente ficava dando voltas e mais voltas pelas mesmas perguntas e ainda estava pensando nisso quando estava preparando o café da manhã ou seria o almoço. Deu de ombros, não que isso importasse.

Estava tão imersa nos pensamentos que pulou de susto quando ouviu 3 batidas na porta, gritou um "estou indo" e olhou uma última vez para mesa na sala para conferir se não faltava nada, desde suco, bolachas,pasta de amendoim, pão integral ao chá de Naru, e foi abrir a porta.

– Você não vai acreditar no que aquele budista estúpido aprontou! – Ayako desabafou. Ela foi entrando na minúscula sala e sentou-se à mesa, abocanhando um pedaço de pão. Depois de engolir ela continuou. – Ele me convidou para ir vê-lo cantar num show de apresentação de bandas. E depois da banda dele tocar eu fui no camarim e tinha uma maldita biscate pendurada no braço dele!

– É, isso realmente não foi legal do Bou-san. não mesmo. Mas por que você não volta depois pra gente conversar melhor? – Mai falava mas suas palavras eram engolidas pela torrente de maldições que Ayako lançava para Takigawa. De fato ela nem tinha percebido que Mai estava falando.

– E sabe o que foi mais irritante? ele nem tentou afastá-la! quebrei uma das baquetas na cabeça dele e fui embora. – Ayako continuava atacando o pão com os dentes, Mai suspeitava que ela estivesse visualizando uma das orelhas cheia de piercing do monge. – Não pude nem dormir em casa porque deixei minha bolsa no camarim junto com as chaves e tive que ir pra casa de uma amiga, imagina! e...oh Naru você está aqui!

Ayako se engasgou com o suco ao vê-lo e limpou a boca rapidamente com o guardanapo. Naru tinha acabado de tomar banho e vestia apenas a calça que usara no dia anterior. Ela ergueu uma sobrancelha na direção de Mai e um pequeno sorrisinho se formou nos seus lábios.

– Bem...você poderia ter me falado que estava ocupada eu voltaria em outra hora.

– Na verdade, agente só ia tomar café. Se ainda tiver sobrado alguma coisa. – Mai acrescentou, olhando para a mesa.

– O escritório não vai abrir hoje? – Ayako, perguntou por pura curiosidade.

– Não. – Naru respondeu, laconicamente. Ayako abriu a boca para perguntar o porque mas se deteve quando Naru lhe lançou um olhar de quem não estava afim de conversar. A verdade é que ele nunca estava afim de conversar sobre nada com ninguém. Ele sentou à mesa e Mai o seguiu se servindo imediatamente com um copo de suco e algumas bolachas.

O celular de Naru começou a tocar e ele apalpou o bolso da calça conseguindo pegar o aparelho antes da chamada terminar. Se seguiu um breve conversa com ele dando respostas curtas como: "sim", ""entendo", e "estarei aí logo". E desligou a ligação.

– Martim ligou, precisamos tratar de assuntos pendentes. – Ele levantou e fitou Mai com se fosse dizer alguma coisa mas olhou para Ayako e desistiu do que quer que fosse que estivesse prestes a dizer e foi para o quarto pegar o resto da sua roupa.

– E então, você vai me agradecer pelo presente antes ou depois da sobremesa? – Ayako perguntou. Se inclinou sobre a mesa e pegou a pasta de amendoim. – Por acaso você não teria bolo aí, teria?

Pov (Naru)

– Porque vocês não fazem eu me lembrar da razão de estar aqui quando meu dia poderia estar bem melhor? – Naru perguntou para os dois homens sentados à sua frente. Martim e Lin.

Na ligação que recebera de Martim, o pai dissera que tinha descobrido algo importante mas se recusara com muita teimosia a falar pelo celular do que se tratava e o importunou para que eles se encontrassem no escritório da SPR. E foi assim que ele terminou sentado atrás da sua mesa com mau humor e a garganta seca sedenta por chá.

– Dá pra ver que você realmente não queria estar aqui. O que mudou sua tendência a ser...como posso colocar isso...deixa eu ver. – Martim refletiu por 2 segundos. – Ah! lembrei, viciado em trabalho?

Ao receber apenas o silêncio de Naru, Martim se virou para Lin com esperança de que o chinês o ajudasse a desvendar o mistério. Os shikis de Lin vinham a ser muito úteis com espíritos quem sabe eles tinham uma habilidade desconhecida, ler mentes, talvez?. Impossível, infelizmente. Ele riu com o pensamento.

– O que acha Lin? – Martim perguntou.

– Vou embora se me fizerem perder tempo. – Naru avisou. Martim apenas deu de ombros com se não acreditasse.

– Talvez ele esteja sofrendo de um transtorno excessivo de tédio e quis mudar a rotina. Isso é uma doença Martim? – Lin perguntou, interessado.

– Sei lá, eu acho que sim. Diga Noll, você está com tédio ou é algo mais...hã...pessoal? – Martim estreitou os olhos e o avaliou em óbvio divertimento. Naru fez menção de se levantar e Martim levantou os braços em sinal de rendimento.

– Tá legal, parei. Nem queria saber tanto assim. – Martim encolheu os ombros, resignado. Ele iria desistia sim, por ora. Martim se reclinou na cadeira e assumiu uma expressão mais séria. – Filho, eu te liguei porque o andamento da investigação tomou um rumo diferente do qual esperávamos e eu não queria ter de informá-lo por telefone. Lin, vai te explicar melhor sobre isso.

