Ordinary Girl escrita por MissLerman


Capítulo 29
Capítulo 30 Talvez seja melhor escutar o coração


Notas iniciais do capítulo

Então, me desculpem pela demora. O motivo? Bem, teve dois. Primeiro: trabalhos e provas. Segundo: reviews. A fic está acabando, vocês sabem (este capítulo mesmo, será tenso), estou começando a pensar que só postarei o próximo se conseguir pelo menos 10 reviews. Eu realmente odeio pedir isso, mas acho que, para uma fic com quase 50 leitoras, é pouco. Enfim, boa leitura (:



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Um mes. Este fora o tempo que se passou desde que a mãe de Charlie nos fez aquela visita. Um mes. Muita coisa mudou, e ao mesmo tempo tudo pareceu ficar igual. Eu havia perdido parte do contato que tinha com Charlie, ele estava empenhado em seus treinos, mal parava em casa. E não havia tido notícia alguma de Frank. Não sabia onde ele estava, como ele estava, com quem estava. Estava começando a me sentir mal por isso. 

As quatro semanas que se passaram, se resumiram entre faculdade e assistir filmes melosos com Claire todos os dias. Eu odiava esses filmes, mas passei a gostar assim que começava a me imaginar em todos eles. Me imaginava como a líder de torcida legal que se apaixona. Me imaginava na nerd sem graça que consegue mudar completamente alguém somente por ser ela mesma. Me imaginava até como a filha rebelde que, depois de tanto brigar com seu pai, se vê completamente sozinha. Me imaginava em todos eles, principalmente em triângulos amorosos.

Claire já estava farta de me ver mal por isso. Até mesmo eu estava farta. Não me aguentava mais. Sabia que precisaria acabar com isso logo. Infelizmente, ainda não conseguira me decidir. Gastei toneladas de sorvete para ver se assim conseguiria pensar melhor, mas a única coisa que consegui fora quase um quilo a mais. Resolvi então, deixar minha dieta de sorvete do lado depois de duas semanas.

Conforme os dias iam se passando, meu coração parecia ficar ainda mais apertado. Faltavam dois dias para Charlie viajar, e eu não queria que ele partisse sem uma resposta minha. Estava jogada no sofá, pensando no que poderia fazer. Caso eu escolhesse Charlie, não poderia permitir que ele deixasse seu sonhos de lado. Consequentemente, eu o perderia. Na verdade, se parasse para pensar, eu o perderia de qualquer jeito. Ele estaria indo para a Suiça dali a dois dias, e eu não poderia fazer nada impedí-lo.

Não estava passando nada na TV, e eu não estava com a mínima vontade de assistir. Queria apenas olhar para o teto e pensar no que eu poderia fazer. Estava tão ocupada com meus pensamentos, que quase não escutei Claire arrombando a porta e entrando escandalosamente.

- Nina! Nina! Não vai acreditar em quem eu vi lá no teatro! - ela gritou enquanto se jogava no sofá, quase em cima de mim.

- Por Deus, Claire, acalma-se! - eu disse me sentando.

Minha amiga tirou seu lenço do pescoço e começou a se abanar com o próprio. Me perguntei o que deixaria Claire tão abalada daquele jeito.

- Certo, mas promete que não vai surtar? - ela me perguntou me abanando também com seu lenço.

- Prometo, mas me diga logo, sabe que odeio ficar curiosa.

- Eu vi Frank hoje, Nina. Eu o vi no teatro. Parece que ele voltou para Nova Iorque. Por que não vai falar com ele?

Assim que escutei suas palavras, senti uma vala em meu peito se abrir. Era como se tivessem jogado uma bomba em meu coração. Havia algo de errado. Senti um reboliço no estômago. Eu tinha dois dias para me decidir, agora mais do que nunca. Mas, se Frank já estava por aqui, por que não veio me procurar? Será que havia desistido? Talvez não. Mordi o lábio inferior com força, não iria chorar novamente. 

Respirei fundo infinitas vezes, tentando inutilmente me acalmar. Claire notou o quanto aquilo me deixou confusa, então apenas disse:

- Você já sabe o que fazer?

- Não, agora menos do que nunca. - digo tentando segurar o choro que estava preso em minha garganta.

Minha amiga apenas sorriu levemente e foi em direção a seu quarto, presumi. 

Afundei minha cabeça em minhas mãos. O que poderia fazer? Estava cansada de sofrer e cansada de fazer os outros sofrerem. Precisava pensar, agora mais do que nunca. Charlie voltaria por volta das sete, eu tinha cerca de duas horas para pensar no que iria fazer. Ou melhor, decidir o que fazer. Me senti vazia, completamente vazia. Não queria ferí-los, nem deixá-los de lado. Mas sabia que não poderia ser assim para sempre. Hora ou outra, eu teria que me decidir. E, não sabia ao certo porquê, mas sentia que esta hora estava próxima.

Peguei um cobertor, provavelmente de Peter, que estava jogado na sala e corri para o quintal. O inverno se aproximava, então os dias estavam cada vez mais frios. Eu me encontrava apenas de calça e uma camiseta. Apenas tirei meus casacos assim que cheguei da faculdade. Me enrolei no cobertor e fiquei sentada no pequeno degrau que daria para o quintal. Senti uma lágrima solitária escorrer, mas a limpei assim que esta escapou de meus olhos. Tinha coisas mais importantes para fazer.