– Você lembra que na época da morte do Eugene, nós refizemos o caminho que ele percorreu, sim? – Lin perguntou. Naru apenas balançou a cabeça concordando. Ele se lembrava perfeitamente afinal a dor da perda do irmão era tão grande que durante as primeiras duas semanas que seguiu a morte de Gene, Naru estava com os nervos à flor da pele e ao menor aborrecimento ele já fazia os objetos voarem pela casa com a PK descontrolada. Naru se livrou das lembranças e se forçou a prestar atenção ao que Lin dizia. – Nos custou um bom dinheiro e muita negociação para que a filmagem do aeroporto no dia que Eugene desembarcou, fosse liberada. O Martim teve até que subornar os diretores do aeroporto para que não divulgassem a noticias aos quatro ventos e acabassem prejudicando a investigação.

Naru batucava com o dedo indicador a superfície da mesa, inquieto, pois já sabia disso tudo e estava tentando com muito sacrifício não apressar Lin para a o motivo pelo qual fora chamado ali. Depois do término das negociações Martim foi embora e ele próprio permanecera no Japão seguindo as pistas fragmentadas que encontrava. Naru conseguiu achar o taxista que levou Eugene até seu destino final. Literalmente.

Com muita paciência Naru perguntou para o homem se este se lembrava do irmão e ao olhar atentamente para Naru o taxista afirmou que tinha pegado um passageiro mais o menos da aparência de Naru só que com a expressão menos azeda. A última parte ele decidiu ignorar. A busca o levou para uma estrada deserta e depois disso não encontrou mais nada. Parecia que o irmão tinha simplesmente evaporado. No entanto, a sensação de estar sendo afogado ainda era vívida em sua mente. Seus pulmões queimavam somente com a lembrança como se não conseguissem oxigênio suficiente. A essa altura Naru nem estava mais ouvindo o que Lin dizia só voltou a atenção para o chinês quando captou a palavra "Agnoletto".

– ...Nos empenhamos tanto para procurar por Eugene que não ligamos para as duas pontas soltas nessa história. Mary Agnoletto e Alice. Lembra da vizinha da tal Mary Agnoletto? Seu pai mandou uma pessoa competente para falar com a mulher e ela deu a descrição da Mary como sendo uma senhora viúva de 60 anos vivendo com a neta; ela não morou muito tempo na vizinhança depois as duas foram embora para o exterior. Você vê o problema que temos aqui?

– Eugene não se deu ao trabalho de saber se estava procurando pela pessoa certa. Que idiotice. – Naru resmungou. Ao mesmo tempo sua mente trabalhava em novas especulações. Afinal de contas quem era a pessoa que Gene procurou com tanta insistência?. Os nós de seus dedos formigavam para socar alguma coisa, a mesa era uma boa opção. Que droga,pensou, não acredito que Gene morreu por um maldito engano!

– O ponto principal Noll, é que achamos que sua mã-...quer dizer a mulher que teve vocês. – Martim apressadamente se corrigiu pois sabia que Naru não gostava de ser associado à mãe de forma alguma.
– Achamos que ela usava uma identidade falsa. Pior que isso acho que ela substituiu a verdadeira Mary Agnoletto e se certificou de que a mulher desaparecesse porque não conseguimos encontrá-la. Isso significa que seu irmão não estava na pista errada o nome dessa mulher é uma farsa mas como ela assumiu ser Mary Agnoletto de qualquer forma ele iria achar a pessoa certa, entende?.

– Não entendo. Por que alguém se daria o trabalho de trocar de identidade e mesmo assim dar o nome falso no hospital onde qualquer um podia ir procurar. Se Eugene conseguiu achá-la então qualquer um também conseguiria. – Naru refletiu sobre a questão analisando cuidadosamente tudo o que tinham descobrido até aquele ponto. Suas divagações não foram muito longe pois seu pai voltou a falar.

– Bom, isso é algo que nós também queremos saber. E agora isso se tornou não mais uma questão de procurar por Eugene mas ao que tudo indica temos que fazer justiça ao que quer que tenha acontecido à verdadeira Mary. – Martim se inclinou para frente e pegou um punhado de papéis desorganizados que estavam em cima da mesa e os arrumou um sobre o outro em seguida juntou as canetas e lapiseiras espalhadas, e as colocou no porta-canetas. Naru observou a atitude do pai com certa nostalgia, pois, quando trabalhou com ele vez ou outra o vira organizando os objetos metodicamente por tamanho ou por cor.

– E não vamos esquecer que não temos a menor ideia de quem seja essa Alice. – Lin seguia os movimentos de Martim com certa preocupação, o homem só ficava arrumando as coisas quando estava sob tensão, e essa era sua forma - ainda que esquisita- de organizar seus pensamentos. Todos eles haviam estado procurando Gene por anos e agora a busca tomou um rumo inesperado após descobrirem que a verdadeira Mary e a neta estão desaparecidas. Ninguém ali deveria se sentir responsável em procurar saber o que aconteceu com as duas, ainda assim, os três sentiam a obrigação de revelar o que acontecera com as duas estranhas. É claro que não iriam dar uma de justiceiros mas ao menos poderiam passar a informação para as autoridades. E talvez, isso os levasse até a falsa Mary, mãe de Naru, e consequentemente até o corpo de Gene.


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Notas finais do capítulo

O final do capítulo ficou confuso ou deu pra entender o que aconteceu aí?
Por que pra mim deu pra entender sim, mas é claro, eu sou a autora né então não conta.
Se a minha casa não pegar fogo ou outra tragédia acontecer eu posto mais cedo o próximo capítulo. Credo sai de ré satanás.
Kissus