Me perguntei quais seriam as consequencias de minha escolha. Eu não sabia ao certo o que estava por vir, era como dar um tiro no escuro. Me sentia cega. Mas, de um jeito ou de outro, eu teria que me decidir. Acomodei minha cabeça em meus joelhos e fiquei assistindo o sol se por. Perdi completamente a noção do tempo enquanto olhava aqueles raios amarelados tocarem o horizonte. Ali, sozinha, me senti em paz pela primeira vez. Fechei os olhos calmamente, e apenas senti o leve calor de esvaindo. Me deixando apenas com meu cobertor.

- Nina? - alguém chamou.

Abri os olhos rapidamente e me deparei com meu irmão. Este segurava duas xícaras brancas. Eu sabia que ele havia esquentado um pouco de leite para mim.

Peter se sentou ao meu lado e somente me entregou a xícara, não disse palavra alguma. Era como se soubesse o quanto eu estava confusa e cansada. Dei um gole no leite quente e pousei minha cabeça em seu ombro. Em circunstâncias normais, ele me empurraria, mas hoje, não movera um músculo. 

Bebi todo o leite em silencio, mas sabia que precisava da ajuda de meu irmão. Peter, querendo ou não, era meu melhor amigo. Havia sobrado apenas uma pequena quantidade na xícara, então a deixei de lado e me virei para meu irmão.

- Peter... Claire disse que Frank está na cidade. Ele voltou. - digo.

Peter não me transmitiu emoção alguma. Apenas continuou me encarando.

- E o que você pretende fazer com relação a isso? - ele perguntou-me deixando sua xícara de lado assim como fiz.

Senti que poderia sair dali correndo, poderia ir até ele. Poderia dizer que o amava e que seria ele, sempre ele. Poderia beijá-lo, dormir com ele pela primeira vez, e provavelmente seríamos felizes. Mas eu sabia que não poderia, tinha algo que me impedia. Ou melhor, alguém. E este alguém estaria indo embora em pouco tempo. Isso acabaria comigo. Tê-lo por apenas dois dias, e depois ter que me despedir. Ter que lhe dar um último abraço, um último beijo, poder tocar uma última vez em sua pele. Com certeza, eu não seria forte o bastante para aguentar.

Senti mais lágrimas escorrendo. As limpei rapidamente, mas sentia que já não era mais capaz de controlá-las. 

- Eu... Eu não sei, ao certo. - digo enxugando meu rosto nas mangas de minha camiseta.

Peter então passou seu braço esquerdo sobre meu ombro e me trouxe para mais perto, me abraçando. Agarrei-me a ele. Não sabia o que fazer.

- Você ama os dois, não ama? - ele perguntou.

Apenas assenti com a cabeça.

- E sabe que isso não pode durar para sempre, não é? - Peter continuou - Só digo, maninha, que você tem que olhar no fundo de seu coração. Sim, está dividida, mas quem é aquele por quem seu coração realmente chama? Acho que você só precisa olhar um pouco mais afundo. Precisa... escutar com mais atenção.

Senti meu peito apertar novamente. Peter poderia estar certo. Levantei-me e o encarei. Senti uma leve brisa gelada bater em meu rosto, avisando o quanto a noite seria gelada. Sorri para meu irmão e balancei a cabeça positivamente.

Peter também sorriu e limpou algumas lágrimas que haviam se acumulado. Ele apenas pegou as xícaras e disse:

- Sabe, acho até que você já se decidiu, mas ainda não assumiu sua decisão para si mesmo. - e então me deixou sozinha novamente.

Pensei então em tudo o que havia acontecido desde que cheguei em Nova Iorque. Haviam se passado quase dez meses. Muita coisa mudou. Eu mudei. Conheci pessoas, aprendi lições, tive experiencias inesquecíveis... E tinha sempre alguém lá. Alguém que, desde os primeiros dias, fazia com que eu me sentisse especial. Fazia com que eu me sentisse mais do que apenas a Nina. Só então me dei conta disso. Estava na cara todo esse tempo. E, como Peter havia dito, eu só precisava assumir para mim mesma.

Tinha sempre alguém lá comigo, em meus melhores momentos. Até mesmo nos mais tristes. As risadas, as lágrimas, nunca esquecerei. Eu quase o perdi para poder lhe dar o devido valor. Mordi o lábio com força tentando pensar em que poderia fazer. Eu não ia perdê-lo, não agora. Me senti completamente tola por demorar para enxergar algo que era visível aos olhos de qualquer um. Era ele quem meu coração chamava. E, quanto ao outro, eu o amava também, mas era algo diferente. Por isso tinha tanto medo de machucá-lo.

Infelizmente, já não conseguia mais ficar sentada. Levantei-me num salto e corri para a cozinha. Peter e Claire estavam abraçados, sentados no sofá. Avistei a bolsa de Charlie na sala, meu coração disparou. Corri para meu quarto e vesti um tênis rapidamente. Mal me olhei no espelho. Apenas peguei as chaves de meu carro e me dirigi para a porta.

Assim que cruzei a sala apressada, Peter e Claire pareceram estranhar. Apenas sorri para ambos. Havia tomado minha decisão.

Saí de casa e entrei em meu carro, guiando assim, até meu destino.


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Notas finais do capítulo

HEUHEUEHUEHUEHUH é, eu sei. Vocês devem estar putos. Mas acalmem-se, a decisão foi tomada e nada pode ser mudado. Não sei quando posto de novo, vai depender dos reviews e de meu tempo livre. Até sweeties NHAC ;3